quinta-feira, 31 de julho de 2014

HISTÓRIA LIGEIRA

O candidato ao ministério cristão penetrou o templo do serviço e proclamou-se transformado.

Na primeira semana, afirmou-se favorecido pela divina Luz e, depois de solene profissão de fé, assinalou fronteira entre ele e o pecado, entre a sua perfeição e o mundo envilecido.

Na segunda semana, discursou, ardentemente, conclamando o povo à salvação com o Cristo.

Na terceira, traçou programas e promessas, na esfera da beneficência, mostrando-se inclinado a socorrer infelizes, curar doentes e asilar criancinhas abandonadas.

Na quarta, declarou-se vítima de incompreensão e da discórdia, entre pesadas nuvens de tristeza e insubmissão.

Na quinta, apareceu cansado e desiludido, indicando os males do mundo e os defeitos dos irmãos.

Na sexta, rogou ao Senhor licença para descansar.

Na sétima, deitou-se e dormiu por duzentos anos.

Nesse candidato às bênçãos do Evangelho, temos a história de milhões.

"Muitos chamados, poucos escolhidos".

Oportunidades para todos e serviço de raros.

Em verdade, o Divino Amigo continua curando, levantando, consolando, reanimando e convidando almas para o banquete do Reino de Deus, mas os seguidores e discípulos começam a tarefa mais alta... Pronunciam votos comovedores, gesticulam e ensinam; entretanto, em poucos dias, antes, mesmo de marcharem dez passos, na senda da salvação, reclamam férias espirituais para o repouso de vários séculos.



Pelo Espírito André Luiz
Francisco Cândido Xavier. Educandário de Luz. Espíritos Diversos. IDEAL.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

OBSTÁCULOS

Diante dos obstáculos, fazer o melhor e seguir para a frente.

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Sempre desapontamos alguém e sempre alguém nos desaponta.

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Assim como nem todos podem habitar o mesmo sítio, nem todos conseguem partilhar as mesmas idéias.

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Nunca explodir, gritar, irar-se ou desanimar e sim trabalhar.

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Depois de um problema, aguardar outros.

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O erro ensina o caminho do acerto e o fracasso mostra o caminho da segurança.

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Toda realização é feita pouco a pouco.

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Nos dias de catástrofe, nada de cólera ou de acusação contra alguém, e sim a obrigação clara de repormos o comboio do serviço nos trilhos adequados e seguir adiante.

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Quem procura o bem, decerto que há de sofrer as arremetidas do mal.

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Plantar o bem, através de tudo e de todos, por todos os meios lícitos ao nosso alcance, compreendendo que, se em matéria de colheita Deus pede tempo ao homem, o homem deve entregar o tempo a Deus.



Francisco Cândido Xavier. Sinal Verde. Pelo Espírito André Luiz. CEC.

terça-feira, 29 de julho de 2014

VELÓRIOS

Diante do corpo de alguém que demandou a Pátria
Espiritual, examina o próprio comportamento, a fim de que não te faças pernicioso, nem resvales pelas frivolidades, que nesse instante devem ser esquecidas.


O velório é um ato de fraternidade e de afeição aos recém-desencarnados que, embora continuem vinculados aos despojos, não poucas vêzes permanecem em graves perturbações.

Imantados à organização somática, da qual são expulsos pelo impositivo da morte, que os surpreende com o "milagre da vida", não obstante em outra dimensão, desesperam-se, experimentando asfixia e desassossegos de difícil classificação, acompanhando o acontecimento, em crescente inquietude.

Raras pessoas estão preparadas para entender o fenômeno da morte, ou possuem suficientes recursos de elevação moral a fim de serem trasladadas do local mortuário, de modo a serem certificadas do ocorrido em circunstâncias favoráveis, benignas.

No mais das vêzes, atropelam-se com outros desencarnados, interrogam os amigos que lhes vêm trazer o testemunho último aos despojos carnais, caindo, quase sempre, em demorado hebetamento ou terrível alucinação...

Em tais circunstâncias, medita a posição que desfrutas nos quadros da vida orgânica, considerando a inadiável imposição do teu regresso à Espiritualidade.

*

Se desejas ajudar o amigo em trânsito, cujo corpo velas, ora por êle.

No silêncio a que te recolhes, evoca os acontecimentos felizes a que êle se encontrava vinculado, os gestos de nobreza que o caracterizaram, as renúncias que se impôs e os sacrifícios a que se submeteu... Recorda-o lutando e renovando-se.

Não o lamentes, arrolando os insucessos que o martirizaram, as aflições em rebeldia que experimentou.

O chôro do desespero como as observações malévolas, as imprecações quanto às blasfêmias ferem-nos à semelhança de ácido derramado em chagas abertas.

De forma alguma registres mágoas ou desaires entre ti e êle, os vínculos da ira ou as cicatrizes do ódio ainda remanescentes.

Possivelmente êle te ouvirá as vibrações mentais, sem compreender o que se passa, ou sofrerá a constrição das tuas memórias que acionarão desconhecidas fôrças na sua memória, que, então, sintonizará contigo, fazendo que as paisagens lembradas o dulcifiquem - se são reminiscências felizes - ou o requeimem interiormente - se são amargas ou cruéis - fomentando estados íntimos que se adicionarão ao que já experimenta.

A frivolidade de muitos homens tem transformado os velórios em lugares de azêdas recriminações ao desencarnado, recinto de conversas malsãs, cenáculo de anedotário vinagroso e picante, sala de maledicências insidiosas ou agrupamento para regabofes, onde o respeito, a educação, a consideração à dor alheia, quase sempre batem em retirada...

E não pode haver uma dor tão grande na Terra, quanto a que experimenta alguém que se despede de outrem, amado, pela desencarnação!

*

Sem embargo, o desencarnado vive.

Ajuda-o nesse transe grave, que defrontarás também, quando, quiçá, êsse por quem oras hoje seja as duas mãos da cordialidade que te receberão no além ao iniciares, por tua vez, a vida nova...

Unge-te, pois, de piedade fraternal nas vigílias mortuárias, e comporta-te da forma como gostarias que procedessem para contigo nas mesmas circunstâncias.

*

"Deixai que os mortos enterrem os seus mortos". Lucas: capítulo 9º, versículo 60.

*

"Vós, espíritas, porém, sabeis que a alma vive melhor quando desembaraçada do seu invólucro corpóreo". Evangelho Segundo o Espíritismo - Capítulo 5º - Item 21, parágrafo 5.



Divaldo Pereira Franco. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 25.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

JESUS EM NÓS

Contempla o quadro sublime da natureza, ante o sol da manhã. Tudo brilha ao clarão do Céu.

Aqui, a lama reflete cintilações, além, o grão de areia assemelha-se a pequeno diamante perdido, e a poeira esparsa lembra filigranas de luz.

Assim, também, no grande mundo de nossa alma, quando Jesus encontra meios de fulgurar em nós, tudo é amor e criação, alegria e serenidade. Envolvidas em seus divinos raios, a tristeza ou a dor, a necessidade ou a luta representam estímulos à caminhada de ascensão.


Não empanes a glória do astro vivo da fé com a sombra do desânimo ou da indiferença.

Abre as janelas do Ideal à Bênção do Senhor.

Deixa que o pensamento santificante do Mestre te invada o campo íntimo e ouvirás, em ti mesmo, o cântico da paz e do bom ânimo em perene ressurreição.

A existência é o resultado de nossos desejos.

O destino responde às nossas aspirações.

A Graça de Deus vibra em toda parte. É imprescindível, porém, saibamos dilatar a própria visão, de modo a não perder-lhe o favor e o ensinamento.

Cansaço e amargura são ilusões.

Dissabores e desencantos são simples experiências.

Brilhe o sol de Jesus em nossa alma, e tudo será, dentro de nós, entusiasmo de fazer o bem, alegria de viver e privilégio de servir, em plena juvenilidade espiritual para a Vida Eterna.



Pelo Espírito Agar

Francisco Cândido Xavier. Cartas do Coração. Espíritos Diversos. LAKE.

domingo, 27 de julho de 2014

RECIPROCIDADE

Ação e reação conseqüente integram inderrogável lei da vida.

Procure ouvir a esperança e você encontrará a certeza da vitória.

Detenha-se no bem e obterá o lado melhor das pessoas e circunstâncias.

Auxilie a alguém e esse alguém se fará canal de auxílio em seu apoio.

Promova a tranqüilidade alheia e a paz virá em seu encontro.

Aproveite seu tempo construindo elevação e o tempo lhe trará maravilhas.

Abençoe a vida e a vida lhe abençoará a existência.

Busque servir e o seu próprio trabalho lhe oferecerá a orientação de que você necessita.

Ame aos semelhantes e os semelhantes retribuirão a você com medidas transbordantes de afeto.

Plante isso ou aquilo e você colherá dos recursos que semeou; alguém poderá dizer que isso é óbvio; entretanto, ligados no bem de todos, tranfiramo-nos da palavra à vivência e decerto que surpresas iluminadas de alegrias virão fatalmente a você se você experimentar.



Francisco Cândido Xavier. Respostas da Vida. Pelo Espírito André Luiz. IDEAL. Capítulo 18.

sábado, 26 de julho de 2014

OBSERVE PARA ATENDER

A piedade é o melancólico, mas celeste precursor da caridade. primeira das virtudes que a tem por irmã e cujos benefícios ela prepara e enobrece. (Alan Kardec,  0 Evangelho Segundo Espiritismo Cap.XIII- ltem 17).
Você comentará falhas alheias, sem resultado edificante, e se fará dilapidador das fraquezas do próximo.

Você censurará o vizinho, sem lhe retificar a posição, e se converterá em juiz impiedoso das vicissitudes dos outros.

Você discutirá as imperfeições do amigo, sem lhe modificar a situação moral, e se transformará em algoz de quem já é vitima de si mesmo.

Você debaterá problemas dos conhecidos, sem os solucionar, e se tornará leviano examinador das causas que lhe não pertencem.

Você exporá feridas do caráter das pessoas, sem as medicar, e se situará na condiçao de enfermeiro negligente em doenças a que lhe não cabe oferecer assistência.

*

Cale o verbo que não ajuda, observe e sirva.

Você caminha sob a mesma ameaça. Os outros observam-no também.

Deixe que a tentação da censura morra asfixiada no algodão do silêncio.

Ninguém é infeliz por prazer.

Os que mais erram são doentes contumazes que requerem o medicamento fraterno da prece e do entendimento.

O comentário improdutivo é gás que asfixia as plantas da esperança alheia.

Sua censura é espinho na alma do vizinho.

A exposição dos insucessos do próximo é estilete a ferir-lhe a chaga aberta.

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Recorde o Mestre e examine-se.

Sua ascensão apóia-se na ascensão dos companheiros.

A queda de alguém é embaraço em seu caminho.

Auxilie sem exigência e indistintamente.

Permita ao grande tempo a tarefa de corrigir e educar. Confira a você mesmo o impositivo somente de ajudar.



Divaldo Pereira Franco. Glossário Espírita-Cristão. Pelo Espírito Marco Prisco. LEAL.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

AJUDE A VOCÊ MESMO

Não ambicione do seu vizinho senão os dons excelentes que lhe exornam o espírito.

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Não permita que os dissabores governem o leme de seu destino.

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Não entregue o templo de sua memória às más impressões.

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Não retire sua experiência dos fundamentos espirituais.

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Não se esqueça de que o ideal superior, objeto de sua admiração, deve corporificar-se em seus caminhos.

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Não se prenda ao mal; no entanto, não se desvie das obrigações de fraternidade para com aqueles que foram atingidos pelo mal.

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Não apague o archote da fé em seus dias claros, para que não falte luz a você nos dias escuros.

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Não fuja às lições da estrada evolutiva, por mais difíceis e dolorosas, a fim de que a vida, mais tarde, lhe abra o santuário da sabedoria.

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Não lhe falte tempo para cultivar o que é belo, eterno e bom.

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Não olvide que a justiça institui a ordem universal, mas só o amor dilata a obra divina.



Francisco Cândido Xavier. Agenda Cristã. Pelo Espírito André Luiz. FEB.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

PADRÃO

"Porque era homem de bem e cheio do Espirito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor." - (ATOS, 11:24.)

Alcançar o título de sacerdote, em obediência a meros preceitos do mundo, não representa esforço essencialmente difícil. Bastará a ilustração da inteligência na ordenação convencional.

Ser teólogo ou exegeta não relaciona obstáculos de vulto. Requere-se apenas a cultura intelectual com o estudo acurado dos números e das letras.

Pregar a doutrina não apresenta óbices de relevo. Pede-se tão-só a ênfase ligada à correta expressão verbalista.

Receber mensagens do Além e transmiti-las a outrem pode ser a cópia do serviço postal do mundo.

Aconselhar os que sofrem e fornecer elementos exteriores de iluminação constituem serviços peculiares a qualquer homem que use sensatamente a palavra.

Sondagens e pesquisas, indagações e à análises são velhos trabalhos da curiosidade humana.

Unir almas ao Senhor, porém, é atividade para a qual não se prescinde do apóstolo.

Barnabé, o grande cooperador do Mestre, em Jerusalém, apresenta as linhas fundamentais do padrão justo.

Vejamos a aplicação do ensinamento à nossa tarefa cristã.

Todos podem transmitir recados espirituais, doutrinar irmãos e investigar a fenomenologia, mas para imantar corações em Jesus-Cristo é indispensável sejamos fiéis servidores do bem, trazendo o cérebro repleto de inspiração superior e o coração inflamado na fé viva.

Barnabé iluminou a muitos companheiros "porque era homem de bem, cheio do Espírito Santo e de fé".

Jamais olvidemos semelhante lição dos Atos. Trata-se de padrão que não poderemos esquecer.





Francisco Cândido Xavier. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 12.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

PALAVRAS

"Da mesma boca procede bênção e maldição." - (TIAGO, 3:10.)

Nunca te arrependerás:

De haver ouvido cem frases, pronunciando simplesmente uma ou outra pequena observação.

De evitar o comentário alusivo ao mal, qualquer que seja.

De calar a explosão de cólera.

De preferir o silêncio nos instantes de irritação.

De renunciar aos palpites levianos nas menores controvérsias.

De não opinar em problemas que te não dizem respeito.

De esquivar-te a promessas que não poderias cumprir.

De meditar muitas horas sem abrir os lábios.

De apenas sorrir sempre que visitado pela desilusão ou pela amargura.

De fugir a reclamações de qualquer natureza.

De estimular o bem sob todos os prismas.

De pronunciar palavras de perdão e bondade.

De explanar sobre o otimismo, a fé e a esperança.

De exaltar a confiança no Céu.

De ensinar o que seja útil, verdadeiro e santificante.

De prestar informações que ajudem aos outros.

De exprimir bons pensamentos.

De formular apelos à fraternidade e à concórdia.

De demonstrar benevolência e compreensão.

De fortalecer o trabalho e a educação, a justiça e o dever, a paz e o bem, ainda mesmo com sacrifício do próprio coração.

Examina o sentido, o modo e a direção de tuas palavras, antes de pronunciá-las.

Da mesma boca procede bênção ou maldição para o caminho.





Francisco Cândido Xavier. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 179.

terça-feira, 22 de julho de 2014

NA DIREÇÃO DO BEM

O Senhor tudo criou na direção do bem.

Todas as criaturas, por isto, são chamadas a produzir proveitosamente.

A erva tenra sustenta os animais.

A fonte oculta socorre o inseto humilde.

A árvore é abençoada companheira dos homens.

A flor produzirá fruto.

O fruto dar-nos-á mesa farta.

O rio distribui as águas.

A chuva lava o céu e sacia a terra sedenta.

A pedra faz o alicerce de nossa casa.

A boa palavra revela o bom caminho.

Como desconhecer os santos propósitos da vida, se a natureza que a sustenta reflete os sábios desíg­nios da Providência?

Grande escola para o nosso espírito, a Terra é um livro gigantesco em que podemos ler a mensa­gem de amor universal que o Pai Celeste nos envia.

Desde a gota de orvalho que alimenta o cacto espinhoso, à luz do Sol que brilha no alto para todos os seres, podemos sentir o apelo da Infinita Sabedoria ao serviço de cooperação na felicidade, na paz e na alegria dos semelhantes.

Todo homem e toda mulher nascem no mundo para tarefas santificantes, segundo a Divina Lei.

Com alegria, o bom administrador governa os interesses do povo.

Com alegria, o bom lavrador ara o solo e pro­tege a sementeira.

O homem que semeia no chão, garantindo a subsistência das criaturas, é irmão daquele que dirige o pensamento das nações para o conhecimento divino.

A mulher que recebe homenagens pelas suas virtudes públicas é irmã daquela que, na intimidade do lar, se sacrifica pela criancinha doente.

Deus conhece as pessoas pelo que produzem, assim como nós conhecemos as árvores pelos frutos que nos estendem.

Em razão disto, os homens bons são amados e respeitados.

A presença deles atrai o carinho e a venera­ção dos semelhantes. Os maus, todavia, são porta­dores de ações e palavras indesejáveis e toda gente lhes evita o convívio, tanto quanto nos afastamos das plantas espinhosas e ingratas.

O homem bom compreende que a vida lhe pede a bênção do serviço e levanta-se cada manhã, pen­sando: — “Que belo dia para trabalhar!”.

O mau, porém, ergue-se de mau humor. Não sabe sorrir para os que o cercam e costuma ex­clamar: — “Dia terrível! Que destino cruel! De­testo o trabalho e odeio a vida!”.

Um homem, qual esse, precisa de auxílio dos homens bons, porque em não se dedicando ao ser­viço digno será realmente muito infeliz.



Francisco Cândido Xavier. Alvorada Cristã. Pelo Espírito Neio Lúcio. FEB. Capítulo 2.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

QUANTO AOS OUTROS

Se você acredita que possa alcançar a sublimação espiritual sem os outros, decerto ainda não chegou à verdade.

A vida foi criada, à feição de máquina complexa, em que as peças diferenciadas, entre si, guardam função específica.

Não fuja à engrenagem do seu grupo se deseja aperfeiçoar-se e progredir.

Os outros são as áreas destinadas à complementação e melhoria dos seus próprios reflexos.

Através deles, é que você se analisa para observar-se com segurança.

Não intente transformá-los, de imediato, porque qual ocorre conosco, são espíritos em evolução, caminhando entre dificuldades e sombras, para o conhecimento superior.

Não exija deles a perfeição que estamos ainda longe de possuir.

Esse nos ensina paciência, aquele a compreensão, aqele outro o imperativo da bondade, tanto quanto somos pessoalmente para cada um deles testes vivos nesses mesmos assuntos.

Acredite, sempre que os outros nos apareçam à maneira de problemas, somos para eles outros tantos problemas a resolver.

Diz você que precisa identificar-se com a vida e descobrir-se para fazer o melhor; entretanto, unicamente pelos outros é que você se encontra e se realiza para as conquistas supremas da felicidade e do amor.



Francisco Cândido Xavier. Respostas da Vida. Pelo Espírito André Luiz. IDEAL. Capítulo 9.

domingo, 20 de julho de 2014

LÁGRIMAS

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei." - Jesus. (MATEUS, capítulo 11, versículo 28.)

Ninguém como Cristo espalhou na Terra tanta alegria e fortaleza de ânimo. Reconhecendo isso, muitos discípulos amontoam argumentos contra a lágrima e abominam as expressões de sofrimento.

O Paraíso já estaria na Terra se ninguém tivesse razões para chorar. Considerando assim, Jesus, que era o Mestre da confiança e do otimismo, chamava ao seu coração todos os que estivessem cansados e oprimidos sob o peso de desenganos terrestres.

Não amaldiçoou os tristes: convocou-os à consolação.

Muita gente acredita na lágrima como  sintoma de fraqueza espiritual. No entanto, Maria soluçou no Calvário; Pedro lastimou-se, depois da negação; Paulo mergulhou-se em pranto às portas de Damasco; os primeiros cristãos choraram nos circos de martírio... mas, nenhum deles derramou lágrimas sem esperança. Prantearam e seguiram o caminho do Senhor, sofreram e anunciaram a Boa Nova da Redenção, padeceram e morreram leais na confiança suprema.

O cansaço experimentado por amor ao Cristo converte-se em fortaleza, as cadeias levadas ao seu olhar magnânimo transformam-se em laços divinos de salvação.

Caracterizam-se as lágrimas através de origens específicas. Quando nascem da dor sincera e construtiva, são filtros de redenção e vida; no entanto, se procedem do desespero, são venenos mortais.



Francisco Cândido Xavier. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 172.

sábado, 19 de julho de 2014

O ADVOGADO DA CRUZ

No mundo antigo, o apelo à Justiça significava a punição com a morte. As dívidas pequeninas representavam cativeiro absoluto. Os vencidos eram atirados nos vales imundos. Arrastavam-se os delinqüentes nos cárceres sem esperança. As dádivas agradáveis aos deuses partiam das mãos ricas e poderosas. Os tiranos cobriam-se de flores, enquanto os miseráveis se trajavam de espinhos.

Mas, um dia, chegou ao mundo o Sublime Advogado dos oprimidos. Não havia, na Terra, lugar para Ele. Resignou-se a alcançar a porta dos homens, através de uma estrebaria singela.

Em breve, porém, restaurava o templo da fé viva, na igreja universal dos corações amantes do bem. Deu vista aos cegos. Curou leprosos e paralíticos. Dignificou o trabalho edificante, exaltou o esforço dos humildes, quebrou as algemas da ignorância, instituiu a fraternidade e o perdão.

Processaram-no, todavia, os homens perversos, à conta de herético, feiticeiro e ladrão.

Depois do insulto, da ironia, da pedrada, conduziram-no ao madeiro destinado aos criminosos comuns.

Ele, que ensinara a Justiça, não se justificou; que salvara a muitos, não se salvou da crucificação; que sabia a verdade, calou-se para não ferir os próprios verdugos.

Desde esse dia, contudo, o Sublime Advogado transformou-se no Advogado da Cruz e, desde o supremo sacrifício, sua voz tornou-se mais alta para os corações humanos. ele, que falava na Palestina, começou a ser ouvido no mundo inteiro; que apenas conversava com o povo de Israel, passou a entender-se com as várias nações do Globo; que somente se dirigia aos homens de pequeno país, passou a orientar os missionários retos de todos os serviços edificantes da Humanidade.

Que importam, pois, nos domínios da Fé, as perseguições da maldade e os ataques da ignorância? O advogado da Cruz continua operando em silêncio e falará, em todos os acontecimentos da Terra, aos que possuam "ouvidos de ouvir".



Pelo Espírito Emmanuel

Francisco Cândido Xavier. Antologia Mediúnica do Natal. Espíritos Diversos. FEB.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

LAR

Lar é instituição essencialmente divina e que se deve viver, dentro de suas portas, com todo o coração e com toda a alma. Enquanto as criaturas vulgares atravessam a florida região do noivado, procuram-se mobilizando os máximos recursos do espírito e, daí o dizer-se que todos os seres são belos quando estão verdadeiramente amando. O assunto mais trivial assume singular encanto nas palestras mais fúteis. O homem e a mulher comparecem aí, na integração de suas forças sublimes. Mas logo que recebem a benção nupcial, a maioria atravessa os véus do desejo, e cai nos braços dos velhos monstros que tiranizam corações. Não concessões reciprocas. Não há tolerância e, por vezes, nem mesmo fraternidade. E apaga-se a beleza luminosa do amor, quando os cônjuges perdem a camaradagem e o gosto de conversar. Daí em diante, os mais educados respeitam-se; os mais rudes mal se suportavam. Não se entendem. Perguntas e respostas são formuladas em vocábulos breves. Por mais que se unam os corpos, vivem as mentes separadas, operando em rumos opostos.



Francisco Cândido Xavier. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. FEB.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

GRATIDÃO, PORQUÊ?

Agostinho de Hypona discorre, no Item 9 do Capítulo XIV de O Evangelho segundo o Espiritismo, sobre um tema ao qual Kardec intitulou de “A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família”. Naquele trecho, um dos muitos classificados pelo Codificador como“Instruções dos Espíritos”, Agostinho inicia afirmando ser a ingratidão um dos frutos diretos do egoísmo. De fato, quem não é grato por um favor que recebe é porque se julga merecedor de tal favor, entendendo que aquele que o prestou nada mais fez que sua obrigação. Ora, o que é alguém que se julga merecedor do favor de todos sem a ninguém achar necessário agradecer, senão alguém totalmente centrado em si mesmo, isto é, um egoísta?

A seguir, Agostinho apresenta as três situações básicas em que a sociedade humana entende estar ocorrendo a ingratidão de filhos para com seus pais, a saber:

- quando os espíritos guardam ódio entre si por força de ocorrências passadas e a sua aproximação, encarnando como membros de uma mesma família, não logra atenuar suficientemente tais ódios;

- quando os pais, por motivos vários, são tolerantes em demasia para com os vícios de seus filhos, faltando ao seu dever de transmitir a eles valores morais e lhes permitindo que façam tudo o que desejam fazer, colhendo, quando idosos, os frutos que eles mesmos plantaram;

- quando uma família constituída de espíritos afins e harmonizados recebe em seu meio um espírito em desequilíbrio e, mesmo tudo fazendo para integrá-lo ao ambiente de paz e harmonia do restante do núcleo familiar, não conseguem desviá-lo totalmente do vício.

Explicando-nos os motivos para cada situação e nos orientando sobre como proceder em cada caso, o ex-bispo de Hipona, uns dos grandes pensadores cristãos e grande colaborador da Codificação, encerra sua mensagem.

Gostaríamos, neste ponto, de fazer uma reflexão junto com o amável leitor. Sabemos que os preceitos morais de Jesus nos foram explicados pelos espíritos que colaboraram na Codificação, sobre a liderança de nosso amado Mestre, com a finalidade de nos consolar quanto às angústias que atormentavam nosso coração e nos esclarecer quanto às dúvidas que intrigavam nossas mentes, apontando-nos, dessa forma, um rumo seguro a tomar. Ora, como não poderia deixar de ser, os esclarecimentos voltados a consolar nossas angústias tiveram que ser direcionados àquelas que atormentavam a sociedade humana no século XIX, muitas das quais ainda o fazem neste século XXI. Tais angústias eram, como ainda são, fruto de nossa percepção das coisas e, como tal, passíveis de atenuação, à medida que tal percepção se torna mais clara e tem melhor correspondência com a realidade.

É nessa linha de raciocínio que nos propomos a refletir sobre a percepção da sociedade humana quanto ao que seja gratidão ou ingratidão de filhos.

Ingratidão é falta de gratidão. O sentimento de gratidão está associado à percepção, por aquele que é grato, de ter recebido um favor daquele a quem ele é agradecido. Ao falarmos de gratidão dos filhos, portanto, é mister que saibamos qual o favor que fazemos a nossos filhos para que venhamos a esperar deles gratidão. Vejamos algumas hipóteses.

Talvez nossos filhos nos devam ser gratos porque os trouxemos à vida. No entanto, trazer filhos à vida, todos os animais trazem. O prazer que todos os animais e o ser humano sentem no ato de acasalamento existe como estímulo à reprodução, com finalidade, segundo a ciência, da perpetuação da espécie. Trazer filhos à vida é, portanto, uma simples lei da natureza. Talvez nos devam ser gratos porque os agasalhamos, abrigamos e educamos. Mas, agasalhar, abrigar e educar filhos, os animais superiores também fazem com os seus. Mais uma vez, o ser humano nada faz de especial.

Que fazemos por nossos filhos, então, que mereça a sua gratidão? Antecedendo um pouco essa questão, perguntemos a nós mesmos o que fazem os outros por nós que nos faça sentir agradecidos. Quando um pintor faz um serviço perfeito em nossa casa, sem uma falha, somos gratos a ele por isso? Quando deitamos na cama, tranqüilos, à noite, sabendo que há um vigia noturno na portaria cuidando para que estranhos não entrem em nosso prédio e abrindo a porta para os moradores que chegam tarde, somos gratos a ele por isso? Quando saímos na rua e pisamos em uma calçada limpa, somos gratos ao lixeiro que a varreu? Ocorre que esses, poderia nos dizer o leitor amigo, são casos em que pagamos pelos serviços, logo não há porque sermos gratos por eles serem bem executados. Tudo bem, vejamos, então, casos onde não ocorre pagamento.

Quando vamos ao Centro Espírita e somos beneficiados pela espiritualidade e pelos trabalhadores anônimos que ali trabalham, somos gratos a eles pelas bênçãos recebidas? Ao longo do dia, sempre que nos sentimos bem e inspirados em nossos pensamentos ou ações ou quando nos sentimos confortados em nossas crises emocionais, lembramos de agradecer a nossos guias espirituais, pela paciência com que eles, há séculos ou milênios, nos guiam e orientam, sempre acreditando em nós, mesmo quando nós mesmos não o fazemos mais? Quando contemplamos a natureza e vemos a beleza de suas formas e a sabedoria expressa em cada um de seus seres, somos gratos a Jesus por nos ter oferecido como lar uma jóia tão preciosa? Quando acordamos pela manhã, somos gratos a Deus, pelas suas soberanas, sábias e amorosas leis que nos oferecem mais uma oportunidade de corrigir nossos erros, vencer provas e progredir sem cessar até a perfeição?

Se nunca somos gratos pelos benefícios que recebemos diariamente de Deus, de Jesus, de nossos guias espirituais e dos homens, por que razão haveríamos de esperar a gratidão dos filhos pelo simples fato de termos cumprido nosso dever para com eles?

Desconcertados por não encontrarmos nenhum motivo para que nossos filhos nos sejam gratos, lembramos, finalmente, do amor. Sim, nosso filho nos deve ser grato porque o amamos, dizemos, aliviados por termos encontrado um motivo. Mas, como foi que o amamos? Era nosso amor um amor “eros”, o amor egoísta, todo o tempo levando nosso filho a fazer coisas que fizessem bem ao nosso ego e não ao seu progresso espiritual? Era “filis” o nosso amor, um amor possessivo, sufocando nosso filho na infância e adolescência com nossa permanente presença, nada deixando que ele decidisse por si só e, quando adulto, cobrando dele constantes visitas e telefonemas como se a única razão de seu viver fosse estar sempre junto de nós? Ou nosso amor era “ágape”, o amor altruísta e desprendido, tudo fazendo para ajudá-lo em sua caminhada, incentivando-o, orientando-o com paciência e dedicação no caminho do bem, mas nada esperando em troca?

Enfim, chegamos onde queríamos chegar. A única coisa que podemos dar a nossos filhos que, em tese, mereceria gratidão, é justo aquela que nada espera em troca, o amor incondicional. Amemos nossos filhos com desprendimento, nada esperando deles por isso. Nossos filhos são espíritos, filhos de Deus que estão sob nossos cuidados porque nossos guias espirituais julgaram que poderíamos ajudá-los em sua evolução. Façamos o que se espera de nós dando o melhor que temos nessa missão. Nossa recompensa pelo amor que dedicarmos a eles será a satisfação de vê-los trilhando o caminho do bem, sinalizando para nós que nossa missão para com eles terá sido cumprida. Quem ama de verdade já está recompensado e não espera gratidão da pessoa amada.



Renato Costa. Publicado no O Clarim, edição de setembro de 2006. 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

CAMPO DE SANGUE

"por isso foi chamado aquele campo, até ao dia de hoje, Campo de Sangue." - (MATEUS, capítulo 27, versículo 8.)

Desorientado, em vista das terríveis conseqüências de sua irreflexão, Judas procurou os sacerdotes e restituiu-lhes as trinta moedas, atirando-as, a esmo, no recinto do Templo.

Os mentores do Judaísmo concluíram, então, que o dinheiro constituía preço de sangue e, buscando desfazer-se rapidamente de sua posse, adquiriram um campo destinado ao sepulcro dos estrangeiros, denominado, desde então, Campo de Sangue.

Profunda a expressão simbólica dessa recordação e, com a sua luz, cabe-nos reconhecer que a maioria dos homens continua a irrefletida ação de Judas, permutando o Mestre, inconscientemente, por esperanças injustas, por vantagens materiais, por privilégios passageiros. Quando podem examinar a extensão dos enganos a que se acolheram, procuram, desesperados, os comparsas de suas ilusões, tentando devolver-lhes quanto lhes coube nos criminosos movimentos em que se comprometeram na luta humana; todavia, com esses frutos amargos apenas conseguem adquirir o campo de sangue das expiações dolorosas e ásperas, para sepulcro dos cadáveres de seus pesadelos delituosos, estranhos ao ideal divino da perfeição em Jesus-Cristo.

Irmão em humanidade, que ainda não pudeste sair do campo milenário das reencarnações, em luta por enterrar os pretéritos crimes que não se coadunam com a Lei Eterna, não troques o Cristo Imperecível por um punhado de cinzas misérrimas, porque, do contrário, continuarás circunscrito à região escura da carne sangrenta.



Francisco Cândido Xavier. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 91.

terça-feira, 15 de julho de 2014

NO CAMINHO DA ELEVAÇÃO

“Tomai sobre vós o meu jugo...” Jesus - Mateus : 11 - 29
“Mas na união dos sexos a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor.” ESE. Cap. XXII - 3

Abençoa os conflitos que, tantas vezes, te amarfanham o coração no carreiro doméstico, sempre que o lar apareça por ninho de problemas e inquietações.

É aí, entre as quatros paredes do reduto familiar, que reencontras a instrumentação do sofrimento reparador...

Amigos transfigurados em desafios à paciência...

Pais incompreensivos a te requisitarem entendimento...

Filhos convertidos em ásperos inquisidores da alma...

Parentes que se revelam por adversários ferrenhos sob o disfarce da consangüinidade...

Lutas inesperadas e amargas que dilapidam as melhores forças da existência pelo seu conteúdo de aflição...

Aceita as intimações do calvário doméstico, na feição com que se mostrem, como que acolhe o remédio indispensável à própria cura.

Desertar será retardar a equação que a contabilidade da vida exigirá sempre, na matemática das causas e dos efeitos.

Nesse sentido, vale recordar que Jesus não afirmou que se alguém desejasse encontrá-Lo necessitaria proclamar-Lhe as virtudes, entretecer-Lhe lauréis, homenagear-Lhe o nome ou consagrar-se às atitudes de adoração, mas, sim, foi peremptório, asseverando que os candidatos à integração com Ele precisariam carregar a própria cruz e seguir-Lhe os passos, isto é, suportarem com serenidade e amor, entendimento e serviço os deveres de cada dia.

Bem-aventurado, pois, todo aquele que, apesar dos entraves e das lágrimas do caminho sustentar nos ombros, ainda mesmo desconjuntados e doloridos, a bendita carga das próprias obrigações.



Francisco Cândido Xavier. Livro da Esperança. Pelo Espírito Emmanuel. CEC. Capítulo 75.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

SABER COMO CONVÉM

"E se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como convém saber." - Paulo. (I CORÍNTIOS, 8:2.)

A civilização sempre cuida saber excessivamente, mas, em tempo algum, soube como convém saber.

É por isto que, ainda agora, o avião bombardeia, o rádio transmite a mentira e a morte, e o combustível alimenta maquinaria de agressão.

Assim também, na esfera individual, o homem apenas cogita saber, esquecendo que é indispensável saber como convém.

Em nossas atividades evangélicas, toda a atenção é necessária ao êxito na tarefa que nos foi cometida.

Aprendizes do Evangelho existem que pretendem guardar toda a revelação do Céu, para impô-la aos vizinhos; que se presumem de posse da humildade, para tiranizarem os outros; que se declaram pacientes, irritando a quem os ouve; que se afirmam crentes, confundindo a fé alheia; que exibem títulos de benemerência, olvidando comezinhas obrigações domésticas.

Esses amigos, principalmente, são daqueles que cuidam saber sem saberem de fato.

Os que conhecem espiritualmente as situações ajudam sem ofender, melhoram sem ferir, esclarecem sem perturbar. Sabem como convém saber e aprenderam a ser úteis. Usam o silêncio e a palavra, localizam o bem e o mal, identificam a sombra e a luz e distribuem com todos os dons do Cristo. Informam-se quanto à Fonte da Eterna Sabedoria e ligam-se a ela como lâmpadas perfeitas ao centro da força. Fracassos e triunfos, no plano das formas temporárias, não lhes modificam as energias. Esses sabem porque sabem e utilizam os próprios conhecimentos como convém saber.




Francisco Cândido Xavier. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 44.

domingo, 13 de julho de 2014

TEM CORAGEM

Nas contingências afligentes do cotidiano e ao largo das horas que parecem estacionadas sob a injunção de dores íntimas, extenuantes, que se prolongam, não te deixes estremunhar, nem te arrebentes em blasfêmias alucinadas, com que mais complicarás a situação.

Tempestade alguma, devastadora quão demorada, que não cesse.

Alegria nenhuma, repletada de bênçãos e glórias, que se não acabe.

A saúde perfeita passa; a juventude louçã desaparece; o sorriso largo termina; a algaravia de festa silencia...

Da mesma forma, o aguilhão do infortúnio se arrebenta; a enfermidade se extingue; a miséria muda de lugar; a morte abre as portas da vida em triunfo...

Tudo quanto sucede ao homem constitui-lhe precioso acervo, que o acompanhará na condição de tesouro que poderá investir, conforme as circunstâncias que lhe cumpre enfrentar, ao processo da evolução.

Os que aspiram a fortunas alegam, intimamente, que se as possuíssem mudariam a situação dos que sofrem escassez. No entanto, os grandes magnatas que açambarcam o poder e usufruem da abundância, alucinam-se com os bens, enregelando os sentimentos em relação ao próximo...

Quantos anelam pela saúde, afirmam, no silêncio do coração, as disposições de aplicá-la a benefício geral. Não obstante, os que a desfrutam, quase sempre malbaratam-na nos excessos e leviandades com que a comprometem, desastrados...

O bem deve ser feito como e onde cada qual se encontre.

Em razão disso, as situações e acontecimentos de que se não é responsável, no momento, devem ser enfrentados com serenidade e moderação de atos, por fazerem parte do contexto da vida, a que cada criatura se vincula.

A vida são o conteúdo superior que dela se deve extrair e a forma levada com que se pode retirar-lhe os benefícios.

Um dia sucede o outro, conduzindo as experiências de que se reveste, formando um todo de valores, que programam as futuras injunções para o ser.

Recorre, as situações diversas, aos recursos positivos de que dispões, e aguarda os resultados desse atitude.

Jesus é sempre o exemplo.

Poderia haver liberado todos os enfermos que encontrou pela senda; mas não o fez.

Se quisesse, teria modificado as ocorrências infelizes, que o levaram às supremas humilhações e à cruz; todavia, sequer o intentou.

Conferiria fortuna à pobreza, à mole esfaimada que O buscava, continuamente; todavia, não se preocupou com essa alternativa.

Elegeria para o Seu labor somente homens que O compreendessem e Lhe fossem fiéis, sem temores, nem fraquezas; porém optou pelo grupo de que se cercou.

Modificaria as estruturas sociais e culturais da Sua época; sem embargo, viveu-a em toda a plenitude, demonstrando a importância primacial da experiência interior e não dos valores externos, transitórios.

Apresentar-se-ia em triunfo social, submetendo o reizete que Lhe decidiu a sorte; apesar disso, facultou-se viver sob as condições do momento em plena aridez de sentimentos e escassez de amor entre as criaturas...

Jesus, no entanto, conhecia as razões fundamentais de todos os problemas humanos e a metodologia lenta da evolução; identificava que a emulação pela dor é mais significativa e escutada do que a do amor, sempre preterido; sabia do valor das conquistas superiores do Espírito, em detrimentos das falazes aquisições que se deterioram no túmulo e dissociam os tesouros da alma.

Tem, portanto, coragem e faze como Ele, ante dificuldades e problemas que passarão, armando-te hoje de esperança para o teu amanhã venturoso.


Divaldo Pereira Franco. Alerta. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

sábado, 12 de julho de 2014

GESTAÇÃO FRUSTRADA

Como compreenderemos os casos de gestação frustrada quando não há Espírito reencarnante para arquitetar as formas do feto?

- Em todos os casos em que há formação fetal, sem que haja a presença de entidade reencarnante, o fenômeno obedece aos moldes mentais maternos.

Dentre as ocorrências dessa espécie há, por exemplo, aquelas nas quais a mulher, em provação de reajuste do centro genési­co, nutre habitualmente o vivo desejo de ser mãe, impregnando as células reprodu­tivas com elevada percentagem de atração magnética, pela qual consegue formar com o auxílio da célula espermática um embrião frustrado que se desenvolve, em­bora inutilmente, na medida de intensi­dade do pensamento maternal, que opera, através de impactos sucessivos, condicio­nando as células do aparelho reprodutor, que lhe respondem aos apelos segundo os princípios de automatismo e reflexão. Em contrário, há, por exemplo, os casos em que a mulher, por recusa deliberada à gra­videz de que já se acha possuída, expulsa a entidade reencarnante nas primeiras semanas de gestação, desarticulando os processos celulares da constituição fetal e adquirindo, por semelhante atitude, cons­trangedora dívida ante o destino.



Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Evolução em Dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. FEB. Segunda parte, capítulo 13.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

IGREJA LIVRE

"Mas a Jerusalém que é de cima, é livre, a qual é mãe de todos nós." - Paulo. (GÁLATAS, 4:26.)

O exame isolado deste versículo sugere um tema de infinita grandeza para os discípulos religiosos do Cristianismo.

A palavra do apóstolo aos gentios recorda-nos a igreja liberta do Cristo, não na esfera estreita dos homens, mas no ilimitado pensamento divino.

O espírito orgulhoso e sectário, há tanto tempo dominante nas atividades da fé, encontra na afirmativa de Paulo de Tarso um antídoto para as suas venenosas preocupações.

Em todas as épocas, têm vivido na Terra os nobres excomungados, os incompreendidos valorosos e os caluniados sublimes.

Passaram, nos círculos das criaturas, qual acontece ainda hoje, perseguidos e desprezados, entre o sarcasmo e a indiferença.

Por vezes, sofrem o degredo social por não se aviltarem ante as explorações delituosas do fanatismo; em outras ocasiões, são categorizados à conta de ateus pelas suas idéias mal interpretadas.

É que, de quando em quando, rajadas de ódios e dúvidas sopram nas igrejas desprevenidas da Terra. Os crentes olvidam o "não julgueis" e confiam-se a lutas angustiosas.

Semelhantes atritos, contudo, não alteram a consciência tranqüila dos anatematizados que se sentem sob a tutela do Divino Poder. Instintivamente, reconhecem que além da esfera obscura da ação física resplandece o templo soberano e invisível em que Jesus recolhe os servidores fiéis, sem deter-se na cor ou no feitio de suas vestimentas.

Benfeitores e servos excomungados dos caminhos humanos, se tendes uma consciência sem mácula, não vos magoe a pedrada dos homens que se distanciam uns dos outros pelo separatismo infeliz! Há uma Igreja augusta e livre, na vida espiritual, que é acolhedora mãe de todos nós! ...





 Francisco Cândido Xavier. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 55.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

QUALIDADES DA PRECE

Quando orardes, não vos assemelheis aos hipócritas, que, afetadamente, oram de pé nas sinagogas e nos cantos das ruas para serem vistos pelos homens. - Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa. - Quando quiserdes orar, entrai para o vosso quarto e, fechada a porta, orai a vosso Pai em secreto; e vosso Pai, que vê o que se passa em secreto, vos dará a recompensa. Não cuideis de pedir muito nas vossas preces, como fazem os pagãos, os quais imaginam que pela multiplicidade das palavras é que serão atendidos. Não vos torneis semelhantes a eles, porque vosso Pai sabe do que é que tendes necessidade, antes que lho peçais. (S. MATEUS, cap. VI, vv., 5 a 8.)

Quando vos aprestardes para orar, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, a fim de que vosso Pai, que está nos céus, também vos perdoe os vossos pecados. - Se não perdoardes, vosso Pai, que está nos céus, também não vos perdoará os pecados. (S. MARCOS, cap. XI, vv. 25 e 26.)

Também disse esta parábola a alguns que punham a sua confiança em si mesmos, como sendo justos, e desprezavam os outros:

Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu, publicano o outro. - O fariseu, conservando-se de pé, orava assim, consigo mesmo: Meu Deus, rendo-vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem mesmo como esse publicano. Jejuo duas vezes na semana; dou o dízimo de tudo o que possuo.

O publicano, ao contrário, conservando-se afastado, não ousava, sequer, erguer os olhos ao céu; mas, batia no peito, dizendo: Meu Deus, tem piedade de mim, que sou um pecador.

Declaro-vos que este voltou para a sua casa, justificado, e o outro não; porquanto, aquele que se eleva será rebaixado e aquele que se humilha será elevado. (S. LUCAS, cap. XVIII, vv. 9 a 14.)


Jesus definiu claramente as qualidades da prece. Quando orardes, diz ele, não vos ponhais em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis orar muito, pois não é pela multiplicidade das palavras que sereis escutados, mas pela sinceridade delas. Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros, procurai o que há em vós de mau. (Cap. X, n.7 e n.8.)



Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

O LIVRO LUZ

A história não é muito diferente de tantas outras que trazem como pano de fundo o sofrimento...

Não importa o país, ou a língua que se fale, os sentimentos têm uma linguagem única.

Era inverno e a noite caía rápida e fria...

Aquele homem desesperado caminhava triste e só...

No peito, a dor da separação promovida pela morte da esposa querida, dilacerava-lhe as fibras mais sutis dos sentimentos...

A prova amarga do adeus vencera-lhe. E ele, que sonhava com a felicidade de um matrimônio feliz e com um futuro adornado pela presença dos filhos, não passava agora de trapo humano, solitário.

As noites de insônia e os dias de angústia minaram-lhe as forças.

Faltava ao trabalho e o chefe, reto e ríspido, o ameaçava despedir.

A vida para ele não tinha mais sentido, para que teimar em ficar vivo? Pensava.

Sem confiança em Deus, resolvera seguir o caminho de tantos outros, ante a fatalidade... iria suicidar-se.

Paris, a cidade luz, estava envolta no manto escuro da noite, e um vento gelado açoitava sem piedade.

Seguiu, a passos lentos, pelas ruas desertas e se deteve um momento a contemplar o rio Sena...

Talvez a correnteza o levasse dali e silenciasse, em suas águas escuras e profundas, o seu pensamento aturdido...

Sim, essa seria a solução, pensou.

Dirigiu-se como um autômato até a ponte Marie, quase apagada pela forte serração e, ao apoiar a mão direita na murada para atirar-se, sentiu que um objeto molhado caiu aos seus pés.

Surpreendido, distinguiu um livro que o orvalho umedecera...

Tomou o volume nas mãos e caminhou, um tanto irritado, procurando a luz quase apagada de um poste vizinho, e pode ler no frontispício: "esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito." Vinha assinado por um homem.

Mesmo um pouco indeciso, resolveu ler aquela obra que, por suposto, havia salvado a vida de alguém que pretendera, como ele, por termo à própria vida.

Já nas primeiras páginas encontrou motivos para viver e lutar, suportar com resignação e coragem os reveses da vida e refazer a esperança.

Leu o volume com dedicada atenção e resolveu presenteá-lo a quem lhe havia propiciado aquele tesouro.

Era abril de 1860... e, numa manhã fria como tantas outras na cidade de Paris, o professor Rival recebe em sua residência uma certa encomenda cuidadosamente embrulhada.

Abriu, e encontrou uma carta singela com os seguintes dizeres: "com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história, rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da humanidade, pois tenho fortes razões para isso."

Em seguida o autor da carta narra a história que acabamos de contar.

Allan Kardec, pseudônimo do ilustre professor francês Hippolyte Leon Denizar Rival, abriu a obra e leu em seu frontispício: "esta obra salvou-me a vida. Leia-a com atenção e tenha bom proveito." E, logo após a primeira assinatura de A. Laurent, dizia:

"Salvou-me também. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação" assinado: Joseph Perrier.

Kardec, aconchegando o livro ao peito, entendeu a sublime missão que lhe cabia como codificador da Doutrina Espírita, mensageira de consolo e esperança para a humanidade sofrida.

Essa obra que conseguiu, com suas páginas de luz, deter aqueles dois homens às portas do suicídio, veio à lume no dia 18 de abril de 1857, e é intitulada "O Livro dos Espíritos".

terça-feira, 8 de julho de 2014

REALIZAÇÃO INTERIOR

Enquanto o homem não se convencer de que lhe é necessário conquistar as paisagens íntimas, suas realizações externas deixá-lo-ão em desencanto, sob frustrações que se sucederão, tantas vezes quantas sejam as glórias alcançadas no mundo de fora.

À semelhança de uma semente, na qual dormem incontáveis recursos, que surgem a partir da germinação, cabe ao ser humano desatar os valores que lhe dormem inatos, facultando-se as condições de desenvolvimento, graças às quais logrará sua plenitude.

Muitas vezes, as dificuldades que o desafiam são fatores propiciatórios para o desabrochar dos elementos adormecidos, e para que sua destinação gloriosa seja alcançada.

O homem de bem, que reúne os valores expressivos da honra e da ação edificante, faz-se caracterizar pelo esforço, pelo empenho que desenvolve, realizando o programa essencial da vida que é sua iluminação íntima.

Somente essa identificação com o si profundo facultar-lhe-á a tranqüilidade, meta próxima a ser conseguida. Partindo dela, novas etapas surgirão, convidativas, ensejando o crescimento moral e intelectual proporcionador da felicidade real.

Todas as conquistas externas - moedas, projeção social, objetos raros, moradia, eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos - não obstante úteis para a comodidade, a automação e sintonia com o mundo, bem como com a sociedade, não podem acompanhar o ser, quando lhe ocorre a fatalidade biológica da morte.

Cada qual desencarna com os recursos morais e intelectivos que amealhou, liberando-se ou não dos grilhões emocionais que o prendem às quinquilharias a que atribui valor.

Na luta pela aquisição das coisas, as batalhas se tornam renhidas, graças à competição, às angustiantes expectativas das disputas, nas quais o crime assume papel preponderante, com resultados quase sempre funestos.

Na grande transição, tudo aquilo que constituiu motivo de luta insana perde o significado, passando a afligir mais do que antes..

*

Não te descures da auto-iluminação.

Se buscas a consolidação da estrutura sócio-econômica pessoal e familiar, vai mais longe, e intenta a conquista dos tesouros íntimos.

Exercita as virtudes que possuis em germe, dando-lhes oportunidade de se agigantarem, arrastando outros corações.

Recorda-te, a cada instante, da brevidade do corpo físico e reivindica o treino para a morte, mantendo-te em serenidade, reflexão e ação iluminativa.

Vida interior é conquista possível, e está ao teu alcance. Logra-a, quanto antes, e sentirás a imensa alegria da plenificação.



Divaldo Pereira Franco. Momentos Enriquecedores. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

A GRANDE PERGUNTA


"E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?" - Jesus. (LUCAS, capítulo 6, versículo 46.)



Em lamentável indiferença, muitas pessoas esperam pela morte do corpo, a fim de ouvirem as sublimes palavras do Cristo.


Não se compreende, porém, o motivo de semelhante propósito. O Mestre permanece vivo em seu Evangelho de Amor e Luz.

É desnecessário aguardar ocasiões solenes para que lhe ouçamos os ensinamentos sublimes e claros.

Muitos aprendizes aproximam-se do trabalho santo, mas desejam revelações diretas. Teriam mais fé, asseguram displicentes, se ouvissem o Senhor, de modo pessoal, em suas manifestações divinas. Acreditam-se merecedores de dádivas celestes e acabam considerando que o serviço do Evangelho é grande em demasia para o esforço humano e põem-se à espera de milagres imprevistos, sem perceberem que a preguiça sutilmente se lhes mistura à vaidade, anulando-lhes as forças.

Tais companheiros não sabem ouvir o Mestre Divino em seu verbo imortal. Ignoram que o serviço deles é aquele a que foram chamados, por mais humildes lhes pareçam as atividades a que se ajustam.

Na qualidade de político ou de varredor, num palácio ou numa choupana, o homem da Terra pode fazer o que lhe ensinou Jesus.

É por isso que a oportuna pergunta do Senhor deveria gravar-se de maneira indelével em todos os templos, para que os discípulos, em lhe pronunciando o nome, nunca se esqueçam de atender, sinceramente, às recomendações do seu verbo sublime.





Francisco Cândido Xavier. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 47.

domingo, 6 de julho de 2014

O MAIOR PECADO

Um sacerdote sábio, desejando ensinar o caminho do Céu aos crentes que confiavam nele, rogou a Jesus, depois de longas meditações e sacrifícios, lhe fôsse revelado qual o maior impedimento contra a iluminação espiritual.

Com efeito, de mente limpa, dormiu e sonhou que era conduzido à Porta Celestial.

Nimbado de esplendor, um anjo recebeu-o, benevolente.

- Mensageiro de Deus! - clamou o sacerdote - venho rogar a verdade para as ovelhas humanas que me seguem...

- Que pretendes saber? - indagou a entidade angélica.

- Peço esclarecimento sobre o maior obstáculo para a alma, na marcha para Deus. Sei que temos sete pecados mortais que aniquilam em nós a graça divina, na ascensão para o Alto. Sob a influência de semelhantes monstros, rola o espírito no despenhadeiro infernal. Entretanto, desejaria explicações mais claras, quanto ao problema do mal, porque nossas faltas variam ao infinito.

O anjo sorriu e considerou:

- A solução é simples. Quais são os pecados a que te referes?

O ministro da fé movimentou os dedos e respondeu:

- Soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça. Deles nascem as demais imperfeições.

O mensageiro, contudo, acrescentou:

- No fundo, porém, podemos reduzi-los à unidade. Todos os pecados, inclusive os mortais, procedem de uma fonte única.

O sacerdote, curioso, suplicou:

- Oh! anjo amigo, aclara-me o entendimento! Há muitos aprendizes, na Terra, aguardando-me a palavra!...

O emissário da Esfera Superior, sem qualquer presunção de superioridade, passou a elucidar:

- Escuta e atende!

Se o soberbo trabalhasse para o bem de todos, não encontraria ensejo de cultivar o orgulho e a vaidade que o levam a acreditar-se ponto central do universo.

Se o avarento conhecesse a vantagem do suor, na felicidade dos semelhantes, não se entregaria à volúpia da posse que o obriga a acumular dinheiro inutilmente.

Se o homem inclinado à tentação dos prazeres fáceis aprendesse a despender as próprias forças em favor da elevação coletiva, não disporia de ocasião para prender-se às paixões aniquiladoras que o arrastam ao crime.

Se as pessoas facilmente irascíveis estivessem dispostas a servir de acordo com os designios divinos, não envenenariam a própria saúde com remorsos e angústias injustificáveis.

Se o guloso vivesse atento à tarefa construtiva que lhe cabe no mundo, não se escravizaria aos apetites devastadores que lhe arruinam o corpo e a alma.

E se o invejoso utilizasse a existência, no trabalho digno, não gastaria tempo acompanhando maliciosamente as iniciativas do próximo, complicando o próprio destino...

Como vê, o maior dos pecados, a causa primordial de todos os males, é a preguiça.

Dá trabalho edificante às tuas ovelhas e convence-te de que, na posse do serviço, não se afastarão do caminho justo.

O sacerdote não mais teve o que perguntar.

Despertou, edificado, e, do dia seguinte em diante, o povo reparou que o ministro modificara as pregações.



Francisco Cândido Xavier. Alvorada Cristã. Pelo Espírito Neio Lúcio. FEB.

sábado, 5 de julho de 2014

JESUS EM NÓS

Contempla o quadro sublime da natureza, ante o sol da manhã. Tudo brilha ao clarão do Céu.

Aqui, a lama reflete cintilações, além, o grão de areia assemelha-se a pequeno diamante perdido, e a poeira esparsa lembra filigranas de luz.

Assim, também, no grande mundo de nossa alma, quando Jesus encontra meios de fulgurar em nós, tudo é amor e criação, alegria e serenidade. Envolvidas em seus divinos raios, a tristeza ou a dor, a necessidade ou a luta representam estímulos à caminhada de ascensão.

Não empanes a glória do astro vivo da fé com a sombra do desânimo ou da indiferença.

Abre as janelas do Ideal à Bênção do Senhor.

Deixa que o pensamento santificante do Mestre te invada o campo íntimo e ouvirás, em ti mesmo, o cântico da paz e do bom ânimo em perene ressurreição.

A existência é o resultado de nossos desejos.

O destino responde às nossas aspirações.

A Graça de Deus vibra em toda parte. É imprescindível, porém, saibamos dilatar a própria visão, de modo a não perder-lhe o favor e o ensinamento.

Cansaço e amargura são ilusões.

Dissabores e desencantos são simples experiências.

Brilhe o sol de Jesus em nossa alma, e tudo será, dentro de nós, entusiasmo de fazer o bem, alegria de viver e privilégio de servir, em plena juvenilidade espiritual para a Vida Eterna.



Pelo Espírito Agar

Francisco Cândido Xavier. Cartas do Coração. Espíritos Diversos. LAKE.