Depois de muitos
séculos de desunião, ou, pior ainda, de estúpida e feroz hostilidade recíproca,
eis que as Igrejas Cristãs começam a compreender a conveniência de colocarem em
segundo plano as questiúnculas que as dividem,
para darem mais ênfase ao objetivo essencial que lhes é comum: a edificação das almas para o Bem, dispondo-se
a envidar sérios esforços no sentido de extinguirem, em suas respectivas
hostes, o malfadado sectarismo, responsável por tantos males, substituindo-o
por um espírito de tolerância e de colaboração mútuas.
Esse nobre movimento
constitui, sem dúvida, uma excelente contribuição à causa da fraternidade
universal.
Não deve, entretanto,
parar aí, mas sim evoluir até o reconhecimento de que as demais religiões,
embora não cristãs, também são dignas de todo o respeito, pois na doutrina
moral de cada uma delas existe algo de sublime, capaz de levar os seus
profitentes ao conhecimento e à
observância da Lei
Natural estabelecida por Deus para a felicidade de todas as criaturas.
Ninguém contesta ser
absolutamente indispensável habituar-nos, pouco a
pouco, com a
intensidade da luz para que ela não nos deslumbre ou
encegueça.
A Verdade, do mesmo
modo, para que seja útil, precisa ser revelada de conformidade com o grau de
entendimento de cada um de nós.
Daí não ter sido
posta, sempre, ao alcance de todos, igualmente dosada.
Para os que já
alcançaram apreciável desenvolvimento espiritual, muitas
crenças e cerimônias
religiosas vigentes aqui, ali e acolá, parecerão absurdas, ou mesmo risíveis.
Todas têm, todavia, o
seu valor, porquanto satisfazem à necessidade de grande número de almas simples
que a elas ainda se apegam e nelas encontram o seu caminho para Deus.
Essas almas simples
não estão à margem da Lei do Progresso e, após
uma série de novas
existências, tempo virá em que também se libertarão de crendices e superstições
para se nortearem por princípios filosóficos mais avançados.
Por compreender isso
foi que Paulo, em sua primeira Epístola aos
Coríntios (13:11), se
expressou desta forma:
“Quando eu era menino,
falava como menino, julgava como menino,
discorria como menino;
mas, depois que cheguei a ser homem feito, dei de mão às coisas que eram de
menino.”
Kardec, instruído
pelas vozes do Alto, diz-nos que em todas as épocas e
em todos os quadrantes
da Terra, sempre houve homens de bem (profetas) inspirados por Deus para auxiliarem
a marcha evolutiva da Humanidade.
Destarte, “para o
estudioso, não há nenhum sistema antigo de filosofia,
nenhuma tradição,
nenhuma religião, que seja despicienda, pois em tudo há germes de grandes
verdades que, se bem pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham em
meio de acessórios sem fundamento, facilmente coordenáveis se vos apresentam,
graças à explicação que o Espiritismo dá de uma imensidade de coisas que até
agora se nos afiguravam sem razão alguma, e cuja realidade está irrecusàvelmente
demonstrada”.
Do livro “AS LEIS
MORAIS” de RODOLFO CALLIGARIS
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