sábado, 28 de abril de 2012

O ESPIRITISMO NÃO FAZ MILAGRES!

“(...) O Espiritismo vem, a seu turno, fazer o que cada ciência fez no seu advento: revelar novas leis e explicar os fenômenos na alçada dessas leis”.
Allan Kardec

Certa feita, um eclesiástico dirigiu a seguinte pergunta ao Mestre Lionês: “Todos aqueles que tiveram missão de Deus de ensinar a verdade aos homens, provaram sua missão por milagres. Por quais milagres provais a verdade de vosso ensinamento?”

A resposta de Kardec não se fez esperar:

“(...) Confessamos – humildemente -, que não temos o menor milagre a oferecer; dizemos mais: O Espiritismo não se apóia sobre nenhum fato miraculoso; seus adeptos nunca fizeram e não têm a pretensão de fazer nenhum milagre; não se crêem bastante dignos para que, à sua voz, Deus mude a ordem eterna das coisas. O Espiritismo constata um fato material, o da manifestação das almas ou Espíritos. Esse fato é real, sim ou não? Aí está toda a questão; ora, nesse fato, admitindo como verdadeiro, nada há de miraculoso. Como as manifestações desse gênero, tais como as visões, aparições e outras, ocorreram em todos os tempos, assim como atestam as histórias, sagradas e profanas, e os livros de todas as religiões, outrora puderam passar por sobrenaturais; mas hoje que se lhes conhece a causa, que se sabe que se produzem em virtude de certas leis, sabe-se também que lhes falta o caráter essencial dos fatos miraculosos, o de fazer exceção à lei comum.

Essas manifestações, observadas em nossos dias com mais cuidado do que na antigüidade, observadas sobretudo sem prevenção, e com a ajuda de investigações tão minuciosas quanto as que se aplicam no estudo das ciências, têm por conseqüência provar, de maneira irrecusável, a existência de um princípio inteligente fora da matéria, sua sobrevivência aos corpos, sua individualidade depois da morte, sua imortalidade, seu futuro feliz ou infeliz, por conseguinte, a base de todas as religiões.

Se a verdade não fosse provada senão por milagres, poder-se-ia perguntar: Por que os sacerdotes do Egito, que estavam no erro, reproduziram diante do Faraó aquilo que Moisés fez? Por que Apolônio de Tiana, que era pagão, curava pelo toque, devolvia a visão aos cegos, a palavra aos mudos, predizia as coisas futuras e via o que se passava à distância? O próprio Cristo não disse: "Haverá falsos profetas que farão prodígios"?

(...) Há no Espiritismo duas coisas: o fato da existência dos Espíritos e de suas manifestações, e a doutrina que disso decorre. O primeiro ponto não pode ser posto em dúvida senão por aqueles que não viram ou que não quiseram ver; quanto ao segundo, a questão é saber se essa doutrina é justa ou falsa: é um resultado de apreciação.

(...) Considerai o Espiritismo, se o quiserdes, não como uma revelação divina, mas como a expressão de uma opinião pessoal, a tal ou tal Espírito, a questão é saber se ela é boa ou má, justa ou falsa, racional ou ilógica. A que se reportar para isso? É ao julgamento de um indivíduo? De alguns indivíduos mesmo? Não; porque, dominados pelos preconceitos, as idéias preconcebidas, ou os interesses pessoais, podem se enganar. O único, o verdadeiro juiz, é o público, porque ali não há o interesse de associação. Além disso, nas massas há um bom senso inato que não se engana. A lógica sã diz que a adoção de uma idéia, ou de um princípio, pela opinião geral, é uma prova de que ela repousa sobre um fundo de verdade.

Os Espíritas não dizem, pois: "Eis uma doutrina saída da boca do próprio Deus, revelada a um único homem por meios prodigiosos, e que é preciso impor ao gênero humano." Eles dizem, ao contrário: "Eis uma doutrina que não é nossa, e da qual não reivindicamos o mérito; nós a adotamos porque a achamos racional. Abribuí-lhe a origem que quiserdes: de Deus, dos Espíritos ou dos homens; examinai-a; se ela vos convém, adotai-a; caso contrário, ponde-a de lado."

Não se pode ser menos absoluto!

O Espiritismo não vem, pois, intrometer-se na religião; ele não se impõe; não vem forçar a consciência, não mais dos católicos do que dos protestantes, dos judeus; ele se apresenta e diz: "Adotai-me, se me achais bom."

É culpa dos Espíritas se o acham bom? Se nele se encontra a solução do que se procurava em vão alhures? Se nele se haurem consolações que tornam felizes, que dissipam os terrores do futuro, acalmam as angústias da dúvida e dão coragem para o presente? Não se dirige àqueles a quem as crenças católicas ou outras bastam, mas àqueles que elas não satisfazem completamente, ou que desertaram; em lugar de não mais crer em nada, os conduz a crerem em alguma coisa, e a crer com fervor.

Pergunta-se sobre que milagre nós nos apoiamos para crer a Doutrina Espírita boa. Nós a cremos boa, não só porque é nossa opinião, mas porque milhões de outros pensam como nós; porque ela conduz a crer aqueles que não crêem; dá coragem nas misérias da vida. O milagre?! É a rapidez de sua propagação, estranha nos fastos das doutrinas filosóficas; foi por ter, em alguns anos, feito a volta ao mundo, e estar implantada em todos os países e em todas as classes da sociedade; foi por ter progredido, apesar de tudo o que se fez para detê-la, de ultrapassar as barreiras que se lhe opôs; de encontrar um acréscimo de forças nas próprias barreiras. Está aí o caráter de uma utopia? Uma idéia falsa pode encontrar alguns partidários, mas nunca tem senão uma existência efêmera e circunscrita; perde terreno em lugar de ganhá-lo, ao passo que o Espiritismo ganha-o em lugar de perdê-lo. Quando é visto germinar por todas as partes, acolhido por toda a parte como um benefício da Providência, é que ali está o dedo da Providência; eis o verdadeiro milagre, e nós o cremos suficiente para assegurar o seu futuro.

(...) Em resumo: O Espiritismo, para se estabelecer, não reivindica a ação de nenhum milagre; não quer, em nada, mudar a ordem das coisas; procurou e encontrou a causa de certos fenômenos, erradamente reputados como sobrenaturais; em lugar de se apoiar no sobrenatural, repudia-o por sua própria conta; dirige-se ao coração e à razão; a lógica lhe abre o caminho”.

1- KARDEC, Allan. A Gênese. 43.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, cap. XIII, item 4, § 1º. 2- KARDEC, Allan. Revue Spirite. Araras: IDE, 1993, p. 40 e seguintes.



Texto de Rogério Coelho residente na cidade mineira de Muriaé, situada na Zona da Mata de Minas Gerais. Jornalista por formação, atualmente, preside a Sociedade Muriaeense de Estudos Espíritas e prossegue incansável na divulgação do Espiritismo na tribuna e por meio de jornais e vários periódicos espíritas nacionais e estrangeiros, incluindo-se aí “O Clarim”, a “Revista Internacional do Espiritismo”, ambos de Matão-SP, “O Reformador”, da FEB; “Presença Espírita” da Mansão do Caminho, de Salvador; entre outros.

Autor do livro Visão Espírita do Evangelho.v>

quinta-feira, 26 de abril de 2012

ORAÇÃO DA ESPERANÇA

Senhor!

Os homens reúnem-se no mundo para pedir, reclamar, maldizer; legiões humanas devotadas à fé entregam-se para que as comandes; multidões sintonizam Contigo buscando servir-Te.

Permite-nos agora um espaço para a gratidão por estes dias de entendimento fraternal que vivemos na Casa que nos emprestastes para o planejamento das atividades evangélicas do futuro.

Como não estamos habituados a agradecer e louvar sem apresentar o rol das nossas súplicas permite-nos fazê-lo de forma diferente.

Quando quase todos pedem pelos infelizes, nós nos atreveremos a suplicar pelos infelicitadores; quando os corações suplicam em favor dos caídos, dos delinquentes, dos que se agridem, nós nos propomos a interferir em benefício dos que fomentam as quedas, os delitos e a violência; quando os pensamentos se voltam para interceder pelos esfaimados, os carentes, os desiludidos, nós nos encorajamos a formular nossas rogativas por aqueles que respondem por todos os erros que assolam a Terra, estabelecendo a miséria social, a falência moral e a derrocada nas rampas éticas do comportamento.

Não Te queremos pedir pelas vítimas de todos os matizes, senão, pelos seus algozes, os que entenebreceram os sentimentos, a consciência e a conduta, comprazendo-se, quais chacais sobre os cadáveres dos vencidos.

Tu que és o nosso Pastor e prometeste apoio a todas as ovelhas, tem misericórdia deles, os irmãos que se cegaram a si mesmos e, ensandecidos, ateiam as labaredas do ódio na Terra e fomentam as desgraças que dominam no Mundo.

Tu podes fazê-lo, Senhor, e é por isto que, em Te agradecendo todas as dádivas da paz que fruímos, não nos podemos esquecer desses que ardem nas labaredas cruéis da ignorância, alucinados pelos desequilíbrios que os tornam profundamente desditosos.

Retira dos nossos sentimentos de amor a cota melhor e canaliza-a para os irmãos enlouquecidos na volúpia do prazer, que enregelaram o coração longe dos sentimentos de humanidade e que terão que despertar, um dia, sob o látego da consciência que a ninguém poupa.

Porque já passamos, em épocas remotas, por estes caminhos, é que Te suplicamos por eles, os irmãos mais infelizes que desconhecem a própria desdita.

Quanto a nós, ensina-nos a não fruir de felicidade enquanto haja na Terra e na Pátria do Cruzeiro os que choram, os que se debatem nos desvãos da perturbação, e, consciente ou inconscientemente, Te negam a sabedoria, o amor e a condução de ternura como Pastor de nossas vidas.

Quando os Teus discípulos, aqui reunidos, encerramos esta etapa, damo-nos as mãos, e, emocionados, repetimos como os mártires do passado: - Ave Cristo! Em Tuas mãos depositamos nossas vidas, para que delas faças o que Te aprouver, sem nos consultar o que queremos, porque só Tu sabes o que é de melhor para nós.

Filhos da alma: que vos abençoe o Pai de Misericórdia e que Jesus permaneça conosco são os votos do servidor humílimo e paternal de sempre.

Bezerra/Divaldo Franco

quarta-feira, 25 de abril de 2012

INTERRUPÇÃO CRIMINOSA

As discussões a respeito dos anencéfalos terem ou não o direito de nascer, a cada dia nos traz novas facetas.

Religiosos, médicos, políticos, mulheres que lutam por direitos opinam. Uns contra, outros a favor da interrupção da gravidez em tais casos.

Nada mais oportuno, portanto, do que tornarmos a enfocar a delicada questão do abortamento que, sempre que provocado, e não tendo por objetivo salvar a vida da mãe, é criminoso. Embora a lei humana estabeleça o contrário, a Lei Divina diz que está se matando uma vida.

O embrião não é apenas uma promessa de vida. É uma vida em desenvolvimento, que guarda um viajor da eternidade prestes a iniciar a jornada humana, assim, quando se interrompe artificialmente a gravidez, comete-se um assassinato e, ao mesmo tempo, se fecha a porta da reencarnação para alguém que estava chegando.

Mesmo que a expectativa de vida seja de poucas horas, por que não lhe permitir a experiência?

Nenhuma reencarnação é ocasional. Todas obedecem a um planejamento prévio do Espírito, que deseja e tem necessidades de resgatar débitos do passado e prosseguir na escalada do progresso. Colocar obstáculos a essa meta é, sempre, ferir a Lei Divina, mesmo porque, quem pode garantir o veredicto de poucas horas de vida?

O cérebro é tão complexo que os cientistas trabalham incessantemente para lhe descobrir o funcionamento. Sabe-se que ele é delicado, que pequenos ferimentos ou choques podem danificá-lo de forma permanente e, em sendo danificado, pode-se perder reações, sentidos. No entanto, a literatura médica cita muitos casos de graves lesões cerebrais que não afetaram de forma alguma os pacientes.

No ano de 1935, em Nova Iorque, um bebê viveu 27 dias no hospital Saint Vincent. Sempre pareceu normal e saudável. Ele chorava, comia e se movia. Somente depois de sua morte é que os médicos descobriram que a criança era destituída de cérebro.

Caso mais extraordinário é o relatado pelo doutor alemão Hufeland, um especialista em cérebro, ao realizar a autópsia de um homem paralisado, que fora bastante racional até o momento da sua morte. Ele simplesmente não encontrou o cérebro - somente 310 gramas de água.

Verifica-se assim que, embora o avanço da ciência médica, a cada dia o homem é convidado a admitir que muito tem ainda a aprender, a descobrir.

Dessa forma, o filho que está a caminho, sejam quais forem as circunstâncias em que venha ao mundo, deve sempre ser considerado como alguém que necessita da experiência do retorno. É alguém enviado por Deus para oferecer à gestante a mais elevada de todas as funções: a de ser colaboradora do Criador na obra da Criação.

Quem pode afirmar, sem sombra de dúvida, que o bebê não viverá ou que viverá apenas poucas horas? Quantas vezes a ciência já se equivocou e necessitou rever apontamentos e deduções?

Não seria mais coerente, em casos semelhantes, permitir-se o nascimento e deixar que o fio da vida se rompa, de forma natural, quando estabeleça a Justiça Divina?



* * *

É no momento da concepção que o Espírito se une ao organismo em desenvolvimento. A reencarnação começa, pois, no momento em que o óvulo é fecundado pelo espermatozóide.

* * *

Não ignores a presença de Deus na tua vida. Pensa e age sempre com a certeza de que Ele vela por ti e que não caminhas a sós.

Fonte: Redação Momento Espírita

segunda-feira, 23 de abril de 2012

FELICIDADE


A felicidade é nossa aspiração máxima. Está na natureza do homem querer ser feliz. Ninguém diria, em sã consciência, que não deseja ser feliz.

A felicidade é fundamental para o bem estar de todos. Quando estamos felizes, pensamos melhor, agimos melhor e gozamos de mais saúde. Até mesmo nossos cinco sentidos funcionam melhor. A memória se aguça sobremaneira e a tensão mental se desfaz quando acalentamos pensamentos agradáveis.

A medicina moderna define a felicidade como sendo um “estado de espírito em que os nossos pensamentos são agradáveis uma boa parte do tempo”.

Já a felicidade na visão espiritualista se dá quando “a criatura humana consegue se harmonizar com Deus”, e por isso, na fase evolutiva em que nos situamos, é impossível alcançá-la de maneira total, mas apenas relativamente. Neste planeta de provas e expiações ainda não podemos obter a felicidade plena, mas depende apenas de nós sermos tão felizes quanto pudermos sobre a terra.

O ser humano tem buscado ao longo dos séculos, um rumo capaz de lhe proporcionar a paz, mas infelizmente, continua perdido, não sabendo qual caminho seguir. Sem rumo e árido de valores espirituais sofre imensamente.

Essa procura tem levado muita gente a buscar a felicidade fora de si, onde jamais a encontrará. O homem está cada vez mais perdido, mais sem rumo e sem direção, pois, em vez de procurar a felicidade dentro de si, espera encontrá-la nos prazeres e nas facilidades terrenas.

Uma hilariante situação serve para identificar essa ambígua posição

Um corredor em desabalada carreira se aproxima de outro corredor e pergunta:

---Aonde você vai com tanta pressa

E o colega responde:

---Não sei.

E o outro então propõe:

---Vamos, então depressa, senão chegaremos atrasados.

A verdade é que a imensa maioria das pessoas está perdida, não sabendo onde encontrar a felicidade que tanto almeja, e se comporta ora como os citados corredores, ora como náufragos em alto-mar, que quanto mais água salgada bebe, mais sede sente. Querem viver a vida e ser felizes consumindo-se em vícios e prazeres terrenos, e quanto mais se entregam aos prazeres, mais se infelicitam.

Sócrates nos propôs como um dos caminhos para a felicidade conhecermos a nós mesmos. O Espírito da Verdade nos acena com uma frase símbolo do Espiritismo: “Amaí-vos, este é o primeiro ensinamento, instruí-vos, este é o segundo”. Jesus nos exorta ao amor incondicional, até mesmo aos inimigos, a fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem.

Sabemos, no entanto, que a felicidade é uma conquista interior, não estando, portanto, subordinada a nenhum bem externo. Jesus, quando interrogado pelos fariseus sobre quando haveria de vir o reino dos céus, respondeu-lhes: “O reino dos céus não vem com aparência exterior. Nem dirão ei-lo aqui ou ei-lo ali, porque o reino dos céus está dentro de cada um de vós”. (Luc 17:20-21)

A felicidade não está, pois, fora de nós, onde sempre a procuramos, e sim dentro de nós, onde raramente a encontramos.

Se os bens materiais trouxessem a verdadeira felicidade, a Suíça, que é um dos países mais ricos do mundo e com um dos melhores índices per capita do planeta, não seria uma das nações com maior número de suicídios do mundo.

A felicidade não consiste na prosperidade material, pois mesmo nas famílias ricas existem muitas pessoas infelizes, apesar do muito dinheiro que possuem. Em contraposição, há pessoas que, mesmo não tendo nenhum bem material, sentem-se felizes.

A história dos dá o exemplo do famoso filósofo grego Diógenes, que morava num barril, não adulava os ricos e poderosos, era completamente livre e sentia-se imensamente feliz. Dizem que certo dia o rei Alexandre Magno, que ouvira a fama desse filósofo, foi vê-lo e lhe disse:

---Diga o que queres, e eu o atenderei, seja qual for o seu desejo.

Então, Diógenes respondeu:

---Só desejo uma coisa, majestade. Eu estava desfrutando a luz do céu até o momento em que vossa majestade se colocou diante do meu barril, fazendo sombra. Por favor, não obstrua a luz do sol. Este é o meu único pedido.

Mesmo morando num barril e não possuindo nenhum outro bem material, ele era livre e feliz. Fazendo uma comparação entre esse filósofo e as pessoas que, mesmo sendo ricas, sentem-se infelizes e acabam se suicidando, percebemos que a felicidade do ser humano não depende de bens materiais.

Se dinheiro trouxesse felicidade, os ganhadores da loteria seriam pessoas eternamente felizes e sem problemas. Os famosos adorariam andar por nossas ruas, apesar do assédio dos fãs. Não haveria nenhuma felicidade entre as pessoas que tivessem problemas a resolver, pois seria uma falácia a idéia de que crescemos na dificuldade.

Entendamos de uma vez por todas que “o inferno ou paraíso não é um lugar circunscrito, pois cada um possui dentro de si mesmo o princípio de sua felicidade ou infelicidade”.


Sergito de Souza Cavalcanti

Naturalidade: Belo Horizonte - MG

Profissão: Veterinário e Ex-professor da Escola de Veterinária da UFMG,

Espiritismo: Milita no movimento espírita mineiro desde 1970, quando se integrou ao Grupo Espírita Irmã Scheilla, sendo um de seus diretores e ex-conselheiro. Foi um dos fundadores do Grupo Espírita de Fraternidade ‘Albino Teixeira”, em Belo Horizonte da Fraternidade Espírita José Grosso de Córdoba (Espanha) e do Grupo Kardecista Fraternidade Eterna, da cidade de Inhaúma. Monitor de cursos de evangelho e expositor espírita.
Instituição Espírita: Grupo Espírita de Fraternidade Albino Teixeira (Gefrater) e Grupo Kardecista Fraternidade Eterna de Inhaúma (Gefraterna)
Atuação: Dirigente de reunião pública, integrante de reunião mediúnica. Expositor e escritor espírita.

Blog: http://www.sergitocavalcanti.blogspot.com.br/

E-mail: sergitocavalcanti@hotmail.com

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A TRAGÉDIA DA DEPRESSÃO

A cultura contemporânea, ante o utilitarismo de que se faz portadora, emissária do consumismo e da perda de identidade do ser humano, que a todos iguala em padrões de esdrúxulo comportamento, favorece a irrupção (invasão súbita) pandêmica da depressão, conforme vem assolando em toda parte.
Propondo o imediatismo como medida salvacionista do caos que se estabelece, em razão da ausência de objetivos relevantes para a existência, estimula a aquisição de recursos que somente proporcionam os meios para o prazer e o narcisismo (amor pela própria imagem), o desfrutar dos gozos exaustivos, levando ao estresse, por um lado, quando as dificuldades se apresentam, ou ao tédio, após fruídos continuamente.
Essa conduta é estimulante aos iniciantes nos jogos dos interesses materiais, sem a experiência, que é fruto dos labores (trabalho) vivenciados na conquista dos ideais mais significativos da sua existência.
Buscando as sensações fortes do dia a dia, não se preocupam com as emoções superiores da vida a serviço da iluminação pessoal, como consequência do conhecimento intelectual e do sentimento profundo do amor, em perfeita identificação de objetivos morais.
O ser humano encontra-se, quando nessa condição, soterrado sob a força dos desejos primários que o vêm conduzindo pelo amplo período da evolução.
Ademais dos fatores sociopsicológicos geradores da depressão, é possível acrescentar-se os que se derivam da perda de sentido existencial, da ausência de segurança nos padrões nobres das tradições de beleza e de objetivos dignificantes, da falta de convivência saudável com o próximo, em razão do medo de ser traído, abandonado, explorado ou simplesmente ignorado quando as suas necessidades se impuserem em relação à amizade e ao afeto.
Quando se cultivam sentimentos agradáveis, o sistema límbico no cérebro é acionado, produzindo bem-estar, mantendo a temperatura em harmonia, afetando desse modo todas as funções orgânicas e, naturalmente, as emocionais.
Por meio das neurocomunicações, a vida expressa-se no corpo de acordo com as paisagens ancestrais da hereditariedade, das enfermidades infectocontagiosas, dos traumas da infância, dos distúrbios orgânicos, assim como dos conflitos que atormentam o indivíduo, levando à saúde ou aos variados transtornos que lhe afetam a existência.
O desequilíbrio das funções tireoidianas, as mudanças orgânicas pela menopausa e pela andropausa, o câncer, o abuso do álcool, as doenças cardiovasculares, a idade avançada contribuem de maneira vigorosa para a presença da depressão, que tende a agravar-se conforme o tratamento ou não que se lhe ofereça.
Como decorrência, surgem os seus sintomas em forma de fadiga, estresse, problemas de alimentação, aumento ou perda de peso, mal-estar generalizado, dificuldade de sono contínuo com episódios de insônia, indigestão, palpitações, dores articulares, disfunção sexual, vertigens, sobretudo desinteresse pela vida...
A depressão é perversa, porque também se esconde sob máscaras sutis, infelicitando aqueles que lhe tombam nas armadilhas.
Merece, no entanto, ter-se em mente como preponderantes as heranças das reencarnações transatas que respondem pelos sintomas geradores do tormento depressivo.
Herdando as suas ações anteriores, positivas e negativas, quando há predominância das prejudiciais, o Espírito renasce com as tendências funestas (nefasto, desastroso) para a depressão, bem como para todos e quaisquer problemas na área da saúde, ou, quando são nobres, enriquecido de valores que o tornam saudável.
Eis porque se torna indispensável a vivência das atitudes espirituais elevadas, que estimulem pelo pensamento o cérebro à manutenção das monoaminas responsáveis pela harmonia e bem-estar emocional: a serotonina, a noradrenalina, a dopamina...
Mediante as terapias médicas especializadas, os pensamentos habituais de desprezo por si mesmo, pelo mundo e pelo porvir (futuro) lentamente cederão lugar à esperança, com algumas alternativas perturbadoras, até se fixarem os ideais de renovação responsáveis pela conquista da saúde.
Nesse período de terapêutica medicamentosa, nunca esquecer que a interrupção por este ou aquele motivo irá produzir resultados danosos à recuperação, podendo levar o paciente a um estado de cronicidade do distúrbio depressivo.
Não poucas vezes, a melhora que o enfermo experimenta durante o tratamento proporciona-lhe a ideia falsa da cura, o que lhe faculta a atitude errônea de suspender os medicamentos, que se farão necessários no próximo episódio ou recidiva.
O contributo da psicoterapia defluente do esforço pessoal em favor da própria cura, das leituras edificantes e estimuladoras, dos objetivos enobrecedores da existência humana, o trabalho artístico em qualquer área, ensejando a instalação da beleza na névoa da depressão, a oração ungida (impregnar) de amor e de confiança em Deus, simultaneamente a recepção de passes e a absorção da água fluidificada são de alta magnitude, favorecendo a reconquista integral da saúde emocional.
Isto porque, invariavelmente, nos transtornos de conduta como noutros, sempre existem interferências espirituais infelizes, produzidas por antigos desafetos que ficaram na memória do passado, mas que prosseguem vivos e atuantes, buscando desforçar-se (vingar) dos sofrimentos que lhes foram infligidos por aqueles que agora se lhes transformam em vítimas.
A obsessão campeia na área do comportamento humano com mais vigor do que se pode imaginar, sendo, não raro, a causa de maior número de problemas emocionais e psíquicos de que padece a sociedade.
Os fatores exógenos (que provém do exterior) e endógenos (que se origina no interior), encarregados de os desencadear, encontram-se ínsitos (intimamente gravado) nas causas reais desses acontecimentos perturbadores, que muitas vezes se fazem funestos.
Porque ninguém foge da própria consciência, mesmo quando não se encontra instalada a culpa dos males que foram praticados nas existências passadas, eles permanecem nos arquivos profundos do períspirito, responsável pelas fixações no inconsciente individual, facultando a sincronização com as mentes desencarnadas perversas, mediante o fenômeno da afinidade vibratória.
A existência humana sempre transcorre através de erros e acertos que oferecem o saldo correspondente à qualidade das ações praticadas.
Quando essas pertencem ao quadro do bem, elevam o ser, que se reencarna sem as feridas morais trazidas do ontem, portador de recursos saudáveis para o trânsito carnal. No entanto, quando há predominância dos débitos morais, o Espírito, ao reencarnar-se, imprime nos tecidos sutis da organização cerebral o esquema de valores que lhe dizem respeito, programando a jornada física.
Tudo no universo obedece à ordem, ao equilíbrio, aos padrões divinos de justiça e da equanimidade.
Os infratores das Leis sofrem, como é compreensível, o resultado do seu desrespeito a esses códigos inalteráveis.
Em razão do número volumoso dos depressivos, generaliza-se por outra parte a preocupação de diagnosticar-se qualquer fenômeno de tristeza como sendo o distúrbio infeliz.
A tristeza faz parte do cardápio da saúde, proporcionando momentos de melancolia, de reflexão, de falta de interesse por valores que, em determinado momento, eram portadores de significação, e a perderam.
Esse fenômeno, porém, que é natural em a natureza humana, que o experimenta com certa periodicidade, não se deve prolongar, a fim de não se transformar na dolorosa patologia.
Sintoniza, portanto, as tuas aspirações nas propostas de Jesus, em torno da vida e da alegria de viver, resultando em saúde espiritual que tomará conta da tua existência, tornando-te realmente feliz.

Joanna de Ângelis

(ÂNGELIS, Joanna de (Espírito). Entrega-te a Deus. [psicografado por] Divaldo Pereira Franco. 1ª ed. Catanduva, SP: InterVidas, 2010. Capítulo 22)

quarta-feira, 18 de abril de 2012

LIVRO DOS ESPÍRITOS - 155 ANOS ESCLARECENDO!


Sobre Esta Obra

Com este livro surgiu no mundo o Espiritismo. Sua primeira edição foi lançada a 18 de abril de 1857, em Paris, pelo editor E. Dentu, estabelecido no Falais Royal, Galérie d’0rléans, 13. Três novidades, à maneira das tríades druídicas, apareciam com este livro: a Doutrina Espírita, a palavra Espiritismo, que a designava; e o nome Allan Kardec, que provinha do passado celta das Gálias.

A primeira novidade era apresentada como antiga, em virtude de representar a eterna realidade espiritual, servindo de fundamento a todas as religiões de todos os tempos: a Doutrina Espírita. Era, entretanto, a primeira vez que aparecia na sua inteireza, graças à revelação do Espírito de Verdade prometida pelo Cristo. A segunda, a palavra Espiritismo, era um neologismo criado por Kardec e desde aquele momento integrado na língua francesa e nos demais idiomas do mundo. A terceira representava a ressurreição do nome de um sacerdote druida desconhecido.

A maneira por que o livro fora escrito era também inteiramente nova. O Prof. Denizard Hippolyte Léon Rivail fizera as perguntas que eram respondidas pelos Espíritos, sob a direção do Espírito de Verdade, através das cestinhas-de-bico. Psicografia indireta. Os médiuns, duas meninas, Caroline Baudin, de 16 anos, e Julie Baudin, de 14, colocavam as mãos nas bordas da cesta e o lápis (o bico) escrevia numa lousa. Pelo mesmo processo, o livro foi revisado pelo Espírito de Verdade, através de outra menina, a Srtª Japhet. Outros médiuns foram posteriormente consultados e Kardec informa, em Obras Póstumas: “Foi dessa maneira que mais de dez médiuns prestaram concurso a esse trabalho”.

Este livro é, portanto, o resultado de um trabalho coletivo e conjugado entre o Céu e a Terra. O Prof. Denizard não o publicou com o seu nome ilustre de pedagogo e cientista, mas com o nome obscuro de Allan Kardec, que havia tido entre os druidas, na encarnação em que se preparava ativamente para a missão espírita. O nome obscuro suplantou o nome ilustre, pois representava, na Terra, a Falange do Consolador. Esta falange se constituía dos Espíritos Reveladores, sob a orientação do Espírito de Verdade e dos pioneiros encarnados, com Allan Kardec à frente.

A 16 de março de 1860, foi publicada a segunda edição deste livro, inteiramente revisto, reestruturado e aumentado por Kardec, sob orientação do Espírito de Verdade, que, desde a elaboração da primeira edição, já o avisara de que nem tudo podia ser feito naquela. Assim, a primeira edição foi o primeiro impacto da Doutrina Espírita no mundo, preparando ambiente para a segunda que a completaria. Toda a Doutrina está contida neste livro, de forma sintética, e foi posteriormente desenvolvida nos demais volumes da Codificação.

Escrito na forma dialogada da Filosofia Clássica, em linguagem clara e simples, para divulgação popular, este livro é um verdadeiro tratado filosófico que começa pela Metafísica, desenvolvendo cm novas perspectivas a Ontologia, a Sociologia, a Psicologia, a Ética, e estabelecendo as ligações históricas de todas as fases da evolução humana em seus aspectos biológico, psíquico, social e espiritual. Um livro para ser estudado e meditado, com o auxílio dos demais volumes da Codificação.

José Herculano Pires,

tradutor

terça-feira, 17 de abril de 2012

A DECISÃO DO STF SOBRE OS FETOS ANENCÉFALOS


A vida na Terra é feita das mais diversas provações. São testes que como alunos da vida temos de passar para, enfim, obtermos o diploma e o conhecimento necessários para irmos adiante, avançando na hierarquia dos mundos e podendo, então, crescer como espíritos imortais. A Terra é apenas uma escola, um estágio evolutivo e não ficaremos nela para sempre.

Portanto, as provas podem ser vistass como desafios que são necessários ao nosso aprimoramento. Temos de pasar por elas, não adianta adiar.

Esta introdução é para mostrar que por mais complicados sejam nossas provas podemos vencê-las realizando esforços. E que esforço deve realizar uma mãe e toda família ao decidir levar adiante a gravidez de um feto anencéfalo. Não queremos aqui minimizar o sofrimento de quem quer que seja, tampouco sermos juízes julgando implacavelmente o comportamento alheio. Sabemos das dores, ou melhor, imaginamos que sejam dores pungentes.

No entanto, o que queremos aqui é mostrar um outro ponto da questão, o lado espiritual. Alunos em trânsito por esta escola temporária é de suma importância que nos atentemos para o fato de que nossa história não começa aqui, ao nascermos. Somos espíritos milenares carregando bagagens e necessidades evolutivas das mais diversas. Somos seres bem antigos, temos biografia espiritual, temos história...

O filho que trazemos no ventre, seja com ou sem cérebro é, acima de qualquer coisa um espírito que necessita passar por esta prova. Em face de tão grave realidade fica o questionamento:

Será útil para aquela criatura que abrigamos no ventre interromper a gravidez? E a sua realidade, suas necessidades evolutivas? Será justo pensarmos apenas em nosso sofrimento e esquecermos de que ali está um espírito imortal que precisa de nosso amor e carinho? Lembro da querida educadora Maria Montessori que afirmava que a educação começa no ventre. Será que poderíamos praticar esta educação da alma com relação ao filho que temos em nosso seio? Será que poderíamos dizer: Eu te amo, você é amado e poderá nesta encarnação viver poucas horas, mas ainda assim será amado e retornará, quem sabe, à nossa família para darmos prosseguimento a nossa história.

Ah, a reencarnação! Só mesmo a reencarnação para abrir as chaves do intrincado labirinto dos sentimentos humanos, explicando o que é para muitos inexplicável e pode ser resolvido com uma simplista votação sem os aprofundamentos adequados nas questões do espírito imortal.

Sem o conhecimento da reencarnação qualquer tipo de julgamento acerca de temas como, por exemplo, a interrupção da gravidez em caso de fetos anencéfalos é capenga. Os ministros do STF, sem o conhecimento das necessidades evolutivas dos espíritos que habitam a Terra, optaram por permitir que a gravidez seja interrompida. Como espírita discordo da decisão dos magistrados. Repetimos que não desprezamos a dor e a dificuldade da mãe que se depara com tão complicada provação, todavia vale lembrar que, como dissemos acima, este é um planeta de provas e, indubitavelmente, interromper a gravidez equivale a entregar a prova ao professor sem responder as questões mais importantes.

Pensemos nisso!

Wellington Balbo é professor universitário, escritor e palestrante espírita, Bacharel em Administração de Empresas e licenciado em Matemática. É autor do livro "Lições da História Humana", síntese biográfica de vultos da História, à luz do pensamento espírita, e dirigente espírita no Centro Espírita Joana D´Arc, em Bauru.

sábado, 14 de abril de 2012

ESPINHOS



Todos conhecemos um sábio provérbio que diz: não há rosas sem espinhos.

A comparação é interessante, pois, sendo bela, a rosa representa as conquistas sublimadas do ser imortal, e os espinhos são os riscos que corremos e os obstáculos que encontramos em nossa caminhada evolutiva.

Objetivando a reflexão, nos termos que a abençoada Doutrina Espírita nos oferece, perguntaríamos: se a rosa tem espinhos, estamos desobrigados quanto a sua colheita? Se nossa evolução apresenta obstáculos, estarÍamos autorizados por Deus a não trilhá-la?

E como complemento, usaremos as palavras de Jesus citadas pelo evangelista Lucas (VI: 44): “Nem vindimam (cachos de) uva da sarça”. Reflitamos: se as sarças não produzem uvas, devemos cruzar os braços e permitir que as mesmas se alastrem pelo campo?

Segundo as respostas do Espírito da Verdade (“O Livro dos Espíritos”, terceira parte – “Das Leis Morais”) o campo deve ser cultivado, se almejamos colheita proveitosa. Portanto, se as sarças não produzem uvas, é nossa obrigação arrancá-la e realizar novo plantio!

No contexto bíblico, as palavras de Jesus citadas acima foram usadas no sentido de conhecermos a árvore pelos seus frutos. Kardec, em “O Evangelho segundo o Espiritismo” também usa essa referência, para nos mostrar que pelas obras se conhece o trabalhador.

Pensando nesse sentido, podemos refletir: será que as pessoas têm condições de render aquilo que delas esperamos?Muitas vezes, o pouco que fazem, nas mais variadas situações, está próximo do seu máximo... E o fruto que almejamos está acima da capacidade momentânea da árvore..

Nossa intervenção, segundo o Espiritismo, deve ser a de fomentar a sua produção, através da irrigação, poda, adubação, pulverização... Caso identifiquemos, na jornada espírita, irmãos que pouco rendem à doutrina e ao Evangelho, sejamos bondosos ao ponto de não exigirmos delas aquilo que não podem oferecer, mas estimulemos o seu crescimento, para que melhorem sua produtividade.

No livro “Caminho, Verdade e Vida”, Emmanuel nos trás uma pergunta interessante, refletindo sobre o mesmo versículo escrito por Lucas:

- “... Teria Jesus assumido a paternidade de semelhante assertiva, para que cruzemos os braços em falsa beatitude?”

Seria correto, ao identificarmos um irmão menos interessado na seara do Cristo, simplesmente ignorá-lo? Se fôssemos nós esse irmão desinteressado (segundo os critérios dos Espíritos superiores), agradar-nos-ia se esses irmãos maiores nos ignorassem?

Colhamos as rosas do amor e do conhecimento, sem nos amedrontarmos perante os espinhos da ignorância, do orgulho e do egoísmo.

André Luiz Iesi Sobreiro* (Severinia/SP)

sexta-feira, 13 de abril de 2012

MISERICÓRDIA


Bem-aventurados os que são misericordiosos porque obterão misericórdia. (Mateus, 5:7)

Misericórdia é compartilhar do sofrimento alheio. É aquela dor que sentimos no coração diante do sofrimento do outro. É o mesmo que compaixão, piedade, dó, ter pena. O oposto de misericórdia é indiferença, dureza de coração.
A misericórdia é obrigação de todos. Todos sofremos e precisamos que Deus nos ampare e que as outras pessoas nos ajudem. Não é justo pedir a misericórdia de Deus se não nos dispomos a agir da mesma forma para com o próximo. Como esperar a compaixão alheia se não nos condoemos dos outros? É dando que se recebe.
A compaixão leva à benevolência. Temos a obrigação de auxiliar a todos, na medida de nossas possibilidades. Quando nos condoemos do próximo fica mais fácil tomar a iniciativa de ser útil. A compaixão é a virtude dos grandes heróis da caridade. Tocados em seus corações foram ao encontro dos sofredores. É o sentimento que levou o bom samaritano a ajudar o homem caído à beira da estrada.
A compaixão ajuda-nos a ser indulgentes com as imperfeições alheias. Toda imperfeição leva a algum sofrimento. Devemos nos lembrar de como nossas imperfeições nos fazem sofrer e como é difícil libertarmos delas.
A compaixão ajuda a perdoar. Saber perdoar é fundamental para a conquista da felicidade. O agressor está plantando sofrimento para o futuro. Está em pior situação do que o ofendido. É uma pessoa doente, digna de piedade.
A prática da misericórdia evita muito sofrimento. Muitas vezes precisamos passar por dificuldades para amolecer nosso coração. Quem já desenvolveu a misericórdia não necessita mais da dor para aprender a lição.
Para desenvolver a misericórdia lembremos de que todos sofrem. Independente da condição social, econômica ou de saúde todos sofrem. Todos têm suas dores, mesmo que os outros não vejam. Este é um planeta de expiação e provas. Estamos resgatando débitos e lutando com nossas imperfeições. O sofrimento é condição natural do planeta. Quando compreendemos que somos companheiros de dor vemos a vida com outros olhos. Deixamos de ser tão rigorosos com as outras pessoas e enxergamos todos com compaixão.
Para desenvolver a compaixão devemos nos colocar no lugar de quem sofre. Devemos pensar: e se fosse comigo? Deus nos fez com a mesma sensibilidade para a dor. Podemos avaliar o sofrimento alheio a partir de nossas experiências.
Podemos lembrar de nossos familiares e afetos para desenvolver a compaixão. Sofremos com as dores daqueles que amamos e mesmo quando erram não os abandonamos. Podemos perguntar: e se fosse meu filho, minha mãe, minha esposa ou meu amigo?
A prece é um importante exercício para desenvolver a compaixão. A prece aproxima-nos de Deus e de nossos irmãos. Devemos orar por todos e lembrar-nos de seus sofrimentos. Devemos orar por aqueles com as quais não simpatizamos ou que nos prejudicaram. Jesus ensina a orar pelos inimigos.
A misericórdia prepara nosso coração para outros sentimentos. Abre as portas para a prática da caridade. Os Espíritos ensinam que caridade é benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias e perdão das ofensas.

Relação: O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo X

quinta-feira, 12 de abril de 2012

CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRISTEZA


Os sentimentos humanos expressam-se de variada forma, com flutuações que determinam o equilíbrio, a saúde mental e emocional ou os estados patológicos, necessitados de tratamento.
A tristeza não é o inverso da alegria, mas a sua ausência momentânea.
É um estado que conduz à reflexão e não ao desinteresse pela vida, à contemplação dos valores vividos e não à melancolia, mas à análise das necessidades reais ainda não expressadas...
Ante a temerária depressão generalizou-se o conceito de que a tristeza, a melancolia e a antiga acédia (indolência) ou acídia (preguiça no cumprimento dos deveres morais; desleixo) são todas a mesma expressão do sentimento.
A tristeza, porém, é um fenômeno natural que ocorre com todas as pessoas, mesmo aquelas que vivenciam os mais extraordinários momentos de alegria. Pode ser considerada como uma pausa para a compreensão da existência, avançando no rumo do júbilo.
A melancolia é um estado de saudade de algo conhecido e perdido ou desconhecido e não experimentado que, em se prolongando, pode transformar-se em depressão.
Enquanto a tristeza convida à viagem interior, propondo avaliação de comportamento e consideração de valores aceitos, a melancolia normalmente é resultado de algum tipo de perda, incluindo-se a desencarnação de algum ser querido. No início, é natural que ocorra, no entanto, em se prolongando por algumas semanas converte-se em transtorno depressivo, que necessita de competente tratamento.
A sociedade contemporânea estabeleceu que a alegria deve ser um estado constante de todos os indivíduos, significando êxito, realização nos relacionamentos, triunfo social e econômico, conquista de posição relevante. Em conseqüência, há um estereótipo representando alegria, mesmo quando o coração chora e o espírito se debate em conflitos e dores não exteriorizados.
Ninguém pode viver em alegria permanente, o que seria igualmente patológico, uma forma de alienação da realidade, que sempre exige seriedade, esforço e trabalho, a fim de ser vivida em forma edificante.
A frivolidade apresenta-se, quase sempre, em alegria leviana, irresponsável, porque desvia a pessoa das responsabilidades que lhe dizem respeito, flutuando na indiferença entre os deveres e os prazeres.
Não se pode nem se deve afivelar a máscara da alegria televisiva na face, demonstrando um júbilo que não é real, porque o próprio organismo, a cada momento passa por alterações que modificam o humor, convidam ao silênciO, à reflexão, ao refazimento de atitudes.
Quando se tem a preocupação de exteriorizar alegria contínua, tal fenômeno caracteriza insegurança, portanto, interesse de teatralizar as emoções.
É normal a tristeza e, algumas vezes, benéfica, pois que faculta um mecanismo de retrocedimento mental para revisão e análise em torno de acontecimentos e vivências que necessitam ser considerados.
Pode acontecer, igualmente, que, de um instante para o outro, perceba-se que aquilo que se está fazendo não é exatamente o que se gostaria de realizar, abrindo espaço para uma certa tristeza, que irá contribuir para refazer experiências e viver-se conforme os novos padrões emocionais.
A felicidade expressa-se no conjunto tristeza-alegria, na condição de ponte que une distâncias aparentemente opostas.
Não são poucos aqueles que possuem os preciosos recursos econômicos, os triunfos sociais e políticos, religiosos e artísticos, ou de outro tipo, experimentando solidão e vazio existencial, que têm origem em reencarnações anteriores.
Não possuindo estrutura moral segura, esse paciente foge para os alcoólicos, as drogas aditivas, o sexo apressado, mantendo o riso e a falsa alegria, parecendo realizado, para logo tombar em estados dolorosos de melancolia e depressão.
***
Na cultura grega a melancolia era considerada, ora como punição dos deuses, noutras circunstâncias, como condição necessária para receber-lhes a inspiração.
Aristóteles, por exemplo, narra que Sócrates e Platão periodicamente experimentavam-na, sendo então por eles inspirados.
Consideramos, neste texto, a melancolia como a tristeza, o recolhimento, a necessidade de silêncio interior, por cujo estado mais facilmente sintonizam com o pensamento espiritual procedente das Esferas superiores, dos Espíritos nobres que os orientavam.
Leon Tolstoi, o célebre escritor russo, vivenciou uma grande tristeza, que lhe exigiu reflexões profundas em torno do existir, do porvir, do viver. Encontrando-se na melhor fase da sua carreira de escritor, amado por uma família feliz e conhecido, praticamente, em todo o mundo, respeitado e rico, repentinamente começou a contestar a própria existência, tendo impulsos quase suicidas, que lutou para evitar e corajosamente superou. Não chegou a entrar em depressão, mas a considerar que os valores até então aceitos e disputados eram vazios, não lhe conseguindo mais preencher o íntimo com reais alegrias.
Depois de grande interiorização, leu o Evangelho de Jesus e nele encontrou a resposta, a verdadeira alegria, mudando o modus vivendi, repartindo a fortuna, os bens, assumindo postura simples e o comportamento de cidadão modesto, tornando-se irmão do seu próximo e dando lugar a verdadeira revolução, em face daqueles que o seguiram nessa decisão.
Perseguido pela religião dominante na Rússia, como herege, declarou sua crença no Deus justo, de amor, de misericórdia e de justiça, Pai de todas as criaturas que tinham o mesmo direito de ser felizes na Terra.
Quando o Espírito, que tem sede de paz e de plenitude, descobre que está engessado nos compromissos sociais, atrelado ao relógio que lhe comanda todos os momentos, obrigado a comportar-se de maneira padronizada, livre, mas escravo das imposições dos multiplicadores de opinião da mídia mercantilizada, mais interessada nos mecanismos de consumo do que na criatura em si mesma, desperta desse letargo, dessa ilusão que se permite, experimenta tristeza pelo tempo malconduzido.
Trata-se de uma tristeza saudável e enriquecedora, essa que se manifesta, não como infelicidade, mas como terapia para o excesso de risos e de aparências...
A preocupação que toma conta da sociedade contemporânea em parecer, é tão grande, que se estabeleceram padrões para a beleza, o comportamento, a alimentação, os relacionamentos, as posturas do triunfo e a conquista dos minutos de holofotes...
A tristeza, portanto, tem vez em qualquer comportamento moral, social, religioso, individual, trabalhando o indivíduo para a renovação interior e a conquista de valores mais profundos e significativos do que os existentes e consumidores.
Nada obstante, não se deve cultivar a tristeza como necessária para o discernimento a cada instante ou em toda parte.
Fenômeno psicológico transitório, deve ceder lugar à reflexão, ao despertamento e à valorização dos tesouros morais, culturais e espirituais.
A tristeza sem lamentação, sem queixas, sem ressentimentos, é, pois, psicoterapêutica, de vez em quando, para a conquista real do equilíbrio, com discernimento do que é lícito e deve ser conquistado.
***
Muitas vezes Jesus chorou de tristeza contemplando a loucura humana, o seu desequilíbrio, o desinteresse pelo verdadeiro e a ambição pelo mentiroso.
Sorriu, também, quando choraram aqueles que O foram ver no sepulcro, então ressuscitado, como houvera antes muitas vezes chorado.
Mergulhou em tristezas, em muitas ocasiões, quando, por exemplo, buscou o deserto para meditar, quando incompreendido pelos exploradores do povo, quando encontrou o Templo transformado em mercado de interesses inferiores, quando no Horto das Oliveiras...
A tristeza era-Lhe familiar, embora Ele houvesse trazido as boas novas de alegrias para a humanidade.
Não cultives a tristeza nem fujas dela, aceitando-a, quando se te apresentar e retirando o melhor resultado da oportunidade de reflexão que te proporcione.
Com esse comportamento estarás experienciando atitudes renovadas.


(ÂNGELIS, Joanna de (Espírito). Atitudes Renovadas. [psicografado por] Divaldo Pereira Franco. 1ª ed. Salvador, BA: Livraria Espírita Alvorada, 2009. Capítulo 5)

sábado, 7 de abril de 2012

VISÃO ESPÍRITA DA PÁSCOA!


Deve-se comemorar a Páscoa?

Que tipo de celebração, evento ou homenagem é permitida nas instituições espíritas?

Como o Espiritismo visualiza o acontecimento da paixão, crucificação, morte e ressurreição de Jesus?

Em linhas gerais, as instituições espíritas não celebram a Páscoa, nem programam situações específicas para “marcar” a data, como fazem as demais religiões ou filosofias “cristãs”. Todavia, o sentimento de religiosidade que é particular de cada ser-Espírito, é, pela Doutrina Espírita, respeitado, de modo que qualquer manifestação pessoal ou, mesmo, coletiva, acerca da Páscoa não é proibida, nem desaconselhada.

O certo é que a figura de Jesus assume posição privilegiada no contexto espírita, dizendo-se, inclusive, que a moral de Jesus serve de base para a moral do Espiritismo. Assim, como as pessoas, via de regra, são lembradas, em nossa cultura, pelo que fizeram e reverenciadas nas datas principais de sua existência corpórea (nascimento e morte), é absolutamente comum e verdadeiro lembrarmo-nos das pessoas que nos são caras ou importantes nestas datas.

Não há, francamente, nenhum mal nisso.Mas, como o Espiritismo não tem dogmas, sacramentos, rituais ou liturgias, a forma de encarar a Páscoa (ou a Natividade) de Jesus, assume uma conotação bastante peculiar. Antes de mencionarmos a significação espírita da Páscoa, faz-se necessário buscar, no tempo, na História da Humanidade, as referências ao acontecimento. A Páscoa, primeiramente, não é, de maneira inicial, relacionada ao martírio e sacrifício de Jesus.

Veja-se, por exemplo, no Evangelho de Lucas (cap. 22, versículos 15 e 16), a menção, do próprio Cristo, ao evento: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da minha paixão. Porque vos declaro que não tornarei a comer, até que ela se cumpra no Reino de Deus.” Evidente, aí, a referência de que a Páscoa já era uma “comemoração”, na época de Jesus, uma festa cultural e, portanto, o que fez a Igreja foi “aproveitar-se” do sentido da festa, para adaptá-la, dando-lhe um novo significado, associando-o à “imolação” de Jesus, no pós-julgamento, na execução da sentença de Pilatos.

Historicamente, a Páscoa é a junção de duas festividades muito antigas, comuns entre os povos primitivos, e alimentada pelos judeus, à época de Jesus. Fala-se do “pesah”, uma dança cultural, representando a vida dos povos nômades, numa fase em que a vinculação à terra (com a noção de propriedade) ainda não era flagrante. Também estava associada à “festa dos ázimos”, uma homenagem que os agricultores sedentários faziam às divindades, em razão do início da época da colheita do trigo, agradecendo aos Céus, pela fartura da produção agrícola, da qual saciavam a fome de suas famílias, e propiciavam as trocas nos mercados da época. Ambas eram comemoradas no mês de abril (nisan) e, a partir do evento bíblico denominado “êxodo” (fuga do povo hebreu do Egito), em torno de 1441 a.C., passaram a ser reverenciadas juntas. É esta a Páscoa que o Cristo desejou comemorar junto dos seus mais caros, por ocasião da última ceia. Logo após a celebração, foram todos para o Getsêmani, onde os discípulos invigilantes adormeceram, tendo sido o palco do beijo da traição e da prisão do Nazareno. Mas há outros elementos “evangélicos” que marcam a Páscoa. Isto porque as vinculações religiosas apontam para a quinta e a sexta-feira santas, o sábado de aleluia e o domingo de páscoa.

Os primeiros relacionam-se ao “martírio”, ao sofrimento de Jesus – tão bem retratado neste último filme hollyodiano (A Paixão de Cristo, segundo Mel Gibson) –, e os últimos, à ressurreição e a ascensão de Jesus. No que concerne à ressurreição, podemos dizer que a interpretação tradicional aponta para a possibilidade da mantença da estrutura corporal do Cristo, no post-mortem, situação totalmente rechaçada pela ciência, em virtude do apodrecimento e deterioração do envoltório físico. As Igrejas cristãs insistem na hipótese do Cristo ter “subido aos Céus” em corpo e alma, e fará o mesmo em relação a todos os “eleitos” no chamado “juízo final”. Isto é, pessoas que morreram, pelos séculos afora, cujos corpos já foram decompostos e reaproveitados pela terra, ressurgirão, perfeitos, reconstituindo as estruturas orgânicas, do dia do julgamento, onde o Cristo, separá justos e ímpios. A lógica e o bom-senso espíritas abominam tal teoria, pela impossibilidade física e pela injustiça moral. Afinal, com a lei dos renascimentos, estabelece-se um critério mais justo para aferir a “competência” ou a “qualificação” de todos os Espíritos. Com “tantas oportunidades quanto sejam necessárias”, no “nascer de novo”, é possível a todos progredirem. Mas, como explicar, então as “aparições” de Jesus, nos quarenta dias póstumos, mencionadas pelos religiosos na alusão à Páscoa? A fenomenologia espírita (mediúnica) aponta para as manifestações psíquicas descritas como mediunidades. Em algumas ocasiões, como a conversa com Maria de Magdala, que havia ido até o sepulcro para depositar algumas flores e orar, perguntando a Jesus – como se fosse o jardineiro – após ver a lápide removida, “para onde levaram o corpo do Raboni”, podemos estar diante da “materialização”, isto é, a utilização de fluido ectoplásmico – de seres encarnados – para possibilitar que o Espírito seja visto (por todos). Igual circunstância se dá, também, no colóquio de Tomé com os demais discípulos, que já haviam “visto” Jesus, de que ele só acreditaria, se “colocasse as mãos nas chagas do Cristo”. E isto, em verdade, pelos relatos bíblicos, acontece. Noutras situações, estamos diante de uma outra manifestação psíquica conhecida, a mediunidade de vidência, quando, pelo uso de faculdades mediúnicas, alguém pode ver os Espíritos. A Páscoa, em verdade, pela interpretação das religiões e seitas tradicionais, acha-se envolta num preocupante e negativo contexto de culpa. Afinal, acredita-se que Jesus teria padecido em razão dos “nossos” pecados, numa alusão descabida de que todo o sofrimento de Jesus teria sido realizado para “nos salvar”, dos nossos próprios erros, ou dos erros cometidos por nossos ancestrais, em especial, os “bíblicos” Adão e Eva, no Paraíso.

A presença do “cordeiro imolado”, que cumpre as profecias do Antigo Testamento, quanto à perseguição e violência contra o “filho de Deus”, está flagrantemente aposta em todas as igrejas, nos crucifixos e nos quadros que relatam – em cores vivas – as fases da via sacra. Esta tradição judaico-cristã da “culpa” é a grande diferença entre a Páscoa tradicional e a Páscoa espírita, se é que esta última existe.

Em verdade, nós espíritas devemos reconhecer a data da Páscoa como a grande – e última lição – de Jesus, que vence as iniqüidades, que retorna triunfante, que prossegue sua cátedra pedagógica, para asseverar que “permaneceria eternamente conosco”, na direção bussolar de nossos passos, doravante. Nestes dias de festas materiais e/ou lembranças do sofrimento do Rabi, possamos nós encarar a Páscoa como o momento de transformação, a vera evocação de liberdade, pois, uma vez despojado do envoltório corporal, pôde Jesus retornar ao Plano Espiritual para, de lá, continuar “coordenando” o processo depurativo de nosso orbe. Longe da remissão da celebração de uma festa pastoral ou agrícola, ou da libertação de um povo oprimido, ou da ressurreição de Jesus, possa ela ser encarada por nós, espíritas, como a vitória real da vida sobre a morte, pela certeza da imortalidade e da reencarnação, porque a vida, em essência, só pode ser conceituada como o amor, calcado nos grandes exemplos da própria existência de Jesus, de amor ao próximo e de valorização da própria vida.

Nesta Páscoa, assim, quando estiveres junto aos teus mais caros, lembra-te de reverenciar os belos exemplos de Jesus, que o imortalizam e que nos guiam. Comemore, então, meu amigo, uma “outra” Páscoa. A sua Páscoa, a da sua transformação, rumo a uma vida plena.

Texto do sr. Marcelo Henrique (SC) -Diretor de Política e Metodologias de Comunicação, da Abrade (Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

DUAS HISTÓRIAS, DOIS DESTINOS...

1ª História

Certa vez um garoto entrou na sala de emergência de um hospital depois de ter sido atropelado.
O motorista que o socorreu, ao ser interpelado para efetuar o depósito necessário ao atendimento, informou que não possuía, naquele momento, dinheiro ou cheque que pudesse oferecer em garantia, mas certamente, se o hospital aceitasse, poderia efetuar o depósito na primeira oportunidade.
O atendente, na impossibilidade de liberar o atendimento, mas, com a vantagem de ter um dos diretores do hospital, que também era médico, de plantão naquele momento, resolveu consultá-lo.
Todavia, por não ter dinheiro nem garantias para o tratamento, não liberou o atendimento, fato que levou a criança atropelada a falecer.
O diretor, novamente chamado para assinar o atestado de óbito do garoto, ao chegar para o exame cadavérico, descobre que o garoto atropelado era seu filho, que poderia ter sido salvo, se tivesse recebido atendimento.

2ª História

Antônio, um pai de família, um certo dia, quando voltava do trabalho, dirigindo num trânsito bastante pesado, deparou-se com um senhor que dirigia apressadamente.
Vinha cortando todo o mundo e, quando se aproximou do carro de Antônio, deu-lhe uma tremenda fechada, já que precisava atravessar para a outra pista.
Naquela hora, a vontade de Antonio foi de xingá-lo e impedir sua passagem, mas logo pensou:
- Coitado! Se ele está tão nervoso e apressado assim... Vai ver que está com um problema sério e precisando chegar logo ao seu destino, pensando assim, foi diminuindo a marcha e deixou-o passar.
Chegando em casa, Antonio recebeu a notícia de que seu filho de três anos havia sofrido um grave acidente e fora levado ao hospital pela sua esposa.
Imediatamente seguiu para lá e, quando chegou, sua esposa veio ao seu encontro e o tranqüilizou dizendo:
- Graças a Deus está tudo bem, pois o médico chegou a tempo para socorrer nosso filho. Ele já está fora de perigo.
Antonio, aliviado, pediu que sua esposa o levasse até o médico para agradecer-lhe.
Qual não foi sua surpresa quando percebeu que o médico era aquele senhor apressado para o qual ele havia dado passagem!


"Esteja sempre alerta para ajudar o próximo, independentemente de sua aparência ou condição financeira".
"Procure ver as pessoas além das aparências".
"Imagine que por trás de uma atitude, existe uma história, um motivo que leva a pessoa a agir de determinada forma."

NADA ACONTECE EM VÃO

Se um dia ao acordar, vocês encontrassem, ao lado das suas camas, um lindo pacote embrulhado com fitas coloridas, vocês o abririam, antes mesmo de lavarem o rosto, abrindo com todo o cuidado ou rasgando rapidamente o papel, curiosos para verem o que havia dentro...

Talvez houvesse ali algo de que vocês nem gostassem muito...
Então vocês guardariam a caixa, pensando no que fazer com aquele presente aparentemente "inútil".

Mas no dia seguinte, lá está outra caixa...
mais uma vez, vocês abrem correndo, e dessa vez há alguma coisa da qual vocês gostam muito...
Uma lembrança de alguém distante, uma roupa que vocês viram na vitrine, a chave de um carro novo, um casaco para os dias de frio ou simplesmente um ramo de flores de alguém muito especial que se lembrou de você...

Pois é, isso acontece todos os dias, mas nós nem percebemos...
Todos os dias quando acordamos, lá está, à nossa frente, uma caixa de presente enviada por Deus, especialmente para nós: um dia inteirinho para usarmos da melhor forma possível!
Às vezes ele vem cheio de problemas, coisas que não conseguimos resolver, tristezas, decepções, lágrimas...

Mas outras vezes, ele vem cheio de surpresas boas, alegrias, vitórias e conquistas...
O mais importante é que, todos os dias, Deus embrulha para nós, enquanto dormimos, com todo o carinho, nosso presente: O DIA SEGUINTE!
Ele cerca nosso dia com fitas coloridas, não importa o que esteja por vir...
Abram seus PRESENTES todos os dias, primeiro agradecendo a quem o mandou, sem se importar com o que vem dentro do "pacote“.
Se não veio hoje o PRESENTE que vocês queriam. paciência!!! esperem...

Sem dúvida, Ele não se engana na remessa dos pacotes.

DEUS não atende as nossas vontades, e sim nossas necessidades.

Ainda bem!

Que vocês tenham dias abençoados, cheios da Presença de Deus, e que seus presentes venham lhes trazer muita paz, experiências com Deus, e esclarecimentos sobre o muito que ainda temos a aprender com Ele e por Ele!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

ROMPANTES



A vida moderna caracteriza-se pela pressa.

Os recursos tecnológicos permitem que pessoas distantes troquem mensagens de forma instantânea.

A internet viabiliza a circulação de informações com rapidez vertiginosa.

Se algo relevante acontece em determinado país, em instantes isso pode ser levado ao conhecimento dos habitantes do outro lado do globo.

O dinheiro circula com grande desenvoltura pelas bolsas de valores de todo o planeta.

No jargão empresarial, tempo é dinheiro.

Decisões importantes freqüentemente têm de ser tomadas com prontidão e presteza.

Essa pressa já contamina as relações pessoais.

Relacionamentos começam e terminam em uma velocidade impensável há algum tempo atrás.

As pessoas se permitem intimidades tão logo se conhecem.

Mas igualmente têm pressa em seguir adiante, ao menor sinal de incompatibilidade.

Isso logra banalizar, de certo modo, o contato humano.

A agilidade que tudo impulsiona tende a fazer com que se tome pouco cuidado no lidar com o semelhante.

Esquece-se de que ele não é uma aplicação financeira ou um negócio a ser finalizado.

Nessa urgência de viver intensamente, as pessoas esquecem algumas regras básicas de educação.

Tornam-se quase desumanas, no afã de rapidamente partir para uma próxima etapa, mesmo sem atinar com o que vem a seguir.

À míngua de calma, vive-se na base de rompantes.

Sem muito refletir, as pessoas falam e agem.

Nesse processo, freqüentemente ferem os que as rodeiam.

Mas não se preocupam com isso, de acordo com uma nova e rasa perspectiva de vida.

Se confrontadas, afirmam-se apenas sinceras.

Reputam como virtude o hábito de dizer o que pensam, sem se preocupar com os sentimentos alheios.

Contudo, ninguém aprecia ser tratado com rudeza.

Mesmo quem age rudemente não gosta de receber pontapés.

Segundo um antigo provérbio, a verdade é como uma jóia preciosa.

Se uma jóia for atirada com violência na face de alguém, provocará ferimentos ou até cegueira.

Mas se for oferecida em um belo embrulho, de forma gentil, agradará bastante.

Então, é preciso cuidado com a forma como a verdade é aplicada na vida do próximo.

Uma verdade feroz apenas gera ferimentos e animosidade.

Mas se ela for apresentada com tato e gentileza, há grande chance de ser bem aceita.

Contudo, para ser gentil é necessário gastar algum tempo.

A gentileza é incompatível com rompantes.

Para não ser causa de sofrimentos e mágoas, reflita antes de falar e agir.

Lembre que ação gera reação.

O tratamento que você concede aos outros mais tarde lhe será concedido.

Deixe a rapidez e a pressa para questões objetivas, como negócios e notícias.

Em suas relações, seja calmo e ponderado.

Quem reage ao primeiro impulso, tem grandes chances de se arrepender.

O hábito de formular juízo de valor com rapidez implica, não raro, condenar sem permitir defesa.

Essa é uma atitude típica de déspotas, que sempre acabam sós.

Relações amorosas ou fraternas não se consolidam sem dedicação e cuidado.

Em clima de rudeza e insensibilidade, elas fenecem.

Tempo pode ser dinheiro, como habitualmente se afirma.

Mas a fortuna é uma compensação muito insignificante para a falta de amores e amigos.

Pense nisso.


Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

SEMINÁRIO COM DIVALDO FRANCO

Bebês anencéfalos - Doc (15min) "Flores de Marcela" - Aborto Anencefalia...

CRIANÇAS DE UMA NOVA ERA


Indiscutivelmente, vive-se na Terra o momento da grande transição planetária, onde as ocorrências dolorosas, os desastres coletivos, as tragédias do cotidiano, as contínuas ondas de violência e os descalabros de toda ordem chamam a atenção de todos, apresentando momentos terríveis de aflição e de sofrimentos.
Os denominados sinais dos decantados fins dos tempos estão presentes na civilização hodierna (moderna) convidando os seres humanos às reflexões profundas, impondo-lhes a necessidade de mudança para melhor no comportamento moral e emocional.
Além das alterações que sucedem coletivamente na sociedade, outras mais sutis, no entanto, não menos preocupantes, estão presentes nestes dias aguardando a atenção dos estudiosos: pais, psicólogos, educadores, sociólogos, religiosos, e todas as pessoas interessadas na construção da sociedade feliz do futuro.
Acompanhando o inevitável processo das reencarnações, pode-se constatar facilmente a presença de uma nova geração de Espíritos que se encontra no Planeta em condições surpreendentes, fora do habitual. Aqui se encontra, a fim de preparar a grande transição que vem tendo lugar lentamente, de modo que o Planeta mude de estágio evolutivo, conforme a assertiva de Jesus, em sua memorável mensagem do Sermão profético, conforme a narrativa de Marcos no capítulo XIII, versículos 1 a 32.
Facilmente, se pode identificar esses Espíritos que constituem a geração nova, a que se refere Allan Kardec em A Gênese, no item 27 do capítulo VIII, elucidando as emigrações e imigrações programadas para que ocorra a grande e inevitável mudança de evolução.
De igual maneira que os Espíritos progridem, também os mundos, as suas moradas transitórias elevam-se, proporcionando os fatores mesológicos necessários ao seu desenvolvimento intelecto-moral.
A lei de destruição, bem pouco compreendida pelos seres humanos é o mecanismo de que se utiliza a Divindade para a grande revolução que sempre ocorre, sendo através das alterações, às vezes, dolorosas para as criaturas, o meio eficaz para que se operem as grandes transformações morais e espirituais.
Observa-se, no Planeta terrestre, na atualidade, mais do que noutros períodos os sinais próprios dos acontecimentos previstos e programados, especialmente no que diz respeito aos valores éticos e morais, às convulsões sísmicas, às mudanças que se produzem em muitos países com alterações profundas em seu arcabouço econômico e financeiro, assim como às guerras desencadeadas para manter o predomínio, dando lugar ao seu declínio. Enquanto isso ocorre, outros, os denominados países emergentes, crescem e se desenvolvem, a fim de terem oportunidade de produzir novas culturas, nova civilização.
Simultaneamente, a onda de loucura e obsessão que assola a Terra faz parte da transição planetária, quando os Espíritos que tentam obstaculizar o processo evolutivo são removidos para outros planos, de modo que as dores sejam diminuídas e o tempo menos prolongado.
O processo da evolução é inevitável e faz parte dos Divinos Planos a respeito da vida.
Desde que criado simples e ignorante, o princípio espiritual evolui por meio das sucessivas reencarnações, adquirindo complexidades e conhecimentos, que se expandem do íntimo, onde se encontra gravada a essência da qual procede: Deus!
Proporcionar, portanto, o desenvolvimento do Deus interno, é o objetivo sublime dos renascimentos corporais, por ensejar as oportunidades de aplicação dos valores antes adormecidos na conquista da plenitude.
É compreensível, portanto, que o ser angélico de hoje tenha passado pela fieira dos renascimentos corporais, desde as fases mais primitivas até o estágio em que se encontra.
Os atuais guias da Humanidade estiveram nos primórdios da sua vida nas experiências primárias que lhes facultaram o desdobrar dos tesouros transcendentes da evolução.
De igual maneira, aqueles que hoje transitam em dificuldades espirituais e morais, através do burilamento (aprimorar) logrado (alcançar) nas experiências reencarnatórias, alcançarão também a elevada posição dos anjos tutelares atuais. Não foi por outra razão que o Mestre de Nazaré elucidou com ênfase, que nenhuma das ovelhas que o Pai Lhe confiou se perderia, adindo, oportunamente, porém, que ninguém entraria no reino dos Céus sem pagar a dívida até o último centavo...
À medida que o Espírito evolve (evoluir), experiência equívocos e êxitos, sendo convidado a reparar os erros e a prosseguir na ação edificante.
A atualidade espiritual do Planeta na fase de transição caracteriza-se por expressivo número daqueles que retornam missionários do Bem e da Verdade, do Conhecimento e da Beleza, da Tecnologia e da Ciência, da Fé religiosa e da Caridade, a fim de apressarem o processo evolutivo, ao tempo em que outros, ainda aferrados ao mal se despedem da oportunidade, igualmente renascendo para terem a sua última chance no lar terrestre que não têm sabido valorizar...
Certamente que retornarão, quando se recuperarem dos delitos praticados e da teimosia do orgulho e do egotismo exacerbado (agravar-se), da soberba das paixões primitivas, quais filhos pródigos de retorno ao regaço paterno...
Não seja de se estranhar que, de igual maneira, nobres Espíritos de outra Esfera evolutiva igualmente estejam reencarnando na Terra, a fim de contribuir em favor do seu processo de regeneração.
A grande maioria que está chegando chama a atenção por características muito especiais, sendo que alguns deles apresentam-se com distúrbio de déficit de atenção (DDA) ou mesmo transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), gerando situações perturbadoras na área da conduta. O fenômeno, porém, tem por objetivo convidar os estudiosos do comportamento e da educação a uma análise mais profunda a respeito da ocorrência.
Há muitos especialistas, no entanto, que negam a possibilidade do TDAH, conservando o diagnóstico apenas na classificação DDA.
Todavia, aprofundadas investigações demonstram que o TDAH tem origem nos intrincados mecanismos da hereditariedade, da convivência familiar, necessitando de cuidados especiais.
Invariavelmente, têm-se aplicado nos pacientes infantis drogas denominadas como da obediência, o que constitui grave responsabilidade pelos efeitos colaterais que podem ocasionar no seu futuro, especialmente a partir da adolescência.
Ideal será uma cuidadosa análise, e aplicação da moderna psicopedagogia, especialmente baseada no amor e na paciência, no diálogo e na convivência com os pais, de maneira a se transmitir afetividade e respeito, carinho e segurança psicológica ao paciente infantil.
Quando a criança dê-se conta de que é amada e compreendida, novos estímulos contribuirão para a diminuição da desatenção e da hiperatividade, ajustando-a aos programas de ação edificante e de construção da sociedade feliz.
Quando, no sermão profético, narrado pelo evangelista Marcos, Jesus se refere às grávidas e às que amamentarem nos dias terríveis do Senhor, elucida gentilmente a respeito das atuais ocorrências familiares, das dificuldades de convivência doméstica, dos desafios educacionais no lar, dos relacionamentos afetivos entre os parceiros...
Ao mesmo tempo, em relação aos problemas de radioatividade que possam ocorrer, conforme já tem sucedido, com a contaminação pelo estrôncio e outras substâncias destrutivas que dão lugar ao surgimento de anomalias de vária ordem, culminando com os tormentos cancerígenos, especialmente leucêmicos...
O momento é, portanto, muito grave, propondo graves reflexões e elevação de sentimentos, de modo a se contribuir de maneira eficaz para que esse tormentoso período seja abreviado...

(ÂNGELIS, Joanna de (Espírito). Liberta-te do Mal. [psicografado por] Divaldo Pereira Franco. 1ª ed. Santo André, SP: EBM Editora, 2011. Pg/127a132)