sexta-feira, 30 de março de 2012

SUICÍDIOS NA EUROPA


A Grécia tem sido notabilizada ao longo dos séculos como um dos berços da civilização ocidental. Aos gregos são atribuídas realizações legendárias nas áreas da filosofia, as artes plásticas, o teatro, a política, a gastronomia e a organização de cidades. Entre as maiores contribuições está a mitologia. E as mais conhecidas e notórias narrativas mitológicas estão contidas nas duas grandes obras de Homero, “A Ilíada” e “A Odisséia”. Alguns dos expoentes gregos como Sócrates, Platão, Aristóteles, Péricles e Sólon (entre muitos) são considerados patrimônios eternos da sabedoria humana.
Os milênios esvaíram-se nos dédados dos anos. Hoje a Grécia atravessa momentos de flagelos econômicos com drásticas consequências psicossociais. Ondas de suicídios adensam a psicosfera grega. Nos cinco primeiros meses de 2011, houve um aumento de 40% nos suicídios na república helênica, em semelhança a período homólogo, conforme dados do Ministério da Saúde. Sob o ponto de vista sociológico, o suicídio é um ato que se produz no marco de situações anômicas (1), em que os indivíduos se veem forçados a tirar a própria vida para evitar conflitos ou tensões inter-humanas, para eles insuportáveis.
O pensador Émile Durkheim teoriza que a "causa do suicídio, quase sempre, é de raiz social, ou seja, o ser individual é abatido pelo ser social. Absorvido pelos valores [sem valor], como o consumismo, a busca do prazer imediato, a competitividade, a necessidade de não ser um perdedor, de ser o melhor, de não falhar, o jovem se afasta de si mesmo e de sua natureza.
Segundo avaliação dos estudiosos alguns países do Velho Continente precisam de um plano nacional para a prevenção de suicídios, pois é assustador o número de mortes auto-infligidas. A taxa de autocídio aumentou em toda a Europa desde o início da crise financeira em 2008, de acordo com um estudo recente do jornal médico britânico The Lancet, a Grécia é um dos países que sofreu o maior impacto da crise.
Na França, como se não bastasse o preocupante “Dia nacional de prevenção ao suicídio”, a Justiça francesa está investigando a onda de suicídios na operadora de telefonia France Telecom. Nos últimos anos, 46 funcionários da companhia se mataram - 11 deles apenas em 2010, segundo dados da direção da empresa e dos sindicatos.
Até mesmo no Novo Mundo, nos EUA a Universidade de Cornell, no estado americano de Nova York, lançou recentemente uma campanha de prevenção ao suicídio. A Universidade já carrega há muito tempo a fama negativa de ser uma escola marcada por suicídios. Entre 2000 e 2005, houve 10 casos de suicídio confirmados na Cornell.
O suicídio é um ato exclusivamente humano e está presente em todas as culturas. Os nexos causais são numerosos e complexos. Os determinantes do suicídio patológico estão nas inquietações mentais, desesperanças, tristezas, desequilíbrios emocionais, delírios crônicos, etc.
Há os processos depressivos, onde existem perdas de energia vital no organismo, desvitalizando-o, e, consequentemente, interferindo em todo o mecanismo imunológico do ser. O suicida é, especialmente, um deprimido, e a depressão é a doença da modernidade. A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às leis da Natureza. Todas asseveram que ninguém tem o direito de abreviar, voluntariamente, a vida. Por que não se tem esse direito?
Ao Espiritismo estava reservado comprovar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta somente por constituir infração de uma lei moral - consideração, essa, de pouco peso para certos indivíduos - mas, também, um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica. A Doutrina dos Espíritos adverte que o suicida, além de sofrer no plano espiritual as dolorosas consequências de seu gesto impensado, de revolta diante das leis da vida, ainda renascerá com todas as sequelas físicas daí resultantes, e terá que arrostar, novamente, a mesma situação provacional que a sua flácida fé e distanciamento de Deus não lhe permitiram o êxito existencial.
A rigor, não existe pessoa "fraca", a ponto de não suportar um problema, por julgá-lo superior às suas forças. O que de fato ocorre é que essa criatura não sabe como mobilizar a sua vontade própria e enfrentar os desafios. Na Terra, é preciso ter calma para viver, até porque, não há tormentos e problemas que dure uma eternidade. Recordemos que Jesus nos assegurou que "O Pai não dá fardos mais pesados que nossos ombros" e "aquele que perseverar até o fim, será salvo”. (2)
Situação grave que merece ser avaliada é a obsessão. Há suicídios que se afiguram como verdadeiros assassinatos, cometidos por perseguidores desencarnados (e encarnados também). Esses seres envolvem de tal forma a vítima que a induzem a matar-se. Obviamente que o suicida nesse caso não estará isento de responsabilidade. Até porque um obsessor não obriga ninguém ao suicídio. Ele sugere telepaticamente ao ato, porém a decisão será sempre do autocida.
Refletindo sobre a grave questão em "O Livro dos Espíritos", Kardec indaga aos Espíritos “que pensar do suicídio que tem por causa o desgosto da vida?” Os Benfeitores da Codificação Espírita redarguiram: "Insensatos! Por que não trabalhavam? A existência não lhes seria uma carga!"(3) “A vida na Terra foi dada como prova e expiação, e depende do próprio homem lutar, com todas as forças, para ser feliz o quanto puder, amenizando as suas dores(4).
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net
Publicado no Site "Rede Amigo Espírita" fev/2012

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