quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O CONHECIMENTO DA LEI NATURAL



Depois de muitos séculos de desunião, ou, pior ainda, de estúpida e feroz hostilidade recíproca, eis que as Igrejas Cristãs começam a compreender a conveniência de colocarem em segundo plano as questiúnculas que as dividem,  para darem mais ênfase ao objetivo essencial que lhes é comum: a  edificação das almas para o Bem, dispondo-se a envidar sérios esforços no sentido de extinguirem, em suas respectivas hostes, o malfadado sectarismo, responsável por tantos males, substituindo-o por um espírito de tolerância e de colaboração mútuas.
Esse nobre movimento constitui, sem dúvida, uma excelente contribuição à causa da fraternidade universal.
Não deve, entretanto, parar aí, mas sim evoluir até o reconhecimento de que as demais religiões, embora não cristãs, também são dignas de todo o respeito, pois na doutrina moral de cada uma delas existe algo de sublime, capaz de levar os seus profitentes ao conhecimento e à
observância da Lei Natural estabelecida por Deus para a felicidade de todas as criaturas.
Ninguém contesta ser absolutamente indispensável habituar-nos, pouco a
pouco, com a intensidade da luz para que ela não nos deslumbre ou
encegueça.
A Verdade, do mesmo modo, para que seja útil, precisa ser revelada de conformidade com o grau de entendimento de cada um de nós.
Daí não ter sido posta, sempre, ao alcance de todos, igualmente dosada.
Para os que já alcançaram apreciável desenvolvimento espiritual, muitas
crenças e cerimônias religiosas vigentes aqui, ali e acolá, parecerão absurdas, ou mesmo risíveis.
Todas têm, todavia, o seu valor, porquanto satisfazem à necessidade de grande número de almas simples que a elas ainda se apegam e nelas encontram o seu caminho para Deus.
Essas almas simples não estão à margem da Lei do Progresso e, após
uma série de novas existências, tempo virá em que também se libertarão de crendices e superstições para se nortearem por princípios filosóficos mais avançados.
Por compreender isso foi que Paulo, em sua primeira Epístola aos
Coríntios (13:11), se expressou desta forma:
“Quando eu era menino, falava como menino, julgava como menino,
discorria como menino; mas, depois que cheguei a ser homem feito, dei de mão às coisas que eram de menino.”
Kardec, instruído pelas vozes do Alto, diz-nos que em todas as épocas e
em todos os quadrantes da Terra, sempre houve homens de bem (profetas) inspirados por Deus para auxiliarem a marcha evolutiva da Humanidade.
Destarte, “para o estudioso, não há nenhum sistema antigo de filosofia,
nenhuma tradição, nenhuma religião, que seja despicienda, pois em tudo há germes de grandes verdades que, se bem pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham em meio de acessórios sem fundamento, facilmente coordenáveis se vos apresentam, graças à explicação que o Espiritismo dá de uma imensidade de coisas que até agora se nos afiguravam sem razão alguma, e cuja realidade está irrecusàvelmente demonstrada”.

Do livro “AS LEIS MORAIS” de RODOLFO CALLIGARIS


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