sábado, 6 de outubro de 2012

VAMPIRISMO


     Dentre os estudos espíritas encontramos o “vampirismo” como um dos assuntos que mais se destaca.

     Para entendermos melhor esse termo vamos retroceder ao ano de 1764 onde o escritor francês Voltaire[1] criou o Dicionário Filosófico e definiu os vampiros como sendo os mortos que, durante a noite, saem dos cemitérios para sugar o sangue dos vivos, seja através da garganta ou do ventre.

No Glossário Teosófico vemos a seguinte definição: “São espectros ou cadáveres que andam pela noite chupando pouco a pouco o sangue das vítimas até matá-los. Formas astrais que vivem às expensas das pessoas, das quais extraem vitalidade e força. Podem mesmo ser corpos astrais de pessoas vivas ou das que já morreram, porém quando ainda se aferram a seus corpos físicos, que estão na sepultura, tratando de conservá-los como o alimento que extraem dos vivos e, deste modo, prolongarem sua própria existência.

     No século XIII na Europa ocidental, vampiros eram conhecidos por upiers, oupires ou, mais geralmente, vampires e vanpirs e, na Grécia e nas ilhas do mar Egeu, eram chamados de broucolaques ou vroucolacas.

   Essas descrições remetem nossas lembranças a Abraham  Stocker[2]  que  criou  o famoso  vampiro “Conde Drácula” em 1847,  as histórias eram   baseadas em  Vlad Tepes[3]  conde que  realmente existiu no século XV.

   No espiritismo, os vampiros também são seres sugadores, J. Herculano Pires define como: “Vampirismo é um tipo de obsessão no campo das viciações sensoriais e essa denominação decorre de sua principal característica, que é a sucção de energias vitais da vítima por esses obsessores.”

O vampirismo tem sua causa de obsessão relacionada à satisfação de vícios e paixões, ou seja, caracteriza-se naqueles espíritos viciosos, apegados a certas emoções materializadas, que se aproximam dos encarnados, portadores dos mesmos vícios, Herculano Pires afirma que: “Os viciados não são apenas portadores de vícios, mas também de cargas de influências psíquicas negativas provenientes de entidades espirituais inferiores que a eles se apegam para vampirizar-lhes as energias e as excitações do vício. As pesquisas parapsicológicas provam a existência desses processos de vampirismo espiritual, que na verdade são apenas a contrafação no após morte dos processos de vampirismo entre os vivos.”

Herculano Pires brilhantemente nos lembra: “Se não encararmos o parasitismo e o vampirismo em termos rigorosamente doutrinários, no devido respeito ao método kardeciano, estaremos sujeitos a ser enganados por espíritos mistificadores que passarão a nos vampirizar. Porque o vampirismo é um fenômeno típico das relações interpessoais. Na vida material como na vida espiritual o vampirismo é um processo comum e universal do relacionamento afetivo e mental das criaturas.”

     O tratamento nos casos de vampirismo é tanto espiritual (passes e fluido-terapia) quanto físico (psicológico), porque esses obsessores tem acesso ao obsediado através das afinidades nos vícios e esses devem ser tratados  pelo meio físico e mental.

Herculano Pires explica:

     “Nesses tratamentos não se deve desprezar o concurso médico, pois os efeitos negativos do parasitismo espiritual, depauperando o organismo da vítima, propiciam também a infiltração dos parasitas do meio físico, que devem ser combatidos com os medicamentos específicos. Embora a ação espiritual das entidades protetoras possa também ajudar o reequilíbrio orgânico, a presença de um médico, se possível espírita, se faz necessária”, e completa: “[...] nos centros e grupos espíritas bem orientados, as perturbações espirituais de ordem sexual são tratadas de maneira especial, em pequenas reuniões privativas, com médiuns que disponham de condições para enfrentar o problema. Como no caso das obsessões alcoólicas, toxicômanas e outras do mesmo gênero, é necessário o máximo cuidado na seleção das pessoas que vão tratar do assunto e o maior sigilo e respeito, a fim de evitar-se o prejuízo dos comentários negativos, que influem fatalmente sobre o caso, provocando agravamentos inesperados da situação das vítimas”.

     O vampirismo só tem seu termino quando o obsediado se dispõe a reintegrar-se a sociedade abdicando de seus vícios e renovando/tomando posse de sua personalidade, não aceitando sugestões e infiltrações de vontade estranha em sua vontade pessoal e soberana
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Artigo publicado pela revista RIE de Outubro de 2012

Marcos Paterra (João Pessoa/PB)

é articulista e membro do movimento espírita paraibano,

colaborador de diversos sites e jornais espíritas

marcos.paterra@gmail.com

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