sábado, 28 de janeiro de 2012

Sobre o Carnaval

Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer a apologia da loucura generalizada que adormece as consciências, nas estas carnavalescas.

É lamentável que, na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos,
descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com o título de civilização.

Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidos pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer.

Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças da treva nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever.

Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidade e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se intensifiquem o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos.

Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos, na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho.

Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mães aflitas e sofredoras.

Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem?

Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretenciosas opiniões, colaborando conosco, dentro das suas possibilidades,
para que possamos reconstruir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas.

É incontestável que a sociedade pode, com o seu livre-arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloqüente atestado de sua miséria moral.


Emmanuel

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Muitas moradas

Há muitas moradas na casa de meu Pai. (João, 14:2)

Na antiguidade não imaginávamos que pudesse existir vida em outro lugar além da Terra. Nosso planeta era considerado o centro do Universo. Poucos corpos celestes eram conhecidos. Acreditávamos que existiam para iluminar a Terra e embelezar o céu. Porém, na medida em que a humanidade progride nossa visão da criação se amplia.
Atualmente os cientistas não descartam a possibilidade de existir vida noutros planetas. A astronomia desenvolveu muito nos últimos séculos. Descobriu que a Terra não é o centro do Universo. Identificou uma infinidade de corpos celestes. Entendeu melhor os elementos do Universo, como matéria, energia, planetas, estrelas e galáxias. Existem várias pesquisas científicas procurando vida noutros planetas.
No futuro a idéia de vida noutros planetas será aceita por todos. Por que a vida existiria só aqui? Por que a criação estaria limitada a este pequeno e inexpressivo planeta, cheio de dores, ignorância e intolerância?
Jesus ensinou que há muitas moradas na casa do Pai. As muitas moradas são os diferentes mundos. Como Deus está em todo lugar, Sua casa é o Universo.
O Espiritismo ensina que todos os mundos são úteis, pois Deus não desperdiça nada na criação. Ensina que a vida se manifesta de muitas formas, de acordo com as características de cada planeta. Que os Espíritos habitam planetas de acordo com seu grau de evolução e adequados às experiências de que necessitam.
Reencarnamos num planeta durante o período necessário ao nosso desenvolvimento. Após completar o aprendizado, vamos para um mundo mais evoluído. Passamos por diversos mundos em nossa caminhada evolutiva.
Podemos classificar os mundos de acordo com o estágio evolutivo de seus habitantes. Temos os mundos primitivos, de expiação e provas, de regeneração, ditosos e celestes. Um mundo pode mudar de categoria na medida em que seus habitantes progridem
Os mundos primitivos são destinados às primeiras encarnações dos Espíritos. Neles quase não existe a noção de moral. Nos mundos de expiação e provas a inteligência de seus habitantes é mais desenvolvida, mas o sentimento ainda é atrasado. Os mundos de regeneração são destinados aos Espíritos que querem melhorar. Nos mundos ditosos o bem predomina. Os mundos celestes são as moradas dos Espíritos que atingiram a perfeição.
A Terra é um mundo de expiação e provas. O mal predomina e a maioria dos habitantes está resgatando erros do passado. É por isso que aqui existe tanta dor, egoísmo e violência.
Nosso planeta está em transição para mundo de regeneração. Continuarão aqui apenas os Espíritos que queiram melhorar. A Terra será um lugar melhor para se viver.
A noção de vida noutros planetas amplia os horizontes da religião. Ajuda a compreender a grandeza de Deus. Dá uma visão mais clara de nossa condição de Espírito. Mostra nossas limitações e quanto devemos melhorar. Ajuda-nos a desenvolver a humildade, pois mostra que somos apenas uma pequena parte da criação, habitando um pequeno planeta.
A Terra é um grão de areia diante do Universo. Basta olhar para as estrelas e meditar na grandeza do Pai para concluir que não estamos sós no Universo.

Nilton Wagner Barbosa

Relação: O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo III

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

TATUAGENS, PIERCINGS E OUTROS ADEREÇOS SOB O PONTO DE VISTA ESPÍRITA

Do blog REDE AMIGO ESPÍRITA.
Alguém nos questionou se se usar uma tatuagem na pele teria influência sobre o perispírito. Há dirigentes de casas espíritas advertindo que todas as pessoas que fizeram ou pensam em gravar tatuagens ou usar piercings, automaticamente estarão em processo de obsessão. Alguns cristãos baseiam-se nas Antigas Escrituras, onde encontramos advertência aos israelitas de “que não deveriam marcar o corpo, fazer cicatrizes com açoites como autoflagelo, por nenhum motivo.”.(1)
Conhecemos líderes espíritas convictos de que pessoas que tatuam o corpo inteiro ou o enchem de piercings são espíritos primários que ainda carregam lembranças intensas de experiências pretéritas, sobretudo dos tempos dos bárbaros, quando belicosos e cruéis serviam-se dessas marcas na pele para se impor ante os adversários.
Positivamente não identificamos pontos de caráter prático no uso de tatuagens, especialmente se a lesão imposta ao próprio corpo for por mero capricho. Isso sim, refletirá invariavelmente no perispírito, já que, sendo o corpo físico (templo da alma) um consentimento divino para nossas provas e expiações, devemos mantê-lo dignamente protegido e saudável. Entretanto, será que o uso de piercings e tatuagens sobrepujam qualidades morais? Quem pode penetrar na intimidade do semelhante e saber o que aí ocorre?
Sob a percepção histórica, a tatuagem é uma técnica ancestral que se esvai na memória cultural das civilizações. Antigamente eram aplicadas para marcar o corpo de um escravo com o símbolo do proprietário. Gravavam-se os corpos das prostitutas com o emblema de um reino, governo ou estado. Servia também para estigmatizar o corpo da mulher adúltera. Ainda hoje é tradição o seu uso no corpo de príncipes de tribos beduínas, africanas e das ilhas do pacífico.
Presentemente, servem para marcar o corpo de membros de gangues, grupos de atletas esportistas (surfe, motociclismo), "beatniks" (movimento sociocultural nos anos 50 e princípios dos anos 60 que subscreveram um estilo de vida antimaterialista, na sequência da 2.ª Guerra Mundial.), hippies, roqueiros e alastrados principalmente entre jovens comuns dos dias de hoje.
Os que se tatuam devem procurar identificar seus motivos íntimos. Recordemos que o corpo é o templo do Espírito e não nos pertence, portanto, é importante preservá-lo contra agressões que possam mutilar a sua composição natural. Há os que usam vários brincos, piercings e outros adereços. Haveria a mutilação espiritual por causa desses apetrechos? Talvez sim, provavelmente não! O certo é que o perispírito é efetivamente lesado pela defecção moral, desequilíbrio emocional que leva a suicídios diretos e indiretos; vícios físicos e mentais, rancores, pessimismos, ambição, vaidade desmesurada, luxúria.
Esfola-se o corpo espiritual todas as vezes que se prejudica o semelhante através da maledicência, da agressividade, da violência de todos os níveis, da perfídia. Destarte, analisado por esse prisma, os adereços afetam menos o corpo perispirítico. Principalmente porque na atualidade muitos desses adornos que ferem o corpo físico podem ser revertidos, já na atual encanação, e naturalmente não repercutirá no tecido perispiritual.
André Luiz elucida que o perispírito não é reflexo do corpo físico; este é que reflete a alma. “As lesões do corpo físico só terão, pois, repercussão no corpo espiritual se houver fixação mental do indivíduo diante do acontecido ou se o ato praticado estiver em desacordo com as leis que regem a vida.”.(2) As tatuagens e as pequenas mutilações que alguns indivíduos elaboram como forma de demonstrar amor a exemplo de alguém que grava o nome do pai ou da mãe no corpo de modo discreto não trariam, logicamente, os mesmos efeitos que ocorreriam com aqueles que se tatuam de modo resoluto, movimentados por anseios mais grosseiros.
Curiosamente, muitas pessoas, retornando ao plano espiritual, podem optar pelo uso dos adornos aqui discutidos. Segundo o autor do livro Nosso Lar, “os desencarnados podem, sob o ponto de vista fluídico, moldar mentalmente e de maneira automática, no mundo dos Espíritos, roupas e objetos de uso e gosto pessoal. Destarte, é perfeitamente possível, embora lamentemos, que um ser no além-túmulo permaneça condicionado aos vícios, modismos e tantas outras coisas frívolas da sociedade terrena.”.(3)
No que concerne às tatuagens especificamente, por ser um tipo de insígnia permanente, pode, sem dúvida, ocasionar conflitos mentais. A começar na atual encarnação, quando chega a ocasião em que o tatuado se arrepende, após ter mudado de idéia, em relação à finalidade da tatuagem. Concebamos que seja o apelido, sobrenome, o desenho ou algum emblema de alguma pessoa que já não estima, não ama ou qualquer outra silueta que já não aceita em seu corpo. Então, o que era um mero enfeite, culmina cansando a estética e torna-se um problema particular de complexa solução.
Então, por que a pessoa se permite tatuar? Nas culturas primitivas se usavam tatuagens com finalidades mágicas, para evocar a interferência de divindades, para o bem ou o mal. Hoje é, para muitos indivíduos, uma espécie de ritual de passagem, envolvendo a integração num grupo. Pode ser também de identificação. Pela tatuagem a pessoa está dizendo algo de si mesma.
Nas estruturas dos códigos espíritas não há espaços para proibições. Não obstante, a Doutrina dos Espíritos oferece-nos subsídios para ponderação a fim de que decidamos racionalmente sobre o que, como, quando, onde fazer ou deixar de fazer (livre-arbítrio). Evidentemente que não é o uso de tatuagens que retratará a índole e o caráter de alguém. Todavia, não podemos perder de vista que alguns modelos de tatuagens, com pretextos sinistros, podem ser classificados (sem anátemas) como censuráveis e inadequados para um cristão de qualquer linhagem.
Nesse contexto, é importante compreender a pessoa de forma integral. As características anunciadas no corpo são resultados de seus estados mentais, reflexos das experiências culturais, aprendizados e interpretação de mundo. Como dissemos, o Espiritismo não proíbe nada e fornece-nos as explicações para os fenômenos psíquicos. Assim sendo, as recomendações doutrinárias não combatem, porém conscientizam! Não são indiferentes aos dramas existenciais e demonstram como edificar e marchar no mais acautelado caminho.
Dissemos que o uso piercings e outros adereços e da própria tatuagem por si só não caracteriza alguém com ou sem moralidade. Investiguemos porém as causas dessas atitudes. Quais sãos os anseios, os sonhos, as crenças dos que cobrem seus corpos com tais marcas? Tatuagens, piercings, são estágios transitórios. Importa alcançar, porém, se tais indivíduos estão mutilados psíquica, emocional e espiritualmente. O que os conduz muitas vezes a despedaçar a barreira da ponderação e do juízo? Por que atentam contra si submetendo-se a dores e sofrimentos incompreensíveis? Para uns o motivo é o modismo. Outros, todavia, ainda se acham atrelados a costumes de outras existências físicas e trafegam do mundo inconsciente para o consciente, derivando na transfiguração do corpo biológico.

Perante questões controversas, as mensagens kardecianas buscam na intimidade do ser o seu real problema. Convidam-nos ao autoconhecimento e ao estágio do auto-aprimoramento. Sugere-nos sensatez, autoestima, altivez, comedimento e a busca incessante de Deus, o Exclusivo Ente, que facultara-nos completar de contentamento e paz de consciência.
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net

Referência bibliográfica:

(1) Levítico 19.28; Deuteronômio 14.1-2.
(2) Xavier, Francisco Cândido e Vieira , Waldo. Evolução em dois mundos, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro, Ed. FEB, 1959
(3) Xavier, Francisco Cândido. Nosso Lar, ditado pelo Espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1955

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

IRRITAÇÃO É UMA COCEIRA QUE DA NOS NERVOS DA GENTE.

É UMA ARTE A SER DESENVOLVIDA MANTER O CONTROLE EMOCIONAL QUANDO SOMOS CONTRARIADOS. CONTROLAR O TOM DA VOZ, EQUILIBRAR O RACIOCÍNIO, PONDERAR E RESPONDER COM EDUCAÇÃO É PARA POUCOS, ANTE A CONTRARIEDADE. É POR ISSO QUE MUITAS VEZES SÃO OS OUTROS QUE DETERMINAM A NOSSA QUALIDADE DE VIDA MENTAL.
É COMO SE FOSSEMOS SEQUESTRADOS EMOCIONALMENTE PELO COMPORTAMENTO ALHEIO.
COMO TUDO NA VIDA É QUESTÃO DE APRENDIZADO, QUE TAL EXERCITARMOS O AUTOCONTROLE.
A COMPARAÇÃO PODE SER FORTE MAS RESPONDA:
"SE UM CACHORRO LATIR PRA VOCÊ NA RUA, VOCÊ VAI SE ABAIXAR E LATIR PRA ELE?"
NADA PODE SER MAIS PRAZEROSO DO QUE RESISTIR AO DESTEMPERO ALHEIO. NÃO EXISTE SATISFAÇÃO MAIOR DO QUE VENCER A SI MESMO.
SEJA QUAL FOR A SITUAÇÃO O RESULTADO DO MOMENTO SEMPRE SERÁ DE NOSSA TOTAL RESPONSABILIDADE.
CAMINHE, LEIA UM LIVRO, SORRIA, E LUTE POR VENCER SUA IRRITAÇÃO.
SE PERMITIR QUE OS OUTROS PROVOQUEM ESSA COCEIRA QUE TE DÁ NOS NERVOS, AS FERIDAS DA CÓLERA SEGUIRÃO SURGINDO EM SUA VIDA.
SERÁ QUE ESSA TAL FELICIDADE NÃO COMEÇA NA ALEGRIA DE VENCER A SI MESMO?

CONTRA COCEIRA NOS NERVOS USE O TALCO DO EQUILÍBRIO!


ADEILSON SALLES

domingo, 22 de janeiro de 2012

Gravidez sem espírito



Giselle Fachetti Machado (Goiânia/GO)

Pertenço a um grupo envolvido em um Projeto chamado Esperança e Luz, que foi elaborado pela equipe espiritual que assiste a Comunidade Espírita Ramatís e que pretende auxiliar espíritos que se preparam para reencarnar, assim como auxiliar, também, as famílias que os receberão.

O trabalho é realizado em dois momentos. Inicialmente estudamos um trecho instrutivo e à seguir passamos ao treinamento mediúnico. Em nossa última reunião, eu fui escalada para apresentar o capítulo número 21 do Livro Gravidez Sublime Intercâmbio, de Ricardo di Bernardi.

O que li, pesquisei e apresentei sobre o assunto abordado me intrigou. O título do capítulo é Gravidez sem reencarnação. Ricardo di Bernadi abre esse capítulo com a transcrição da questão 356 do Livro dos Espíritos.


Entre os natimortos alguns haverá que
não tenham sido destinados à encarnação de Espírito?

“Alguns há, efetivamente,
a cujos corpos nenhum espírito esteve destinado.
Nada tinha que se efetuar para eles.
Tais crianças então só vem por seus pais.”

Essa resposta me levou a raciocinar sobre a enormidade de possibilidades relacionadas com o processo reencarnatório. Posso afirmar, sem medo de errar, que nenhum processo reencarnatório é igual a outro. Assim como observamos que nenhuma gravidez é igual a uma outra.
Entretanto, apesar das variações serem imensas, existe um certo grau de padronização entre grupos com maior ou menor afinidade.
Os espíritos nos esclareceram, naquela oportunidade, que é possível ocorrer a situação extrema de haver uma gravidez sem que haja espírito determinado para aquele corpo em desenvolvimento, todavia, quero crer que o contrário é que é a regra e esse fato, a exceção.
Durante o exercício de treinamento mediúnico, realizado naquele dia em particular, inúmeras entidades foram atendidas em caráter emergencial. Eu, ao contrário da maioria dos meus colegas, não participei desse atendimento, pois fui levada a uma sala do Hospital da Criança (localizado na Colônia Espiritual.....) e ali fui conduzida a uma seção em que havia aparelhos estranhos, pelo menos sob minha ótica ainda muito presa aos padrões da matéria densa.
Um desses aparelhos foi colocado sobre meu crânio e tive a impressão que eles me passavam informações para que eu pudesse redigir um artigo sobre esse assunto, tarefa que julguei altamente complexa. Ainda mais que ao pesquisar sobre essa possibilidade, da gravidez sem espírito, poucas referências encontrei.
Após nosso retorno ao corpo físico, no ambiente do Centro Espírita, uma colega percebeu, ainda, a presença do tal capacete energético sobre meu crânio.
Ela me alertou sobre o medo que tenho de assumir essa responsabilidade, qual seja, de manifestar-me sobre assuntos polêmicos dentro da Doutrina Espírita. O que não pude deixar de admitir, pois o conforto de escrever sobre assuntos já bem estabelecidos me é muito mais convidativo do que navegar em águas turbulentas da dialética vanguardista.
Portanto, esforçando-me para superar meus temores me presto a oferecer argumentos para que uma nova concepção seja construída, gradualmente, sobre os sólidos pilares Doutrinários codificados por Kardec. Esses argumentos são um amálgama do que estudei, raciocinei e recebi por intuição mediúnica conforme relatado anteriormente. Não consigo distingui-los pela origem, quais elaborei e quais me foram sugeridos.
E espero que essa nova análise seja especialmente iluminada pelo exemplo da sistemática de investigação crítica e racional como a utilizada pelo Mestre Lionez em seu gigantesco trabalho de codificação da Nova Revelação.
Sabemos que o espírito imortal, altamente complexo, atua em relação ao desenvolvimento embrionário como o Modelo Organizador Biológico descrito por Hernani Guimarães já em .....
Teoria similar veio a ser proposta, apenas recentemente, pelo renomado biólogo Rupert Sheldrake que chamou esse sistema imaterial com função modeladora, de H. Guimarães, de campo morfogenético.
Inicialmente, ele descreveu os campos mórficos que atuam em grupos de seres conectados entre si por inter-relação perene e os descreveu como a teoria do 99º macaco.
Os campos mórficos não são campos elétricos ou eletromagnéticos, não são campos carreadores de energia, por isso eles não perdem potência em relação á distância em que atuam. Isso se reveste de grande importância quando consideramos os campos mórficos que unem populações de animais, seres humanos e
outros grupos de seres vivos. Esses campos transportam informação, por mais estranho que isso possa parecer.
O campo morfogenético, de ação individual, atuaria como modelador tridimensional do crescimento de células e tecidos específicos permitindo uma adequada proporção somática entre os diversos órgãos e o organismo como um todo. Função essa não cumprida pelos ácidos nucléicos.
Tal pode ser inferido pela adaptação de um tecido exógeno implantado às dimensões espaciais do receptor, como ocorre nos transplante de fígado.
A porção do órgão recebida mantém sua carga genética original, porém cresce e molda-se ao receptor conforme seu tamanho e não conforme as dimensões orgânicas do doador, pois se assim fosse, o doador teria que ter além de carga genética compatível, ter também compatíveis o tamanho de seus órgãos e vísceras passíveis de doação.
É claro que essa compatibilidade se faz necessária, em certos graus, em casos de órgãos como o coração, cuja dimensão influi na capacidade de ação como bomba ejetora que é.
Sem o campo morfogenético, limitador e organizador do crescimento celular e tecidual, esse processo ocorre apenas sob as ordens dos ácidos nucléicos, mas sem a possibilidade da organização espacial tridimensional proporcional como é encontrada em organismos vivificados por esse principio.
Tratar-se-ia de proliferação tissular semelhante à que observamos em meios de cultura artificiais. Talvez, algum grau maior de ordem possa ser oferecido pela ação indireta do sistema modelador próprio do psicossoma materno. E, é este o argumento usado por André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos para explicar a questão 356 do livro dos espíritos.
Questão esta intrigante pela afirmação da existência de natimortos para os quais não haveriam espíritos designados. É provável que o termo natimorto não tenha sido usado conforme é hoje definido pela medicina moderna.
Natimorto é a morte do feto ocorrida ainda dentro do útero. Trata-se de morte fetal e não embrionária. Quando ocorre morte fetal precoce, antes de 20 semanas de gestação ou embrionária, até 12 semanas de gestação, o processo de perda é chamado de abortamento e o produto do abortamento é o aborto.
Quando uma gestação chega ao período fetal houve necessariamente a formação de todos os órgãos da economia sistêmica humana em seus mais minuciosos detalhes.
O feto precisa de um coração eficiente no bombeamento sanguíneo e de um sistema circulatório perfeito para que seu adequado crescimento ocorra. Essa precisão somente seria obtida sob a direção do campo morfogenético, imaterial, mas imprescindível para a morfogênese exata dos seres vivos.
Caso o sistema morfogenético do pisicossoma, ou espírito materno, fosse capaz de oferecer esse controle a um outro indivíduo em processo de desenvolvimento orgânico na intimidade dos seus próprios tecidos, poderíamos inferir que analogamente existiria, também, outra possibilidade ainda mais questionável.
A possibilidade de que, pelo mesmo processo, os tumores oriundos das células germinativas pudessem se desenvolver com arquitetura mais harmônica do que encontramos, por exemplo, em portadoras de teratomas ovarianos.
Os teratomas possuem a capacidade de multiplicação e diferenciação tecidual que encontramos nos embriões, mas a falta de um modelador de ordem espiritual faz com que, efetivamente, produzam-se apenas tecidos monstruosamente aglomerados.
Argumentariam outros que, neste caso, não existe a vontade materna em gestar e receber um filho em seus braços. O que, de fato, agiria na condução da força do campo morfogenético materno para que atuasse indireta e excepcionalmente sobre os tecidos ovulares.
Entretanto se o campo morfogenético materno já é o molde para seu próprio organismo, esperaríamos, nesta circunstância hipotética, que o organismo gestado, através dessa influência, preservasse as características somáticas maternas. O que nos parece um tanto complexo para se dar freqüentemente.
Além dessa questão, mais nos mobiliza o fato relatado em diversas publicações psicografadas através de médiuns sérios, de que a gravidez que termina em aborto é um meio terapêutico do qual espiritualidade se utiliza para recuperação de espíritos com risco de ovoidização, ou ainda, para a recuperação daqueles portadores de deformidades severas do períspirito.
O trânsito pela matéria, ainda que fugaz, permite a reestruturação do corpo espiritual. Os mecanismos de miniaturização e amnésia envolvidos no processo permitem o reequilíbrio de espíritos em sofrimento, principalmente naqueles vítimas de dores de tamanha intensidade que são tomados por estados de desagregação mental severa com grande risco de implosão do corpo espiritual.
Tal morbidade espiritual é também chamada de segunda morte, ou ovoidização. É descrita tanto por André Luiz no Livro Evolução em Dois Mundos, quanto por... no excelente livro, Ícaro redimido.
Outro argumento que se impõe que seja considerado é que se uma experiência aparentemente traumática e frustrante, como o abortamento espontâneo, pode ser utilizada para benefício dos sofredores, por que permitiria Deus, que esse aspecto fosse desprezado, enquanto inúmeros espíritos necessitam da abençoada terapia do choque físico?
Sabemos que ocorrem 90 milhões de nascimentos por ano no mundo e 60 milhões de abortamentos entre os espontâneos e os provocados. A energia mobilizada nesses processos dolorosos é imensa e tem utilidade não só para os envolvidos fisicamente no processo, mas também, para os que precisam recuperar anatomia do seu perispírito.
Nestes casos, mesmo havendo a influencia do campo morfogenético do espírito reencarnante, a formação do corpo físico fica prejudicada pelo grau de deformidade que esse principio estruturador apresenta.
Gravidezes nestas circunstâncias geram embriões e fetos com deformidades que são incompatíveis com a vida física, muitas vezes mesmo que a carga genética seja absolutamente normal. Por isso temos cerca de 10 a 20 por cento de abortamentos em gravidezes clinicamente detectadas.
Do ponto de vista médico existirão diversas explicações para o desenvolvimento inadequado do concepto e sua posterior eliminação. Doenças genéticas, teratogenicidade induzida por fatores ambientais, tais como infecções e medicamentos, alterações imunológicas, distúrbios do metabolismo enzimático e protéico.....
Tais explicações são absolutamente verdadeiras do ponto de vista material, mas sua origem vai além da questão física. O espírito, que deveria presidir a formação de um novo corpo físico, traz em sua complexidade morfológica as deformidades que se transmitirão por ressonância mórfica ao seu duplo físico.
Em algumas entidades tal é a deformidade que apresentam que não são capazes de induzir a matéria a mais do que uma proliferação desordenada e agressiva de tecido placentário como observamos nos casos de mola hidatiforme.
Os espíritos parasitas que se habituaram por séculos a extrair energias vitais de seus parceiros obssediados, os quais cumpriam sua penosa caminhada terrena, não mais do que esse talento podem oferecer aos tecidos cuja neoformação induziram.
Uma vez tratada a doença e eliminadas as células agressivas do organismo materno, a fonte de exploração seca. E, então, o parasita é forçado a obter energias da sua própria economia fisiológica.
Neste momento crucial ele é capaz de vislumbrar flashes de consciência, que se reforçados pela energia amorosa da família que sofreu a perda com resignação e esperança, servirão de combustível para o seu desabrochar definitivo como espírito consciente, o que já foi antes de afundar no charco de seu desespero.
Portanto, apesar de ser possível em situações excepcionais, a existência de gestações sem que haja espíritos a elas destinados, essa situação é raríssima. Rara, pois que a espiritualidade superior é extremamente organizada e procura não perder nenhuma oportunidade de realizar o bem.
E ainda, quando isso excepcionalmente acontece, tenhamos a certeza que não se formará um sistema orgânico perfeito e funcional, pois tal não é possível sem a influência de um espírito com sua estrutura fisiológica minimamente adequada.
Serão no máximo as gravidezes anembrionadas e mais freqüentemente os microabortos, que ocorrem de forma até imperceptível ao diagnóstico clínico.
Sabemos que cerca de 70 % dos ovos são perdidos sem que cheguem a gerar gravidez clinicamente detectável. Isto sim, ocorre por não haver espírito determinado para encarnação naquela oportunidade.
Hoje, podemos esclarecer melhor, o que foi genericamente abordado no Livro dos Espíritos. Naquela época sequer se conheciam as diversas possibilidades em termos de causas orgânicas de abortamento e teratogênese. Daí por que houve uma resposta essencialmente genérica. Agora, entretanto, já temos condições de nos depararmos com verdades mais profundas.
A utilidade desse conhecimento se faz pelo objetivo primordial de valorização da vida, quer ela progrida, ou não, além das barreiras do ventre materno. Qualquer que seja a duração de uma gravidez, ela deve ser vivida com amor.
Os pais devem saber que o amor que transferem ao espírito que foi espontaneamente abortado, ao portador de deformidade física incompatível com a vida, ao deficiente, é o medicamento abençoado que os curarão da morbidez que longamente carregam, em função de seus próprios delitos, mas que por caridade Divina tem essa oportunidade impar de tratamento reestruturador.
Se o amor e a aceitação impregnam as entranhas maternas que acolhem o doente frágil em internação de caráter intensivo, emergencial e, na maioria das vezes, compulsória, o resultado só pode ser o milagre da recuperação plena da anatomia espiritual.
Repercussões ainda mais significativas ocorrem como resultados dessas experiências marcantes. Em um futuro breve a família que sofreu com a perda inesperada, pode ser presenteada com uma linda criança, para que cresça sob sua guarda. Criança esta agradecida e doutrinada para o bem, já que aprendeu pelo exemplo e pelo sentimento.
A redoma de amor que se formou durante a gravidez frustrada permanece incubando o ex-sofredor e protegendo-o em sua nova fase. É um reservatório energético que o conduz firmemente através das desventuras que terá que atravessar, ainda no mundo espiritual, para ser digno de uma outra oportunidade reencarnatória, agora passível de êxito do ponto de vista de realizações cristãs.
Ele, após essa sublime transfusão energética recuperadora do seu corpo espiritual debilitado, passa a captar as instruções superiores e consegue, finalmente, fortalecer-se no caminho do bem. Bem que o conquistou nesse breve período de terapia intensiva que denominamos de choque físico de amor.
Esperamos ter ajudado você em sua missão e que o medo de se expor sucumba mediante seu objetivo maior, que é a plena valorização da vida. Lição esta que te compete mais aprender do que ensinar, pelo fato de que mais aprendemos quando ensinamos é que você foi convidada a atuar nesse ministério....



Giselle Fachetti Machado (Goiânia/GO)
Médica Ginecologista e Obstetra. Graduada pela Faculdade de Medicina da UFG e, Residência médica e especialização em Colposcopia no HC da UFMG. É responsável pelo Serviço de Colposcopia do Laboratório Atalaia de Goiânia. É membro da Comunidade Espírita Ramatís, em Goiânia e atuante no movimento em Defesa da Vida e na AME Goiás (Associação Médico Espírita). Nasceu em 20/05/1962 em Cianorte, no Paraná. Reside em Goiânia desde os 6 anos de idade. Oriunda de família espírita sendo que seu avö Osmany Coelho e Silva foi pesquisador espírita na década de 1940 no Rio de Janeiro.
gfachettimachado@uol.com.br/