sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

DESCULPISMO

“Um homem estava dando um grande jantar e convidou a muitos. À hora do jantar enviou seu servo para dizer aos convidados: ‘Vinde, já está tudo pronto’. Mas todos, unânimes, começaram a se desculpar”.

Lucas 14:16, 18

Os homens continuam os mesmos, como à época de Jesus, com as mesmas desculpas: “Comprei um terreno e preciso vê-lo, peço-te que me dês por escusado” (v. 18) (“Preciso cuidar dos meus bens”). “Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las” (v. 19) (“Meu trabalho me impede”). “Casei-me e por essa razão não posso ir” (v. 20) (“Minha família me impede”).
Criam tão boas desculpas que a si mesmos se convencem e somente quando retornam ao país da verdade é que as ilusões se dissipam e passam a lamentar o tempo perdido.

Prepararam-se tanto antes de retornar à Terra, vieram com tarefas definidas no campo da espiritualidade, são trabalhadores especializados, mas optaram por retomar os interesses de outrora e ei-los no afã de conquistar e manter as vantagens efêmeras que a “traça irá comer”1.

Aquele tem uma casa, quer ampliá-la, adorná-la e quem irá criticá-lo por isso? Quem tem um pedaço de terra quer comprar mais e mais e mais, até não dar conta de cuidar de tudo. E ei-los tão apegados ao patrimônio como aquele que não sabe o que eles sabem.

E tranca e vigia. Marido e mulher têm que fazer rodízio para ir ao centro porque não podem deixar a casa sozinha. Nem viajar vão, porque a casa não pode ficar sozinha. E desencarnam e vão ficar ali mesmo apegados à sua casinha. Estou falando de espíritas!

Outra desculpa é a família, é certo que sabemos de casos realmente difíceis quando ambos os cônjuges não têm a mesma religião. Uma amiga minha ficou para fora de casa uma noite ao retornar do centro porque o marido trancara o portão. Mas com jeitinho e “engolindo muito sapo” por amor ao marido e à Doutrina, hoje ela freqüenta quase sem problemas, digo quase porque ela não tem aquela liberdade toda para participar de tudo como gostaria. O marido fala que é pra ela pegar um colchão e ir morar no centro.

Outros têm filhos pequenos e alegam que precisam dedicar-se à família. E os filhos crescem e eles ainda não podem porque os filhos ainda precisam deles. E não entendem porque os filhos lhes dão tantos problemas. O benefício que a freqüência ao centro proporciona se estende à harmonia e proteção do lar. Quando a gente quer, dá pra conciliar centro e família, centro e trabalho, centro e estudo, etc.

Mas existem desculpas mais sutis que fico imaginando se não seriam sugeridas pelas trevas. Uma coisa é certa, nossos amigos espíritos adversários do bem não conseguiriam nos tirar do centro para uma coisa ruim, como “cair na folia”, por exemplo, mas para uma coisa boa, porque não?

Aí a pessoa deixa de ir pra fazer ginástica. Quem vai criticar? A saúde é necessária. Mas justo no dia de trabalho no centro? E a pessoa vai se desligando, perdendo os vínculos, o ritmo, e se desliga de vez.

Os cursos, quem vai criticar alguém por querer estudar e melhorar de vida? Nem eu, muito menos, por favor. Mas tenho certeza de que, se uma jovem senhora trabalhadora da nossa casa, que desencarnou recentemente de câncer da mama, soubesse que aqueles seriam seus últimos anos de vida, não teria feito supletivo à noite. Aqueles preciosos dois anos em que ficou afastada certamente lhe teriam sido de imensa utilidade para preparar-se para a dolorosa prova que ela iria passar.

E por aí vão as desculpas e escapismo. As sutilezas das trevas vão trabalhando nossa vontade fraca. Quando o trabalhador está meio desanimado, elas lembram: “Trabalho tem que ser feito com amor.” Até aí tudo bem. E sugerem: “Se não for por amor, não vá.” Errado! Vá sim! Nós somos indolentes e indisciplinados no bem, não temos persistência, não temos constância, é preciso insistir até incorporar o hábito. Mesmo que seja por obrigação, vá, o gosto vai voltar, a alegria de trabalhar.

Desculpas, desculpas, desculpas, nada mais são do que desculpas que damos a nós mesmos. Não adiemos nossa decisão de atender ao convite do Mestre e participar do banquete de luz que é a nossa iluminação interior e a oportunidade de trabalho que nos são oferecidas por Jesus.

1 Mateus 6:19, 21
.


Artigo de Célia Elmi

Nenhum comentário: