terça-feira, 31 de dezembro de 2013

SORTE

       1 - É possível saber o futuro procurando especia­listas em búzios, quiromancia, astrologia, tarô...

          A melhor maneira de descobrir nosso futuro é analisar o que estamos fazendo no presente. Ele será sempre a conseqüência de nossas ações.

          2 - Há algum inconveniente em procurar esses especialistas?

          Geralmente essas pessoas atuam como presti­digitadores, envolvendo os consulentes com genera­lidades. Atirando em várias direções sempre conven­cem os incautos. Ganham dinheiro à sua custa.

          3 - Eu e minha turma costumamos consultar uma vidente. Não é mistificadora. Sabe das coisas. Sempre fala com acerto sobre nossa vida.

Se for dotada de sensibilidade psíquica não lhe será difícil vasculhar o intimo dos consulentes, como quem lê um livro.

4 - Isso não é bom?

Pessoas assim costumam cobrar por suas consultas, o que compromete seu trabalho, colocando-as à mercê de Espíritos perturbadores que as utilizam como instrumentos para nos envolver.

5 - E nos perturbam?

De várias formas, principalmente em relação aos nossos sentimentos. Uma jovem ouviu de uma vidente que o rapaz por quem estava apaixonada correspondia aos seus anelos, embora fosse noivo de outra e estivesse às vésperas do casamento. Iria, por sua causa, romper o noivado. Ela alimentou durante anos a ilusão de que isso aconteceria. O rapaz casou, teve filhos, sempre viveu bem com a esposa. No entanto, a ingênua consulente continuou alimentando a idéia de que ele seria seu companheiro um dia. Perdeu tempo, perturbou-se, seduzida por mentirosa informação.

       6 - Pode haver algum inconveniente, mas eu e minhas amigas ficamos surpreendidas com as afirmativas da vidente, que sempre exprimem algo do que estamos vivendo.

       Considere que ela nada vê além do que está em suas cabeças. Se você imagina que seu namorado a está traindo, ela lhe dirá exatamente isso, sem que exprima a realidade. Daí o perigo, tomando por verdadeiro o que é apenas uma idéia inspirada em ciúme e insegurança.

        7 - Se há tantos problemas, por que desde a mais remota antigüidade as pessoas procuram pitonisas, profetas, videntes, oráculos...?

       É a velha tendência humana de procurar o maravilhoso, o sobrenatural, para decifrar os enigmas da existência e resolver seus problemas.

       8 - Mas não é importante saber o que vai acontecer, ter uma idéia sobre nosso destino?

       Quando há algum proveito ou necessidade, os nossos mentores espirituais providenciam para que, em sonhos premonitórios ou intuições, sejamos alertados, sem necessidade da interferência de pessoas cuja habilidade maior, quase sempre, é a de iludir os incautos.

Do livro "NÃO PISE NA BOLA", de Richard Simonetti.

ANO NOVO... VIDA NOVA!




Mais um ano se inicia. 

Época de promessas de modificações interiores. É o viciado de qualquer área, ainda não dominado por seu vício, que se compromete a abandonar o vício; o rancoroso que, muitas vezes, ajoelhado no último dia do ano, desfaz-se em lágrimas, jurando reatar os laços de amizade com quem, por mínimas desavenças, criou gigantescas barreiras mentais; o indiferente que, ao rememorar seu ano, percebe quantas oportunidades de auxiliar as pessoas deixou pelo caminho e se propõe a aproveitar todas as que surgirem no novo ano.

São promessas que todos fazemos. Afinal, qual de nós não tem vícios? Qual de nós não guarda rancor algum, por menor que seja? Qual de nós consegue aproveitar todas as oportunidades que a Vida oferece, a cada instante, sem se manter indiferente à dor alheia? Vícios, rancores, indiferenças são desvios que todos trazemos e precisam ser corrigidos. Devemos, então, prometer? Sim, e mais que isto, devemos nos organizar, analisar nossas dificuldades íntimas, conhecer-nos melhor e estabelecer um plano evolutivo.

Promessas há muitas, principalmente no final do ano, mas poucas resistem ao início de um ano novo, com seus chamados para as "coisas do mundo". Não precisamos, é claro, aguardar a meia-noite do dia 31 de dezembro. Cada instante da nossa vida pode significar um Ano Novo, uma Vida Nova. Costuma-se dizer que "hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas", mas poderíamos dizer que esse instante é o primeiro de uma seqüência infinita de instantes pela eternidade à fora.

Desconhecemos autoria.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ANO BOM

Achamos admirável a disposição de ânimo das criaturas que se saúdam à entrada de cada Novo Ano, augurando votos de felicidades umas às outras.

É ainda uma das belas praxes cultivadas pelo espírito humano, abstração feita ao caráter meramente protocolar que, em alguns casos, possa oferecer.

Isso ameniza um pouco as asperezas da trajetória terrena e dá novo alento ao trato social, que se reveste assim de mais beleza e atrativo.

Quem realiza semelhante prodígio de cordialidade e delicadeza nas manifestações dos sentimentos? quem responde por esse clima de amenidade de que nos damos conta dentro e fora dos ambientes domésticos? quem contribui, assim, de maneira tão decisiva, para que as coisas, de um final de ano ao começo de outro, mostrem- se abrandadas, cativantes, impregnadas de um quê de radiosidade envolvente e penetrativa?

E a resposta é - o Tempo, única e exclusivamente o Tempo, esse patrimônio comum de todos e denominador comum de renovação de tudo, tal como o entendia Padre Germano, que situava nele alcandoradas esperanças de grandiosas realizações e grandes realidades.

Quando empregamos as expressões "Ano Novo" e "Ano Bom", para qualificar um outro ciclo do Calendário, temos - talvez sem o perceber - a idéia de que o Tempo é uma das maiores e mais exuberantes bênçãos com que o Criador nos felicita na experiência planetária.

Todo Ano poderá ser Bom, ainda que nossas impressões sejam em contrário.

Ele será bom, tanto quanto o desejamos, não pelo que recebermos, mas pelo que dermos; não pelo que os outros nos fizerem, mas pelo que fizermos aos outros; não pelo que eles forem para nós, mas pelo que formos para eles, isto é, todo Ano- Novo será necessariamente Ano Bom, se bons nossos pensamentos e atos, se boas nossas palavras e atitudes.

Manifestações de coisas ótimas são também novidades ótimas.

Transmissão de notícias alentadoras. Anúncio de acontecimentos promissores. Divulgação de mensagens salutares. Surpresas agradáveis. Lembranças carinhosas. Impressões estimulativas. Impulsos de cordialidade. Expansões de sadio bom humor. Delicadas demonstrações de sentimento gratulatório. Expressões de gentileza. Apresentação de maneiras discretas, distintas, corretas e nobres. Tudo que possa contribuir para edificar e expandir o Bem, de que dermos autênticos testemunhos, serão como que parcelas de nós mesmos que se entranharão na Alma do Tempo, refletindo nela Luz e Bondade de nossa própria alma.

Tudo que, por nosso intermédio, caracterizar e definir o Belo, caracterizará e definirá gemas e preciosidades do nosso relicário íntimo, já por si mesmo embelezado.

Assim, se, ao término de um "Ano", acharmos que ele não foi "Bom", como esperávamos que o fosse e sempre esperamos que o seja, é que não realizamos o ideal da Bondade em nós mesmos.

Não nos fazendo bons nem melhores, coisa alguma de bom e melhor poderemos amealhar na caixa forte de nossas riquezas e aquisições.

Não sabendo demonstrar valor diante das situações difíceis com que nos vemos a braços, estas se nos afigurarão adversas, madrastas e inarredáveis.

Não revelando tolerância, faltar-nos-ão elementos para suportar e compreender os outros.

Não manifestando espírito de disciplina, as coisas mostrar-se-nos-ão tumultuadas e incontroláveis.

Não demonstrando boa vontade, tudo nos parecerá penoso, difícil, estranho, anormal, anômalo, incompreensível.

Não nos esforçando por progredir, as maravilhas da Evolução manter-se-ão distantes e ausentes, ocultas e inapreensíveis, sem que possamos vê-las, senti-las e alcançá-las.

Não trabalhando com afinco, as melhorias de condições de vida retrair-se-ão ao nosso contato.

Não estudando com real aplicação, o Conhecimento e a Cultura permanecerão alheios à nossa presença.

Não nos dedicando ao fiel cumprimento dos nossos deveres humanos e espirituais, as verdadeiras alegrias e venturas da existência não darão acordo de si à passagem de nossos corações.

Não nos conduzindo bem, as boas coisas não se apresentarão em nosso caminho, nem se farão sentir em nós e por nós, estrada afora.

Um Ano é Bom quando bons nos fazemos em todo o seu decurso, evidenciando a presença de Deus em nossas vidas.


Passos Lírio

ENSINO UNIVERSITÁRIO

1 - Por que há jovens espíritas que se sentem abalados em suas convicções ao entrar para os círculos universitários?

É que nunca assimilaram a Doutrina Espírita devidamente. Falta-lhes a base doutrinária. Por isso são facilmente influenciados pelo materialismo que impera ali.

2 - Considerando a cultura e a Inteligência dos catedráticos universitários, não seria razoável admitir que eles têm uma visão mais próxima da realidade, desvinculada de fantasias religiosas?

    Se a premissa é falsa a conclusão nunca será verdadeira. Nenhum intelectual, por mais brilhante e erudito enxergará a realidade espiritual, se equivocadamente supõe que somos um aglomerado de ossos, carnes e músculos que pensa.

3 - Não obstante, são professores de grande poder de persuasão, apoiados em vasta cultura. Como enfrentar esse pressionamento?

Estudando a Doutrina Espírita, a partir da idéia fundamental: somos Espíritos eternos em trânsito pela Terra. O que disso se afastar, por mais deslumbrante seja o raciocínio, é absolutamente quimérico.

4 - Mas Isso não será sempre mera questão de fé Incompatível com a racionalidade que Impera nos círculos universitários?

A existência do Espírito está longe de ser mera questão de fé. Está demonstrada pela Ciência Espírita, a partir de “O Livro dos Médiuns”.

5 - Se eu me disser espírita, pretendendo explicar determinados fenômenos à luz da Doutrina, para demonstrar a realidade espiritual, vão rir de mim.

Menos mal. No passado matavam os cristãos pelo simples fato de proclamarem sua fé. Além do mais, você está subestimando o alcance da Doutrina Espírita. Há muita gente interessada dentro das universidades, até professores. Ninguém vai rir se você estiver bem consciente do que fala, com base doutrinária.

       6 - O que se poderia fazer, dentro das universidades, em favor de estudantes espíritas?

       Procure identificá-los. Formem grupos de estudos no campus, convidando colegas para debates. Convidem os professores. É preciso mostrar o alcance da Doutrina, que ilumina o entendimento humano, principalmente em relação às ciências psicológicas.

       7 - E se encontrar resistência por parte da direção?

       Não me parece provável. Isso seria de um obscurantismo incompatível com os tempos atuais. De qualquer forma, é impossível impedir que pessoas conversem. Podem até usar o método peripatético, de Aristóteles: debater idéias ao longo de uma caminhada pelo campus.

8 - Teremos futuramente universidades espíritas?

Talvez. O mais importante é que futuramente as universidades descobrirão o Espiritismo, principalmente em relação à Medicina e à Psicologia. Saber-se-á, então, que é impossível cuidar com eficiência de problemas físicos e psíquicos da criatura humana sem admitir a existência do Espírito imortal.

Do livro "NÃO PISE NA BOLA", de Richard Simonetti.

domingo, 29 de dezembro de 2013

BRINCADEIRA DO COPO

1 - Como funciona o copo para entrar em contato com os Espíritos?
Lembra um pouco o fenômeno das mesas girantes, nos primórdios do Espiritismo. Faz-se um circulo em torno dele, com a posição das letras alfabéticas ao longo dos trezentos e sessenta graus. Os participantes fazem imposição das mãos sobre o copo. Ele se movimenta indicando letras que, anotadas, formam palavras e frases.

       2 - São os Espíritos que movimentam o copo?
       O fenômeno pode ser anímico. Os próprios participantes, inconscientemente, fazem o movimento. Ou espiritual, iniciativa de entidades desencarnadas que aproveitam a base fluídica sustentada pelos encarnados.

       3 - Funciona, então, como uma reunião mediúnica?
       No segundo caso, sim. Há Espíritos e médiuns.

       4 - Há algum problema com essas brincadeiras?
       São desaconselháveis. Inspiradas em mera curiosidade e sem nenhum preparo do grupo, podem converter-se em porta aberta às obsessões. Acontece com freqüência.

5 -  Os benfeitores espirituais não nos protegem?
A natureza dos Espíritos que participam de uma reunião de intercâmbio depende das intenções e disposições do grupo. Sem conhecimento, sem um propósito nobre, sem seriedade, realizadas por mera diversão, atendendo à curiosidade, sessões com o copo atraem Espíritos zombeteiros e mistificadores que ali têm campo fértil para a semeadura de perturbações.

6 -  E se houver boas intenções?
Segundo velho ditado, o inferno está cheio delas. Há muita gente bem intencionada que se perturba com o fenômeno mediúnico, por falta de conhecimento, experiência e orientação.

       7 - Uma reunião com o copo poderia ser realizada no Centro Espírita?
       Sim, mas seria regredir ao primarismo das mesas girantes, com manifestações demoradas, cansativas e pouco produtivas. Nos Centros Espíritas exercitam-se a psicofonia e a psicografia, em que os médiuns transmitem o pensamento dos Espíritos pela palavra falada e escrita, bem mais eficiente. Mal comparando, é como passar do telégrafo para o telefone ou fax.

       8 - Se não é prudente brincar com o copo, o que devem fazer meus amigos que se interessam pelo assunto?

       Que procurem o Centro Espírita, participem das reuniões doutrínárias e dos cursos de Espiritismo. Então estarão habilitados a participar de reuniões mediúnicas. Ali terão um aproveitamento bem melhor sem os riscos que envolvem essas “diversões” juvenis.

Do livro "NÃO PISE NA BOLA", de Richard Simonetti.

CARTA DE ANO NOVO

Ano Novo é também a renovação de nossa oportunidade de aprender, trabalhar e servir.

O tempo, como paternal amigo, como que se reencarna no corpo do calendário, descerrando-nos horizontes mais claros para a necessária ascensão.

Lembra-te de que o ano em retorno é novo dia a convocar-te para execução de velhas promessas, que ainda não tiveste a coragem de cumprir.

Se tens algum inimigo, faze das horas renascer-te o caminho da reconciliação.

Se foste ofendido, perdoa, a fim de que o amor te clareie a estrada para frente.

Se descansaste em demasia, volve ao arado de tuas obrigações e planta o bem com destemor para a colheita do porvir.

Se a tristeza te requisita, esquece-a e procura a alegria serena da consciência feliz no dever bem cumprido.

Novo Ano! Novo Dia!

Sorri para os que te feriram e busca harmonia com aqueles que te não entenderam até agora.

Recorda que há mais ignorância que maldade, em torno de teu destino.

Não maldigas, nem condenes.

Auxilia a acender alguma luz para quem passa ao teu lado, na inquietude da escuridão.

Não te desanimes, nem te desconsoles.

Cultiva o bom ânimo com os que te visitam, dominados pelo frio do desencanto ou da indiferença.

Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora:

Ama e auxilia sempre. Ajuda aos outros, amparando a ti mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu coração
.

Emmanuel

sábado, 28 de dezembro de 2013

ANO NOVO: AS ESPERANÇAS SE RENOVAM

Graças à Doutrina Espírita muitos dos segredos que envolviam o mistério da vida nos foram revelados. Dentre estes, o de que somos espíritos imortais e que aqui nos encontramos para dar continuidade ao aprendizado que nos propusemos a pôr em prática, quando traçamos os planos para a nossa reencarnação.

Muito embora tenhamos hoje este conhecimento acerca da nossa perenidade, o que nos dá a certeza que teremos o tempo necessário para a concretização do nosso programa de ação e gradativamente ir nos aperfeiçoando até atingir a meta final da perfeição, ainda assim, estamos inevitavelmente presos ao relógio do tempo.

Devemos encarar essa rotina do tempo que ainda nos domina, como mais uma oportunidade para recarregar as nossas baterias e continuar a jornada de luta em prol do nosso próprio progresso espiritual. Assim devemos ver esses intervalos do tempo físico em que vivemos como espíritos encarnados e aproveitar esses preciosos momentos para fazer uma reavaliação e traçar metas para o futuro.

A sucessão dos anos e a constante presença do Ano Novo em nossas vidas deve ser vista como mais uma oportunidade. É um momento oportuno para que avaliemos as ações perpetradas no ano velho e tracemos metas para o ano que se inicia. É fundamental que não nos deixemos impressionar negativamente pelos equívocos de que fomos eventualmente autores. Afinal de contas somos hoje sabedores de que como espíritos em marcha evolutiva, muito ainda temos que transpor para atingirmos um nível em que os comprometimentos sejam eliminados. O importante é aceitar com humildade os erros cometidos procurando tirar lições dos mesmos e ter o firme propósito de não os cometer novamente. Uma atitude de auto-acusação não é compatível com a visão que temos hoje do nosso Criador, que não nos condena.

Devemos dar graças a Deus pela oportunidade de sermos hoje conhecedores dos ensinamentos da Doutrina Consoladora. Ela veio ao mundo para nos revelar, à luz da razão e do bom senso, a responsabilidade que pesa sobre os nossos ombros no tocante ao trabalho que devemos empreender para conquistarmos a plenitude da Paz Duradoura. A Doutrina dos Espíritos veio tirar a venda dos nossos olhos, a qual criava obstáculos e nos impedia de ter uma visão coerente e racional sobre o Criador, nós mesmos, a oportunidade redentora da vida e a inarredável RESPONSABILIDADE que cabe a cada um de nós pela conquista do progresso espiritual, até a completa redenção – a PERFEIÇÃO.

Assim, devemos todos levantar os olhos aos céus e agradecer ao Criador por mais um ano de vida, trabalho e aprendizado. Que tenhamos a humildade e a serenidade de reconhecer os nossos erros e pedir ao Pai e aos Espíritos Protetores que nos guiam, a força necessária para que não voltemos a incidir neles e com o firme propósito de nos tornarmos melhores seres humanos, encaremos o ANO NOVO que se iniciará como mais uma grande oportunidade.

Que a Paz verdadeira ensinada e vivida pelo Mestre Jesus seja a meta de todos nós no ano que se iniciará.



Antonio Leite

PROJETOS

1 - Existe um planejamento espiritual quanto a nossa profissão?

Em determinadas atividades isso é indispensável. Um médico cirurgião, por exemplo, deve possuir um sistema nervoso adequado, garantindo-lhe equilíbrio emocional e habilidade manual.

     2 - Como posso saber qual a profissão para a qual me preparei na Espiritualidade?

Isso ocorre naturalmente, na forma de tendências e disposições, a se manifestarem desde cedo.

3 - Se Isso não acontece, não houve planejamento?

Nem sempre o reencarnado sintoniza de imediato com a tarefa que escolheu. Isso se verifica principalmente quando o fez por necessidade evolutiva ou imposição cármica, nem sempre compatíveis com seus desejos.

4 -  Há Espíritos que reencarnam sem planejamento quanto à sua profissão?

Dependendo de seus compromissos, há uma orientação sumária, sem maiores cuidados de especialização. Isso envolve multidões que reencarnam para ocupar funções de operários, servidores braçais, e semelhantes.

5 -  Isso está relacionado com a posição evolutiva do Espírito?

Negativo. É apenas uma contingência relacionada com suas necessidades e objetivos. Podemos ter um missionário optando por serviços braçais ou reencarnante de mediana evolução sendo conduzido a tarefas especializadas.

6 - A profissão de soldado ou policial é uma opção reencarnatória ou trata-se de um desvio do Espírito em relação ao seu projeto para a existência?

 São profissões necessárias à manutenção da ordem social. Espíritos podem reencarnar com o propósito de exercitá-las ou podem optar por fazê-lo após o mergulho na carne. O bem ou mal que venham a praticar depende do rumo que imprimam às suas ações, vinculando-se aos falcões — aqueles que pretendem resolver tudo «no braço”, ou as pombas — aqueles que tudo fazem em favor da paz.

7 -  Um Espírito pode reencarnar com o projeto de vincular-se a determinada empresa?

Perfeitamente. Eu mesmo tenho plena convicção de que planejei ser funcionário do Banco do Brasil, onde trabalhei trinta anos. Jamais experimentei o temor do desemprego ou graves dificuldades econômicas. Foi abençoada retaguarda que me proporcionou a felicidade de uma vinculação mais estreita com as atividades espíritas.

8 -  Vai chegando o tempo em que deverei resolver minha vida. Estou terminando o colegial e ainda não me decidi por nenhuma profissão. O  que devo fazer?

Há inúmeros recursos que pode mobilizar —testes vocacionais, orientação psicológica, leitura de publicações especializadas, troca de idéias com amigos, familiares, professores. Analise suas tendências e as atividades para as quais experimenta maior facilidade. Sobretudo, ore. Peça a inspiração dos amigos espirituais. Converse em pensamento com seu mentor espiritual. Ele o ajudará a encontrar seu caminho.

Do livro "NÃO PISE NA BOLA", de Richard Simonetti.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

CARIDADE, A META

Guarda, na mente, que a caridade em teus atos deve ser a luz que vence a sombra.

Enquanto não compreendas que a caridade é sempre a bênção maior para quem a realiza, ligando o benfeitor ao necessitado, estarás na fase primária da virtude por excelência.

Poderás repartir moedas, a mãos-cheias; todavia, se não mantiveres o sentimento da amizade em relação ao carente, não terás logrado alcançar a essência da caridade.

Repartirás tecidos e agasalhos com os desnudos; no entanto, se lhes não ofertares compreensão e afabilidade, permanecerás na filantropia.

Atenderás aos enfermos com medicação valiosa; entretanto, se não adicionares ao gesto a gentileza fraternal, estarás apenas desincumbindo-te de um mister de pequena monta.

Ofertarás o pão aos esfaimados; contudo, se os não ergueres com palavras de bondade, não alcançaste o sentido real da caridade.

Distribuirás haveres e coisas com os desafortunados do caminho; não obstante, sem o calor do teu envolvimento emocional em relação a eles, não atingiste o fulcro da virtude superior.

A caridade é algo maior do que o simples ato de dar.

Certamente, a doação de qualquer natureza sempre beneficia aquele que lhe sofre a falta. Todavia, para que a caridade seja alcançada, é necessário que o amor se faça presente, qual combustível que permite o brilho da fé, na ação beneficente.

A caridade material preenche os espaços abertos pela miséria sócio-econômica, visíveis em toda parte.

Além deles, há todo um universo de necessidades em outros indivíduos que renteiam contigo e esperam pela luz libertadora do teu gesto.

A indulgência, em relação aos ingratos e agressivos; 

a compaixão, diante dos presunçosos e perversos;

a tolerância, em favor dos ofensores;

a humildade, quando desafiado ao duelo da insensatez;

a piedade, dirigida ao opressor e déspota;

a oração intercessória, pelo adversário;

a paciência enobrecida, face às provocações e à irritabilidade dos outros;

a educação, que rompe as algemas da estupidez e da maldade que se agasalham nas furnas da ignorância gerando a delinqüência e a loucura...

A caridade moral é desafio para toda hora, no lar, na rua, no trabalho.

Exercendo-a, recorda também da caridade em relação a ti mesmo.

Jesus, convivendo com os homens, lecionou exemplificando todas as modalidades da caridade, permanecendo até hoje como o protótipo mais perfeito que se conhece, tornando-a a luz do gesto, que vence a sombra do mal, através da ação do amor.

Caridade, pois, eis a meta.




Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Vigilância.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
1a edição. Salvador, BA: LEAL, 1987.

MISSÕES

1 -  Somente os Espíritos Superiores cumprem missões?

Missionário é aquele que se incumbe de determinada tarefa, o que todos podemos fazer, a partir da missão fundamental, inadiável: trabalhar em favor de nossa edificação espiritual.

2 -  Como entender, nesse contexto, a afirmativa de Jesus: ‘Muitos os chamados, mas poucos os escolhidos”?

Deus não tem preferências. Todos somos convocados à gloriosa missão de edificar um mundo melhor, o Reino Divino. São escolhidos os que se dispõem a servir. Dentre estes, que se contam nos dedos, os maiores, como ensinava o Mestre, serão os que mais servirem.

      3 - Como fica um policial que, no cumprimento de sua missão de preservar a ordem, envolve-se num tiroteio e mata um criminoso?

Houve a intenção de matar? Prazer em eliminar o bandido? Sadismo? Crueldade? Ou foi legítima defesa, sem intenção homicida? Sua responsabilidade estará subordinada às suas motivações. É um assunto entre ele e a Justiça Divina.

4 - Qual a missão de uma pessoa que não se casou, que não tem filhos, nem família, nem amigos, nem ninguém, vivendo Isolada?

Saulo de Tarso atravessou essa contingência quando se converteu ao Cristianismo. Amigos e familiares o abandonaram, situando-o por traidor de Moisés. Os cristãos o evitavam, duvidando de sua sinceridade. Superou-a resoluto, com os valores de uma dedicação sem limites à causa evangélica, transformando-se no grande arauto do Cristianismo. Quase sempre, entretanto, semelhante situação decorre de tendência e não de contingência, sob inspiração de impulsos egocêntricos. A grande missão que compete ao indivíduo, neste caso, é a de romper o isolamento com o exercício da fraternidade.

    5 - Que dizer de alguém que passa a vida tentando fazer pessoas felizes, sufocando quase sempre sua própria vontade e mesmo assim não é reconhecido e quase sempre deixado de lado, como se não contasse?

É preciso definir se prestamos benefícios espontaneamente às pessoas de nossa convivência ou se os comercializamos, esperando pagamentos de gratidão e consideração. Neste caso nunca nos sentiremos devidamente remunerados. O ato de servir tem sua própria compensação, oferecendo-nos bênçãos inefáveis, sem necessidade de cobranças que distanciam os beneficiários de nossa dedicação.

6 - Se todos temos uma missão a cumprir, como saber se não estamos nos transviando, deixando de lado as tarefas a que nos propusemos?

Basta consultar a própria consciência, definindo se estamos satisfeitos com nossa vida, com o que fazemos, com nosso comportamento.

7 - Pais que tratam com carinho os filhos, procurando orientá-los e encaminhá-los para o Bem, podem ser considerados missionários fracassados se eles seguem caminhos de irresponsabilidade?

Fiquem tranqüilos. Não houve fracasso. A semeadura foi feita. Germinará no tempo oportuno, quando a vida impuser aos filhos a cobrança de seus desatinos.

8 - Uma jovem solteira tem um bebê e o entrega para adoção. Foi intermediária de uma família que deveria receber esse Espírito como filho adotivo ou simplesmente refugou a missão da maternidade?

Assim como há a chamada “barriga de aluguel”, mulheres que se dispõem a acolher em seu ventre óvulo alheio, diríamos que há a “madre de transição”, que possibilita a vinda, por vias indiretas, de um Espírito ligado a determinado agrupamento familiar. Quanto à responsabilidade da jovem mãe, depende de suas motivações. Entregou o filho porque se sentia sem condições para cuidar dele ou por que não queria compromisso? De qualquer forma a experiência repercutirá em sua consciência, em favor de seu amadurecimento espiritual.

Do livro "NÃO PISE NA BOLA", de Richard Simonetti.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A RELIGIÃO DE JESUS



O Batista estava no cárcere à mercê de Herodes, o tetrarca. Rumores confusos pairavam em torno do prometido Messias que já se achava na Terra. Alguns diziam: É ele em verdade o Cristo das profecias; outros, porém, afirmavam o contrário.

O Profeta dos desertos que o havia batizado nas águas do Jordão, e, nesse momento, ouvia a voz do Céu testificar sua origem divina, sabia perfeitamente que Jesus era o Cristo.

Prevendo, como profeta, o fim que lhe estava reservado, tratou de encaminhar seus discípulos para Aquele de quem não se julgava digno de atar as correias das sandálias. Enviou, então, a Jesus dois deles que costumavam visitá-lo na prisão, dizendo-lhes: “Ide a Jesus, e perguntai-lhe : És tu mesmo o Cristo esperado?”

Partiram os emissários em demanda do Filho de Deus; e, encontrando-o, disseram-lhe tal como lhes fora recomendado.

O Mestre, antes de lhes responder, curou inúmeros enfermos de várias moléstias, aliviou muitos flagelados por maus espíritos, e, em seguida, disse-lhes: “Contai a João tudo que vistes e ouvistes: os cegos vêem, os surdos ouvem, os paralíticos locomovem-se livremente, os leprosos ficam limpos, os mortos ressuscitam, e aos pobres anuncia-se-lhes o Evangelho; e bem-aventurado é aquele que em mim não achar motivo de tropeço.”

E assim se deu a conhecer o enviado do Céu. Se tal característico distingue o Cristo, tal característico deve distinguir a sua Igreja. O Cristianismo, portanto, é a religião do amor objetivada na solidariedade humana.

É notório haver Jesus encartado no número das maravilhas da sua religião o anunciar-se o Evangelho aos pobres. Por tal devemos compreender, não as prédicas, as teorias anunciadas com mais ou menos habilidade dos púlpitos e das tribunas, mas o conceder-se aos humildes e bem-estar, as regalias e o conforto a que eles têm direito, abolindo-se os privilégios odiosos que vêm, através de todos os tempos, cavando abismos de separação entre as classes sociais.

Anunciar, pois, o Evangelho aos pobres significa assisti-los em suas necessidades morais e materiais, atendê-los em suas justas aspirações, contribuindo para melhorar a situação angustiosa em que eles, por vezes, se encontram: significa amá-los como a nós próprios, fazendo por eles o que queremos para nós mesmos, testemunhando assim a nossa solidariedade em atos de justiça e de misericórdia, conforme o exemplo de Jesus Cristo.

A religião do Filho de Deus é aquela que se levanta sobre as bases desta tríade bendita: Amor, Igualdade, Liberdade. Para ela o mundo caminha, embora assim não pareça: e bem-aventurados aqueles que nessa fé não encontram motivo de escândalo.


Autor: Vinicius (pseudônimo) – Pedro de Camargo  do livro: Nas Pegadas do Mestre
8ª Edição em 1992 – Editora Federação Espírita Brasileira (FEB) – Páginas: 223 até 224 – Brasília-DF – 1933

A MORTE DE AYRTON SENNA

1 - Pessoas como Ayrton Senna, que se arriscam em atividades altamente perigosas, como as corridas de Fórmula 1, podem ser consideradas suicidas quando desencarnam num acidente?
Não, porque não o fazem com a intenção de morrer. Ao contrário, empenham-se em preservar a própria integridade física, buscando o máximo de segurança.

2 - O viciado em álcool, fumo, drogas, também não deseja matar-se. Por que, então, é chamado de suicida Indireto?
É diferente, O vício sempre implica em redução da existência humana, em face do comprometimento orgânico a que submete o viciado.

3 - Ao optar por uma atividade que implica em risco de vida não está o indivíduo, de certa forma, brincando com a morte?
Se todos pensassem assim não teríamos policiais, bombeiros, vigilantes, profissionais de serviços insalubres, médicos e enfermeiros cuidando de enfermidades contagiosas, motoristas de caminhão e outras atividades necessárias ao bem-estar da coletividade e ao progresso humano que, não obstante, envolvem riscos.

4 - Não seria preferível morrer no cumprimento de um dever, salvando ou protegendo vidas, a morrer num circo como a Fórmula 1?
É preciso considerar as tendências humanas.
O   Circo Romano só existiu porque o povo apreciava seus espetáculos.

5 - É cármico o envolvimento de uma pessoa com atividades de alto risco?
É uma opção, atendendo às tendências do indivíduo. Percebe-se, por exemplo, nos pilotos de corrida uma grande paixão pela velocidade, como um desafio.

6 - Houve fatalidade no acidente?
Fatalidade é o nome que costumamos usar para justificar as falhas humanas. Sabemos que interesses financeiros criaram condições para os trágicos acidentes daquele domingo negro na Fórmula 1.

7 - Como fica o Espírito numa morte assim?
É traumatizante, mas a extensão do problema depende muito da índole, da maneira de ser do desencarnante. Senna, segundo o testemunho daqueles que conviviam com ele, era um homem íntegro, tranqüilo, bem humorado e generoso. Sabemos agora que fazia doações vultosas à instituições assistenciais e sempre pedia silêncio a respeito. Habilitou-se, certamente, a ampla assistência espiritual.

8 - Como explicar a repercussão de sua morte, a emoção que tomou conta dos brasileiros?

Senna era o herói nacional. De certa forma representava um pouco de cada brasileiro, um povo sofrido e carente, mostrando ao mundo nosso valor, nossa competência, nossa capacidade de lutar. Quando vencia, a população sentia-se realizada. Daí a comoção popular. Perdemos nosso herói.

Do livro "NÃO PISE NA BOLA", de Richard Simonetti.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

DESTINO

      1 - Todos temos um destino a cumprir?
       No sentido absoluto, a longo prazo, sim. Há um caminho que devemos percorrer, até a perfeição. Será cumprido, quer queiramos ou não. É a vontade de Deus, que jamais falha em seus objetivos.

       2 - E no sentido relativo?
       Há programas para a vida presente, envolvendo casamento, profissão, filhos, condição social, saúde. Isso tudo vai depender de nossa vontade. Um casamento programado pode não se consumar, se um dos parceiros desistir. Da mesma forma muitos casamentos não dão certo, não por destino, mas porque os cônjuges enveredam por desvios de desentendimento e infidelidade.

       3 - Podemos estabelecer uma relação entre o destino absoluto e o relativo?
       Consideremos uma meta distante que devemos atingir, em longa viagem: a perfeição. A maneira como viajamos e o roteiro dependem de nossas iniciativas. Podemos escolher determinada estrada. Podemos desistir dela, enveredando por desvios, mas sempre seremos reconduzidos pelas forças da Vida à rota devida, à destinação final.

       4 - Um casal, ao reencarnar, planeja unir-se pelo casamento. Pode não se consumar essa união?
       É possível, particularmente nestes tempos de liberdade sexual em que as pessoas se envolvem passionalmente, confundindo o sistema de sinalização espiritual que lhes apontaria, no tempo devido, o parceiro acertado. Resultam daí uniões não programadas.

       5 - E como ficarão, quando vierem a se encontrar, os parceiros da programação espiritual?
       Muito mal, porqüanto sentirão o apelo, o chamamento do destino, mas preso um deles ou ambos a outro compromisso que, não raro, envolve filhos. É uma situação delicada.

       6 - O que devem fazer?
       A ligação atual deve sobrepor-se. Há uma situação consumada, uma família, filhos... Um novo caminho a envolver responsabilidades assumidas.

       7 - Isso não os fará Infelizes?
       Acaso seriam felizes unindo-se a partir de um lar desfeito na retaguarda? A felicidade está muito mais subordinada ao cumprimento de nossos deveres que à satisfação de nossos desejos, ainda que, em princípio, não tomemos consciência disso.

       8 - Com o planejamento espiritual não cumprido terão perdido a existência?

       Absolutamente. Houve apenas uma mudança de planos, a partir de sua própria iniciativa. Sua existência será produtiva e feliz se cumprirem seus deveres, deixando de alimentar fantasias em torno de uma ligação que agora é indesejável. E amadurecerão em relação às experiências futuras, cultivando comedimento para evitar que impulsos passionais ponham a perder um novo planejamento.

Do livro "NÃO PISE NA BOLA", de Richard Simonetti.

ORAÇÃO DE NATAL

Senhor Jesus. Há mais de dois milênios, estabelecias o Natal com tua doce humildade na manjedoura, onde te festejaram todas as harmonias da Natureza. Reis e pastores vieram de longe, trazendo-te ao berço pobre o testemunho de sua alegria e de seu reconhecimento. As estrelas brilharam com luz mais intensa nos fulgores do céu e uma delas se destacou no azul do firmamento, para iluminar o suave momento de tua glória. Desde então, Senhor, o mundo inteiro, pelos séculos afora, cultivou a lembrança da tua grande noite, extraordinária de luz e de belezas diversas.

Agora, porém, as recordações do Natal são muito diferentes.

Não se ouvem mais os cânticos dos pastores, nem se percebem os aromas agrestes da Natureza.

Um presépio do século XX seria certamente arranjado com eletricidade, sobre uma base de bombas e de metralhadoras, onde aquela legenda suave do Gloria in excelsis Deo seria substituída por um apelo revolucionário dos extremismos políticos da atualidade.

As comemorações já não são as mesmas.

Os locutores de rádio falarão da tua humildade, do cume dos arranha-céus, e, depois de um programa armamentista, estranharão, para os seus ouvintes, que a tua voz pudesse abençoar os pacíficos, prometendo- lhes um lugar de bem-aventurados, embora haja isso ocorrido há dois mil anos.

Numerosos escritores falarão, em suas crônicas elegantes, sobre as crianças abandonadas, estampando nos diários um conto triste, onde se exalte a célebre virtude cristã da caridade; mas, daí a momentos, fecharão a porta dos seus palacetes ao primeiro pobrezinho.

Contudo, Senhor, entre os superficialismos desta época de profundas transições, almas existem que te esperam e te amam. Tua palavra sincera e branda, doce e enérgica, magnetiza-lhes os corações, na caprichosa e interminável esteira do tempo. Elas andam ocultas nas planícies da indiferença e nas montanhas de iniquidade deste mundo. Conservam, porém, consigo a mesma esperança na tua inesgotável misericórdia.

É com elas e por elas que, sob as tuas vistas amoráveis, trabalham os que já partiram para o mundo das suaves revelações da morte. É com a fé admirável de seus corações que semeamos, de novo, as tuas promessas imortais, entre os escombros de uma civilização que está agonizando, à míngua de amor.

É por essa razão que, sem nos esquecermos dos pequeninos que agrupavas em derredor da tua bondade, nos recordamos hoje, em nossa oração, das crianças grandes, que são os povos deste século de pomposas ruínas.

Tu, que és o Príncipe de todas as nações e a base sagrada de todos os surtos evolutivos da vida planetária; que és a Misericórdia infinita, rasgando todas as fronteiras edificadas no mundo pelas misérias humanas, reúne a tua família espiritual, sob as algemas da fraternidade e do bem que nos ensinaste!...

Em todos os recantos do orbe, há bocas que maldizem e mãos que exterminam os seus semelhantes. Os Espíritos das trevas fazem chover o fogo de suas forças apocalípticas sobre as organizações terrestres, ateando o sinistro incêndio das ambições na alma de multidões alucinadas e desvalidas. Por toda parte, assomam os falsos ídolos da impenitência do mundo, e místicas políticas, saturadas do vírus das mais nefastas paixões, entornam sobre os espíritos o vinho ignominioso da morte.

Mas nós sabemos, Senhor, como são falazes e enganadoras as doutrinas que se afastam da seiva sagrada e eterna dos teus ensinos, porque dissipas misericordiosamente a confusão de todas as almas, ainda que os seus arrebatamentos se apóiem nas paixões mais generosas.

Tu, que andavas descalço pelos caminhos agrestes da Galileia, faze florescer, de novo, sobre a Terra, o encanto suave da simplicidade no trabalho, trazendo ao mundo a luz cariciosa de tua oficina de Nazaré!...

Tu, que és a essência de nossos pensamentos de verdade e de luz, sabes que todas as dores são irmãs umas das outras. Assim, as esperanças desabrochem nos corações dos teus frágeis tutelados, para vibrar nos mesmos ideais, aquém ou além das linhas arbitrárias que os homens intitularam de fronteiras!

Todas as expressões da Filosofia e da Ciência dos séculos terrenos passaram sobre o mundo, enchendo as almas de amargosas desilusões. Numerosos políticos te ridiculizaram, desdenhando as tuas lições inesquecíveis; mas nós sabemos que existe uma verdade que dissimulaste aos inteligentes para a revelares às criancinhas, encontrada, aliás, por todos os homens, filhos de todas as raças, sem distinção de crenças ou de pátrias, de tradições ou de família, que pratiquem a caridade em teu nome...

Pastor do rebanho de ovelhas tresmalhadas, desde o primeiro dia em que o sopro divino da vontade do nosso Pai fez brotar a erva tenra, no imenso campo da existência terrestre, pairas acima do movimento vertiginoso dos séculos, acima de todos os povos e de suas transmigrações incessantes no curso do tempo, ensinando as criaturas humanas a considerar o nada de suas inquietações, em face do dia glorioso e infinito da eternidade!...

Agora, Senhor, que as línguas da impiedade conclamam as nações para um novo extermínio, manifesta a tua bondade, ainda uma vez, aos homens infelizes, para que compreendam, a tempo, a extensão do seu ódio e de sua perversidade.

Afasta o dragão da guerra de sobre o coração dilacerado das mães e das crianças de todos os países, curando as chagas dos que sangram de dor selvagem à beira dos caminhos.

Revela aos homens que não há outra força além da tua e que nenhuma proteção pode existir, além daquela que se constitui da segurança de tua guarda!

Ensina aos sacerdotes de todas as crenças do globo, que falam em teu nome, o desprendimento e a renúncia dos bens efêmeros da vida material, a fim de que entendam as virtudes do teu Reino, que ainda não reside nas suntuosas organizações dos Estados deste mundo!

Tu, que ressuscitaste Lázaro das sombras do sepulcro, revigora o homem moderno, do túmulo das vaidades apodrecidas!



Francisco Cândido Xavier/Espírito Humberto de Campos,  do livro "Novas mensagens".