segunda-feira, 30 de junho de 2014

UMA REALEZA TERRESTRE

Quem melhor do que eu pode compreender a verdade destas palavras de Nosso Senhor: "O meu reino não é deste mundo"? O orgulho me perdeu na Terra. Quem, pois, compreenderia o nenhum valor dos reinos da Terra, se eu o não compreendia? Que trouxe eu comigo da minha realeza terrena? Nada, absolutamente nada. E, como que para tornar mais terrível a lição, ela nem sequer me acompanhou até o túmulo! Rainha entre os homens, como rainha julguei que penetrasse no reino dos céus! Que desilusão! Que humilhação, quando, em vez de ser recebida aqui qual soberana, vi acima de mim, mas muito acima, homens que eu julgava insignificantes e aos quais desprezava, por não terem sangue nobre! Oh! como então compreendi a esterilidade das honras e grandezas que com tanta avidez se requestam na Terra!

Para se granjear um lugar neste reino, são necessárias a abnegação, a humildade, a caridade em toda a sua celeste prática, a benevolência para com todos. Não se vos pergunta o que fostes, nem que posição ocupastes, mas que bem fizestes, quantas lágrimas enxugastes.

Oh! Jesus, tu o disseste, teu reino não é deste mundo, porque é preciso sofrer para chegar ao céu, de onde os degraus de um trono a ninguém aproximam. A ele só conduzem as veredas mais penosas da vida. Procurai-lhe, pois, o caminho, através das urzes e dos espinhos, não por entre as flores.

Correm os homens por alcançar os bens terrestres, como se os houvessem de guardar para sempre. Aqui, porém, todas as ilusões se somem. Cedo se apercebem eles de que apenas apanharam uma sombra e desprezaram os únicos bens reais e duradouros, os únicos que lhes aproveitam na morada celeste, os únicos que lhes podem facultar acesso a esta.

Compadecei-vos dos que não ganharam o reino dos céus; ajudai-os com as vossas preces, porquanto a prece aproxima do Altíssimo o homem; é o traço de união entre o céu e a Terra: não o esqueçais. -Uma Rainha de França. (Havre, 1863.)



Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 2. Item 8.

domingo, 29 de junho de 2014

DA CRÍTICA: NUM DOMINGO DE CALOR


Benedita Fernandes, abnegada fundadora da Associação das Senhoras Espíritas Cristãs, de Araçatuba, no Estado de São Paulo, foi convidada para uma reunião de damas consagradas à caridade, para exame de vários problemas ligados a obras de assistência. E porque se dedicava, particularmente, aos obsidiados e doentes mentais, não pode esquivar-se.



Entretanto, a presença da conhecida missionária causava espécie.

O domingo era de imenso calor e Benedita ostentava compacto mantô de lã, apenas compreensível em tempo de frio.

- Mania! - cochichava alguém, à pequena distância.

- De tanto lidar com malucos, a pobre espírita enlouqueceu... - dizia elegante senhora à companheira de poltrona, em tom confidencial.

- Isso é pura vaidade, - falou outra - ela quer parecer diferente.

- Caso de obsessão! - certa amiga lembrou em voz baixa.

Benedita, porém, opinava nos temas propostos, cheia de compreensão e de amor.

Em meio aos trabalhos, contudo, por notar agitações na assembléia, a presidente alegou que Benedita suava por todos os poros, e, em razão disso, rogou a ela que tirasse o mantô por gentileza.

Benedita Fernandes, embora constrangida, obedeceu com humildade e só aí as damas presentes puderam ver que a mulher admirável, que sustentava em Araçatuba dezenas de enfermos, com o suor do próprio rosto, envergava singelo vestido de chitão com remendos enormes.

*

"Ante os problemas dos outros
Emudece os lábios teus.
Em tudo sempre supomos
Mas quem sabe é sempre Deus."
Casimiro Cunha

*

"Haja o que houver no caminho,
Não pense mal de ninguém.
Cada qual vê o vizinho,
Conforme os olhos que tem."
Gastão de Castro

*

"Filhos, a estrada real para Deus chama-se Caridade."
José Horta



Pelo Espírito Irmão X

XAVIER, Francisco Cândido. Idéias e Ilustrações. Espíritos Diversos. FEB.

sábado, 28 de junho de 2014

APARÊNCIAS...

Não acuse o irmão que parece mais abastado. Talvez seja ele um simples escravo de compromissos.
Não condene o companheiro guindado à autoridade. É provável seja ele mero devedor da multidão.
Não inveje aquele que administra, enquanto você obedece. Muitas vezes ele é um torturado.
Não menospreze o colega conduzido a maior destaque. A responsabilidade que lhe pesa nos ombros pode ser um tormento incessante.
Não censure a mulher que se apresenta suntuosamente. O luxo, provavelmente, lhe constitui amarga provação.
Não critique as pessoas gentis que parecem insinceras a primeira vista. Possivelmente, estarão evitando enormes crimes ou grandes desânimos.
Não se agaste com o amigo mal-humorado. Você não lhe conhece todas as dificuldades íntimas.
Não se aborreça com a pessoa de conversação fútil. Você também era assim quando lhe faltava experiência.
Não murmure contra os jovens menos responsáveis. Ajude-os, quanto estiver ao seu alcance, recordando que você já foi leviano para muita gente.
Não seja intolerante em situação alguma. O relógio bate, incessante, e você será surpreendido por inúmeros problemas difíceis em seu caminho e no caminho daqueles que você ama.




André Luiz

sexta-feira, 27 de junho de 2014

QUANDO HÁ LUZ

"O amor do Cristo nos constrange." Paulo (2 Coríntios, 5:14)


Quando Jesus encontra santuário no coração de um homem, modifica-se-lhe a marcha inteiramente.

Não há mais lugar dentro dele para a adoração improdutiva, para a crença sem obras, para a fé inoperante.

Algo de indefinível na terrestre linguagem transtorna-lhe o espírito.

Categoriza-o a massa comum por desajustado, entretanto, o aprendiz do Evangelho, chegando a essa condição, sabe que o Trabalhador Divino como que lhe ocupa as profundidades do ser.

Renova-se-lhe toda a conceituação da existência.

O que ontem era prazer, hoje é ídolo quebrado o que representava meta a atingir, é roteiro errado que ele deixa ao abandono.

Torna-se criatura fácil de contentar, mas muito difícil de agradar.

A voz do Mestre, persuasiva e doce, exorta-o a servir sem descanso.

Converte-se lhe a alma num estuário maravilhoso, onde os padecimentos vão ter, buscando arrimo, e por isso sofre a constante pressão das dores alheias.

A própria vida física afigura-se-lhe um madeiro, em que o Mestre se aflige. É lhe o corpo a cruz viva em que o Senhor se agita crucificado.

O único refúgio em que repousa é o trabalho perseverante no bem geral.

Insatisfeito, embora resignado firme na fé, não obstante angustiado servindo a todos, mas sozinho em si mesmo, segue, estrada afora, impelido por ocultos e indescritíveis aguilhões...

Esse é o tipo de aprendiz que o amor do Cristo constrange, na feliz expressão de Paulo. Vergasta-o a luz celeste por dentro até que abandone as zonas inferiores em definitivo.

Para o mundo, será inadaptado e louco.

Para Jesus, é o vaso das bênçãos.

A flor é uma linda promessa, onde se encontre.

O fruto maduro, porém, é alimento para Hoje.

Felizes daqueles que espalham a esperança, mas bem-aventurados sejam os seguidores do Cristo que suam e padecem, dia a dia, para que seus irmãos se reconfortem e se alimentem no Senhor!



Francisco Cândido Xavier. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 74.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

AGRADECIMENTO ETERNO

Quando a vida... começava no mundo, os pássaros sofriam bastante.
Pousavam nas árvores e sabiam voar, mas, como haviam de criar os filhotinhos? Isso era muito difícil.
Obrigados a deixar os ovos no chão, viam-se, quase sempre perseguidos e humilhados.
A chuva resfriava-os e os grandes animais, pisando neles, quebravam-nos sem compaixão. 
E as cobras? Essas rastejam no solo, procurando-os... para devorá-los na presença dos próprios pais, aterrorizados e trêmulos.
Conta-se que, por isso, as aves se reuniram e rogaram ao Pai Celestial que lhes desse o socorro necessário.
Deus ouviu-as e enviou-lhes um anjo que passou a orientá-las na construção.
Os pássaros não dispunham de mãos, entretanto, o mensageiro inspirou-as a usar os
biquinhos e, mostrando-lhes os braços amigos das árvores, ensinou-os a transportar pequeninas migalhas da floresta, ajudando-os a tecer os ninhos no alto.
Os filhotinhos começaram a nascer sem aborrecimentos, e, quando vieram as tempestades, houve segurança geral.
Reconhecendo que o Pai Celeste havia respondido às suas orações, as aves combinaram entre si cantar todos os dias, em louvor do Santo Nome de Deus.
Por essa razão, há passarinhos que se fazem ouvir pela manhã, outros durante o dia e outros ainda,  no transcurso da noite.
Quando encontrarmos uma ave cantando, lembremos pois, que do seu coraçãozinho
coberto de penas, está saindo o eterno agradecimento que...
Deus está ouvindo nos Céus.

Chico Xavier - Meimei

quarta-feira, 25 de junho de 2014

NA HORA DO SILÊNCIO

Quando te encontrares em qualquer dificuldade emocional, recorda o silêncio como instrumento divino de construção e paz.

*
Confuso, ele te ajudará a encontrar soluções adequadas.

*
Indeciso, ele te ajudará a fortalecer a idéia de maior equilíbrio.

*
Desacreditado, ele te ajudará a reconhecer que o mais importante é acreditares em ti mesmo.

*
Perseguido, ele te ajudará a compreender os perseguidores.

*
Injuriado, ele te ajudará a continuar apesar dos espinhos.

*
Vencido, ele te ajudará no refazimento de tuas forças.

*
Revoltado, ele te ajudará a entender o valor da resignação no processo de auto-aperfeiçoamento.

*
Ressentido, ele te ajudará a lutar contra o melindre.

*
Injustiçado, ele te ajudará a perceber que o perdão rompe a cadeia do mal.

*
Incompreendido, ele te ajudará a sustentar a paciência.

*
Toda vez que te sentires em dificuldades emocionais, pensa um pouco mais antes de qualquer atitude impetuosa e recorda que, diante de Pilatos, o silêncio de Jesus representou, para sempre, a vitória do bem imperecível sobre a incompreensão transitória.



Anuário Espírita 78. IDE. Página recebida pelo médium Antônio Baduy Filho.

terça-feira, 24 de junho de 2014

O VENCEDOR

"E Eu, quando levantado da terra, atrairei todos a mim." (João:12-32)

Jesus veio para inaugurar na terra o reino do amor. Encontrou dificuldades de toda natureza, porque os homens daqueles dias em que ele viveu entre nós, estavam acostumados ao poder e à força.

As criaturas se encontravam divididas entre senhores e escravos, poderosos e os sem valor nenhum.

A vida não era respeitada, porque a guerra destruía as esperanças e submetia os que não podiam vencer, deles fazendo infelizes sem liberdade.

Quando Jesus ensinou que todos os homens são iguais e que as diferenças se fazem somente através das conquistas morais, houve aborrecimentos por parte dos que governavam e queriam manter o estado de coisas no ritmo em que se encontrava.

Ele, porém, continuou a ensinar o amor a todos os seres, o perdão a todas as ofensas e a humildade como formas de crescimento para Deus. Vivia cercado pelos pobres, pelos sofredores, pelos que eram desprezados e não mereciam nenhuma consideração.

Em qualquer lugar em que ele aparecia, as multidões se aproximavam para o ouvir e receber das suas mãos o alimento da paz, a esperança de felicidade e a saúde. Nada conseguia perturbar Jesus. Ele convidou doze homens para que se tornassem seus discípulos, porque era o mais sábio do mundo, assim fazendo-se mestre de todos.

Esses amigos o amavam, mas não compreendiam a missão dele, o reino que fundava. Porque sofriam, e eram pobres, esperavam que ele se tornasse rei do país onde todos eles haviam nascido, e que se chamava Israel.

Ele demonstrava não ter interesse pelas coisas do mundo, nem pelas posições de destaque social na terra. Renunciava a tudo: aos aplausos, às gratidões, aos jogos humanos.

Mas, os companheiros não entendiam a sua atitude e ficavam inquietos. Eles amavam a Deus, mas queriam a felicidade no mundo. Jesus, no entanto, ensinou-lhes, dizendo:

- Eu sou o caminho para Deus, que é a verdade e a vida, e ninguém consegue compreender essa realidade, senão por meu intermédio.

Cada vez que ele apresentava lições tão profundas, que contrariavam os religiosos da época, aumentavam os ódios contra a sua vida.

Foi durante a sua visita a Jerusalém, que era a capital de Israel, como ainda hoje, durante umas festas chamadas de Páscoa, que Ele foi preso e levado a um julgamento injusto.

Judas, que era também seu discípulo, o vendeu aos sacerdotes, traindo o seu amor. E pedro, que igualmente o amava muito, quando foi apontado como sendo seu amigo, respondeu com medo, por três vezes:

- Eu nunca vi esse homem!

Os dois se arrependeram, quando o viram, depois de condenado, ser crucificado, no alto de um monte que era conhecido pelo nome de Calvário. Judas, atormentado, suicidou-se, envergonhado do que fizera, cometendo, com esse ato, um crime muito grave diante de Deus.

Pedro procurou recuperar-se, também arrependido, vivendo totalmente dedicado a pregar e a viver a doutrina que ele havia ensinado. E, de fato, foi na cruz, erguido da terra, que todos compreenderam que Jesus era o verdadeiro vencedor do mundo.

Embora houvesse morrido, ele ressuscitou, três dias depois, e voltou a conviver com os amigos, aparecendo até aos estranhos, num lugar onde estavam quase quinhentas pessoas, num monte, escutando João, que era o seu discípulo amado, falando a respeito dele.

O verdadeiro vencedor não é aquele que domina os outros, mas quem consegue dominar os seus ímpetos, amando sem qualquer rancor de ninguém, nem mesmo daqueles que o persigam e maltratem.



Divaldo Pereira Franco. O Vencedor. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. LEAL.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

HERESIAS

"E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós." - Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, capítulo 11, versículo 19.)

Recebamos os hereges com simpatia, falem livremente os materialistas, ninguém se insurja contra os que duvidam, que os descrentes possuam tribunais e vozes.

Isso é justo.

Paulo de Tarso escreveu este versículo sob profunda inspiração.

Os que condenam os desesperados da sorte não ajuizam sobre o amor divino, com a necessária compreensão. Que dizer-se do pai que amaldiçoa o filho por haver regressado a casa enfermo e sem esperança?

Quem não consegue crer em Deus está doente. Nessa condição, a palavra dos desesperados é sincera, por partir de almas vazias, em gritos de socorro, por mais dissimulados que esses gritos pareçam, sob a capa brilhante dos conceitos filosóficos ou científicos do mundo. Ainda que os infelizes dessa ordem nos ataquem, seus esforços inúteis redundam a benefício de todos, possibilitando a seleção dos valores legítimos na obra iniciada.

Quanto à suposta necessidade de ministrarmos fé aos negadores, esqueçamos a presunção de satisfazê-los, guardando conosco a certeza de que Deus tem muito a dar-lhes. Recebamo-los como irmãos e estejamos convictos de que o Pai fará o resto.



Francisco Cândido Xavier. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 36.

domingo, 22 de junho de 2014

MALES E REMÉDIOS

Inconformação diante do sofrimento?
Olhe em derredor e reconhecerá legiões de pessoas que sofrem muito mais, sem as suas possibilidades de reconforto.

Desentendimento em família?
Oriente as crianças de casa e respeite os adultos, deixando a eles a faculdade de se decidirem, quanto às próprias realizações, qual acontece no mundo íntimo de cada um de nós.

Algum erro cometido?
Reconsidere a própria atitude e não se constranja em aceitar as suas deficiências, de modo a corrigi-las.

Erros alheios?
Observando-se quão difícil aprender sem errar, saibamos desculpar os desacertos dos outros, tanto quanto esperamos tolerância para os nossos.

Entes queridos em falha?
Deus que nos criou a todos saberá conduzi-los sem que tenhamos a obrigação de arrasar-nos ao vê-los adquirindo as experiências da vida, pela quais também nós temos pago ou pagaremos o preço que nos compete.

Provação?
Uma visita ao hospital pode dar a você a ficha de suas vantagens em relação aos outros.

Problemas?
Não se sabe de criatura alguma que evolua ou se aperfeiçoe, sem eles, incluindo aquelas que se supõem tranqüilas por estarem fugindo provisoriamente de trabalhar.

Angústia?
Ao que se conhece, todo tratamento para a supressão da ansiedade está baseado ou complementado pelo serviço em favor de alguma causa nobre ou em auxílio de alguém.

Censura?
Um minuto de auto-análise nos fará sentir que não estamos muito certos, quanto à nossa própria resistência, se acaso estivéssemos no lugar daqueles que jazem caídos em desapreço.

Desilusões e fracassos no relacionamento afetivo?
Experimente Jesus.




Psicografia Chico Xavier Autor: André Luiz

sábado, 21 de junho de 2014

PREPARA-TE PARA AS OFENSAS

Não te deixes desanimar pela crítica. Encontrarás contraditores encarniçados, sobretudo entre os que têm interesse nos abusos. Encontrá-los-ás mesmo entre os Espíritos, por isso que os que ainda não estão completamente desmaterializados procuram freqüentemente semear a dúvida por malícia ou ignorância. Prossegue sempre. Crê em Deus e caminha com confiança: aqui estaremos para te amparar e vem próximo o tempo em que a Verdade brilhará de todos os lados.

A vaidade de certos homens, que julgam saber tudo e tudo querem explicar a seu modo, dará nascimento a opiniões dissidentes. Mas, todos os que tiverem em vista o grande princípio de Jesus se confundirão num só sentimento: o do amor do bem e se unirão por um laço fraterno, que prenderá o mundo inteiro. Estes deixarão de lado as miseráveis questões de palavras, para só se ocuparem com o que é essencial. E a doutrina será sempre a mesma, quanto ao fundo, para todos os que receberem comunicações de Espíritos superiores.

Com perseverança é que chegarás a colher os frutos de teus trabalhos. O prazer que experimentarás, vendo a doutrina propagar-se e bem compreendida, será uma recompensa, cujo valor integral conhecerás, talvez mais no futuro do que no presente. Não te inquietes, pois, com os espinhos e as pedras que os incrédulos ou os maus acumularão no teu caminho. Conserva a confiança: com ela chegarás ao fim e merecerás ser sempre ajudado.

Lembra-te de que os Bons Espíritos só dispensam assistência aos que servem a Deus com humildade e desinteresse e que repudiam a todo aquele que busca na senda do Céu um degrau para conquistar as coisas da Terra; que se afastam do orgulhoso e do ambicioso. O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira erguida entre o homem e Deus. São um véu lançado sobre as claridades celestes, e Deus não pode servir-se do cego para fazer perceptível a luz.

Allan Kardec

sexta-feira, 20 de junho de 2014

MÁGOA

Síndrome alarmante, de desequilibro, a presença da mágoa faculta a fixação de graves enfermidades físicas e psíquicas no organismo de quem a agasalha.

A mágoa pode ser comparada à ferrugem perniciosa que destrói o metal em que se origina.

Normalmente se instala nos redutos do amor-próprio ferido e paulatinamente se desdobra em seguro processo enfermiço, que termina por vitimar o hospedeiro.

De fácil combate, no início, pode ser expulsa mediante a oração singela e nobre, possuindo, todavia, o recurso de, em habitando os tecidos delicados do sentimento, desdobrar-se em modalidades várias, para sorrateiramente apossar-se de todos os departamentos da emotividade, engedrando cânceres morais irreversíveis. Ao seu lado, instala-se, quase sempre, a aversão, que estimulam o ódio, etapa grave do processo destrutivo.

A mágoa, não obstante desgovernar aquele que a vitaliza, emite verdadeiros dardos morbíficos que atingem outras vítimas incautas, aquelas que se fizeram as causadoras conscientes ou não do seu nascimento.

Borra sórdia, entorpece os canais por onde transita a esperança, impedindo-lhe o ministério consolador.

Hábil, disfarça-se, utilizando-se de argumentos bem urdidos para negar-se ao perdão ou fugir ao dever do esquecimento. Muitas distonias orgânicas são o resultado do veneno da mágoa, que, gerando altas cargas tóxicas sobre a maquinaria mental, produz desequilíbrio no mecanismo psíquico com lamentáveis consequências nos aparelhos circulatório, digestivo, nervoso...

O homem é, sem dúvida, o que vitaliza pelo pensamento. Sua idéias, suas aspirações constituem o campo vibratório no qual transita e em cujas fontes se nutre.

Estiolando os ideais e espalhando infundadas suspeitas, a mágoa consegue isolar o ressentido, impossibilitando a cooperação dos socorros externos, procedentes de outras pessoas.

Caça implacavelmente esses agentes inferiores, que conspiram contra a tua paz. O teu ofensor merece tua compaixão, nunca o teu revide.

Aquele que te persegue sofre desequilibros que ignoras e não é justo que te afundes, com ele, no fosso da sua animosidade.

Seja qual for a dificuldade que te impulsione à mágoa, reage, mediante a renovação de propósitos, não valorizando ofensas nem considerando ofensores.

Através do cultivo de pensamentos salutares, pairarás acima das viciações mentais que agasalham esses miasmas mortíferos que, infelizmente, se alastram pela Terra de hoje, pestilenciais, danosos, aniquiladores.

Incontáveis problemas que culminam em tragédias quotidianas são decorrência da mágoa, que virulenta se firmou, gerando o nefando comércio do sofrimento desnecessário.

Se já registras a modulação da fé raciocinada nos programas da renovação interior, apura aspirações e não te aflijas. Instado às paisagens inferiores, ascendo na direção do bem. Malsinado pela incompreensão, desculpa. Ferido nos melhores brios, perdoa.

Se meditares na transitoriedade do mal e na perenidade do bem, não terás outra opção, além daquela: amar e amar sempre, impedindo que a mágoa estabeleça nas fronteiras da tua vida as balizas da sua província infeliz.

"Quando estiveres orando, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que vosso Pai que está nos Céus, vos perdoe as vossas ofensas". - Marcos: 11-25.

"Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! exclama geralmente o homem em todas as posições sociais. Isto, meus caros filhos, prova melhor do que todos os raciocínios possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes: "A felicidade não é deste mundo". - Cap.V - Item 20.



Divaldo Pereira Franco. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEA
L.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

CADA AVE EM SEU NINHO

O mal reside na furna da ignorância.

O ódio respira nas trincheiras da discórdia.

A inveja mora no deserto da insatisfação.


A tristeza improdutiva desabrocha no abismo do desânimo.

A perturbação cresce no precipício do dever não cumprido.

O desequilíbrio desenvolve-se no despenhadeiro da intemperança.

A crueldade nasce no pedregulho da dureza espiritual.

A maledicência brota no espinheiral da irreflexão.

A alegria reside no coração que ama e serve.

A tranqüilidade não se aparta da boa consciência.

A fé reconforta-se no templo da confiança.

A solidariedade viceja no santuário da simpatia.

A saúde vive na submissão à Lei Divina.

O aprimoramento não se separa do serviço constante.

O dom de auxiliar mora na casa simples e acolhedora da humildade.

Cada ave em seu ninho, cada coisa em seu lugar.

Há muitas moradas para nossa alma sobre a própria Terra.

Cada criatura vive onde lhe apraz e com quem lhe agrada.

Procuremos a estrada do verdadeiro bem que nos conduzirá à felicidade perfeita, de vez que, segundo o ensinamento do Evangelho, cada espírito tem o seu tesouro de luz ou o seu fardo de sombra, onde houver colocado o próprio coração.



Francisco Cândido Xavier. Construção do Amor. Pelo Espírito Emmanuel. CEU.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

O AMOR ESTÁ NA MODA

A Organização das Nações Unidas - ONU, estabeleceu que o ano de 2001 seria o ano internacional do voluntariado. Concluído o ano, os Comitês formados para impulsionar o trabalho voluntário e as doações em nosso país, mostraram um saldo muito positivo.

Somente em um dos estados brasileiros, quinze mil pessoas buscaram o Centro de Voluntariado com interesse em auxiliar, de alguma forma, a alguém. Um número muito maior do que o dos últimos quatro anos somados.

E, vejamos, são quarenta Centros voluntários no Brasil, que desejam transformar a experiência do ano em década do voluntariado.

Mas, não é preciso estar ligado a uma instituição para ajudar. Basta desejar dedicar seu talento e algum tempo de seu trabalho no interesse social ou comunitário.

A boa notícia nos remete aos princípios evangélicos e ao convite insistente de Jesus: "amai-vos uns aos outros."

Se recuarmos na história, verificaremos que os cristãos primitivos tinham exatamente este sentimento em seus corações.

Numa época em que não havia assistência social, em que as leis ainda não beneficiavam nem protegiam o cidadão, os cristãos eram aqueles que amparavam velhos, órfãos e crianças abandonadas.

Os espíritos superiores esclarecem, em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, que numa sociedade justa, "o forte deve trabalhar para o fraco. Não tendo este família, a sociedade deve fazer às vezes desta. É a lei de caridade."

E estamos chegando lá. Estamos nos importando com o idoso, não somente criando mecanismos que lhe permitam o alimento, a moradia, o medicamento, mas igualmente que tudo isto se dê em clima de dignidade.

Estamos nos importando com os sentimentos dessas criaturas que tanto fizeram e agora se encontram de forças diminuídas, mas ainda com possibilidades de ser e de se sentirem úteis.

Estamos nos importando com as crianças que perambulam pelas ruas, nos preocupando em lhes dar instrução através da escola, mas também amor através da ação voluntária que as recebe e lhes oferece afeto.

Estamos nos preocupando com seu lazer, com seus dias de infância, a fim de que elas cresçam em clima de menos carência e mais harmonia.

Estamos diminuindo a lista dos órfãos e abandonados, graças aos corações que se abrem para se tornarem pais e mães de filhos alheios, tanto quanto humanizando as casas-lares para aqueles que não alcançam a ventura da adoção.

Em suma, estamos respirando e buscando transformar em realidade o milênio de paz que todos desejamos.

O amor está na moda. A aragem branda de Jesus invade os corações das pessoas de todas as nações. Isto é bom.

Isto nos dá maior confiança de que em breve tempo o reino de Deus se instalará, em definitivo, na terra, porque ele começa no coração de cada um.

Você sabia?

Você sabia que pesquisa recente revelou que de cada cinco brasileiros adultos, um faz trabalhos voluntários?

E que, além disso, 50% deles fazem doações para instituições e 30% para pessoas?

Tudo isto nos leva a crer que o amor está na moda e que estamos descobrindo que amar faz bem para a alma e para a vida.


Equipe de Redação do Momento Espírita, a partir de reportagem do dia 6.12.2001 da Folha de São Paulo, dados estatísticos extraídos da revista Seleções do Reader’s Digest, de janeiro2002, seção só no Brasil, e da perg. 685a de O Livro dos Espíritos.

terça-feira, 17 de junho de 2014

EIA AGORA

"Eia agora, vós que dizeis... amanhã..." (Tiago, 4:13)

Agora é o momento decisivo para fazer o bem.

Amanhã, provavelmente...

O amigo terá desaparecido.

A dificuldade estará maior.

A moléstia terá ficado mais grave.

A ferida, possivelmente, mostrar-se-á mais crescida de extensão.

O problema talvez surja mais complicado.

A oportunidade de ajudar não se fará repetida.

A boa semente plantada agora é uma garantia da produção valiosa no porvir.

A palavra útil pronunciada sem detença, será sempre uma luz no quadro em que vives.

Se, desejas ser desculpado de alguma falta, aproxima-te agora daqueles a quem feriste e revela o teu propósito de reajustamento.

Se te propões auxiliar o companheiro, ajuda-o sem demora para que a benção de teu concurso fraterno responda às necessidades de teu irmão, com a desejável eficiência.

Não durmas sobre a possibilidade de fazer o melhor.

Não te mantenhas na expectativa inoperante, quando podes contribuir em favor da alegria e da paz.

A dádiva tardia tem gosto de fel.

"Eia agora" - diz-nos o Evangelho, na palavra apostólica.

Adiar o bem que podemos realizar é desaproveitar o tempo e furtar do Senhor.





Francisco Cândido Xavier. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 119.


Eia = expressão que serve para animar, excitar.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

FACES DO DINHEIRO

O dinheiro assume em nossa experiência variados aspectos.

Temo-lo em diversas modalidades, auxiliando ou prejudicando, iluminando ou denegrindo...

Encontramos o dinheiro-alegria que se transforma em alimento na boca das crianças desamparadas...

Dinheiro-tranqüilidade que consegue pacificar o coração desditoso do homem de bem, cujas mãos chagadas no dever cumprido não podem atender às exigências do lar...

Dinheiro-fraternidade que acende o estímulo de viver nos corações amarfanhados pelo infortúnio...

Dinheiro-luz que incentiva o estudo nobre, a fim de que o próximo se liberte das teias da ignorância...

Dinheiro-progresso que distribui as bênçãos do trabalho com milhares de pessoas, conjugadas no serviço da indústria e da educação...

Dinheiro-caridade que nutre as energias das mães sofredoras e protege o corpo engelhado de velhinhos sem esperança...

Mas vemos igualmente o dinheiro-usura, criando indiferença e crueldade naqueles que o entesouram...

Dinheiro-sofrimento, gerando amargura e tédio naqueles que o amontoam, à custa das lágrimas de seus irmãos...

Dinheiro-treva, envolvendo em nevoeiro de perturbações e de mágoas todos aqueles que o acumulam, ao preço da alheia infelicidade...

Dinheiro-remorso, estabelecendo aflição e pesar nas almas desprevenidas que o amealham nos espinheiros do crime...

Dinheiro-angústia, trazendo tempestade de pranto naqueles que o entravam, em deplorável cegueira, perante a necessidade dos semelhantes...

Dinheiro!... Dinheiro!...

Sim, é possível guardar o dinheiro que conduz ao Céu, entretanto, quase todas as criaturas não sabem construir com ele senão o inferno a que se arrojam, no dia em que a morte lhes abre o caminho da grande transição.

Roguemos ao Senhor nos auxilie a compreender os bens da vida e a movimentá-los, segundo os ditames do Seu Amor.



Pelo Espírito Olívia



Francisco Cândido Xavier. Comandos do Amor. Espíritos Diversos. IDE.

Desditoso = infeliz
Engelhado = enrrugado

domingo, 15 de junho de 2014

O EGOISMO

O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. E a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens.

Jesus vos deu o exemplo da caridade e Pôncio Pilatos o do egoísmo, pois, quando o primeiro, o Justo, vai percorrer as santas estações do seu martírio, o outro lava as mãos, dizendo: Que me importa! Animou-se a dizer aos judeus: Este homem é justo, por que o quereis crucificar? E, entretanto, deixa que o conduzam ao suplício.

É a esse antagonismo entre a caridade e o egoísmo, à invasão do coração humano por essa lepra que se deve atribuir o fato de não haver ainda o Cristianismo desempenhado por completo a sua missão. Cabem-vos a vós, novos apóstolos da fé, que os Espíritos superiores esclarecem, o encargo e o dever de extirpar esse mal, a fim de dar ao Cristianismo toda a sua força e desobstruir o caminho dos pedrouços que lhe embaraçam a marcha. Expulsai da Terra o egoísmo para que ela possa subir na escala dos mundos, porquanto já é tempo de a Humanidade envergar sua veste viril, para o que cumpre que primeiramente o expilais dos vossos corações.

- Emmanuel. (Paris, 1861.)

Allan Karcec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB.

Pedrouços = montão de pedras

sábado, 14 de junho de 2014

O EFEITO DA CÓLERA

Um velho judeu, de alma torturada por pesados remorsos, chegou, certo dia, aos pés de Jesus, e confessou-lhe estranhos pecados.

Valendo-se da autoridade que detinha no passado, havia despojado vários amigos de suas terras e bens, arremessando-os à ruína total e reduzindo-lhes as famílias a doloroso cativeiro. Com maldade premeditada, semeara em muitos corações o desespero, a aflição e a morte.

Achava-se, desse modo, enfermo, aflito e perturbado... Médicos não lhe solucionavam os problemas, cujas raízes se perdiam nos profundos labirintos da consciência dilacerada.

O Mestre Divino, porém, ali mesmo, na casa de Simão Pedro, onde se encontrava, orou pelo doente e, em seguida, lhe disse:

- Vai em paz e não peques mais.

O ancião notou que uma onda de vida nova lhe penetrara o corpo, sentiu-se curado, e saiu, rendendo graças a Deus.

Parecia plenamente feliz, quando, ao atravessar a extensa fila dos sofredores que esperavam pelo Cristo, um pobre mendigo, sem querer, pisou-Ihe num dos calos que trazia nos pés.

O enfermo restaurado soltou um grito terrível e atacou o mendigo a bengaladas.

Estabeleceu-se grande tumulto.

Jesus veio à rua apaziguar os ânimos.

Contemplando a vítima em sangue, abeirou-se do ofensor e falou:

- Depois de receberes o perdão, em nome de Deus, para tantas faltas, não pudeste desculpar a ligeira precipitação de um companheiro mais desventurado que tu?

O velho judeu, agora muito pálido, pôs as mãos sobre o peito e bradou para o Cristo:

- Mestre, socorre-me!... Sinto-me desfalecer de novo... Que será isto?

Mas, Jesus apenas respondeu, muito triste:

- Isso, meu irmão, é o ódio e a cólera que outra vez chamaste ao próprio coração.

E, ainda hoje, isso acontece a muitos que, por falta de paciência e de amor, adquirem amargura, perturbação e enfermidade.


Francisco Cândido Xavier. Pai Nosso. Pelo Espírito Meimei. FEB.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

E OLHAI POR VÓS

"E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez e dos cuidados desta vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia." - Jesus. (LUCAS, 21:34.)


Em geral, o homem se interessa por tudo quanto diga respeito ao bem-estar imediato da existência física, descuidando-se da vida espiritual, a sobrecarregar sentimentos de vícios e inquietações de toda sorte. Enquanto lhe sobra tempo para comprar aflições no vasto noticiário dos planos inferiores da atividade terrena, nunca encontra oportunidade para escassos momentos de meditação elevada. Fixa com interesse as ondas destruidoras de ódio e treva que assolam nações, mas não vê, comumente, as sombras que o invadem. Vasculha os males do vizinho e distrai-se dos que lhe são próprios.

Não cuida senão de alimentar convenientemente o veículo físico, mergulhando-se no mar de fantasias ou encarcerando-se em laços terríveis de dor, que ele próprio cria, ao longo do caminho.

Depois de plasmar escuros fantasmas e de nutrir os próprios verdugos, clama, desesperado, por Jesus e seus mensageiros.

O Mestre, porém, não se descuida em tempo algum e, desde muito, recomendou vele cada um por si, na direção da espiritualidade superior.

Sabia o Senhor quanto é amargo o sofrimento de improviso e não nos faltou com o roteiro, antecedendo-nos a solicitação, há muitos séculos.

Retire-se cada um dos excessos na satisfação egoística, fuja ao relaxamento do dever, alije as inquietações mesquinhas - e estará preparado à sublime transformação.

Em verdade, a Terra não viverá indefinidamente, sem contas; contudo, cada aprendiz do Evangelho deve compreender que o instante da morte do corpo físico é dia de juízo no mundo de cada homem.





Francisco Cândido  Xavier. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 23.

Glutonaria = comer demais, glutão.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

NO MÊS DOS NAMORADOS

Dia 12 de Junho é o dia dos namorados. Já pela aproximação deste dia, ficamos mais apaixonados, mais sensíveis as necessidades de afeto,... Neste dia os casais se buscam com mais carinho, com o desejo mais forte de estarem juntos. É um clima que fica no ar. Um clima de amor, de romantismo,... Os casais trocam presentes, saem para passear juntos, vivem momentos de amor intenso, fazem e refazem juras de amor eterno, de fidelidade perene, entre outras mil. Sonham juntos, viajam no mundo da imaginação sobreexcitada pelos sentimentos afetivos aflorados, extremamente aflorados.

Neste dia, para milhares de casais de namorados, tudo reflete amor. Poderíamos dizer que o amor está no ar. Mas, nem todos compartilham desta situação aprazível neste dia. Assim como para quem esta acompanhado, este dia se torna maravilhoso, para quem está sozinho, principalmente se já teve alguém a quem muito amou, esta data significa saudade e sofrimento, recordação e melancolia.

Para uns é só felicidade, e haverá maior felicidade que a de compartilhar a vida com o ser amado ? Para outros é só tristeza, e haverá maior tristeza que a de não estar mais junto de alguém a quem amamos e que também nos amou?

Julgamos importante refletir, neste mês dos namorados, sobre a importância do amor em nossas vidas, sobre a responsabilidade que temos para com aqueles que amamos, sobre o compromisso que assumimos num relacionamento afetivo.

Se estamos unidos a alguém, agradeçamos a Deus, e nos esforcemos por ser dignos desta alegria, desta felicidade, que nem todos têm na Terra. Se estamos temporariamente sozinhos, não nos aflijamos em demasia, porque a saudade ou a carência de afeto é uma prova necessária para que aprendamos a valorizar o amor, assim como a fome nos ensina a valorizar o alimento, assim também como o frio nos ensina a valorizar o agasalho.

Quem ama, inquieta-se pela felicidade do ser amado. E realizar felicidade de quem amamos é muito mais que oferecer-lhe lindos e preciosos presentes. Além de doar do que temos, devemos doar do que somos, além das jóias preciosas devemos doar a manifestação dos tesouros de nosso afeto, das riquezas do coração, do ouro do amor puro, do diamante da fidelidade, das pérolas da sinceridade.

O amor também há que ser sereno e brando, para ser constante. Como um rio tranqüilo que caminha seguro em direção ao mar ou como uma chuva fina que fertiliza o solo sem destruir.

Como é bom estar enamorado! Como é bom ser amado e como é maravilhoso estar amando! Todavia, não convertamos o fogo de nosso amor no incêndio da paixão avassaladora.

O namoro, além do mais é o começo de um relacionamento, que pode perdurar ou não, e se perdurar deverá coroar-se de bênçãos no matrimônio, através do qual, formamos a família, recebemos nossos filhos, edificamos nossos lares,...

Caros amigos leitores, a todos desejamos muita felicidade no amor. Que nos inspiremos mais uma vez em Jesus, nosso Mestre maior, em todas as situações. Foi ele quem nos ensinou: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei." E cremos, sinceramente, isto também vale para o compromisso afetivo, seja ela no
namoro, no noivado ou no casamento, na Terra e no mais além.

Gilberto Costa Valle

quarta-feira, 11 de junho de 2014

TALVEZ HOJE

Talvez hoje:
Surgirá quem procure ditar-lhe o que você precisa fazer; entretanto, embora agradecendo as elogiáveis intenções de quem lhe oferece pontos de vista ouça, antes de tudo, a sua própria consciência quanto ao dever que lhe cabe; 


é possível apareça algum coração amigo impondo-lhe quadros de pessimismo e perturbação, relativamente às dificuldades do mundo; compadecendo-se, porém da criatura que se entrega ao derrotismo e ao desânimo, você observará a renovação para o bem que a Sabedoria Divina promove em toda parte;

é provável que essa ou aquela pessoa queira impor a você idéias de fadiga e doenças; mas conquanto a sua gratidão aos que lhe desejem bem-estar, você prosseguirá trabalhando e servindo ao alcance de suas forças;

possivelmente, notícias menos agradáveis venham a suscitar-lhe inquietações e traçar-lhe problemas; no entanto, você conservará a própria paz e não se desligará das suas orações e pensamentos de otimismo e esperança.

Talvez hoje tudo pareça contra você, mas você prosseguirá compreendendo e agindo, em apoio do bem, guardando a certeza de que Deus está conosco e de que amanhã será outro dia.



Francisco Cândido Xavier. Respostas da Vida. Pelo Espírito André Luiz. IDEAL. Capítulo 25.

terça-feira, 10 de junho de 2014

UMA HISTÓRIA DRAMÁTICA

Senhor Jesus,

Venho a ti hoje com o sentimento tocado por uma dor profunda, vivida por uma jovem mulher.

Há pouco dias, uma garota passou por nossa Casa Espírita, implorando que alguém lhe ouvisse o drama vivido.

Eu era o único servidor disponível no momento, e me prontifiquei a escutá-la, já que me parecia muito ferida na emoção.

Depois de procurar algumas amigas e outras orientações religiosas, resolveu entrar em nosso Centro, como último local onde pudesse extravasar seu sofrimento.

No diálogo fraterno, disse chorando que se decidira por fazer um aborto. Dois meses atrás, seu lar fora assaltado, e um dos ladrões a violentara, engravidando-a.

Assim que soube da gravidez, tomou-se de horror pelo próprio corpo, principalmente pelo bebê que ganhava vida em seu interior.

Confusa, afirmou que nem sabia por que entrara em nosso grupo espírita, até porque já estava decidida. Eliminar o feto era a única forma de não permitir que um monstro gerasse um ser por seu intermédio.

Lembro-me, Senhor, que a jovem citara a reportagem de uma revista feminina, que orientava sobre a prática do aborto por estupro. OCódigo Penal Brasileiro considera legal essa decisão, da mesma forma que o praticado quando está em risco a vida da gestante.

De imediato, recordei-me dos livros espíritas que contam histórias de grandes mulheres que sentiam muita afeição por crianças, mas traziam grandes dívidas morais com elas. Algumas não puderam acariciar um filhinho nos braços, porque precisaram reeducar-se no amor de mãe, consoante os débitos contraídos no passado.

Mestre querido, minha dor cresceu quando notei que essa moça fazia perguntas, mas intimamente já havia obtido as respostas que desejava, vindas de tantas estudiosas que, movidas por boa vontade, querem ver a mulher respeitada na sociedade dos homens, e não aceitam uma violência como essa contra o ser feminino.

Sofri porque sei o valor moral dessas grandes defensoras da igualdade dos direitos para ambos os sexos. O drama maior é ter a certeza, Senhor, de que essas mesmas mulheres ainda não incluíram em suas pautas de estudo o conhecimento da realidade espiritual, envolvidas aí todas as implicações advindas da reencarnação e dos compromissos trazidos de outras vidas.

Sei que para tantas o tema está fora de cogitação, mas Tu mesmo nos orientaste que o Pai não precisa da crença das criaturas para que as Leis Naturais atuem com rigor e precisão, preservadas as suaves concessões da Misericórdia Divina.

Venho a ti, Amigo, para refletirmos juntos sobre como agir nesse momento tão grave. Como informar à vítima que sem a permissão de Deus nada acontece; que se uma tragédia transformou-a hoje em agredida, em que página de seu pretérito vamos encontrá-la como agressora, elaborando a causa geradora do débito!?

É difícil raciocinar em momento de tão intensa mágoa, sobretudo quando tantas almas estão envolvidas. O estuprador, condicionado pela emoção primária da violência; o Espírito reencarnante, que também se encontra em resgate de pesadas dívidas, por estar no centro do drama; a mãe, de quem depende a decisão final; os pais, que via de regra sofrem igualmente as dores de todo o processo; enfim, todos que se encontram afetivamente vinculados aos personagens principais.

Inserido diretamente no contexto, vi-me convidado a deixar-lhe a orientação espírita, que mostra a vida maior com toda sua pujança e grandeza, a nos lembrar que Deus se compadece de todos os que sofrem e dos que fazem sofrer, amando-os indistintamente.

Ó, Senhor, se soubéssemos um pouco mais da presença do Onipotente em nossas vidas, quantas tristezas poderíamos superar com equilíbrio e serenidade. Teríamos convicção, por exemplo, de que assim que cometemos um erro grave, abrindo campo para futuros sofrimentos, recebemos ao mesmo tempo incontáveis oportunidades de reajuste, não através da dor, mas pela grandeza do amor, que é capaz de nos fazer resgatar o débito sem precisar que passemos pelo mesmo mal causado a outrem.

A noção correta das normas do Regente Supremo do Universo nos dá certeza de que lesões terríveis como a do estupro poderiam ter sido evitadas, com o despertamento anterior de quem está em dívida. Entre a ferida aberta da dor imediata e o discernimento consolador da explicação espírita, rogo por que um dia a segunda opção seja a mais aceita.

Mas como dizer isso a quem está com a emoção em pedaços? Peço-te, portanto, Irmão, que nos ensines a ampliar os efeitos do amor em nosso próprio ser. Quem sabe, assim, sintamos menos dificuldades para orientar alguém, já que esse sentimento consegue falar por si, ao consolar em silêncio.

Diante das diretrizes materialistas que ainda regem o mundo, deixe-nos rogar-te por compreensão. Compadece-te dessa mulher que chora, mas sobretudo do Espírito reencarnante que aguarda uma decisão.

Despede-nos em tua profunda paz, e roga a Deus pela Humanidade, para que nossos corações cheios de máculas obscuras se transmutem em páginas vivas da tua mensagem, a fim de podermos consolar com mais compaixão os que estão sofrendo tanto.

Assim seja!



Carlos Augusto Abranches. Reformador, junho de 1996.

segunda-feira, 9 de junho de 2014

OBEDIÊNCIA E RESIGNAÇÃO

A doutrina de Jesus ensina, em todos os seus pontos, a obediência e a resignação, duas virtudes companheiras da doçura e muito ativas, se bem que os homens erradamente as confundam com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da razão; a resignação é o consentimento do coração, forças ativas ambas, porquanto carregam o fardo das provações que a revolta insensata deixa cair. O pusilânime não pode ser resignado, do mesmo modo que o orgulhoso e o egoísta não podem ser obedientes. Jesus foi a encarnação dessas virtudes que a antigüidade material desprezava. Ele veio no momento em que a sociedade romana perecia nos desfalecimentos da corrupção. Veio fazer que, no seio da Humanidade deprimida, brilhassem os triunfos do sacrifico e da renúncia carnal.

Cada época é marcada, assim, com o cunho da virtude ou do vício que a tem de salvar ou perder. A virtude da vossa geração é a atividade intelectual; seu vicio é a indiferença moral. Digo, apenas, atividade, porque o gênio se eleva de repente e descobre, por si só, horizontes que a multidão somente mais tarde verá, enquanto que a atividade é a reunião dos esforços de todos para atingir um fim menos brilhante, mas que prova a elevação intelectual de uma época. Submetei-vos à impulsão que vimos dar aos vossos espíritos; obedecei à grande lei do progresso, que é a palavra da vossa geração. Ai do espírito preguiçoso, ai daquele que cerra o seu entendimento! Ai dele! porquanto nós, que somos os guias da Humanidade em marcha, lhe aplicaremos o látego e lhe submeteremos a vontade rebelde, por meio da dupla ação do freio e da espora. Toda resistência orgulhosa terá de, cedo ou tarde, ser vencida. Bem-aventurados, no entanto, os que são brandos, pois prestarão dócil ouvido aos ensinos.

Lázaro. (Paris, 1863.)



ALLAN  KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. 

Pusilânime: Covarde
Látego: Açoite

domingo, 8 de junho de 2014

JESUS E OS AMIGOS

"Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a vida pelos seus amigos." - Jesus. (JOÃO, capítulo 15, versículo 13.)

Na localização histórica do Cristo, impressiona-nos a realidade de sua imensa afeição pela Humanidade.

Pelos homens, fez tudo o que era possível em renúncia e dedicação.

Seus atos foram celebrados em assembléias de confraternização e de amor. A primeira manifestação de seu apostolado verificou-se na festa jubilosa de um lar. Fez companhia aos publicanos, sentiu sede da perfeita compreensão de seus discípulos. Era amigo fiel dos necessitados que se socorriam de suas virtudes imortais. Através das lições evangélicas, nota-se-Lhe o esforço para ser entendido em sua infinita capacidade de amar. A última ceia representa uma paisagem completa de afetividade integral. Lava os pés aos discípulos, ora pela felicidade de cada um...

Entretanto, ao primeiro embate com as forças destruidoras, experimenta o Mestre o supremo abandono. Em vão, seus olhos procuram a multidão dos afeiçoados, beneficiados e seguidores.

Os leprosos e cegos, curados por suas mãos, haviam desaparecido.

Judas entregou-o com um beijo.

Simão, que lhe gozara a convivência doméstica, negou-o três vezes.

João e Tiago dormiram no Horto.

Os demais preferiram estacionar em acordos apressados com as acusações injustas. Mesmo depois da Ressurreição, Tomé exigiu-lhe sinais.

Quando estiveres na "porta estreita", dilatando as conquistas da vida eterna, irás também só. Não aguardes teus amigos. Não te compreenderiam; no entanto, não deixes de amá-los. São crianças. E toda criança teme e exige muito.



Francisco CândidoXavier. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 86.

sábado, 7 de junho de 2014

LAMENTÁVEL EQUÍVOCO

Convencionou-se que felicidade é despreocupação, logo seguida de alegrias em paisagens rutilantes de Sol e de bem-estar.

Para fruí-la, até a embriaguez dos sentidos, basta acumular haveres ou recebê-los de outrem, de modo que a despreocupação acompanhe a trajetória do indivíduo fútil e ditoso.

Lamentável equívoco tal conceito, porquanto, esse estado, mais de prazer do que de felicidade, somente existe como alguma forma de utopia.

A existência humana é uma sucessão de desafios, mediante os quais, os valores morais se fortalecem na luta, desenvolvendo as potencialidades íntimas do ser.

Qualquer anseio por comodidade sem ação dignificadora, transforma-se em indolência que trabalha em favor da decomposição moral e emocional do indivíduo.

Aquele que não se vincula a um labor, exercitando a mente, vitalizando a emoção, acionando o corpo, avança para a desorganização da existência e converte-se em parasita social, nutrindo-se do esforço alheio e das concessões da vida, que não deseja retribuir.

A constituição orgânica é suscetível de alterações sutis ou expressivas, sempre manifestando situações que alteram completamente os quadros ilusórios do prazer que é sempre de breve duração.

Como conseqüência, os estados emocionais estão sujeitos a mudanças de humor, mesmo quando, aparentemente, tudo transcorre bem.

Essa satisfação, disfarçada de felicidade, também oculta situações penosas em que o Espírito se encontra.

Pode indicar leviandade e desinteresse em relação aos acontecimentos morais ou mesmo manifestar-se como síndrome de alguma alienação mental em processo de agravamento.

A criatura responsável não se aquieta no banquete do prazer, nem se amolenta no veículo do comodismo, desfrutando sem produzir, gozando sem favorecer aos demais.

É propelida ao esforço do automelhoramento, e, para tanto, empreende lutas e sacrifícios que lhe exigem tensão emocional, desgaste de energias físicas que, no entanto, renovam-se sem cessar, em face do próprio estímulo a que são propelidas.

O riso, que expressa alegria, quando deslocado no tempo e na oportunidade, demonstra desequilíbrio, falta de sensatez, porque momentos se apresentam que exigem seriedade e reflexão.

Certamente que o sofrimento não representa felicidade, se olhado sob o ponto de vista do imediatismo social.

Pelo contrário, a sua presença no trânsito carnal constitui convite à avaliação de como transcorrem os dias e as experiências, tornando-se uma advertência em torno da maneira de se viver.

O ser humano é um conjunto eletrônico regido pela consciência, que se exterioriza do Espírito imortal.

*

Pretendendo alcançar a meta programada para a reencarnação, desperta para a realização do teu processo iluminativo.

Se visitado pelas dores de quaisquer matizes, não te aflijas em demasia, antes considerando que elas são mecanismos expungitivos que a Vida te proporciona, a fim de que redundem como alegrias reais.

Se a escassez de recursos econômicos te constringe ou se problemas se apresentam na área da saúde, de forma alguma consideres o evento como sendo uma desgraça, valorizando a experiência como recurso de aprendizado e renovação de comportamento que trabalha pela tua edificação pessoal.

Se sofres perseguições e te vês a braços com problemas que exigem atenção, mantém-te sereno e encontrarás meios para superá-los todos.

Se a ausência de afeto, de companheirismo, para ajudar-te na escalada evolutiva magoa-te, renova-te na esperança de que amanhã encontrarás a alma querida que, no momento, não pode estar ao teu lado.

Melhor a solidão, não poucas vezes, do que as companhias turbulentas, afligentes e desesperadoras, mediante, as quais, são impostas reparações morais muito complexas.

Em realidade, felizes são todos aqueles que, na Terra, por enquanto experimentam aflição e abandono, enfermidades e dores, porque esses são recursos valiosos de que se utiliza a Divindade para facultar o aprimoramento do Espírito que se aformoseia na luta de crescimento íntimo.

As pessoas que se banqueteiam no conforto e na saúde, na beleza e no prazer, desfrutando de facilidades sem que retribuam de alguma forma, encontram-se em parasitose doentia, explorando os tesouros do amor de Deus, que devem ser multiplicados para o atendimento de todos os Seus filhos.

Com que direito se atribuem, esses indivíduos, o mérito para existências privilegiadas e regimes de exceção, quando as demais pessoas encontram-se em batalhas contínuas para a aquisição do apenas necessário à sobrevivência?

Sucede que, esses que ora sorriem na indiferença das alheias aflições, serão chamados a contas e deverão compreender que, felicidade, na Terra, é lamentável equívoco dos seus sentidos físicos e presunção como vanglória do seu desenvolvimento intelectual.

Riam, portanto, os que sofrem hoje, porque, concluídas as provas em que se encontram, desfrutarão da felicidade, ora escassa, que se lhes instalará no coração, fruindo as bênçãos da paz de consciência.

Pode parecer paradoxal tal colocação. Nada obstante, é a realidade, porquanto, todo aquele que recebe, na contabilidade da Vida é devedor, enquanto que aqueloutro que doa, é credor.

Aqueles que ora desfrutam, encontram-se em provas de avaliação de conduta, a fim de que aprendam a aplicar, conforme a parábola das Virgens loucas e das Virgens prudentes que receberam combustível com finalidade exclusiva, que não podia nem devia ser utilizado inadequadamente.

*

Por essas razões, convencionou-se, também, por outro lado, que tais afirmações, essas que fazemos, são apologia ao sofrimento, necessidade masoquista de realização pessoal.

Mais um equívoco esse, que a mínima lógica se encarrega de diluir, tendo-se em vista a brevidade da existência física e a perenidade do existir como Espírito.

Agradece, portanto, a Deus, os teus testemunhos, as tuas lutas ásperas, as tuas ansiedades e carências.

Conforme os administres hoje, poderás revertê-los em júbilos, em paz e em prosperidade para amanhã.

Equívoco é pensar que a existência humana é uma viagem ao país da fantasia e da ilusão, não uma experiência de aformoseamento do caráter e de desenvolvimento do Espírito.

Por isso, Jesus foi muito enfático ao asseverar: O meu reino não é deste mundo, portanto, a felicidade igualmente não o é.



Divaldo Pereira Franco. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão mediúnica da noite de 5 de julho de 2004, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

NA ASSISTÊNCIA SOCIAL

Aproximar-se do assistido, encontrando nele uma criatura humana, tão humana e tão digna de estima quanto os nossos entes mais caros.

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Em tempo algum, agir sobrepondo instruções profissionais aos princípios da caridade genuína.

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Amparar sem alardear superioridade.

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Compreender que todos somos necessitados dessa ou daquela espécie, perante Deus e diante uns dos outros.

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Colocar-nos na situação difícil de quem recebe socorro.

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Dar atenção à fala dos companheiros em privação, ouvindo-os com afetuosa paciência, sem fazer simultaneamente outra cousa e sem interrompê-los com indagações descabidas.

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Calar toda observação desapiedada ou deprimente diante dos que sofrem, tanto quanto sabemos silenciar sarcasmo e azedume junto das criaturas amadas.

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Confortar os necessitados sem exigir-lhes mudanças imediatas.

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Ajudar os assistidos a serem independentes de nós.

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Respeitar as idéias e opiniões de quantos pretendemos auxiliar.

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Nunca subordinar a prestação de serviço ou benefício à aceitação dos pontos de vista que nos sejam pessoais.

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Conservar discrição e respeito ao lado dos companheiros em pauperismo ou sofrimento, sem traçar comentários desprimorosos em torno deles, quando a visita for encerrada.



Francisco Cândido Xavier. Sinal Verde. Pelo Espírito André Luiz. CEC.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

UNIÕES DE PROVA

“... Não separe o homem o que Deus ajuntou.” Jesus - Mateus : 19 - 6 “... Quando Jesus disse: “Não separe o homem o que Deus ajuntou”, essas palavras se devem entender com referência à união, segundo a lei imutável de Deus e não segundo a lei mutável dos homens.” ESE. Cap. XXII - 3

Aspiras a convivência dos espíritos de eleição com os quais te harmonizas agora, no entanto, trazes ainda na vida social e doméstica, o vínculo das uniões menos agradáveis que te compelem a frenar impulsos e a sufocar os mais belos sonhos.

Não violentes, contudo, a lei que te preceitua semelhantes deveres.

Arrastamos, do passado ao presente, os débitos que as circunstâncias de hoje nos constrangem a revisar.

O esposo arbitrário e rude que te pede heroísmo constante é o mesmo homem de outras existências, de cuja lealdade escarneceste, acentuando-lhe a feição agressiva e cruel.

Os filhinhos doentes que te desfalecem nos braços, cancerosos ou insanos, idiotizados ou paralíticos são as almas confiantes e ingênuas de anteriores experiências terrestres, que impeliste friamente às pavorosas quedas morais.

A companheira intransigente e obsediada, a envolver-te em farpas magnéticas de ciúme, não é outra senão a jovem que outrora embaíste com falsos juramentos de amor, enredando-lhe os pés em degradação e loucura.

Os pais e chefes tirânicos, sempre dispostos a te ferirem o coração, revelam a presença daqueles que te foram filhos em outras épocas, nos quais plantaste o espinheiral do despotismo e do orgulho, hoje contigo para que lhes renoves o sentimento, ao preço de bondade e perdão sem limites.

*

Espíritos enfermos, passamos pelo educandário da reencarnação, qual se o mundo, transfigurado em sábio anestesista, nos retivesse no lar para que o tempo, à feição de professor devotado, de prova em prova, efetue a cirurgia das lesões psíquicas de egoísmo e vaidade, viciação e intolerância que nos comprometem a alma.

À frente, pois, das uniões menos simpáticas, saibamos suportá-las, de ânimo firme.

Divórcio, retirada, rejeição e demissão, às vezes, constituem medidas justificáveis nas convenções humanas, mas quase sempre não passam de moratórias para resgate em condições mais difíceis, com juros de escorchar.

Ouçamos o íntimo de nós mesmos.

Enquanto a consciência se nos aflige, na expectativa de afastar-nos da obrigação, perante alguém, vibra em nós o sinal de que a dívida permanece.



Francisco Cândido Xavier. Livro da Esperança. Pelo Espírito Emmanuel. CEC. Capítulo 76.