domingo, 26 de fevereiro de 2012

JANELAS NA ALMA

O sentimento e a emoção normalmente se transformam em lentes que coam os acontecimentos, dando-lhes cor e conotação próprias.
De acordo com a estrutura e o momento psicológico, os fatos passam a ter a significação que nem sempre corresponde à realidade.
Quem se utiliza de óculos escuros, mesmo diante da claridade solar, passa a ver o dia com menor intensidade de luz.
Variando a cor das lentes, com tonalidade correspondente desfilarão diante dos olhos as cenas.
Na área do relacionamento humano, também, as ocorrências assumem contornos de acordo com o estado de alma das pessoas envolvidas.
É urgente, portanto, a necessidade de conduzir os sentimentos, de modo a equilibrar os fatos em relação com eles.
Uma atitude sensata é um abrir uma janela na alma, a fim de bem observar os sucessos da vilegiatura humana.
De acordo com a dimensão e o tipo de abertura, será possível observar a vida e vivê-la de forma agradável, mesmo nos momentos mais difíceis.
Há quem abra janelas na alma para deixar que se externem as impressões negativas, facultando a usança de lentes escuras, que a tudo sombreiam com o toque pessimista de censura e de reclamação.
Coloca, nas tuas janelas, o amor, a bondade, a compaixão, a ternura, a fim de acompanhares o mundo e o seu séqüito de ocorrências.
O amor te facultará ampliar o círculo de afetividade, abençoando os teus amigos com a cortesia, os estímulos encorajadores e a tranqüilidade.
A bondade irrigará de esperança os corações ressequidos pelos sofrimentos e as emoções despedaçadas pela aflição que se te acerquem.
O perdão constituirá a tua força revigoradora colocada a benefício do delinqüente, do mau, do alucinado, que te busquem.
A ternura espraiará o perfume reconfortante da tua afabilidade, levantando os caídos e segurando os trôpegos, de modo a impedir-lhes a queda, quando próximos de ti.
As janelas da alma são espaços felizes para que se espraie a luz, e se realize a comunhão com o bem.
Colocando os santos óleos da afabilidade nas engrenagens da tua alma, descerrarás as janelas fechadas dos teus sentimentos, e a tua abençoada emoção se alongará, afagando todos aqueles que se aproximem de ti, proporcionando-lhes a amizade pura que se converterá em amor, rico de bondade e de perdão, a proclamarem chegada a hora de ternura entre os homens da Terra.

Divaldo Pereira Franco. Da obra: Momentos de Felicidade.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Conheça a nossa Casa

Se Deus é um ser perfeito, superior a tudo e possui a onisciência, por que pedimos perdão à Ele?



O perdão é uma atitude advinda de uma ofensa. Para oferecê-lo é preciso que a pessoa, primeiramente, se sinta ofendida. O perdão, no nosso meio de seres não evoluídos, que nos "permitimos" ser ofendidos, é, de certa forma, uma virtude. Quando uso a expressão “de certa forma”, é porque se fôssemos seres evoluídos não nos sentiríamos ofendidos por ninguém, pois compreenderíamos as atitudes das pessoas e, portanto, não haveria necessidade de perdoar.

Como ainda não desenvolvemos a perfeição, sentimo-nos ofendidos (muitas vezes com atitudes pequenas de outras pessoas) e, depois de muito refletir, tentamos desenvolver essa “virtude”, qual seja, o perdão. Para o ato do perdão é necessário que se tenha a compreensão da outra pessoa a partir de nós mesmos, ou seja, que tal qual a nós mesmos, todas as pessoas podem cometer erros.

Considerando que a Lei de Deus está escrita em nossa consciência, quando sentimos que a transgredimos ficamos com um "drama" existencial e externamos esse drama no pedido de perdão a Deus. Entretanto, o que na verdade fazemos é pedir perdão a nós mesmos [à nossa consciência]. Por isso pedimos perdão a Deus, pois pela consciência do erro buscamos a compreensão [de Deus] a partir de nós mesmos.

Ao pedirmos perdão a Deus estamos fazendo um exercício de humildade, reconhecendo o erro cometido e abrindo um espaço para o equilíbrio de consciência. Temos necessidade de nos sentirmos perdoados e por ainda tratamos a consciência como algo abstrato, focamos, então, o pedido de perdão em Deus. Essa necessidade individual e pessoal de se sentir perdoado nos leva a ter para com os outros a atitude de perdoar, para conferir-lhes a sensação da reparação das faltas e de abrir-lhes novas oportunidades.

Na oração do “Pai Nosso”, que nos foi ensinada pelo Cristo de Deus, o pedido de perdão a Deus está condicionado ao perdão que oferecermos aos outros ["perdoai as nossas ofensas (dívidas), assim como perdoamos aos nossos ofensores (devedores)"]. Isso não significa que será Deus a nos dar ou não o perdão, mas que nós mesmos nos sentiremos perdoados [em nossa consciência] se conseguirmos oferecer aos outros o mesmo perdão que buscamos. É tão significativo esse aspecto, que Jesus, conforme grafado no evangelho de Mateus, quando termina de expor o Pai Nosso, chama a atenção dos ouvintes para o perdão dizendo: "pois se não perdoardes ao vosso semelhante, vosso Pai que está nos céus também não vos perdoará"

Essa frase não deve ser entendida de forma literal, mas sim de maneira figurada. Deus, por ser soberanamente justo e bom, por saber de nossas potencialidades e, por conseguinte, de nossas ações (já que Ele é onisciente), não se ofenderia conosco. Seria um contra-senso, então, Deus ter que oferecer o perdão, uma vez que Ele é inatingível. Vale lembrar que o perdão é fruto de uma ofensa e somente se ofende aquele que ainda guarda imperfeições. Deus é perfeito, portanto não pode se sentir ofendido.

Considerando que a Lei de Deus deve estar escrita em nossa consciência, é aí (na consciência) que buscaremos o perdão de Deus. De que forma? Arrependendo do ato praticado e reparando-o, se necessário e possível, junto à própria pessoa a quem ofendemos.

Assim sendo, o sentido da frase é: se não perdoarmos aos nossos semelhantes não teremos paz interior, uma vez que a nossa consciência apontará as nossas próprias faltas, para quais também buscamos, na verdade, o perdão.

Como conseguir o perdão para as nossas faltas se não estamos dispostos a dá-lo a outrem quando de suas faltas? Vale lembrar a passagem da “mulher adúkltera” contida no evangelho de João. Como Jesus conseguiu que as pessoas a deixassem em paz? Concitando-as a se olharem. Disse Jesus: “aquele que estiver sem pecados que atire a primeira pedra”. Como acusar alguém se trazemos em nós, de certa forma, os mesmos erros? Como sentirmo-nos perdoados se não perdoamos aos outros? Essa é a questão primordial.

Bem escreveu o poeta Gibran Kalill Gibran: “o perdão é o perfume que as flores soltam quando são pisadas”.


SIMÃO PEDRO DE LIMA – Professor universitário, historiador e contabilista, com Mestrado em Educação Superior e três Especializações em Administração (na área de Gestão Empresarial), História Moderna e Economia Contemporânea. Atualmente, é membro da “Sociedade Espírita Casa do Caminho” em Patrocínio (MG), onde exerce as atividades administrativas e doutrinárias e membro do Conselho Regional Espírita do Alto Paranaíba - MG, onde auxilia na área de assuntos da mediunidade.
Postado no Blog Rede Amigo Espírita em 22/02/2012.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

AUTISMO



Na década de 40, dois médicos, o psiquiatra americano Leo Kanner e o pediatra austríaco Hans Asperger, descobriram o distúrbio de desenvolvimento que afeta milhares de crianças em todo o mundo e que se pode manifestar de forma grave por toda a vida. Foi uma descoberta isolada – nenhum dos dois sabia o que o outro pesquisava, e ambos deram o mesmo nome à síndrome: Autismo. Foi considerada uma “coincidência inacreditável”, mas fica claro que houve uma intervenção do plano espiritual ao nos convidar para dar mais atenção àquelas crianças e ampará-las no seu sofrimento.
A palavra autismo vem do grego autos, que significa “de si mesmo”. O nome é perfeito. O traço mais flagrante da doença é o isolamento do mundo exterior, com a conseqüente perda de interação social. Em vez de dedicar-se à exploração do mundo exterior, como acontece normalmente, a criança autista permanece dentro das fronteiras de seu próprio universo pessoal.
Segundo a OMS, o autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo funcionamento anormal em três áreas: interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. Ela existe em todo o mundo, em famílias de qualquer raiz racial, cultural ou social, enfim, não escolhe a individualidade para encarnar a doença.
O comprometimento da interação social é observado na falta de empatia, na falta de resposta às emoções de outras pessoas e no retraimento social.
Já na comunicação é percebido a falta de uso social da linguagem, na falta de linguagem não-verbal, na pobreza de expressão verbal e no comprometimento em jogos de imitação.
O autista também apresenta um comportamento restrito e repetitivo, o que pode ser observado através de estereotipias motoras e preocupações estereotipadas com datas, horários e itinerários.
Podem também existir sintomas inespecíficos como fobias, auto-agressão, ataques de birra e distúrbios alimentares.
Há deficiência mental em cerca de ¾ dos casos, embora todos os níveis de Q.I. possam ocorrer em associação com o autismo. Às vezes há capacidade prodigiosa para funções como memorização, cálculo e música.
Segundo recentes publicações da Revista Brasileira de Psiquiatria, publicação da ABP, alguns autores sugerem que o diagnóstico já pode ser estabelecido por volta dos 18 meses de idade. Outras informações epidemiológicas mostram que há de 1a 5 casos em cada 10.000 crianças e que a doença ocorre em meninos 2 a 3 vezes mais do que em meninas.
As funções ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo; fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Devido a tal situação torna-se também restrita a compreensão de idéias. Aplica palavras sem associação ou sem nexo concernente com o significado. Percepção anormal dos objetos, eventos e pessoas.
No âmbito do materialismo, a maioria dos casos de autismo tem causa desconhecida. Alguns casos são presumivelmente decorrentes de alguma condição médica das quais infecções intra-uterinas (como a rubéola congênita), doenças genéticas (como a síndrome do x frágil) e ingestão de álcool durante a gravidez (provocando a síndrome fetal alcoólica) estão entre as mais comuns.
Sob a ótica do Espiritismo, o Autismo aparece por efeito nas seguintes situações:
Expiação - quando está bem marcado no seu perispírito, que o leva a ter lesões neurológicas, aquilo que se chama o espelho refletor do cérebro, nesse caso o indivíduo não consegue comunicar-se por causa de deformações ou lesões nos corpos sideral e físico.
Rejeição - Quando o espírito, temendo a reencarnação compulsória motivada pela consciência da culpa, na qual colherá os efeitos de faltas passadas, acaba rejeitando a reencarnação, provoca o autismo. Ocorre um severo processo de auto-obsessão por abandono consciente da vida, um auto-aprisionamento orgânico. Nesse caso, mesmo não havendo uma lesão direta do perispírito, a rejeição à reencarnação e a recusa à comunicação danificam o cérebro.
Mas vamos agora ao encontro da problemática provacional, e ela traz-nos ao ponto vital da evolução educativa moral, espiritual e intelectual. A Família, a escola , a sintonia envolvente exige dos pais e educadores uma entrega profunda de amor em toda a plenitude. Estes irmãos trazem em si um ensinamento para os progenitores, que faz com que a sua luta mereça de todos nós o maior respeito e oração em torno da sua coragem e luta diária para que consigam levar em frente tamanha obra como objetivo numa encarnação…
Segundo Bezerra de Menezes, no livro “Loucura e Obsessão” , muitos espíritos buscam na alienação mental, através do autismo, fugir do resgate de suas faltas passadas, das lembranças que os atormentam e das vitimas que fizeram nesse mesmo pretérito.
Considerando a possibilidade de rejeição à reencarnação podemos fazer uma nova leitura dos sintomas autísticos. Começando pelo isolamento, sinal de que o autista não admite invasões em seu mundo; como porém, a participação mínima do lado de cá da vida é inevitável, sua manifestação se reduz a alguns movimentos repetitivos como agitar as mãos, girar indefinidamente um prato ou a roda de um brinquedo, qualquer coisa enfim, que mantenha a mente ocupada com rotinas irrelevantes que o livrem do convívio entre as pessoas.
Uma explicação possível para o sintoma autista de girar sobre si mesmo, seria a produção de tonteira através da rotação, provocando um passageiro desdobramento entre perispírito e corpo físico, livrando a criança, momentaneamente, da prisão celular.
As crianças autistas muitas vezes manifestam rejeição a alguma parte do corpo, através de auto-agressão. Isso pode ser um sinal de rejeição à própria personalidade.
Quanto à relação ambígua consigo mesma, manifestada pela troca dos pronomes pessoais (referindo-se a si mesma como “tu” e ao outro como “eu”), podemos pensar na possibilidade de obsessão espiritual, já que com os desacertos do passado, muitos são os desafetos.
Uma análise mais profunda da disfunção da linguagem, pode ser feita a partir da hipótese proposta por Hermínio Miranda em seus livros “A alquimia da mente” e “Autismo, uma leitura espiritual”. Segundo o autor, normalmente ao reencarnar, o espírito se instala à direita do cérebro e por 2 ou 3 anos passa para o hemisfério esquerdo a programação da personalidade daquela encarnação. Neste período é formado o mecanismo da linguagem. No caso do autismo o espírito permanece –autísticamente- no lado direito, área não-verbal do cérebro, sem participar deste processo. É natural que este ser que vem compulsoriamente, sem interesses em envolver-se com as pessoas e o mundo, torne o seu sistema de comunicação com o ambiente, o mais rudimentar e precário possível. Encontramos informações que reforçam esta hipótese:
-1a sabe-se que o corpo caloso, estrutura que liga os dois hemisférios cerebrais, não desempenha durante os primeiros 2 ou 3 anos de vida, a função de separar faculdades dos dois hemisférios.
-2a a partir do segundo ou terceiro ano de vida é que o hemisfério esquerdo assume a linguagem.
-3a o autismo eclode até o terceiro ano de vida quando se percebe uma interrupção do desenvolvimento da linguagem.
Parece então que até os 2-3 anos as crianças vão se comunicando através dos 2 hemisférios, e a partir de então só se comunica quem tiver implantado no h.esquerdo esta função, o que não acontece com o autista.
Os autistas tem potencialidades a serem trabalhadas com um bom desempenho educacional em conjunto com uma boa equipe multidisciplinar e o apoio integrado com pais.
As preocupações em relação ao meio debatem-se com o preconceito e a desistência dos pais, porque não haja duvidas tal como Jesus dizia: ”Só o amor nos salvará, em caridade”; tal como as aves do céu buscam o seu alimento, todos que estão envolvidos na simbiose de evolução devem procurar reforçar-se no “Orai e Vigiai”.
Os pais destes irmãos necessitam de muito conhecimento espiritual, afim de que com o reforço de uma fé raciocinada e uma esperança acalentada no trabalho de caridade dando amor , é que conseguirão suplantar esta oportunidade de crescimento pois também é, uma provação para os pais que deverão encarar como débitos do passado, não havendo aí nenhuma injustiça Divina, nada acontece por acaso.
Não existe uma medicação para a cura do autismo, existem medicações apenas para administração dos sintomas do autismo.
Do ponto de vista do espírito, por mais paradoxal que possa parecer, o remédio para o autismo é o próprio autismo como forma de drenagem perispiritual.
É necessário construir uma ponte para ligar o mundo externo ao mundo íntimo do autista, uma possibilidade é tentar interpretar os seus sinais não-verbais. É bem verdade que não há muitas palavras no dicionário deles, mas a linguagem universal do amor também é não-verbal. Para se expressar através dela, há os gestos, a vibração sutil da emoção, da solidariedade, da paciência, da aceitação da pessoa como ela é, não como queremos que ela seja.
Se estivéssemos no lugar deles, como gostaríamos de ser tratados?
É presumível que eles estejam fazendo tudo que lhes seja possível, dentro de suas limitações. Com um pouco de boa vontade de nossa parte, talvez concordem em tocar a mão que lhe estejamos oferecendo a fim de saltarem o abismo que nos separa!

Referências bibliográficas:
1- Revista Scientific American
2- Revista Brasileira de Psiquiatria
3- CID 10
4- Autismo, uma leitura espiritual – Herminio Miranda
5- Alquimia da Mente – Herminio Miranda
6- Orientações mediúnicas, Grupo de Estudos de Espiritismo e Psiquiatria da AMEMG
7- Texto de Victor Manuel Pereira de Passos.
8- Trabalho apresentado no MEDINESP, Congresso Médico-Espírita Nacional e Internacional, realizado em junho de 2007, São Paulo, SP. (Carlos Eduardo Sobreira Maciel)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Pense em Mim

Esse poema é de autor desconhecido.

"Pense em Mim

Se você me ama não chore.
Se você conhecesse o mistério insondável
do céu onde me encontro...

Se você pudesse ver e sentir o que
eu sinto e vejo nestes horizontes sem fim
e nesta luz que tudo alcança e penetra,
você jamais choraria por mim.

Estou agora absorvida
pelo encanto de Deus,
pelas suas expressões de infinita beleza.
Em confronto com esta nova vida,
as coisas do tempo passado
são pequenas e insignificantes.

Conservo ainda todo meu afeto
por você e uma ternura
que jamais lhe pude, em verdade, revelar.

Amamo-nos ternamente em vida,
mas tudo era então muito fugaz e limitado.

Pense em mim assim. Nas suas lutas,
pense nesta maravilhosa morada,
onde, juntos, viveremos no enlevo
mais puro e mais intenso, junto à fonte
enesgotável da alegria e do amor.

Se você verdadeiramente me ama,
não chore mais por mim.

eu estou em paz."

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O OUTRO LADO DO TRABALHO MEDIUNICO


Conta Suely Caldas Schubert : Fomos a Uberaba em fins de julho p.p.,(1984) em companhia dos amigos Kátia e Armando Falconi Filho. Já havíamos contactado, através de cartas, com o nosso querido irmão Chico Xavier. Marcamos uma entrevista com ele, a fim de tratarmos do nosso novo livro.
As reuniões no Grupo Espírita da Prece transcorreram com os habituais trabalhos, mas a cada semana revestem-se de especial emoção sob as injunções dos dramas que envolvem muitos dos presentes.
No sábado, a presença do orador e médium Divaldo Franco, também um amigo muito querido, e a chegada de alguns confrades, companheiros nossos da Federação Espírita Brasileira (que juntamente com Divaldo regressavam do Curso Internacional de Preparação de Evangelizadores Espíritas da Infância e da Juventude, realizado em Brasília nos dias 22 a 26 de julho), entre os quais o nosso estimado amigo Nestor João Masotti (Vice-Presidente da USE de São Paulo), trouxeram à reunião um clima de verdadeira festa espiritual.
Chico Xavier psicografou durante mais de três horas e recebeu oito cartas de Espíritos recém-desencarnados para os familiares presentes. Psicografou também cerca de doze quadrinhas de poetas diferentes. Entre essas, uma assinada por antigo militante espírita de Salvador, conhecido por Tio Juca, e dedicada a Divaldo. O médium baiano psicografou duas cartas de jovens e uma mensagem de Amélia Rodrigues.
Após a entrevista com Chico Xavier, realizada no domingo, retornamos a Juiz de Fora plenamente felizes pelos resultados alcançados, acima de nossas expectativas.
Dois dias depois, comparecemos à nossa habitual sessão mediúnica no C. E. «Ivon Costa».
Já quase ao final da reunião notamos a aproximação de uma entidade cuja presença captamos por diversas vezes antes de nossa ida a Uberaba. É preciso esclarecer que por quase três meses estivemos preparando o material que levaríamos para a apreciação de Chico Xavier. Durante esse tempo, vez por outra nos sentimos assediados por alguns Espíritos, que tentavam de todas as maneiras afastar-nos dos objetivos programados. Nas últimas semanas o assédio intensificou-se e várias foram as situações difíceis que tivemos de contornar e superar.
Alertados pelos Amigos Espirituais, esforçamo-nos por nos manter vigilantes e equilibrados, escorando-nos principalmente no trabalho da Doutrina e na oração.
Identificamos o Espírito como sendo o líder da equipe que nos vigiava atentamente. Mas o notamos transformado. Já não era o mesmo. Ele e seus quatro companheiros nos rodeavam, denotando, porém, que algo inusitado acontecera.
- Estou aqui, disse ele; com voz emocionada, para narrar-lhes o que nos sucedeu. Fomos designados para impedir a viagem destes três (com um gesto designou-nos).
A ordem era: «Eles não devem viajar. Pretendem levar com eles alguma coisa que não deve chegar ao seu destino. Perturbem. Atrapalhem. Impeçam.» Foi o que tentamos fazer, preparando ciladas e ocasionando confusões.
Contudo, o nosso aborrecimento era grande, pois apesar das tentativas alguma coisa mais forte os ajudava a vencer os obstáculos que criávamos.
Contrariados e até revoltados éramos obrigados a acompanhá-los a reuniões durante toda a semana, parecendo-nos que não faziam outra coisa a não ser cuidar «desse tal» de Espiritismo.
Hoje, digo isto envergonhado. Temos vergonha do mal que desejamos a todos os que estão aqui nesta sala. Não fossem aqueles que os protegem - que reconhecemos mais fortes que nós, e muita coisa poderia ter acontecido.
- Chegou finalmente o dia da viagem. Fomos com eles. Ficaram num lugar que nos pareceu muito esquisito (1). Era reunião, prece e as tais leituras todo o dia. Também escreviam muito; entretanto, só os víamos de longe, na maioria das vezes, porque as cercas elétricas (2) nos impediam maior aproximação.
(1) Peirópolls - Na "Vila Cantinho Espírita". como hóspedes do bom amigo Langerton Neves da Cunha.
(2) Refere-se à proteção espiritual que cerca a Vila Espírita de Peirópolis.
As coisas começaram a mudar para nós. Estávamos desanimados e não víamos mais finalidade alguma no nosso trabalho. Forças estranhas nos imantavam às preces que faziam e a eles próprios. No dia marcado, eles foram à cidade e nós os acompanhamos, ansiosos por saber, afinal de contas, o que é que eles tanto esperavam.
- Para eles o trânsito por lá estava livre. Para nós houve sérias dificuldades. Ao chegarmos ao local havia grande multidão de «vivos», mas uma outra bem maior de «mortos».
No nosso plano, muitos guardas cercavam a casa que irradiava uma luz muito forte. Tudo era profusamente iluminado.
A claridade era tanta que o alarido entre os nossos cessou por completo. O ambiente dava-nos uma sensação de grandiosidade que não sei explicar, embora o local humilde e simples na esfera física, o que nos tornou respeitosos.
Em meio à multidão espiritual que se acotovelava, em largo trecho nas cercanias da casa, numa distância equivalente à da claridade projetada, aos poucos sentimos que havia um lugar para nós, para onde fomos conduzidos.
Eu me esquecera de tudo: dos chefes e dos objetivos. Outras preocupações me dominavam.
Nos últimos dias, inexplicavelmente, passei a me lembrar de casa, principalmente do meu filho, que havia morrido há quase 40 anos, quando contava apenas 9 anos de idade. Foi um desastre de caminhão. Eu dirigia, e meu filho quis ir comigo.
Fiz-lhe a vontade, sem saber que seria a última. Em certo trecho da estrada o caminhão desgovernado caiu numa ribanceira. Eu me salvei, mas meu menino morreu na hora. O desespero tomou conta de mim. Julgava-me culpado. Revoltado, passei a odiar o mundo, no qual me perdi. Nunca soube dele do lado de cá. Tornei-me descrente de Deus e da vida.
O movimento no plano físico cresceu - prosseguiu ele - e me interessei em acompanhar os fatos. Coisas estranhas estavam acontecendo. Vi um homem sentado, escrevendo . Escrevia, escrevia muito. Reparei que em torno dele as luzes eram bem mais fortes e que atrás de sua cadeira havia uma espécie de fila, formada em sua maioria por jovens. Fui compreendendo que eles escreviam cartas para os parentes da Terra, pelas mãos daquele homem que vocês chamam de médium, que eram recebidas pelos parentes emocionados.
- Meu Deus, pensei, o que é isto! E o nome de Deus surgiu em meus lábios como um grito brotado do coração. Eu também perdi meu filho e não sei onde ele está, embora esteja no mesmo plano que ele. Por quê! Por que ele morreu assim!
Olhei meus companheiros. Como eu, observavam emocionados as cenas. Cada um de nós havia perdido alguém muito amado.
Um deles me falara da filha, doente desde pequena e que morrera na primeira infância. O tempo passava. Sei que amanheceu e anoiteceu de novo (3). Já era outro dia e aquele homem escrevia ainda. Eu também queria uma carta. Uma notícia...
(3) ReferêncIa aos dois dias de reuniões públicas no Grupo Espírita da Prece, sexta-feira e sábado.
Sem saber como me vi igualmente numa fila, formada ao lado. Fui atendido por um dos que protegem aquele homem. Contei a minha história. Pedi notícias do filho querido. Para minha surpresa recebi uma folha de papel. Era uma carta dele! Indescritível foi a minha emoção.
Falava de nós, de nossa casa e da nossa vida. E me disse em certo trecho:
«Papai, eu estou ao seu lado. O senhor não me vê porque escolheu o lado errado. Mude de vida, papai, e o senhor me encontrará!»
E havia tal ternura em suas palavras que ao lê-las tive a impressão de ouvir a sua voz e de que ele estava próximo a mim. Não pensei em mais nada. Segurei a folha junto ao coração e ela era como um pedaço de luz em minhas mãos.
Juntei-me aos companheiros que, como eu, foram contemplados com notícias e orientações sobre como proceder dali em diante.
Compreendemos então a imperiosa necessidade de vir até aqui narrar-lhes essas ocorrências. E dizer-lhes que estamos enfraquecidos agora, mas felizes, e desejosos de encontrar esse novo caminho que nos leve mais depressa para junto dos entes queridos.
Calou-se a entidade. Sua emoção contagiara a todos. O doutrinador, comovido, dirigiu-lhe palavras de estímulo e conforto. Antes de se retirar o Espírito ainda disse:
- Hoje eu agradeço a vocês por nos terem levado até aquele homem - aquele homem-luz que todos chamam por Chico. Era este o nome repetido por quantos estavam ali, num plano e no outro, e lhe pediam vez para escrever. Graças a ele, ao trabalho dele, nós cinco recebemos essas notícias e compreendemos o erro em que vivemos até agora. Ainda não sei da minha vida daqui para frente, mas meu filho disse que rogasse a Jesus para recebermos ajuda. Peço-lhes que façam isso por nós, que nos ensinem a orar.
O doutrinador fez sentida prece e a entidade retirou-se.
do Livro “Dimensões Espirituais do Centro Espírita”
Publicado no Reformador de novembro de 1984.
Autora: Suely Caldas Schubert

Quando digo que sou espírita...


Pode-se observar o espiritismo sob diversas óticas. Como comunidade de pessoas que se identificam com a doutrina e ação social espíritas, ou seja, como fenômeno social (o que envolve não apenas as ciências sociais, mas também a história) como fenômeno psicológico e parapsicológico e até mesmo como fenômeno natural, se considerarmos os fenômenos de efeitos físicos.

Há também uma grande fronteira entre a comunidade e os fenômenos espíritas e as disciplinas da área de saúde, que é histórica, além da extensa produção literária, a exigir um olhar da área de letras e as instituições educacionais espíritas, que tem gerado incursões de pesquisadores da educação.

Outra fronteira entre as áreas de conhecimento indexadas pelos órgãos brasileiros de fomento à pesquisa envolve a filosofia.

O Espiritismo, que foi inicialmente tratado com preconceito por sua identificação como religião pela sociedade e pela comunidade científica internacional, que lhe legou o pleito de ser reconhecido como uma doutrina complexa, com dimensões também filosóficas e científicas, aos poucos vem recebendo olhares de diferentes campos do conhecimento, ora por pesquisadores, oriundos da comunidade espírita, ora por outros sem qualquer vínculo de identidade com esta ou com o pensamento espírita.

A liga de pesquisadores do espiritismo tem organizado encontros anuais, multidisciplinares, com o objetivo de aproximar esses pesquisadores e interessados na temática de diversas áreas, funcionando como espaço estruturante para o surgimento e intercâmbio de núcleos e linhas de pesquisa no âmbito acadêmico.

O Espiritismo é na verdade um elo entre a fé e a ciência que percorreram, ao longo da história, caminhos separados, muitas vezes antagônicos. É com o advento do Espiritismo que esse secular desencontro está sendo atenuado, com tendência natural ao desaparecimento. William Crookes é um conhecido exemplo no século XIX, e a parapsicologia e a transcomunicação instrumental foram consideradas nesse sentido dois marcos importantes no século XX.

Chega-se ao Espiritismo através de três caminhos: pelo amor, pela dor ou pela necessidade intelectual de se obter uma explicação racional para transcendentes perguntas: quem somos, porque somos, de onde viemos e para onde vamos. A Filosofia tentou oferecer respostas a essas perguntas e o resultado foi uma verbalização erudita não explicativa. Aqui e ali, entretanto, houve clarões que se anteciparam à teoria espírita. Sócrates e Platão, acessíveis somente a pessoas de certo nível intelectual, são exemplos clássicos desses clarões, porém a concepção sistêmica de um todo que respondesse logicamente àquelas perguntas a qualquer pessoas só se tornou possível, nos meados do século XIX, com Kardec.

A revelação da verdade espírita enfrentou – e ainda enfrenta neste Século XXI, em época de transição – barreiras poderosas tais como os cleros organizados do catolicismo, os pastores de diversas crenças, com fortes motivações econômicas, antigas tradições religiosas e pautas culturais sedimentadas há séculos e completamente alheias ao conhecimento científico. Criam-se, portanto, “establisments” religiosos que, somente com o tempo serão aos poucos modificados.

O Espiritismo, historicamente, contrariou e continua contrariando interesses econômicos poderosos e suas implicações políticas. A igreja católica e as diversas igrejas protestantes de denominações as mais esdrúxulas, refugiadas na sacralização da Bíblia, que supostamente seria “a palavra divina”, viram-se, com o Espiritismo, ameaçadas em suas posições como intermediárias entre Deus e os homens. Todos os absurdos dos teólogos medievais foram incorporados pela teologia protestante, além de que o antiquado empirismo religioso judaico, embasado por uma tradição sacralizadora, teve também guarida no pensamento da Reforma, isso em relação ao Antigo Testamento. Em relação aos Evangelhos é visível uma grande miopia intelectual, não explicativa, mas em todo esse processo anti-espírita a força econômica foi de grande importância, alimentada pela antiga e lucrativa prática do dízimo e uso do poder social decorrente da acumulação de capital. Muito tempo ainda decorrerá antes que o Espiritismo se transforme, como já foi previsto, no futuro de todas as religiões. Mas isso inexoravelmente acontecerá.

*Lourival Silveira é professor de Biologia e, Advogado aposentado. Milita no espiritismo desde 1969. É fundador da Mocidade Espírita Dorival Alonso do CE Caminho da Luz de Regente Feijó. Fundador da Fundação Mirim de Regente Feijó; Criador do site Grupo de Divulgação Esperança (http://grupoesperanca.ning.com) e criador do site: www.ceandreluiz.com.br Atualmente é vice-presidente do Centro Espírita André Luiz de Presidente Prudente. Orador e Divulgador Espírita. E-mail:lourivalsilveira@gmail.com

Publicado no blog Rede Amigo Espírita

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A Garota com a Maçã

Esta história é verídica e é tão incrível!!!!

Agosto de 1942 - Piotrkow, Polônia.
Naquela manhã, o céu estava sombrio, enquanto esperávamos ansiosamente.
Todos os homens, mulheres e crianças do gueto judeu de Piotrkow tinham sido levados até uma praça.
Espalhou-se a notícia de que estávamos sendo removidos. Meu pai havia falecido recentemente de tifo, que se alastrara através do gueto abarrotado.
Meu maior medo era de que nossa família fosse separada.
"O que quer que aconteça," Isidore, meu irmão mais velho, murmurou para mim,
"não lhes diga a sua idade. Diga que tem dezesseis anos".
Eu era bem alto, para um menino de 11 anos, e assim poderia ser confundido como tal.
Desse jeito eu poderia ser considerado valioso como um trabalhador.
Um homem da SS aproximou-se, botas estalando nas pedras grosseiras do piso.
Olhou-me de cima a baixo, e, então, perguntou minha idade.
"Dezesseis", eu disse.
Ele mandou-me ir à esquerda, onde já estavam meus três irmãos e outros jovens saudáveis.
Minha mãe foi encaminhada para a direita com outras mulheres, crianças, doentes e velhos.
Murmurei para Isidore, "Por quê?"
Ele não respondeu. Corri para o lado da mãe e disse que queria ficar com ela.
"Não," ela disse com firmeza. "Vá embora. Não aborreça. Vá com seus irmãos".
Ela nunca havia falado tão asperamente antes. Mas eu entendi: ela estava me protegendo.
Ela me amava tanto que, apenas esta única vez, ela fingiu não fazê-lo. Foi a última vez que a vi.
Meus irmãos e eu fomos transportados em um vagão de gado até a Alemanha.
Chegamos ao campo de concentração de Buchenwald em uma noite, semanas após,
e fomos conduzidos a uma barraca lotada.
No dia seguinte, recebemos uniformes e números de identificação.
"Não me chamem mais de Herman", eu disse aos meus irmãos. "Chamem-me 94938".
Colocaram-me para trabalhar no crematório do campo, carregando os mortos em um elevador manual.
Eu, também, me sentia como morto. Insensibilizado, eu me tornara um número. Logo, meus irmãos e eu fomos mandados para Schlieben, um dos sub-campos de Buchenwald, perto de Berlim.
Em uma manhã, eu pensei ter ouvido a voz de minha mãe.
"Filho" ela disse suave, mas claramente, "Vou mandar-lhe um anjo".
Então eu acordei. Apenas um sonho. Um lindo sonho.
Mas nesse lugar não poderia haver anjos. Havia apenas trabalho. E fome. E medo.
Poucos dias depois, estava caminhando pelo campo, pelas barracas, perto da cerca de arame farpado, onde os guardas não podiam enxergar facilmente. Estava sozinho. Do outro lado da cerca,
eu observei alguém: uma pequena menina com suaves, quase luminosos cachinhos.
Ela estava meio escondida atrás de uma bétula. Dei uma olhada em volta, para certificar-me de que ninguém estava me vendo. Chamei-a suavemente em Alemão. "Você tem algo para comer?"
Ela não entendeu. Aproximei-me mais da cerca e repeti a pergunta em Polonês.
Ela se aproximou. Eu estava magro e raquítico, com farrapos envolvendo meus pés,
mas a menina parecia não ter medo. Em seus olhos eu vi vida.
Ela sacou uma maçã do seu casaco de lã e a jogou pela cerca.
Agarrei a fruta e, assim que comecei a fugir, ouvi-a dizer debilmente, "Virei vê-lo amanhã".
Voltei para o mesmo local, na cerca, na mesma hora, todos os dias. Ela estava sempre lá, com algo para eu comer - um naco de pão ou, melhor ainda, uma maçã.
Nós não ousávamos falar ou demorarmos. Sermos pegos significaria morte para nós dois.
Não sabia nada sobre ela. Apenas um tipo de menina de fazenda, e que entendia Polonês.
Qual era o seu nome? Por que ela estava arriscando sua vida por mim?
A esperança estava naquele pequeno suprimento, e essa menina, do outro lado da cerca,
trouxe-me um pouco, como que me nutrindo dessa forma, tal como o pão e as maçãs.
Cerca de sete meses depois, meus irmãos e eu fomos colocados em um abarrotado vagão de carvão e enviados para o campo de Theresiensatdt, na Tchecoeslováquia.
"Não volte", eu disse para a menina naquele dia. "Estamos partindo".
Voltei-me em direção às barracas e não olhei para trás, nem mesmo disse adeus
para a pequena menina, cujo nome eu nunca aprendi - menina das maçãs.
Permanecemos em Theresienstadt por três meses.
A guerra estava diminuindo e as forças aliadas se aproximando, muito embora meu destino parecesse estar selado. No dia 10 de maio de 1945, eu estava escalado para morrer na câmara de gás, às 10:00 horas. No silencioso crepúsculo, tentei me preparar. Tantas vezes a morte pareceu pronta para me achar, mas de alguma forma eu havia sobrevivido. Agora, tudo estava acabado.
Pensei nos meus pais. Ao menos, nós estaremos nos reunindo.
Mas, às 08:00 horas ocorreu uma comoção.
Ouvi gritos, e vi pessoas correndo em todas as direções através do campo.
Juntei-me aos meus irmãos.
Tropas russas haviam liberado o campo! Os portões foram abertos.
Todos estavam correndo, então eu corri também.
Surpreendentemente, todos os meus irmãos haviam sobrevivido.
Não tenho certeza como, mas sabia que aquela menina com as maçãs tinha sido a chave da minha sobrevivência. Quando o mal parecia triunfante, a bondade de uma pessoa salvara a minha vida,
me dera esperança em um lugar onde ela não existia.
Minha mãe havia prometido enviar-me um anjo, e o anjo apareceu.
Eventualmente, encaminhei-me à Inglaterra, onde fui assistido pela Caridade Judaica.
Fui colocado em um abrigo com outros meninos que sobreviveram ao Holocausto e treinado em Eletrônica. Depois fui para os Estados Unidos, para onde meu irmão Sam já havia se mudado.
Servi no Exército durante a Guerra da Coréia, e retornei a Nova Iorque, após dois anos.
Por volta de agosto de 1957, abri minha própria loja de consertos eletrônicos.
Estava começando a estabelecer-me.
Um dia, meu amigo Sid, que eu conhecia da Inglaterra, me telefonou.
"Tenho um encontro. Ela tem uma amiga polonesa. Vamos sair juntos!".
Um encontro às cegas? Não, isso não era para mim!
Mas Sid continuou insistindo e, poucos dias depois, nos dirigimos ao Bronx para buscar a pessoa
com quem marcara encontro e a sua amiga Roma. Tenho que admitir: para um encontro às cegas, não foi tão ruim. Roma era enfermeira em um hospital do Bronx. Era gentil e esperta. Bonita, também, com cabelos castanhos cacheados e olhos verdes amendoados que faiscavam com vida.
Nós quatro fomos até Coney Island. Roma era uma pessoa com quem era fácil falar e ótima companhia. Descobri que ela era igualmente cautelosa com encontros às cegas.
Nós dois estávamos apenas fazendo um favor aos nossos amigos. Demos um passeio na beira da praia, gozando a brisa salgada do Atlântico e depois jantamos perto da margem. Não poderia me lembrar de ter tido momentos melhores.
Voltamos ao carro do Sid, com Roma e eu dividindo o assento trazeiro.
Como judeus europeus que haviam sobrevivido à guerra, sabíamos que muita coisa deixou de ser dita entre nós. Ela puxou o assunto, perguntando delicadamente:
"Onde você estava durante a guerra?"
"Nos campos de concentração", eu disse.
As terríveis memórias ainda vívidas, a irreparável perda. Tentei esquecer.
Mas jamais se pode esquecer.
Ela concordou, dizendo: "Minha família se escondeu em uma fazenda na Alemanha,
não longe de Berlim . Meu pai conhecia um padre, e ele nos deu papéis arianos."
Imaginei como ela deve ter sofrido também, tendo o medo como constante companhia.
Mesmo assim, aqui estávamos, ambos sobreviventes, em um mundo novo.
"Havia um campo perto da fazenda", Roma continuou.
"Eu via um menino lá e lhe jogava maçãs todos os dias."
Que extraordinária coincidência, que ela tivesse ajudado algum outro menino.
"Como ele era?", perguntei.
"Ele era alto, magro e faminto. Devo tê-lo visto todos os dias, durante seis meses."
Meu coração estava aos pulos! Não podia acreditar! Isso não podia ser!
"Ele lhe disse, um dia, para você não voltar, por que ele estava indo embora de Schlieben?".
Roma me olhou estupefata. "Sim!".
"Era eu!".
Eu estava para explodir de alegria e susto, inundado de emoções.
Não podia acreditar! Meu anjo!
"Não vou deixar você partir", disse a Roma.
E, na trazeira do carro, nesse encontro às cegas, pedi-a em casamento. Não queria esperar.
"Você está louco!", ela disse.
Mas convidou-me para conhecer seus pais no jantar do Shabbat da semana seguinte.
Havia tanto que eu ansiava descobrir sobre Roma, mas as coisas mais importantes eu sempre soube: sua firmeza, sua bondade. Por muitos meses, nas piores circunstâncias, ela veio até a cerca
e me trouxe esperança. Não que eu a tivesse encontrado de novo, eu jamais a havia deixado partir.
Naquele dia, ela disse sim. E eu mantive a minha palavra.
Após quase 50 anos de casamento, dois filhos e três netos, eu jamais a deixara partir.”
Herman Rosenblat - Miami Beach, Florida
Esta é uma história verdadeira e você pode descobrir mais sobre ele no Google.
Ele fez Bar-Mitzvah com a idade de 75 anos.
Esta história está sendo transformada em filme, chamado "A cerca".

Enviada por Maria Dolores Borges

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O MÉDIUM E O EXERCÍCIO DA FÉ




Extraído do Blog História & Espiritismo de Luciano Dudu
Amigo Leitor, depois de muito refletir sobre algumas questões referente à nossa rotina diária no campo terreno, e analisando também as tarefas dos medianeiros nas Casas Espíritas, detectamos algumas situações conflitantes que faz parte da maioria de nós encarnados.
Daí eu pergunto, será que nós estamos conseguindo lidar com nossos problemas existências sem esmorecer?
Será que estamos conseguindo realizar nossa auto ilunimação da forma proposta por Jesus?
De que forma, nós na condição de seres em aprendizado da senda do Cristo, estamos lidando com as nossas vitórias ou fracassos das provas existenciais?
Será que a maioria de nós estamos conseguindo, nesta existência, acertar mais e errar menos?
Encontraremos nas obras codificadas por Allan Kardec as respostas para todas as indagações acima.

Recordando de uma passagem dita por Jesus há mais de dois mil anos atrás, retratado pelo evangelista Mateus, em seu evangelho no capitulo XVII, vv. 14 a 20. “Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível – Jesus.
Para nosso melhor entendimento desta passagem, postaremos logo abaixo a “Instrução dos Espíritos”, em o Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XIX, que vem nos falar sobre a Fé Humana e na Fé Divina.
Analisando os dias atuais, percebemos claramente que grande parte das criaturas reencarnadas, tem um contato direto ou indireto, com notícias ou situações vivenciadas, de violências, criminalidade, maldades, e injustiça.
Dependendo do grau de evolução do encarnado, tais situações podem levar a criatura a desencadear diversos desajustes, seja no âmbito físico ou espiritual.
Isso se dá, pela facilidade de sintonizar com esse emaranhado de fluídos mal sãos, vícios e paixões, fazendo com que abaixe seu padrão vibratório, e conseqüentemente a falta de vigilância da criatura, pode causar enfermidades físicas e espirituais.
Eu os convido a refletirmos sobre, de que forma conseguiremos administrar todas essas questões negativas citadas acima, os conflitos e embates do cotidiano?
E tratando da questão de educação mediúnica, assunto que está sempre em pauta em meu blog, refletiremos em qual seria a forma mais eficaz para nos vigiarmos e conseguirmos desenvolver a mediunidade com serenidade e equilíbrio?
Citaremos nesse material, apenas um dos itens que consideramos determinante para o sucesso de nossa empreitada terrena e o burilamento de nossas faculdades mediúnicas.
Falaremos da Fé, que nos dá força para viver, que nos dá bom ânimo para continuarmos nos embates do dia-a-dia, e que nos norteia e encoraja para desenvolvermos nossas faculdades mediúnicas, a serviço de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Trouxemos esse assunto para estudo por consideramos que ela, a Fé, é força motora que nos rege, para conseguirmos passar sem esmorecer por todos os fatos citados acima.
Seja a Fé humana ou Divina.
Destarte é a Fé que nos “alimenta”, e que nos dá coragem para conseguirmos atingir ideais nobres.
Veremos logo abaixo que a fé é um sentimento inato a todos os seres humanos, mas em graus diferentes, dependendo do estágio de consciência moral e espiritual de cada um. E também da forma que lida com a vontade de realizar atos e ações. Para que todo esse processo de realização ocorra é necessário à priori que o homem tenha fé em si próprio, e conseqüentemente na divindade.
Tomamos a liberdade para transcrever um trecho de um artigo escrito por Ana Cristina Campos, publicado na Revista do Espiritismo de nº 40, julho/ setembro de 1998 onde ela diz:

“Todos temos que acreditar nas nossas próprias forças para vencer as dificuldades, para mover as montanhas da indiferença, da angustia, da má vontade, da rotina, das paixões inferiores. A fé traz-nos paciência, calma e o discernimento necessário para enfrentar o futuro, por mais incerto que se apresente. Esta é a fé humana de que precisa toda criatura humana. Se a esta juntarmos a fé divina, que é a alavanca do progresso da humanidade, chegaremos à fé que realiza milagres.”
A fé humana e divina. Se todas as pessoas tivessem consciência da força que trazem em si mesmas e se estivessem dispostas a colocar a sua vontade ao serviço dessa força, seriam capazes de operar prodígios que mais não são que o desenvolvimento harmônico e equilibrado das faculdades humanas.
“Qualquer ser humano que esteja disposto a agir, trabalhando com vontade séria para o bem dos outros, será sempre secundado e ajudado pelos bons espíritos que se preocupam com o destino da humanidade”
Extraído do artigo de Ana Cristina Campos


Vamos refletir sobre que vem a ser a Fé.
Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa a palavra FÉ significa
fé (latim fides, -ei)
s. f.
1. Adesão absoluta do espírito a aquilo que se considera verdadeiro.
2. Fidelidade. 4. Prova. 5. Crença.
s. m.
6. Décima sétima letra do alfabeto hebraico. 7. Relig. Uma das virtudes teologais.
à fé: por certo, certamente. fazer fé: constituir prova merecer crédito
Encontraremos no livro Estudos Espíritas, psicografado pelo médium Divaldo P. Franco, pelo Espírito Joana de Angelis, o item 14 com o título de Fé, destacamos alguns pontos que achamos importantes.
Conceito de Fé:

" No sentindo comum a crença em algo constitui a fé. Normalmente inata, manifesta-se pelo seu caráter natural em aceitar as coisas e realidades conforme apresentam, sem mais amplas indagações. É inata em todos os homens, constituindo particularmente e especial manifestação do Ser. Ninguém esta isento de sua realidade, porquanto é parte integrante de cada vida.
(...)Realiza-se, porém, a fé, na sua plenitude, quando é conseqüência da razão(...)
... Quando honestamente elaborada é calma e fecunda, propiciando equilíbrio físico e psíquico que sustenta a vida humana.
... Psicologicamente exterioriza-se pela busca de fatos, mediante os processos de intuição e da dedução, através do consentimento do intelecto em decorrência de um testemunho.
(...) Todavia a fé que não produz é semelhante à lâmpada aparatosa que não esparze claridade: é inútil. Assim considerando, assevera Tiago que a fé sem obras é inoperante.

A Fé e o Espiritismo:
Sendo a Doutrina Espírita a religião que estua no fato comprovado da imortalidade, faculta a fé os óleos mantenedores de sua flama, através da consistência dos seus postulados, decorrentes da observação, da confirmação, incontestável e dos conceitos relevantes que lhe constituem a linha ético filosófica de afirmação.
(...) Constitui força motriz para a caridade- a virtude por excelência-, em cujo labor o espírito se engrandece e alcança a plenitude.
Não foi por outra razão que Allan Kardec, o escolhido para embaixador do Espírito da Verdade, conceituou:
“Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente à razão, em todas as épocas da Humanidade."
Joana de Angelis
Encontraremos no livro ABC da mediunidade, psicografado pelo médium Carlos A. Baccelli, pelo Espírito Odillon Fernandes em outubro de 1994, o item 14 com o título de Fé.
Odillon Fernandes assevera que:
" A fé do medianeiro não deve reduzir-se à crença na imortalidade.
Que ele se prepare para os testemunhos a que inevitavelmente será chamado.
A fé que não age é simples questão de palavras, pois aquele que realmente crê di-lo através de suas atitudes.
A Fé que transporta montanhas é aquela que é capaz de transformar-se em alavanca.
No princípio, é natural que o médium vacile, no entanto não se esqueça de que acima de sua convicção no fenômeno deve estar a sua convicção no bem.
O médium que dúvida de seus propósitos na mediunidade é pior do que aquele que descrê de suas faculdades sensitivas.
Se a convicção sincera induz à ação, a ação sincera produz a convicção.
O médium que não creia em si, não permaneça na expectativa de que os outros creiam.
Não raro, faz parte do quadro provacional do médium ser instrumento de convicção para os que o rodeiam, permanecendo ele mesmo à mercê da dúvida que alimenta a respeito dos próprios recursos medianímicos.
Segundo Allan Kardec, em o Livro dos Médiuns, a fé não é sempre uma condição de rigor para quem deseje ocupar-se da mediunidade.
“Enquanto permaneça na expectativa de seu aprimoramento mediúnico, que o médium trabalhe, confiando nos espíritos que nele confiam".
Odillon Fernandes.

A FÉ HUMANA E A DIVINA

Um Espírito Protetor. (Paris,1863).

E. S. E
12. No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua vontade. Até ao presente, a fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o Cristo a revelou como poderosa alavanca e porque o têm considerado apenas como chefe de uma religião. Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação. Também os apóstolos não operaram milagres, seguindo-lhe o exemplo?
Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam, mas que, hoje em grande parte se explicam e que pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão completamente compreensíveis?
A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras.
O homem de gênio, que se lança à realização de algum grande empreendimento, triunfa se tem fé, porque sente em si que pode e há de chegar ao fim colimado, certeza que lhe faculta imensa força. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendores que se não chegue a vencer.
O Magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé posta em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres.
Repito: a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem pôr vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas.
– Um Espírito Protetor. (Paris, 1863.)

Fonte: Kardec, Allan; 1804-1869
- O Evangelho Segundo o Espiritismo; Cap IXI, A Fé que transporta Montanhas, pag 248, item 12; Allan Kardec: tradução J. Herculano Pires 62ª edição; São Paulo- Lake, 2006
- Estudos espíritas, Fé, pág. 113, item 14, Joana de Angelis- Divaldo P. Franco, 6ª ed; Brasília DF- FEB 1982;
- ABC da Mediunidade - pág. 35, item 14, Odilon Fernandes- Carlos A. Baccelli; 1ª ed; Casa editora espírita "Pierre- Paul Didier Uberaba MG 1994.
-Revista do Espiritismo de nº 40, julho/setembro de 1998 - parte do artigo de Ana Cristina Vargas