terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

AUTISMO



Na década de 40, dois médicos, o psiquiatra americano Leo Kanner e o pediatra austríaco Hans Asperger, descobriram o distúrbio de desenvolvimento que afeta milhares de crianças em todo o mundo e que se pode manifestar de forma grave por toda a vida. Foi uma descoberta isolada – nenhum dos dois sabia o que o outro pesquisava, e ambos deram o mesmo nome à síndrome: Autismo. Foi considerada uma “coincidência inacreditável”, mas fica claro que houve uma intervenção do plano espiritual ao nos convidar para dar mais atenção àquelas crianças e ampará-las no seu sofrimento.
A palavra autismo vem do grego autos, que significa “de si mesmo”. O nome é perfeito. O traço mais flagrante da doença é o isolamento do mundo exterior, com a conseqüente perda de interação social. Em vez de dedicar-se à exploração do mundo exterior, como acontece normalmente, a criança autista permanece dentro das fronteiras de seu próprio universo pessoal.
Segundo a OMS, o autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo funcionamento anormal em três áreas: interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. Ela existe em todo o mundo, em famílias de qualquer raiz racial, cultural ou social, enfim, não escolhe a individualidade para encarnar a doença.
O comprometimento da interação social é observado na falta de empatia, na falta de resposta às emoções de outras pessoas e no retraimento social.
Já na comunicação é percebido a falta de uso social da linguagem, na falta de linguagem não-verbal, na pobreza de expressão verbal e no comprometimento em jogos de imitação.
O autista também apresenta um comportamento restrito e repetitivo, o que pode ser observado através de estereotipias motoras e preocupações estereotipadas com datas, horários e itinerários.
Podem também existir sintomas inespecíficos como fobias, auto-agressão, ataques de birra e distúrbios alimentares.
Há deficiência mental em cerca de ¾ dos casos, embora todos os níveis de Q.I. possam ocorrer em associação com o autismo. Às vezes há capacidade prodigiosa para funções como memorização, cálculo e música.
Segundo recentes publicações da Revista Brasileira de Psiquiatria, publicação da ABP, alguns autores sugerem que o diagnóstico já pode ser estabelecido por volta dos 18 meses de idade. Outras informações epidemiológicas mostram que há de 1a 5 casos em cada 10.000 crianças e que a doença ocorre em meninos 2 a 3 vezes mais do que em meninas.
As funções ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo; fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Devido a tal situação torna-se também restrita a compreensão de idéias. Aplica palavras sem associação ou sem nexo concernente com o significado. Percepção anormal dos objetos, eventos e pessoas.
No âmbito do materialismo, a maioria dos casos de autismo tem causa desconhecida. Alguns casos são presumivelmente decorrentes de alguma condição médica das quais infecções intra-uterinas (como a rubéola congênita), doenças genéticas (como a síndrome do x frágil) e ingestão de álcool durante a gravidez (provocando a síndrome fetal alcoólica) estão entre as mais comuns.
Sob a ótica do Espiritismo, o Autismo aparece por efeito nas seguintes situações:
Expiação - quando está bem marcado no seu perispírito, que o leva a ter lesões neurológicas, aquilo que se chama o espelho refletor do cérebro, nesse caso o indivíduo não consegue comunicar-se por causa de deformações ou lesões nos corpos sideral e físico.
Rejeição - Quando o espírito, temendo a reencarnação compulsória motivada pela consciência da culpa, na qual colherá os efeitos de faltas passadas, acaba rejeitando a reencarnação, provoca o autismo. Ocorre um severo processo de auto-obsessão por abandono consciente da vida, um auto-aprisionamento orgânico. Nesse caso, mesmo não havendo uma lesão direta do perispírito, a rejeição à reencarnação e a recusa à comunicação danificam o cérebro.
Mas vamos agora ao encontro da problemática provacional, e ela traz-nos ao ponto vital da evolução educativa moral, espiritual e intelectual. A Família, a escola , a sintonia envolvente exige dos pais e educadores uma entrega profunda de amor em toda a plenitude. Estes irmãos trazem em si um ensinamento para os progenitores, que faz com que a sua luta mereça de todos nós o maior respeito e oração em torno da sua coragem e luta diária para que consigam levar em frente tamanha obra como objetivo numa encarnação…
Segundo Bezerra de Menezes, no livro “Loucura e Obsessão” , muitos espíritos buscam na alienação mental, através do autismo, fugir do resgate de suas faltas passadas, das lembranças que os atormentam e das vitimas que fizeram nesse mesmo pretérito.
Considerando a possibilidade de rejeição à reencarnação podemos fazer uma nova leitura dos sintomas autísticos. Começando pelo isolamento, sinal de que o autista não admite invasões em seu mundo; como porém, a participação mínima do lado de cá da vida é inevitável, sua manifestação se reduz a alguns movimentos repetitivos como agitar as mãos, girar indefinidamente um prato ou a roda de um brinquedo, qualquer coisa enfim, que mantenha a mente ocupada com rotinas irrelevantes que o livrem do convívio entre as pessoas.
Uma explicação possível para o sintoma autista de girar sobre si mesmo, seria a produção de tonteira através da rotação, provocando um passageiro desdobramento entre perispírito e corpo físico, livrando a criança, momentaneamente, da prisão celular.
As crianças autistas muitas vezes manifestam rejeição a alguma parte do corpo, através de auto-agressão. Isso pode ser um sinal de rejeição à própria personalidade.
Quanto à relação ambígua consigo mesma, manifestada pela troca dos pronomes pessoais (referindo-se a si mesma como “tu” e ao outro como “eu”), podemos pensar na possibilidade de obsessão espiritual, já que com os desacertos do passado, muitos são os desafetos.
Uma análise mais profunda da disfunção da linguagem, pode ser feita a partir da hipótese proposta por Hermínio Miranda em seus livros “A alquimia da mente” e “Autismo, uma leitura espiritual”. Segundo o autor, normalmente ao reencarnar, o espírito se instala à direita do cérebro e por 2 ou 3 anos passa para o hemisfério esquerdo a programação da personalidade daquela encarnação. Neste período é formado o mecanismo da linguagem. No caso do autismo o espírito permanece –autísticamente- no lado direito, área não-verbal do cérebro, sem participar deste processo. É natural que este ser que vem compulsoriamente, sem interesses em envolver-se com as pessoas e o mundo, torne o seu sistema de comunicação com o ambiente, o mais rudimentar e precário possível. Encontramos informações que reforçam esta hipótese:
-1a sabe-se que o corpo caloso, estrutura que liga os dois hemisférios cerebrais, não desempenha durante os primeiros 2 ou 3 anos de vida, a função de separar faculdades dos dois hemisférios.
-2a a partir do segundo ou terceiro ano de vida é que o hemisfério esquerdo assume a linguagem.
-3a o autismo eclode até o terceiro ano de vida quando se percebe uma interrupção do desenvolvimento da linguagem.
Parece então que até os 2-3 anos as crianças vão se comunicando através dos 2 hemisférios, e a partir de então só se comunica quem tiver implantado no h.esquerdo esta função, o que não acontece com o autista.
Os autistas tem potencialidades a serem trabalhadas com um bom desempenho educacional em conjunto com uma boa equipe multidisciplinar e o apoio integrado com pais.
As preocupações em relação ao meio debatem-se com o preconceito e a desistência dos pais, porque não haja duvidas tal como Jesus dizia: ”Só o amor nos salvará, em caridade”; tal como as aves do céu buscam o seu alimento, todos que estão envolvidos na simbiose de evolução devem procurar reforçar-se no “Orai e Vigiai”.
Os pais destes irmãos necessitam de muito conhecimento espiritual, afim de que com o reforço de uma fé raciocinada e uma esperança acalentada no trabalho de caridade dando amor , é que conseguirão suplantar esta oportunidade de crescimento pois também é, uma provação para os pais que deverão encarar como débitos do passado, não havendo aí nenhuma injustiça Divina, nada acontece por acaso.
Não existe uma medicação para a cura do autismo, existem medicações apenas para administração dos sintomas do autismo.
Do ponto de vista do espírito, por mais paradoxal que possa parecer, o remédio para o autismo é o próprio autismo como forma de drenagem perispiritual.
É necessário construir uma ponte para ligar o mundo externo ao mundo íntimo do autista, uma possibilidade é tentar interpretar os seus sinais não-verbais. É bem verdade que não há muitas palavras no dicionário deles, mas a linguagem universal do amor também é não-verbal. Para se expressar através dela, há os gestos, a vibração sutil da emoção, da solidariedade, da paciência, da aceitação da pessoa como ela é, não como queremos que ela seja.
Se estivéssemos no lugar deles, como gostaríamos de ser tratados?
É presumível que eles estejam fazendo tudo que lhes seja possível, dentro de suas limitações. Com um pouco de boa vontade de nossa parte, talvez concordem em tocar a mão que lhe estejamos oferecendo a fim de saltarem o abismo que nos separa!

Referências bibliográficas:
1- Revista Scientific American
2- Revista Brasileira de Psiquiatria
3- CID 10
4- Autismo, uma leitura espiritual – Herminio Miranda
5- Alquimia da Mente – Herminio Miranda
6- Orientações mediúnicas, Grupo de Estudos de Espiritismo e Psiquiatria da AMEMG
7- Texto de Victor Manuel Pereira de Passos.
8- Trabalho apresentado no MEDINESP, Congresso Médico-Espírita Nacional e Internacional, realizado em junho de 2007, São Paulo, SP. (Carlos Eduardo Sobreira Maciel)

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