A
mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor
da atividade doutrinária, porque em tal assunto a espontaneidade é
indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas
pelos mentores do plano espiritual. (O Consolador, questão 384.)
Ensina Léon Denis que o homem tem de se submeter a uma complexa
preparação e observar certas regras de conduta para desenvolver em si o
precioso dom da mediunidade. É preciso para isso, simultaneamente, a
cultura da inteligência, a meditação, o recolhimento e o desprendimento
das coisas humanas.
Corre perigo quem se entrega sem reservas e cuidados às
experimentações espíritas. O homem de coração reto, de razão esclarecida
e madura pode daí recolher consolações inefáveis e preciosos
ensinamentos; mas aquele que fosse inspirado tão somente pelo interesse
material, ou que visse nesses fatos apenas uma ocasião de divertimento,
tornar-se-ia objeto de uma infinidade de mistificações e joguete de
Espíritos pérfidos que, lisonjeando suas inclinações, captariam sua
confiança para, mais tarde, acabrunhá-lo com decepções e zombarias.
A faculdade mediúnica pode desenvolver-se com a prática da
disciplina, do equilíbrio, da conduta reta e caridosa. (Moldando o
Terceiro Milênio, pp. 37 e 38.)
A educação mediúnica exige, em primeiro plano, o conhecimento
pelo estudo da mediunidade. A seguir, a educação moral e, como
conseqüência, o exercício e a vivência da conduta cristã. Através dos
hábitos salutares do estudo e do exercício do amor, o médium se libera
de quaisquer atavismos para fazer-se ponte entre ele e o Criador, sob a
inspiração dos Espíritos Superiores. (Diretrizes de Segurança, questão
102.)
Todos os dons mediúnicos são suscetíveis de desenvolvimento, mas
nada se conseguirá se faltarem as principais condições, que são o
trabalho e a perseverança, ao lado do estudo, do exercício, da calma e
da boa vontade. (Médiuns e Mediunidade, p. 44.)
O melhor meio de desenvolver a mediunidade é não se preocupar
com o seu desenvolvimento, mas preparar-se moral e mentalmente para
poder assumir o compromisso de se tornar médium desenvolvido. E esse
preparo não poderá ser rápido. Se a mediunidade não se apresentar assim,
espontaneamente, naturalmente, é sinal de que ainda não está
amadurecida o bastante para explodir. (Cânticos do Coração, Volume II,
p. 105.)
A faculdade mediúnica precisa ser controlada, educada, e o seu
possuidor reformado em seus defeitos, pois quanto mais moralizado, mais
sensato e criterioso ele for, melhor instrumento do Além se fará, porque
mais assistido pelas entidades esclarecidas e defendido das
intromissões das trevas e liberado, portanto, de empeços. É, pois, de
bom conselho repetir a todos os médiuns: reeduquem-se, combatam seus
vícios, inclusive os mentais, aprendam a ser bons, evangelizem-se todos
os dias, sejam amigos do bons livros educativos, procurem Deus através
da prece. A evangelização do caráter de um médium é, pois, a sua
salvação, o amparo celeste iluminando o seu carreiro na trilha da
redenção. (Cânticos do Coração, Volume II, pp. 93 e 94.)
O médium deverá estudar a Doutrina Espírita e o Evangelho,
diariamente, evitando o fanatismo pelas obras mediúnicas e meditando
criteriosamente sobre as clássicas. (Cânticos, v. II, p. 109.)
O desenvolvimento da mediunidade, na essência, deve ser o
burilamento da criatura em si, porque o aperfeiçoamento do instrumento
naturalmente permitirá ao Espírito manifestar-se em melhores condições.
(Chico Xavier em Goiânia, pergunta 23.)
Necessidades do Médium
O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Com
freqüência, é o personalismo, a ambição, a ignorância ou a rebeldia no
desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, que, não raro, o
conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão dos campos
improdutivos. (O Consolador, questão 410.)
O segundo inimigo poderoso do apostolado mediúnico situa-se no
próprio seio das instituições espíritas, quando o indivíduo se convenceu
quanto aos fenômenos, mas não se converteu ao Evangelho pelo coração e
traz para as fileiras do Consolador os seus caprichos pessoais, as suas
paixões inferiores, suas tendências nocivas. Falam da caridade,
humilhando todos os princípios fraternos. Irônicos, acusadores, procedem
quase sempre como crianças levianas e inquietas (O Consolador, questão
410.)
A primeira necessidade do médium é, em vista disso,
evangelizar-se a si mesmo, antes de se entregar às grandes tarefas
doutrinárias, pois de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma
do personalismo, em detrimento de sua missão. (O Consolador, questão
387.)
O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e
trabalhar em todos os instantes pela sua própria iluminação. Somente
assim poderá habilitar-se para o desempenho da tarefa que lhe foi
confiada. (O Consolador, questão 392.)
Antes de cogitar da doutrinação dos outros, encarnados ou
desencarnados, o médium sincero necessita compreender que é preciso a
iluminação de si próprio pelo conhecimento, pelo cumprimento dos deveres
mais elevados e pelo seu esforço na assimilação perfeita dos princípios
doutrinários, sem jamais descuidar-se da vigilância. O estudo da
Doutrina e o cultivo da auto-evangelização devem ser para ele
ininterruptos. (O Consolador, questão 409.)
Como sabemos, a alma exerce sobre os Espíritos uma espécie de
atração, ou repulsão, conforme o grau de semelhança existente entre
eles. Como os bons têm afinidade com os bons, e os maus com os maus,
segue-se que as qualidades morais do médium exercem influência capital
sobre a natureza dos Espíritos que por ele se comunicam.
A boa qualidade de um médium não está, pois, apenas na
facilidade das comunicações. Um bom médium é o que simpatiza com os bons
Espíritos e não recebe senão boas comunicações. (Revue 1859, p.3.)
Ensina o Espiritismo que as qualidades que, de preferência, atraem os bons Espíritos são:
I. a bondade
II. a benevolência
III. a simplicidade do coração
IV. o amor ao próximo
V. o desprendimento das coisas materiais.
Os defeitos que os afastam dos indivíduos são: o orgulho, o
egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as
paixões que escravizam o homem à matéria. E de todas as disposições
morais, a que maior entrada oferece aos Espíritos imperfeitos é o
orgulho, que muitas vezes se desenvolve no médium à medida que cresce a
sua faculdade. Esta lhe dá importância. (Revue 1859, p. 36.)
Os médiuns necessitam ter muita persistência, muita paciência,
muita perseverança nas reuniões e nos estudos, para melhor se
relacionarem com o Mundo Invisível. (Médiuns e Mediunidade, p. 75.)
O médium eficiente será, pois, do ponto de vista espiritual,
aquele trabalhador que melhor se harmonizar com a vontade do Pai
Celestial, cultivando as qualidades citadas e destacando-se pelo cultivo
sincero da humildade e da fé, do devotamento e da confiança, da boa
vontade e da compreensão.
A faculdade mediúnica é neutra em si mesma. O uso que o homem
faz dela é o que importa. Ao empregá-la, podemos nos harmonizar com os
bons Espíritos ou relacionar-nos com os maus. A sintonia é, dessa
maneira, fundamental na prática mediúnica.
Eis o que três vultos da Codificação revelaram (LM., cap. 31, itens XIII a XV):
“Quando quiserdes receber comunicações de bons Espíritos,
importa vos prepareis para esse favor pelo reconhecimento, por intenções
puras e pelo desejo de fazer o bem, tendo em vista o progresso geral.”
(Pascal.)
“Falar-vos-ei hoje do desinteresse, que deve ser uma das
qualidades essenciais dos médiuns, tanto quanto a modéstia e o
devotamento. (...) Não é racional se suponha que Espíritos bons possam
auxiliar quem vise satisfazer ao orgulho ou à ambição.” (Delfine de
Girardin.)
“Todos os médiuns são, incontestavelmente, chamados a servir à
causa do Espiritismo, na medida de suas faculdades, mas bem poucos há
que não se deixam prender nas armadilhas do amor-próprio. (...)
Lembrem-se sempre destas palavras: Aquele que se exalçar será humilhado e
o que se humilhar será exalçado.” (O Espírito de Verdade.)
Texto de Jefferson P. B. Tenorio
Nenhum comentário:
Postar um comentário