quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A MORTE DE AYRTON SENNA

1 - Pessoas como Ayrton Senna, que se arriscam em atividades altamente perigosas, como as corridas de Fórmula 1, podem ser consideradas suicidas quando desencarnam num acidente?
Não, porque não o fazem com a intenção de morrer. Ao contrário, empenham-se em preservar a própria integridade física, buscando o máximo de segurança.

2 - O viciado em álcool, fumo, drogas, também não deseja matar-se. Por que, então, é chamado de suicida Indireto?
É diferente, O vício sempre implica em redução da existência humana, em face do comprometimento orgânico a que submete o viciado.

3 - Ao optar por uma atividade que implica em risco de vida não está o indivíduo, de certa forma, brincando com a morte?
Se todos pensassem assim não teríamos policiais, bombeiros, vigilantes, profissionais de serviços insalubres, médicos e enfermeiros cuidando de enfermidades contagiosas, motoristas de caminhão e outras atividades necessárias ao bem-estar da coletividade e ao progresso humano que, não obstante, envolvem riscos.

4 - Não seria preferível morrer no cumprimento de um dever, salvando ou protegendo vidas, a morrer num circo como a Fórmula 1?
É preciso considerar as tendências humanas.
O   Circo Romano só existiu porque o povo apreciava seus espetáculos.

5 - É cármico o envolvimento de uma pessoa com atividades de alto risco?
É uma opção, atendendo às tendências do indivíduo. Percebe-se, por exemplo, nos pilotos de corrida uma grande paixão pela velocidade, como um desafio.

6 - Houve fatalidade no acidente?
Fatalidade é o nome que costumamos usar para justificar as falhas humanas. Sabemos que interesses financeiros criaram condições para os trágicos acidentes daquele domingo negro na Fórmula 1.

7 - Como fica o Espírito numa morte assim?
É traumatizante, mas a extensão do problema depende muito da índole, da maneira de ser do desencarnante. Senna, segundo o testemunho daqueles que conviviam com ele, era um homem íntegro, tranqüilo, bem humorado e generoso. Sabemos agora que fazia doações vultosas à instituições assistenciais e sempre pedia silêncio a respeito. Habilitou-se, certamente, a ampla assistência espiritual.

8 - Como explicar a repercussão de sua morte, a emoção que tomou conta dos brasileiros?

Senna era o herói nacional. De certa forma representava um pouco de cada brasileiro, um povo sofrido e carente, mostrando ao mundo nosso valor, nossa competência, nossa capacidade de lutar. Quando vencia, a população sentia-se realizada. Daí a comoção popular. Perdemos nosso herói.

Do livro "NÃO PISE NA BOLA", de Richard Simonetti.

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