1 - Pessoas como Ayrton Senna, que se arriscam em
atividades altamente perigosas, como as corridas de Fórmula 1, podem ser
consideradas suicidas quando desencarnam num acidente?
Não,
porque não o fazem com a intenção de morrer. Ao contrário, empenham-se em
preservar a própria integridade física, buscando o máximo de segurança.
2 - O viciado em álcool, fumo, drogas, também não
deseja matar-se. Por que, então, é chamado de suicida Indireto?
É
diferente, O vício sempre implica em redução da existência humana, em face do
comprometimento orgânico a que submete o viciado.
3 - Ao optar
por uma atividade que implica em risco de vida não está o indivíduo, de certa
forma, brincando com a morte?
Se todos
pensassem assim não teríamos policiais, bombeiros, vigilantes, profissionais de
serviços insalubres, médicos e enfermeiros cuidando de enfermidades
contagiosas, motoristas de caminhão e outras atividades necessárias ao
bem-estar da coletividade e ao progresso humano que, não obstante, envolvem
riscos.
4 - Não seria
preferível morrer no cumprimento de um dever, salvando ou protegendo vidas, a
morrer num circo como a Fórmula 1?
É preciso
considerar as tendências humanas.
O Circo Romano só existiu porque o povo
apreciava seus espetáculos.
5 - É cármico
o envolvimento de uma pessoa com atividades de alto risco?
É uma
opção, atendendo às tendências do indivíduo. Percebe-se, por exemplo, nos
pilotos de corrida uma grande paixão pela velocidade, como um desafio.
6 - Houve
fatalidade no acidente?
Fatalidade é o
nome que costumamos usar para justificar as falhas humanas. Sabemos que
interesses financeiros criaram condições para os trágicos acidentes daquele
domingo negro na Fórmula 1.
7 - Como fica
o Espírito numa morte assim?
É
traumatizante, mas a extensão do problema depende muito da índole, da maneira
de ser do desencarnante. Senna, segundo o testemunho daqueles que conviviam com
ele, era um homem íntegro, tranqüilo, bem humorado e generoso. Sabemos agora
que fazia doações vultosas à instituições assistenciais e sempre pedia silêncio
a respeito. Habilitou-se, certamente, a ampla assistência espiritual.
8 - Como
explicar a repercussão de sua morte, a emoção que tomou conta dos brasileiros?
Senna era
o herói nacional. De certa forma representava um pouco de cada brasileiro, um
povo sofrido e carente, mostrando ao mundo nosso valor, nossa competência,
nossa capacidade de lutar. Quando vencia, a população sentia-se realizada. Daí
a comoção popular. Perdemos nosso herói.
Do livro "NÃO PISE NA BOLA", de Richard Simonetti.
Nenhum comentário:
Postar um comentário