quarta-feira, 30 de abril de 2014

VARONILMENTE

Vigiai, estai firmes na fé, portai-vos varonilmente, sede fortes." Paulo (I Coríntios, 16:13)

Vigiai na luta comum.


Permanecei firmes na fé, ante a tempestade.

Portai-vos varonilmente em todos os lances difíceis.


Sede fortes na dor, para guardar-lhe a lição de luz.

Reveste-se o conselho de Paulo aos coríntios, ainda hoje, de surpreendente oportunidade.

Para conquistarmos os valores substanciais da redenção, é imprescindível conservar a fortaleza de ânimo de quem confia no Senhor e em si mesmo.

Não vale a chuva de lágrimas despropositadas, ante a falta cometida.

Arrependermo-nos de qualquer gesto maligno é dever, mas pranteá-lo indefinidamente é roubar tempo ao serviço de retificação.

Certo, o mal deliberado é um crime, todavia, o erro impensado é ensinamento valioso, sempre que o homem se inclina aos desígnios do Senhor.

Sem resistência moral, no turbilhão de conflitos purificadores, o coração mais nobre se despedaça.

Não nos cabe, portanto, repousar no serviço de elevação.

É natural que venhamos a tropeçar muitas vezes.

É compreensível que nos firamos freqüentemente nos espinhos da senda.

Lastimável, contudo, será a nossa situação toda vez que exigirmos rede macia de consolações indébitas, interrompendo a marcha para o Alto.

O cristão não é aprendiz de repouso falso. Discípulo de um Mestre que serviu sem acepção de pessoas até à cruz, compete-lhe trabalhar na sementeira e na seara do Infinito Bem, vigiando, ajudando e agindo varonilmente.


XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 90.

terça-feira, 29 de abril de 2014

LEGIÃO DO MAL


"E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? - Ao que ele respondeu: Legião é o meu nome, porque somos muitos." - (MARCOS, capítulo 5, versículo 9.)

O Mestre legou inolvidável lição aos discípulos nesta passagem dos Evangelhos.

Dispensador do bem e da paz, aproxima-se Jesus do Espírito perverso que o recebe em desesperação.

O Cristo não se impacienta e indaga carinhosamente de seu nome, respondendo-lhe o interpelado:

"Chamo-me Legião, porque somos muitos."

Os aprendizes que o seguiam não souberam interpretar a cena, em toda a sua expressão simbólica.

E até hoje pergunta-se pelo conteúdo da ocorrência com justificável estranheza.

É que o Senhor desejava transmitir imortal ensinamento aos companheiros de tarefa redentora.

A frente do Espírito delinqüente e perturbado, Ele era apenas um; o interlocutor, entretanto, denominava-se "Legião", representava maioria esmagadora, personificava a massa vastíssima das intenções inferiores e criminosas. Revelava o Mestre que, por indeterminado tempo, o bem estaria em proporção diminuta comparado ao mal em aludes arrasadores.

Se te encontras, pois, a serviço do Cristo na Terra, não te esqueças de perseverar no bem, dentro de todas as horas da vida, convicto de que o mal se faz sentir em derredor, à maneira de legião ameaçadora, exigindo funda serenidade e grande confiança no Cristo, com trabalho e vigilância, até à vitória final.



XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 143.

domingo, 27 de abril de 2014

QUANTO A VERDADE

Guardes contigo a convicção de que a Verdade não é patrimônio de ninguém em particular.

Todos estamos a caminho da Verdade Integral, de cujo perfeito conhecimento aproximamo-lo a pouco e pouco, através das múltiplas experiências no corpo físico.

Mantenha-se sempre receptivo às novas luzes da Revelação Divina, sem te encarcerares a fanatismos e preconceitos.

Não menosprezes a maneira de pensar de quem quer que seja, procurando compreender que cada um se encontra em determinado degrau evolutivo.

Quando o homem se conscientiza, espontaneamente vislumbra o que antes lhe era vedado enxergar.

O sofrimento amadurece as almas para a Vida, porquanto somente a dor consegue despertar-nos para as realidades do mundo íntimo.

Não queiras forçar os outros a pensarem conforme pensas.

Vive a tua vida e exemplifica a tua verdade , deixando ao tempo a tarefa de convencer os que se trancam dentro de si mesmos, recusando-se a avançar na senda do progresso espiritual.

Não te preocupes em converter ninguém ao teu modo de ser.

Convence-te de que o Amor é mais importante do que a Verdade, porquanto “Deus é Amor”.

São muitos os que conhecem, poucos os que sabem e raros os que amam.

Diante da Verdade, os intelectuais se exaltam, mas os sábios se curvam.

O Estudo, aliado ao Trabalho, é o caminho para a Verdade, mas o Amor é a Luz que te permite contemplá-la.

Por agora, os homens se dividem em diferentes facções religiosas, mas tempo virá em que todos formarão um só rebanho sob a égide do Cristo, Divino Pastor.



Pelo Espírito Irmão José

XAVIER, Francisco Cândido; BACCELLI, Carlos A.. Confia e Serve. Espíritos Diversos. IDE
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sábado, 26 de abril de 2014

TALENTOS

A pobreza não é criação do Todo-Misericordioso. Ela existe somente em função da ignorância do homem que, por vezes, se arroja aos precipícios da inconformação ou da ociosidade, gerando o desequilíbrio e a penúria.
Há talentos do Senhor distribuídos por todas as criaturas, em toda a parte.

Observa os elementos de trabalho que a vida te conferiu e não te esqueças de que a única fonte de origem e de sustentação da riqueza legítima é sempre o trabalho.

O ouro é talento com que se pode ampliar o progresso.

O apuro da inteligência é recurso de extensão da cultura.

A escassez é o processo da aquisição de nobres qualidades para quem aprende a servir

A alegria é fonte de estímulo.

A dor para quem se consagra à aceitação construtiva, é capaz de se transformar em manancial de humildade.

Cada qual de nós recebe na herança congênita do pretérito, as possibilidades de serviço que nos caracterizam as tendências no mundo, de acordo com os méritos e necessidades que apresentemos.

Em razão disso, é indispensável saibamos aproveitar o tempo, qual deve o tempo ser utilizado, de vez que os dias correm sobre os dias, até que o Senhor nos tome conta dos créditos, que generosamente nos emprestou.

Usa a compreensão que se desmanda no egoísmo e a provação que se perde na delinqüência encontram-se, desamparadas por si mesmas, nas veredas do mundo.

Derrama o tesouro de amor que o Pai Celestial te situou no coração, através das bênçãos de fraternidade e simpatia, bondade e esperança para com os semelhantes e, em qualquer grupo social no qual te vejas, serás, invariavelmente, a criatura realmente feliz, sob as bênçãos da Terra e dos Céus.



XAVIER, Francisco Cândido. Dinheiro. Pelo Espírito Emmanuel. IDE. Capítulo 13.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

PAZ VERDADEIRA

Paz é conceituada como ausência de lutas, violências ou perturbações sociais. No sentido individual é a ausência de conflitos íntimos, sossego.

É comum se confundir a ideia de paz com estagnação.

Para muitos, ela significa nada fazer. É a possibilidade do repouso, descanso adjetivado como merecido.

Para outros, ter paz é não ter obrigações, não ter que cumprir horários, é poder se supor em liberdade, sem entraves de disciplinas.

Para outros tantos a paz é ter conforto material, facilidades econômicas, prestígio social, tudo enfim, que alimente a fantasia do poder.

Para alguns mais, a paz significa ter a família bem constituída sem ondas agitadas no relacionamento doméstico. É ter filhos ajustados, estudiosos, que não facultem maiores preocupações.

Para muitos a paz significa gozar de saúde física, não necessitar de cuidados médicos. Jamais ter de se submeter a cirurgias ou hospitalizações, é não ter sequer um resfriado, vangloriando-se, então, de possuir uma saúde perfeita, ante o comum dos mortais que são portadores de mazelas e carências corporais.

A paz proclamada pelo Cristo é bem diferente disto tudo. Está muito longe desses conceitos que alimentam vaidade, que incentivam privilégios ou discórdias.

A paz que o Cristo veio trazer e nos legou é a que propõe trabalho ativo e continuado para o bem.

É a que ensina o cumprimento dos deveres como parte da autodisciplina. É a que sabe tirar proveito das dificuldades materiais, não permitindo acomodação, fomentando a luta por suplantar as provas.

A paz que vem do Mestre Jesus é a que permite enfrentar a família-problema, sem propostas de fuga, permitindo que cada um seja o professor do outro, portas adentro do lar.

A paz do Cristo é a que ensina ao indivíduo a fazer bom uso do seu corpo, não importando se enfermo ou sadio, pois ele é instrumento de que se utiliza o Espírito para avançar, para progredir rumo ao aperfeiçoamento.

Ter paz é agir no bem.

A paz real é a que veio nos trazer Jesus. Para conquistá-la é preciso fazer esforços por conseguir uma consciência reta, mantendo a ação no bem, persistindo na condição de operosos servidores da vida.

Qualquer que seja a nossa situação no mundo, somente teremos paz no íntimo quando aprendermos a ser o melhor para os outros, a fazer o melhor para os outros, a vibrar o melhor para os outros, valendo-nos do nível ao qual já tenhamos chegado na vida, seja ele qual for.

A lição é do Mestre inesquecível e não permite dúvidas.

Redação do Momento Espírita, com base nos cap. 2 e 10 do livro Quem é o Cristo, pelo Espírito Camilo, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter

quinta-feira, 24 de abril de 2014

PENSAMENTO E EVOLUÇÃO ESPIRITUAL


A mediunidade é um fenômeno natural, próprio do ser humano, é a faculdade que permite aos encarnados entrar em contato com o Plano Espiritual.

O codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, ensinou-nos que todos somos médiuns, independentemente de crença, moral, ou grau de sensibilidade. Todos sentimentos a influência dos espíritos em nossa vida, todos temos um canal que permite-nos a comunhão com a Divina Providência, que nos inspira pensamentos de Amor e Luz para que sigamos no caminho do aperfeiçoamento.

A todo momento utilizamo-nos dessa faculdade maravilhosa, sintonizando com outras mentes que vibram na mesma sintonia mental, tanto de encarnados quanto de desencarnados, são ondas e raios que navegam por todo o espaço, isto todos já sabemos.
O que precisamos refletir é de que forma estamos nos utilizando dessa faculdade tão preciosa? O que temos sintonizado em nosso cotidiano? Quais pensamentos emitimos diariamente? Quais sentimentos carregamos em nós?

Os pensamentos são a base de nossa evolução espiritual, é um atributo inato a todo espírito imortal, portanto, pensar é ação criadora.

Afirma Leon Denis em O Problema do ser, do destino e da dor que “O pensamento, dizíamos, é criador. Não atua somente em roda de nós, influenciando nossos semelhantes para o bem ou para o mal; atua principalmente em nós; gera nossas palavras, nossas ações e, com ele, construímos, dia a dia, o edifício grandioso ou miserável de nossa vida presente e futura.”

Desse modo, verificamos que por meio de nossos pensamentos cultivamos sentimentos nobres ou doentios, impregnando nosso perispírito de luz ou sombras. Os sentimentos que carregamos demonstram nossa vibração perispiritual, densidade ou luminosidade,
Tomamos as rédeas de nosso progresso espiritual quando nos propomos a educar os pensamentos. Essa ação resultará na transformação de nossos sentimentos.
Entretanto, esse esforço deve ser constante, diário, pois é por meio desse esforço para transformar-nos moralmente que alcançaremos degraus mais altos na escala evolutiva.

Mas como conquistar mencionada renovação? Por meio do Evangelho de Jesus, iluminando os pensamentos com o roteiro iluminativo dos ensinamentos do Mestre Divino. Assim, passaremos a elaborar novas construções mentais que resultarão na vivência evangélica, modificando sentimentos, atitudes e vibrações.

Deus nos envolve com o Seu Pensamento Divino, Jesus nos abraça e nos alimenta espiritualmente a todo momento, depende de nós vibrarmos em faixa mais elevada, captando as bençãos do amor que nos fortalecerão para a grande jornada.

Não basta ser médium, é preciso ser médium com Jesus, compreendendo e vivenciando a reencarnação como oportunidade bendita que Deus nos concede para aprendermos a amar.

Não basta ser espírita, é preciso vivenciar o profundo conhecimento que a Doutrina nos proporciona.

Em nossos esforços diários de educação dos pensamentos com base nos ensinos de Jesus está a chave para nossa transformação moral e como nos ensinou Kardec "Reconhece-se o verdadeiro Espírita por sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações."


Michele Ribeiro de Melo

quarta-feira, 23 de abril de 2014

RECONHECIMENTO

Narram os Evangelhos que, certa feita, caminhando pelas estradas da região, Jesus foi procurado por dez leprosos. Hansenianos, como melhor diríamos hoje.

Portadores do estigma que os mantinha longe do lar, das cidades, do convívio dos homens, eles imploraram a piedade do Mestre de Nazaré.

Jesus os orientou para que fossem se mostrar aos sacerdotes. Aconteceu que, enquanto caminhavam, deram-se conta que estavam limpos.

Estavam curados. Por isso, Jesus os remetera aos sacerdotes. Para que tivessem seus nomes novamente registrados no livro dos vivos.

Felizes, nove deles correram de retorno aos braços dos seus amores, dos seus afazeres, de seus lares, até quem sabe para as suas loucuras na vida.

Um, no entanto, voltou. Retornou para agradecer ao Mestre pela dádiva da cura. Um somente.

O fato é verdadeiro e na atualidade, como àquela época, são poucos os corações que cultivam a gratidão.

Gratidão é uma virtude que deve ser cultivada como uma flor.

Em criança, é-nos ensinado a sempre agradecer o que recebemos: o presente, o brinquedo, o chocolate, a guloseima.

Estranhamente, na medida em que crescemos fisicamente, abandonamos essa maneira salutar de reconhecimento.

Há tantas formas de se manifestar gratidão. Por exemplo, depois de ler um bom livro, poderíamos escrever ao autor, dizendo do quanto nos fizeram bem as suas palavras grafadas.

Como nos fez bem aquele conhecimento que nos foi repassado, graças à sua pesquisa. O quanto nos prendeu a atenção o romance, a história, os exemplos citados.

Podemos expressar gratidão escrevendo cartas de agradecimento a pessoas que fizeram algo de bom por nós ou para outras pessoas.

Quantos de nós tiveram a sua infância abençoada por uma vizinha gentil que, ciente das dificuldades em nossa casa, providenciava nos chegasse o que era considerado supérfluo, mas tão necessário para os pequenos: o chocolate, o bolo, o passeio.

Recordamo-nos, alguma vez, já adultos, de lhe endereçar um cartão pelo aniversário, Natal, Ano Novo?

Um cartão que lhe recorde do quanto lhe somos gratos por aquelas pequenas coisas que fizeram a nossa felicidade de petizes.

Quantos de nós tivemos a ventura de cursar escolas particulares, cursos de aperfeiçoamento porque alguém, amigo, parente, colega nos estendeu os recursos necessários?

Quantas vezes já exercemos a gratidão, expressando-a com um mimo, com uma visita especial?

Quantos tomamos do telefone para dizer obrigado por você existir, obrigado por ser meu amigo, obrigado pelo livro que me emprestou, pelas horas que passou comigo?

Obrigado pela roupa que me cedeu, por ter me levado a passeio, por ter providenciado a viagem que eu tanto desejava, pelas inúmeras caronas nos dias de frio e chuva.

Obrigado ao médico por prescrever a correta medicação que nos devolveu a saúde.

Obrigado ao motorista do ônibus que nos conduz, ao porteiro que nos abre a porta, à servente que nos traz o café.

Obrigado, obrigado.

Afirma-se que o homem ideal é aquele que gosta de prestar favores. E nada espera em troca.

Sim. Os homens bons são assim. Servem e servem. E crescem com isso.

Se, por nossa vez, desejamos crescer e ser felizes, compete-nos cultivar a gratidão.

Agradecer a ternura de alguém, a confiança depositada, a amizade externada.

Quando a gratidão domina os sentimentos da criatura, a vida adquire beleza e felicidade.

Experimente!

Redação do Momento Espírita.


terça-feira, 22 de abril de 2014

A MÁGOA

À semelhança de ácido que corrói a superfície na qual se encontra, a mágoa desgasta, a pouco e pouco, as peças delicadas das engrenagens orgânicas do homem, destrambelhando-lhe os equipamentos muito delicados da organização psíquica.
A mágoa é conselheira impiedosa e artesã de males cujos efeitos são imprevisíveis.
Penetra no âmago do ser e envenena-o, impedindo-lhe o recebimento dos socorros do otimismo, da esperança e da boa vontade em relação aos fatores que o maceram.
Instalando-se, arma a sua vítima de impiedade e rancor, levando-a a atitudes desesperadas, desde que lhe satisfaça a programação vil.
Exala amargura e desconforto, expulsando as pessoas que intentam contribuir para a mudança de estado, graças às altas cargas vibratórias negativas, que exteriorizam mau humor e azedume.
Quem acumula mágoas, coleciona lixo mental.
Reage às tentativas de alojamento da mágoa nos teus sentimentos.
Não estás, no mundo, por acaso, antes, com finalidades adredemente estabelecidas que deves atender.
Acompanha a marcha do Sol, e enriquece-te de luz, não mergulhando na sombra dos ressentimentos destrutivos.
Sorri ante o infortúnio, agradecendo a oportunidade de superá-lo através dos valores éticos e educativos que já possuis, poupando-te à consumpção de que é portadora a mágoa.

Divaldo Franco

segunda-feira, 21 de abril de 2014

MADEIROS SECOS

"Porque, se ao madeiro verde fazem isto, que se fará ao seco?" - Jesus. (LUCAS, capítulo 23, versículo 31.)

Jesus é a videira eterna, cheia de seiva divina, espalhando ramos fartos, perfumes consoladores e frutos substanciosos entre os homens, e o mundo não lhe ofereceu senão a cruz da flagelação e da morte infamante.


Desde milênios remotos é o Salvador, o puro por excelência.

Que não devemos esperar, por nossa vez, criaturas endívidadas que somos, representando galhos ainda secos na árvore da vida?

Em cada experiência, necessitamos de processos novos no serviço de reparação e corrigenda.

Somos madeiros sem vida própria, que as paixões humanas inutilizaram, em sua fúria destruidora.

Os homens do campo metem a vara punitiva nos pessegueiros, quando suas frondes raquíticas não produzem. O efeito é benéfico e compensador.

O martírio do Cristo ultrapassou os limites de nossa imaginação. Como tronco sublime da vida, sofreu por desejar transmitir-nos sua seiva fecundante.

Como lenhos ressequidos, ao calor do mal, sofremos por necessidade, em favor de nós mesmos.

O mundo organizou a tragédia da cruz para o Mestre, por espírito de maldade e ingratidão; mas, nós outros, se temos cruzes na senda redentora, não é porque Deus seja rigoroso na execução de suas leis, mas por ser Amoroso Pai de nossas almas, cheio de sabedoria e compaixão nos processos educativos.



XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 82.

domingo, 20 de abril de 2014

PÁSCOA - FESTIVIDADE CRISTÃ?

A palavra Páscoa vem do aramaico pashã, cujo sentido original é muito discutido. Pode significar "saltar".

No hebraico pesah (pessach) significaria originariamente "dança cultual", ou conforme alguns, a passagem do sol pela constelação do carneiro ou da lua pelo seu ponto mais alto. No livro bíblico de Êxodo, a palavra toma o sentido de "passagem".

Originariamente, o pesah e a festa dos ázimos eram duas festas distintas. A primeira dessas festas tinha relação com a vida dos nômades, a segunda com a dos agricultores sedentários.

Como ambas as festas caíam na primeira lua cheia da primavera, foram mais tarde unidas, e celebradas em memória do êxodo dos judeus, porque, conforme a tradição, esse se dera na primavera.

Os ritos para a comemoração da Páscoa foram se transformando, ao longo dos anos. Ao tempo de Jesus, a refeição pascal era tomada em grupos de dez a vinte convivas, em casas particulares.

Os cordeiros, para a ceia, eram mortos no Templo, no dia 14 de Nisan, (ou Abib), que corresponde ao nosso mês de abril (talvez dia 6 ou 7), entre 14h30min e 17h., mas comido depois do pôr-do-sol.

A festa tomou verdadeiramente o caráter de comemoração da libertação do Egito, o que explica os ritos da festa, pela pressa com que os israelitas saíram, o que os obrigou, naquela oportunidade, a usar a massa que estava na masseira, antes que pudesse levedar.

Além do cordeiro e do pão ázimo (sem fermento) utilizavam-se ainda o "charoset", isto é, um prato de frutas desfeitas em vinagre, formando uma pasta cor de tijolo, que servia para recordar a argamassa que os filhos de Israel empregavam nos trabalhos do cativeiro egípcio. Ervas amargas recordavam as agruras da escravidão.

As ervas eram mergulhadas no "charoset" e comidas, em meio a preces de gratidão a Deus. O pão ázimo era distribuído em pequenas parcelas, a fim de recordar a antiga escassez de víveres. O vinho era indispensável, misturado com água: 4 cálices ao todo, servidos pelo chefe de família e seguidos, um a um, de explicações a respeito da simbologia daquela comemoração especial e de entusiásticos louvores dos Salmos. As famílias que não o pudessem adquirir, deveriam buscá-lo no Templo, de forma gratuita, especialmente entregue para a ocasião que era imprescindível de ser celebrada por todos os varões de Israel. As mulheres poderiam participar, se o desejassem, não sendo a isto obrigadas.

De acordo com os Evangelhos, a prisão, condenação, flagelação e a morte de Cristo coincidiram com a festa em que os judeus comemoravam a libertação do cativeiro egípcio, a sua Páscoa. É por este motivo que, posteriormente, se ligou o episódio da ressurreição de Jesus à Páscoa, tendo a liturgia Católica a adotado em seu calendário.

Quanto aos símbolos da Páscoa, responsabiliza-se os teutônicos pelo ovo de Páscoa. Antes eram ovos mesmo, símbolo da vida e da fertilidade, provavelmente proibidos como alimentos durante a Quaresma (liturgia católica) e reaparecendo no cardápio do domingo da ressurreição.

Contudo, o costume de oferecer ovos como presente nessa época, remonta aos antigos egípcios. Entre nós, esse costume foi trazido por missionários que visitaram a China. Só que, antigamente, eram ovos mesmo, de pata ou de galinha, coloridos e enfeitados. A partir do século XVIII, incorporou-se o ovo de chocolate como símbolo da Páscoa, admitindo-o como indicativo de fertilidade e renovação. No Brasil, os ovos de chocolate foram introduzidos entre os anos 1913/1920, por imigrantes alemães.

O coelho, outro símbolo ligado à Páscoa, conforme a Liturgia Católica expressa a capacidade da Igreja em reproduzir novos discípulos. Alguns historiadores associam isso a antigos ritos de fertilidade, o que se justifica, pois o coelho é o animal que mais se reproduz.

Com tais explicações, observamos que a comemoração da Páscoa não encontra respaldo na Doutrina Cristã e recordamos a exortação do espírito André Luiz, na obra "Conduta Espírita", cap. 37:

"Dispensar sempre as fórmulas sociais criadas ou mantidas por convencionalismos ou tradições que estanquem o progresso.Toda complexidade atrasa o relógio da evolução."

"O espírita não se prende a exterioridades."

Maria Helena Marcon

Fonte:
SAULNIER, Christiane e ROLLAND, Bernard. A Palestina no tempo de Jesus, Edições Paulinas.
VAN DEN BORN, A. Dicionário enciclopédico da Bíblia, Editora Vozes.
XAVIER, Francisco Cândido/André Luiz. Sinal verde. Comunhão Espírita Cristã.

sábado, 19 de abril de 2014

JESUS E DESAFIOS

O processo de evolução constitui para o Espírito um grande desafio.

Acostumado às vibrações mais fortes no campo dos sentidos físicos, somente quando a dor o visita é que ele começa a aspirar por impressões mais elevadas, nas quais encontre lenitivo, anelando por conquistas mais importantes. Vivendo em luta constante contra os fatores constringentes do estágio em que se demora, vez por outra experimenta paz, que passa a querer em forma duradoura.

No começo, são as dores com intervalos de bem-estar que o assinalam, até conseguir a tranqüilidade com breves presenças do sofrimento, culminando com a plenitude sem aflição.

De degrau em degrau ascende, caindo para levantar-se, atraído pelo sublime tropismo do Amor.

Conseguir o estágio mais alto, significa-lhe triunfar.

Aturdido e inseguro, descobre uma conspiração quase geral contra o seu fatalismo. São as suas heranças passadas que agora ressurgem, procurando retê-lo na área estreita do imediatismo, em nível inferior de consciência, onde apenas se nutre, dorme e se reproduz, com indiferença pelas emoções do belo, do nobre, do sadio.

Anestesiado pelas necessidades vegetativas, busca apenas o gozo, que termina por causar-lhe saturação, passando a um estado de tédio que antecipa a necessidade premente de outros valores.

Lentamente desperta para realidades que antes não o sensibilizavam e, de repente, passam a significar-lhe meta a conseguir, sentindo-se estimulado a abandonar a inoperância.

O psiquismo divino, nele latente, responde ao apelo das forças superiores e desatrela-se do cárcere celular, qual antena que capta a emissão de mensagens alcançadas somente nas ondas em que sintoniza. O primeiro desafio, o de penetrar emoções novas, o atrai, impelindo-o a tentames cada vez mais complexos, portanto, mais audaciosos.

Experimentando este prazer ético e estético, diferente da brutalidade do primarismo, acostuma-se com ele e esforça-se para novos cometimentos que, a partir de então, já não cessam, desde que, encerrado um ciclo, qual espiral infinita, outro prazer se abre atraente, parecendo-lhe cada vez mais fácil.
Tudo na vida são desafios às resistências.

A “lei de entropia” degrada a energia que tende à consumpção, para manter o equilíbrio térmico de todas as coisas.

O envelhecimento e a morte são fenômenos inevitáveis no cosmo biológico e no universo.

Os batimentos cardíacos são desafios à resistência do músculo que os experimenta; os peristálticos são teste constante para as fibras que os sofrem; a circulação do sangue é quesito essencial para a irrigação das células; a respiração constitui fator básico, sem o qual a vida perece. Tudo isso e muito mais, na área dos automatismos fisiológicos, a interferir nos de natureza psicológica.

É natural que o mesmo suceda no campo moral do ser, que nunca retrocede e não deve estacionar sob pretexto algum.

No progresso, a evolução é inevitável.

A felicidade é o ponto final.

Não cabe ao homem retroceder na luta, senão para reabastecer-se de forças e prosseguir nos embates.

O crescimento de qualquer ideal é resultado dos estágios inferiores vencidos, das etapas superadas, dos desafios enfrentados.

A sequóia culmina a altura e o volume máximos, célula a célula.

O universo se renova e prossegue, molécula a molécula.

Facilidade é perda de estímulo com prejuízo para a ação.

Toda a vida do Mestre foi um suceder incessante de desafios.

Embates no Seu meio social e familial constituíram-lhe os primeiros impedimentos, que foram ultrapassados, em razão da superior finalidade para a qual viera.

Ele não aceitou carregar o fardo do mundo em caráter de redenção dos outros, mas ensinou cada um a conduzir o seu próprio compromisso em paz de consciência; não assumiu as tarefas alheias, nem deixou de demonstrar como fazê-las; no entanto, altaneiro, sem presunção, tampouco sem submissão covarde.

Os desafios da sociedade injusta e arbitraria chegaram-Lhe provocadores, mediante situações, pessoas e circunstâncias; apesar disso, sem deter-se, Ele continuou íntegro, enfrentando-os sem ira ou medo.

Passou aquele tempo; todavia, permanecem os resíduos doentios.

Alterou-se a paisagem, não os valores, que prosseguem relativamente os mesmos, gerando obstáculos e insatisfações.

Enfrenta os desafios da tua vida, serenamente.

Não aguardes comodidades que não mereces. Realiza a tua marcha, indômito, preservando os teus valores íntimos e aumentando-os na ação diária.

Quem teme a escuridão, perde-se na noite.

Sê tu aquele que acende a lâmpada e clareia as sombras.

Desafiado, Jesus venceu. Segue-O e nunca te detenhas ante os desafios para o teu crescimento espiritual.



FRANCO, Divaldo Pereira. Jesus e Atualidade. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Pensamento. Capítulo 1.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

JESUS, O INCOMPARÁVEL

Vencendo os milênios que nos separam do Seu berço, ninguém que se Lhe equipare ou sequer apresente as características que O assinalaram.

Havendo nascido em um recinto modesto e quase desprezível, transformou-o num esplêndido reduto de luzes e de harmonias gloriosas.

Residindo mais tarde em uma aldeia desconhecida, tornou-a imortal na História, na literatura e na memória dos tempos.

Convivendo com as pessoas do Seu pequeno burgo, evitou destacar-se, mantendo-se simples e de relacionamento afável, de forma a não os perturbar ou provocar celeuma antes do momento.

Fiel servidor das Divinas Leis, trabalhou na pequena carpintaria do pai sem alarde ou demonstração inoportuna de superioridade.

Conhecendo a tarefa para a qual viera, não se precipitou, tampouco postergou a hora em que se deveria desvelar. E o fez de maneira natural, sem alarde nem provocação, quando tomou do texto de Isaías, inserto no Testamento Antigo e, em plena sinagoga, interpretou-o com inusitada acuidade, deixando-se identificar como o Messias.

Compreendeu a reação de surpresa dos Seus coevos e familiares que, tomados de espanto e ira, atiraram-se contra Ele, ameaçando-O de morte. Mas não reagiu, nem os agrediu com palavras ou ações que desmentissem o Seu ministério de amor, quando predominavam as sombras da ignorância e da perversidade.

Sem qualquer acusação, deixou aqueles sítios e partiu para a gentil Galiléia, onde as almas simples e desataviadas, sedentas de paz, cansadas de sofrimentos e humilhações, anelavam pela oportunidade de serem livres do jugo cruel da servidão e realmente felizes.

Entre os pobres e desafortunados, os sofredores e puros de coração, entoou o Seu hino de amor à Vida como dantes jamais alguém o fizera, e depois nunca mais se repetiria.

A Sua canção de misericórdia e de ação temperada pela sabedoria arrebatou as gentes de todos aqueles rincões, que abririam espaço para se alargarem pelas terras do futuro, dando início à Era da fraternidade que, embora ainda não vivida, já se encontra instalada desde aqueles inesquecíveis momentos.

A Sua revolução diferiu de todas as que a precederam e a sucederiam, porquanto, tratava-se de lutas contínuas nas paisagens do coração contra as más inclinações, as tendências primárias e as heranças asselvajadas do período primitivo.

Amando a todos sem distinção, até mesmo àqueles que obstinadamente O perseguiam e tentavam malsinar-Lhe as horas, Jesus permaneceu incomparável, ensinando compaixão e ternura, trabalho e confança irrestrita em Deus.

Ninguém jamais se Lhe equipararia!
Os grandes gênios da fé que O precederam e os nobres missionários do amor que O sucederam foram, respectivamente, Seus mensageiros que Lhe deveriam preparar o advento e continuadores insistindo na preservação dos Seus ensinamentos e atitudes.

Esse homem nascido em Belém e morador em Nazaré, dividiu os fastos históricos, assinalando a Sua trajetória com os incomparáveis testemunhos da Sua elevação.

Quando provocado pelo farisaísmo compreendia a fúria do despeito e da mesquinhez humana, lamentando o atraso moral daqueles que se Lhe apresentavam como adversários. Admoestava-os e esclarecia-os, embora eles não desejassem respostas honestas, porque os seus eram os objetivos perversos...

Visitado pelo sofrimento dos indivíduos e das massas, não obstante sabendo da transitoriedade do corpo físico, renovava os enfermos e curava-lhes as mazelas, advertindo-os quanto aos valores imperecíveis do Espírito.

Acusado de atitudes que se chocavam contra a Lei e os Profetas, informava que não os veio combater, mas vitalizá-los e dar-lhes cumprimento.

Tentado pela hipocrisia e envolvido nas malhas das insensatas ciladas, destrinchava os fios envolventes e devolvia-os aos sistemáticos perseguidores.

Jamais se escusou aos enfrentamentos promovidos pela perversidade dos pigmeus morais, mesmo conhecendo-lhes as artimanhas e propósitos nefastos. Também nunca se recusou a esclarecer qual era a Sua tarefa e quais as bases da Sua revolução, estruturadas no amor a Deus, ao próximo e a si mesmo.

Nunca desmentiu os postulados propostos nos Seus sermões, mediante uma conduta dúbia ante as ameaças e malquerenças que se Lhe apresentavam a cada momento.

Resistiu a todos os tipos de tentação na Sua humanidade, avançando sempre no rumo do holocausto sem qualquer tipo de revolta ou de insegurança quanto aos valores esposados e divulgados.

Profundo conhecedor da psicologia humana, jamais se utilizou desse recurso incomum para humilhar ou submeter quem quer que fosse ao Seu ministério. Pelo contrário, dele se utilizava para identificar as causas transatas geradoras dos sofrimentos que os aturdiam e para aplicar a terapêutica mais conveniente em relação aos múltiplos distúrbios que os afligiam.

Perfeitamente identificado com Deus, não fingiu ser-Lhe igual e jamais se Lhe equiparou, informando sempre ser o Filho, o Embaixador, o Caminho para a Verdade e para a Vida...

Confundido com os profetas que O precederam, revelou a própria procedência, informando que aqueles que vieram antes realizaram o seu mister com elevação, mas a Sua era a confirmação de tudo quanto ensinaram no seu tempo.

Incomparável, Jesus, o Homem libertador de todos os homens e mulheres!

A humanidade sempre recebeu no transcurso da História guias admiráveis, que vieram iluminar as sombras dominantes.

Em cada povo e em todos os tempos surgiram missionários incomuns, que demonstraram a vacuidade da vida física e a perenidade do ser espiritual, convidando à reflexão e à conquista da liberdade total.

Alguns tiveram a existência assinalada por muitos conflitos antes da revelação que os transformou; outros sentiram o impulso interno e romperam com os preconceitos e condicionamentos existentes, trazendo o conhecimento e a vivência do dever como essenciais, à conquista da paz.

Diversos se imolaram em testemunho do que ensinavam, mas só Jesus é o Modelo e Guia nunca ultrapassado ou sequer igualado.

Havendo chegado à Terra na condição de Espírito puro, por haver realizado o Seu processo de evolução em outra dimensão, permanece como o Homem incomparável para conduzir a humanidade na direção do inefável amor de Deus.



FRANCO, Divaldo Pereira. Nascente de Bençãos. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

O BANQUETE DOS PUBLICANOS



"E os fariseus, vendo isto, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?" - (MATEUS, capítulo 9, versículo 11.)


De maneira geral, a comunidade cristã, em seus diversos setores, ainda não percebeu toda a significação do banquete do Mestre, entre publicanos e pecadores.

Não só a última ceia com os discípulos mais íntimos se revestiu de singular importância. Nessa reunião de Jerusalém, ocorrida na Páscoa, revela-nos Jesus o caráter sublime de suas relações com os amigos de apostolado. Trata- se de ágape íntimo e familiar, solenizando despedida afetuosa e divina lição ao mesmo tempo.

No entanto, é necessário recordar que o Mestre atendia a esse círculo em derradeiro lugar, porqüanto já se havia banqueteado carinhosamente com os publicanos e pecadores. Partilhava a ceia com os discípulos, num dia de alta vibração religiosa, mas comungara o júbilo daqueles que viviam a distância da fé, reunindo-os, generoso, e conferindo-lhes os mesmos bens nascidos de seu amor.

O banquete dos publicanos tem especial significado na história do Cristianismo. Demonstra que o Senhor abraça a todos os que desejem a excelência de sua alimentação espiritual nos trabalhos de sua vinha, e que não só nas ocasiões de fé permanece presente entre os que o amam; em qualquer tempo e situação, está pronto a atender as almas que o buscam.

O banquete dos pecadores foi oferecido antes da ceia aos discípulos. E não nos esqueçamos de que a mesa divina prossegue em sublime serviço. Resta aos comensais o aproveitamento da concessão.



Francisco Cândido Xavier - Pelo Espírito Emmanuel

A PALAVRA DA CRUZ

"Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos é o poder de Deus." Paulo (I Coríntios, 1:18)

A mensagem da cruz é dolorosa em todos os tempos.

Do Calvário desceu para o mundo uma voz, a princípio desagradável e incompreensível.

No martirológio do Mestre situavam-se todos os argumentos de negação superficialmente absoluta.

O abandono completo dos mais amados.

A sede angustiosa.

Capitulação irremediável.

Perdão espontâneo que expressava humilhação plena.

Sarcasmo e ridículo entre ladrões.

Derrota sem defensiva.

Morte infamante.

Mas o Cristo usa o fracasso aparente para ensinar o caminho da Ressurreição Eterna, demonstrando que o "eu" nunca se dirigirá para Deus, sem o aprimoramento e sem a sublimação de si próprio.

Ainda hoje, a linguagem da cruz é loucura para os que permanecem interminavelmente no círculo de reencarnações de baixo teor espiritual semelhantes criaturas não pretendem senão mancomunar-se com a morte, exterminando as mais belas florações do sentimento. Dominam a muitos, incapazes do próprio domínio, ajuntam tesouros que a imprudência desfaz e tecem fios escuros de paixões obcecantes em que sucumbem, vezes sem conto, à maneira da aranha encarcerada nas próprias teias.

Repitamos a mensagem da cruz ao irmão que se afoga na carne e ele nos classificará à conta de loucos, mas todos nós, que temos sido salvos de maiores quedas pelos avisos da fé renovadora, estamos informados de que, nos supremos testemunhos, segue o discípulo para o Mestre, quanto o Mestre subiu para o Pai, na glória oculta da crucificação.


XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 97.

terça-feira, 15 de abril de 2014

DE ALMA DESPERTA

"Por isso te lembro despertes o dom de Deus que existe em ti." - Paulo. (II TIMÓTEO, 1:6.)

É indispensável muito esforço de vontade para não nos perdermos indefinitamente na sombra dos impulsos primitivistas.

À frente dos milênios passados, em nosso campo evolutivo, somos suscetíveis de longa permanência nos resvaladouros do erro, cristalizando atitudes em desacordo com as Leis Eternas.

Para que não nos demoremos no fundo dos precipícios, temos ao nosso dispor a luz da Revelação Divina, dádiva do Alto, que, em hipótese alguma, devemos permitir se extinga em nós.

Em face da extensa e pesada bagagem de nossas necessidades de regeneração e aperfeiçoamento, as tentações para o desvio surgem com esmagadora percentagem sobre as sugestões de prosseguimento no caminho reto, dentro da ascensão espiritual.

Nas menores atividades da luta humana, o aprendiz é influenciado a permanecer às escuras.

Nas palestras comuns, cercam-no insinuações caluniosas e descabidas. Nos pensamentos habituais, recebe mil e um convites desordenados das zonas inferiores. Nas aplicações da justiça, é compelido a difíceis recapitulações, em virtude do demasiado individualismo do pretérito que procura perpetuar-se. Nas ações de trabalho, em obediência às determinações da vida, é, muita vez, levado a buscar descanso indevido. Até mesmo na alimentação do corpo é conduzido a perigosas convocações ao desequilíbrio.

Por essa razão, Paulo aconselhava ao companheiro não olvidasse a necessidade de acordar o "dom de Deus", no altar do coração.

Que o homem sofrerá tentações, que cairá muitas vezes, que se afligirá com decepções e desânimos, na estrada iluminativa, não padece dúvida para nenhum de nós, irmãos mais velhos em experiência maior; entretanto, é imprescindível marcharmos de alma desperta, na posição de reerguimento e reedificação, sempre que necessário.

Que as sombras do passado nos fustiguem, mas jamais nos esqueçamos de reacender a própria luz.



Extraído do livro "Vinha de Luz". Pelo Espírito Emmanuel/Chico Xavier. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 30.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

É PARA ISTO



“Não retribuindo mal por mal, nem injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados.” – (I Pedro, 3:9.)


A fileira dos que reclamam foi sempre numerosa em todas as tarefas do bem.

No apostolado evangélico, reparamos, igualmente, essa regra geral.

Muitos aprendizes, em obediência ao pernicioso hábito, preferem o caminho dos atritos ou das dissidências escandalosas. No entanto, mais algum raciocínio despertaria a comunidade dos discípulos para a maior compreensão.

Convidar-nos-ia Jesus a conflitos estéreis, tão-só para repetir os quadros do capricho individual ou da força tiranizante? Se assim fora, o ministério do Reino estaria confiado aos teimosos, aos discutidores, aos gigantes da energia física.

É contra-senso desfazer-se o servidor da Boa Nova em lamentações que não encontram razão de ser.

Amarguras, perseguições, calúnias, brutalidade, desentendimento? São velhas figurações que atormentam as almas na Terra. A fim de contribuir na extinção delas é que o Senhor nos chamou às suas fileiras. Não as alimentes, emprestando- -lhes excessivo apreço.

O cristão é um ponto vivo de resistência ao mal, onde se encontre.

Pensa nisto e busca entender a significação do verbo suportar.

Não olvides a obrigação de servir com Jesus.

É para isto que fomos chamados.


Extraído do livro "Pão Nosso". Pelo Espírito Emmanuel/Chico Xavier. FEB. Capítulo 118.

domingo, 13 de abril de 2014

CÃES E COISAS SANTAS


"Não deis aos cães as coisas santas." - Jesus. (MATEUS, 7:6.)

Certo, o cristão sincero nunca se lembrará de transformar um cão em partícipe do serviço evangélico, mas, de nenhum modo, se reportava Jesus à feição literal da sentença.

O Mestre, em lançando o apelo, buscava preservar amigos e companheiros do futuro contra os perigos da imprevidência.

O Evangelho não é somente um escrínio celestial de sublimes palavras. É também o tesouro de dádivas da Vida Eterna.

Se é reprovável o desperdício de recursos materiais, que não dizer da irresponsabilidade na aplicação das riquezas sagradas?

O aprendiz inquieto na comunicação de dons da fé às criaturas de projeção social, pode ser generoso, mas não deixa de ser imprudente. Porque um homem esteja bem trajado ou possua larga expressão de dinheiro, porque se mostre revestido de autoridade temporária ou se destaque nas posições representativas da luta terrestre, isto não demonstra a habilitação dele para o banquete do Cristo.

Recomendou o Senhor seja o Evangelho pregado a todas as criaturas; entretanto, com semelhante advertência não espera que os seguidores se convertam em demagogos contumazes, e, sim, em mananciais ativos do bem a todos os seres, através de ações e ensinamentos, cada qual na posição que lhe é devida.

Ninguém se confie à aflição para impor os princípios evangélicos, nesse ou naquele setor da experiência que lhe diga respeito. Muitas vezes, o que parece amor não passa de simples capricho, e, em conseqüência dessa leviandade, é que encontramos verdadeiras maltas de cães avançando em coisas santas.





Extraído do livro "Vinha de Luz". Pelo Espírito Emmanuel/Chico Xavier. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 93.

sábado, 12 de abril de 2014

A BÊNÇÃO DA SAÚDE

A saúde resulta de vários fatores que se conjugam em prol da harmonia psicofísica da criatura humana. Procedente do espírito, a energia elabora as células e sustenta-as no ministério da vida física, assim atendendo à finalidade a que se destinam.

Irradiando-se através do perispírito, fomenta a preservação do patrimônio somático, ao qual oferece resistência contra os agentes destrutivos, em cuja agressão se engalfinha em luta sem cessar.

Quando essas forças se desorganizam, aqueles invasores microbianos vencem a batalha e instalam-se, dando origem e curso às enfermidades.

Na área dos fenômenos emocionais e psíquicos, face à delicada engrenagem do aparelho pelos quais se expressam, a incidência da onda energética do espírito, nesses tecidos sutis, responde pelo desequilíbrio, mais grave se tornando a questão dos desconcertos e aflições alienantes.

Nesse capítulo, as estruturas profundas do ser, abaladas pelas descargas mentais perniciosas, além dos desarranjos que provocam, facultam a sintonia com outros espíritos perturbadores e vingativos, que se homiziam nos campos psíquicos, produzindo infelizes obsessões.

A preservação da saúde exige cuidados preventivos constantes e terapêuticos permanentes, pela excelência de que se reveste, para as conquistas a que está destinada durante a reencarnação.

Diante das inumeráveis patologias que atribulam o ser humano, a manutenção do equilíbrio psíquico e emocional é de fundamental importância para a sustentação da saúde.

Desse modo, visualiza-te sempre saudável e cultiva os pensamentos otimistas, alicerçado no amor, na ação dignificante, na esperança.

Liberta-te de todo entulho mental, que te pode constituir fonte de intoxicação e estímulo às vidas microbianas perturbadoras, conservando-te em paz íntima.

Se a enfermidade te visita, aproveita-lhe a presença para reflexões valiosas em torno do comportamento e da reprogramação das atividades.

Pensa na saúde e deseja-a ardentemente, sem imposição, sem pressão, mas com nobre intenção.

Planeja-te saudável e útil, antevendo-te recuperado e operoso no convívio familiar e social como instrumento valioso da comunidade.

Vincula-te à Fonte Generosa de onde promanam todas as forças e haure os recursos necessários ao reequilíbrio.

Reabastece o departamento mental com pensamentos de paz, de compaixão, de solidariedade, de perdão e de ternura, envolvendo-te, emocionalmente, com a Vida, de forma a te sentires nela integrado, consciente e feliz.

Doença, em qualquer circunstância, é prova abençoada, exceto quando, mutiladora, alienante, limitadora, constitui expiação oportuna de que as Soberanas Leis se utilizam para promover os calcetas que, de alguma forma, somos quase todos nós.

Saudável, aproveita o ensejo para te preservares, produzindo mais e melhor.

Enfermo, agradece a Deus e amplia os horizontes mentais no amor para te recuperares, hoje ou mais tarde, seguindo adiante em paz e confiança.



Extraído do livro "Momentos de Saúde". Pelo Espírito Joanna de Ângelis/
 Divaldo Pereira Franco . LEAL. Capítulo 18.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

BEM AVENTURANÇAS



"Bem-aventurados sereis quando os homens vos aborrecerem, e quando vos separarem, vos injuriarem e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem." Jesus. (Lucas, 6:22.)




O problema das bem-aventuranças exige sérias reflexões, antes de interpretado por questão líquida, nos bastidores do conhecimento.

Confere Jesus a credencial de bem-aventurados aos seguidores que lhe partilham as aflições e trabalhos; todavia, cabe-nos salientar que o Mestre categoriza sacrifícios e sofrimentos à conta de bênçãos educativas e redentoras.

Surge, então, o imperativo de saber aceitá-los.

Esse ou aquele homem serão bem-aventurados por haverem edificado o bem, na pobreza material, por encontrarem alegria na simplicidade e na paz, por saberem guardar no coração longa e divina esperança.

Mas... e a adesão sincera às sagradas obrigações do título?

O Mestre, na supervisão que lhe assinala os ensinamentos, reporta-se às bem-aventuranças eternas; entretanto, são raros os que se aproximam delas, com a perfeita compreensão de quem se avizinha de tesouro imenso. A maioria dos menos favorecidos no plano terrestre, se visitados pela dor, preferem a lamentação e o desespero; se convidados ao testemunho de renúncia, resvalam para a exigência descabida e, quase sempre, ao invés de trabalharem pacificamente, lançam-se às aventuras indignas de quantos se perdem na desmesurada ambição.

Ofereceu Jesus muitas bem-aventuranças. Raros, porém, desejam-nas. É por isto que existem muitos pobres e muitos aflitos que podem ser grandes necessitados no mundo, mas que ainda não são benditos no Céu.



Extraído do livro "Pão Nosso". Pelo Espírito Emmanuel/Chico Xavier. FEB. Capítulo 89.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

SAUDADES

De todas as dores da Humanidade, possivelmente a mais aflitiva seja a que se constitui na separação dos afetos pelo fenômeno da morte.


Embora todos saibamos que a morte é a etapa final dos que vivem na Terra, não nos preparamos para recebê-la. Eis porque ela sempre nos surpreende, esfacelando-nos o coração em tortura moral.


Para os que acompanham o féretro até o que se denomina a última morada do corpo de carne deveria ser o momento de acuradas reflexões.

O que existe, afinal, para além do túmulo? Para onde vão as almas dos que se foram, abraçados pelo sono da morte? Como diluir a dor da separação?

Que existe vida além desta vida já foi suficientemente comprovado.

Seja pela revelação religiosa que, desde os tempos imemoriais se refere ao Espírito imortal, seja por ramos da ciência médica e psicológica que apresentaram estudos variados, concluindo pela existência de um mundo invisível, onde vivem os que deixam o corpo carnal.

Jesus, o Mestre excelso, provou mais de uma vez que a morte é uma ilusão dos sentidos físicos. No Tabor, ao Se transfigurar, frente aos olhares atônitos de Pedro, Tiago e João, apresenta-Se tendo ao lado direito e esquerdo as figuras veneráveis do legislador hebreu Moisés e do profeta Elias.

Ora, ambos haviam vivido entre os hebreus há muitos séculos.

Contudo, ali se apresentaram tão vivos que Pedro cogitou de erguer tendas para que eles as habitassem, ali mesmo no monte Tabor.

Jesus, após Sua morte infamante na cruz, apresentou-Se aos Apóstolos e aos discípulos variadas vezes, em ambientes fechados e ao ar livre, demonstrando que prosseguia vivo.

Os que morrem continuam vivendo, no mundo que lhes é próprio, o espiritual, que somente não detectamos pela grosseria de nossa visão material.

A prova de que prosseguem vivos a temos nos sonhos em que com eles nos encontramos, trocamos confidências, amenizamos as saudades.

Essas são as experiências individuais de todos nós.

Apesar de tudo, a saudade se alonga nos dias, tanto mais forte quanto mais se demoram os meses e se amontoam os anos.

Por isso, somente a oração pode lenificar a longa saudade. Quando oramos a Deus pelos que partiram, eles nos sentem as vibrações, quais se fossem abraços de carinho e na mesma intensidade, os retribuem, pelos fios do pensamento.

Um dia, logo mais, haveremos de nos reencontrar na Espiritualidade, quando transpusermos os umbrais da morte. Então, diremos adeus aos que permanecem, para recebermos um olá, você chegou! Dos que nos precederam e nos virão receber no portal da tumba.

* * *

Existem inúmeros livros que falam da vida para além desta vida.

Dr. Raymond A. Moody Jr. escreveu livros acerca de suas investigações do fenômeno da sobrevivência à morte física.

São relatos de criaturas que tiveram experiências de quase morte e retornaram contando do que ouviram, dos seus contatos, testemunhando pois que há vida depois desta vida.

Desconhecemos autoria, publicado no site Momentos de Reflexão.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O BEM É INCANSÁVEL

"E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem." - Paulo. (II Tessalonicenses, 3:13.)

É muito comum encontrarmos pessoas que se declaram cansadas de praticar o bem. Estejamos, contudo, convictos de que semelhantes alegações não procedem de fonte pura.

Somente aqueles que visam determinadas vantagens aos interesses particularistas, na zona do imediatismo, adquirem o tédio vizinho da desesperação, quando não podem atender a propósitos egoísticos.

É indispensável muita prudência quando essa ou aquela circunstância nos induz a refletir nos males que nos assaltam, depois do bem que julgamos haver semeado ou nutrido.

O aprendiz sincero não ignora que Jesus exerce o seu ministério de amor sem exaurir-se, desde o princípio da organização planetária. Relativamente aos nossos casos pessoais, muita vez terá o Mestre sentido o espinho de nossa ingratidão, identificando-nos o recuo aos trabalhos da nossa própria iluminação; todavia, nem mesmo verificando-nos os desvios voluntários e criminosos, jamais se esgotou a paciência do Cristo que nos corrige, amando, e tolera, edificando, abrindo-nos misericordiosos braços para a atividade renovadora.

Se Ele nos tem suportado e esperado através de tantos séculos, por que não poderemos experimentar de ânimo firme algumas pequenas decepções durante alguns dias?

A observação de Paulo aos tessalonicenses, portanto, é muito justa. Se nos entediarmos na prática do bem, semelhante desastre espressará em verdade que ainda nos não foi possível a emersão do mal de nós mesmos.



Extraido do livro "Pão Nosso". Pelo Espírito Emmanuel e psicografia de Chico Xavier.  FEB. Capítulo 11.

terça-feira, 8 de abril de 2014

DEFENDA-SE

Não converta seus ouvidos num paiol de boatos.

A intriga é uma víbora que se aninhará em sua alma.

*

Não transforme seus olhos em óculos da maledicência.

As imagens que você corromper viverão corruptas na tela de sua mente.

*

Não faça de suas mãos lanças para lutar sem proveito.

Use-as na sementeira do bem.

*

Não menospreze suas faculdades criadoras, centralizando-as nos prazeres fáceis.

Você responderá pelo que fizer delas.

*

Não condene sua imaginação às excitações permanentes.

Suas criações inferiores atormentarão seu mundo íntimo.

*

Não conduza seus sentimentos à volúpia de sofrer.

Ensine-os a gozar o prazer de servir.

*

Não procure o caminho do paraíso, indicando aos outros a estrada para o inferno.

A senda para o Céu será construída dentro de você mesmo.



Do livro Agenda Cristã. Pelo Espírito André Luiz/Chico Xavier. FEB.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

EDUCAÇÃO NO LAR

"Vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai." - Jesus. (JOÃO, capítulo 8, versículo 38.)

Preconiza-se na atualidade do mundo uma educação pela liberdade plena dos instintos do homem, olvidando-se, pouco a pouco, os antigos ensinamentos quanto à formação do caráter no lar; a coletividade, porém, cedo ou tarde, será compelida a reajustar seus propósitos.

Os pais humanos têm de ser os primeiros mentores da criatura. De sua missão amorosa, decorre a organização do ambiente justo. Meios corrompidos significam maus pais entre os que, a peso de longos sacrifícios, conseguem manter, na invigilância coletiva, a segurança possível contra a desordem ameaçadora. A tarefa doméstica nunca será uma válvula para gozos improdutivos, porque constitui trabalho e cooperação com Deus. O homem ou a mulher que desejam ao mesmo tempo ser pais e gozadores da vida terrestre, estão cegos e terminarão seus loucos esforços, espiritualmente falando, na vala comum da inutilidade.

Debalde se improvisarão sociólogos para substituir a educação no lar por sucedâneos abstrusos que envenenam a alma. Só um espírito que haja compreendido a paternidade de Deus, acima de tudo, consegue escapar à lei pela qual os filhos sempre imitarão os pais, ainda quando estes sejam perversos.

Ouçamos a palavra do Cristo e, se tendes filhos na Terra, guardai a declaração do Mestre, como advertência.


Texto extraido do livro "Caminho, Verdade e Vida". Pelo Espírito Emmanuel/Chico Xavier.  FEB, 2009. Capítulo 12.

domingo, 6 de abril de 2014

DÁ DE TI MESMO

Declaraste não possuir dinheiro para au­xiliar.

Acreditas que um pouco de papel ou um tanto de níquel te substituem o coração?

Esqueces-te, meu filho, de que podes sorrir para o doente e estender a mão ao necessitado?

A flor não traz consigo uma bolsa de ouro e entretanto espalha perfume no firmamento.

O céu não exibe chuvas de moedas, mas enche o mundo de luz.

Quanto pagas pelo ar fresco que, em bafejos amigos, te visita o quarto pela manhã?

O oxigênio cobra-te imposto?

Quanto te custa a ternura materna?

As aves cantam gratuitamente.

A fonte que te oferece o banho reconforta­dor não exige mensalidade.

A árvore abre-te os braços acolhedores, re­pletos de flor e fruto, sem pedir vintém.

A bênção divina, cada noite, conduz o teu pensamento a bendito repouso no sono e não fazes retribuição de espécie alguma. Habitual­mente sonhas, colhendo rosas em formoso jardim, junto de companheiros felizes; no entanto, ja­mais te lembraste de agradecer aos gênios espi­rituais que te proporcionam venturoso descanso.

A estrela brilha sem pagamento.

O Sol não espera salário.

Porque não aprenderes com a Natureza em torno?

Porque não te fazeres mais alegre, mais comunicativo, mais doce?

Tens a fisionomia seca e ensombrada por faltar-te dinheiro excessivo e reclamas recursos materiais para ser bom, quando a bondade não nasce dos cofres fortes.

Sê irmão de teu irmão, companheiro de teu companheiro, amigo de teu amigo.

Na ciência de amar, resplandece a sabedoria de dar.

Mostra um semblante sereno e otimista, aonde fores.

Estende os braços, alonga o coração, comu­nica-te com o próximo, através dos fios brilhan­tes da amizade fiel.

Que importa se alguém te não entende o gesto de amor?

Que seria de nós, meu filho, se a mão do Senhor se recolhesse a distância, por temer-nos a rudeza e a maldade?

Dá de ti mesmo, em toda parte.

Muito acima do dinheiro, pairam as tuas mãos amigas e fraternais.



Pelo Espírito Neio Lúcio/Chico Xavier.

sábado, 5 de abril de 2014

A PACIÊNCIA


A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos aflijais, pois, quando sofrerdes; antes, bendizei de Deus onipotente que, pela dor, neste mundo, vos marcou para a glória no céu. Sede pacientes. A paciência também é uma caridade e deveis praticar a lei de caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.

A vida é difícil, bem o sei. Compõe-se de mil nadas, que são outras tantas picadas de alfinetes, mas que acabam por ferir. Se, porém, atentarmos nos deveres que nos são impostos, nas consolações e compensações que, por outro lado, recebemos, havemos de reconhecer que são as bênçãos muito mais numerosas do que as dores. O fardo parece menos pesado, quando se olha para o alto, do que quando se curva para a terra a fronte.

Coragem, amigos! Tendes no Cristo o vosso modelo. Mais sofreu ele do que qualquer de vós e nada tinha de que se penitenciar, ao passo que vós tendes de expiar o vosso passado e de vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes, sede cristãos. Essa palavra resume tudo. - Um Espírito amigo. (Havre, 1862.)




Extraido do livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo". FEB. Capítulo 9.  Allan. Kardec

sexta-feira, 4 de abril de 2014

AS QUALIDADES MORAIS DOS MÉDIUNS

Mencionamo-las sumariamente e de memória, apenas para completar o quadro, visto que serão desenvolvidas adiante, nos capítulos: Da influência moral do médium, Da obsessão, Da identidade dos Espíritos e outros, para os quais chamamos particularmente a atenção do leitor. Aí se verá a influência que as qualidades e os defeitos dos médiuns pode exercer na segurança das comunicações e quais os que com razão se podem considerar médiuns imperfeitos ou bons médiuns.

MÉDIUNS IMPERFEITOS

Médiuns obsidiados: os que não podem desembaraçar-se de Espíritos importunos e enganadores, mas não se iludem.

Médiuns fascinados: os que são iludidos por Espíritos enganadores e se iludem sobre a natureza das comunicações que recebem.

Médiuns subjugados: os que sofrem uma dominação moral e, muitas vezes, material da parte de maus Espíritos.

Médiuns levianos: os que não tomam a sério suas faculdades e delas só se servem por divertimento, ou para futilidades.

Médiuns indiferentes: os que nenhum proveito moral tiram das instruções que obtêm e em nada modificam o proceder e os hábitos.

Médiuns presunçosos: os que têm a pretensão de se acharem em relação somente com Espíritos superiores. Crêem-se infalíveis e consideram inferior e errôneo tudo o que deles não provenha.

Médiuns orgulhosos: os que se envaidecem das comunicações que lhes são dadas; julgam que nada mais têm que aprender no Espiritismo e não tomam para si as lições que recebem freqüentemente dos Espíritos. Não se contentam com as faculdades que possuem, querem tê-las todas.

Médiuns suscetíveis: variedade dos médiuns orgulhosos, suscetibilizam-se com as críticas de que sejam objeto suas comunicações; zangam-se com a menor contradição e, se mostram o que obtêm, é para que seja admirado e não para que se lhes dê um parecer. Geralmente, tomam aversão às pessoas que os não aplaudem sem restrições e fogem das reuniões onde não possam impor-se e dominar.

"Deixai que se vão pavonear algures e procurar ouvidos mais complacentes, ou que se isolem; nada perdem as reuniões que da presença deles ficam privadas." - ERASTO.

Médiuns mercenários: os que exploram suas faculdades.

Médiuns ambiciosos: os que, embora não mercadejem com as faculdades que possuem, esperam tirar delas quaisquer vantagens.

Médiuns de má-fé: os que, possuindo faculdades reais, simulam as de que carecem, para se darem importância. Não se podem designar pelo nome de médium as pessoas que, nenhuma faculdade mediúnica possuindo, só produzem certos efeitos por meio da charlatanaria.

Médiuns egoístas: os que somente no seu interesse pessoal se servem de suas faculdades e guardam para si as comunicações que recebem.

Médiuns invejosos: os que se mostram despeitados com o maior apreço dispensado a outros médiuns, que lhes são superiores. Todas estas más qualidades têm necessariamente seu oposto no bem.

BONS MÉDIUNS

Médiuns sérios: os que unicamente para o bem se servem de suas faculdades e para fins verdadeiramente úteis. Acreditam profaná-las, utilizando-se delas para satisfação de curiosos e de indiferentes, ou para futilidades.

Médiuns modestos: os que nenhum reclamo fazem das comunicações que recebem, por mais belas que sejam. Consideram-se estranhos a elas e não se julgam ao abrigo das mistificações. Longe de evitarem as opiniões desinteressadas, solicitam-nas.

Médiuns devotados: os que compreendem que o verdadeiro médium tem uma missão a cumprir e deve, quando necessário, sacrificar gostos, hábitos, prazeres, tempo e mesmo interesses materiais ao bem dos outros.

Médiuns seguros: os que, além da facilidade de execução, merecem toda a confiança, pelo próprio caráter, pela natureza elevada dos Espíritos que os assistem; os que, portanto, menos expostos se acham a ser iludidos. Veremos mais tarde que esta segurança de modo 'algum depende dos nomes mais ou menos respeitáveis com que os Espíritos se manifestem.

"É incontestável, bem o sentis, que, epilogando assim as qualidades e os defeitos dos médiuns, isto suscitará contrariedades e até a animosidade de alguns; mas, que importa? A mediunidade se espalha cada vez mais e o médium que levasse a mal estas reflexões, apenas uma coisa provaria: que não é bom médium, isto é, que tem a assisti- lo Espíritos maus. Ao demais, como já eu disse, tudo isto será passageiro e os maus médiuns, os que abusam, ou usam mal de suas faculdades, experimentarão tristes conseqüências, conforme já se tem dado com alguns. Aprenderão à sua custa o que resulta de aplicarem, no interesse de suas paixões terrenas, um dom que Deus lhes outorgara unicamente para o adiantamento moral deles. Se os não puderdes reconduzir ao bom caminho, lamentai-os, porquanto, posso dizê-lo, Deus os reprova." - (ERASTO.)

"Este quadro é de grande importância, não só para os médiuns sinceros que, lendo-o, procurarem de boa-fé preservar-se dos escolhos a que estão expostos, mas também para todos os que se servem dos médiuns, porque lhes dará a medida do que podem racionalmente esperar. Ele deverá estar constantemente sob as vistas de todo aquele que se ocupa de manifestações, do mesmo modo que a escala espírita, a que serve de complemento. Esses dois quadros reúnem todos os princípios da Doutrina e contribuirão, mais do que o supondes, para trazer o Espiritismo ao verdadeiro caminho." (SÓCRATES.)



Extraido do livro "O Livro dos Médiuns". Allan Kardec, FEB.