segunda-feira, 14 de outubro de 2013

ÁS OVELHAS DO BOM PASTOR



“Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz; mas eu vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu vos dei a conhecer” (João, capítulo 15º, versículo 15)

Uma das principais simbologias usadas pelo Cristianismo é a da liderança representada por um pastor e suas ovelhas. O Cristo tem sido apresentado durante os séculos como o Bom Pastor, e a humanidade, o seu rebanho - o conjunto de fiéis a ser dirigido ou orientado por Ele.
Todavia, precisamos entender que o Mestre é diferente do líder paternalista ou autoritário que age no pressuposto de que as criaturas devam ser conduzidas aos empurrões, a golpes de um cajado ou com um cão pastor nos seus calcanhares, com a finalidade de não se desviarem da rota certa.
O conceito de Guia Benevolente ou de Pastor das Almas é verdadeiro no que se refere à solicitude infinita de Deus, por intermédio de Jesus, para com suas criaturas, porém não deve ser entendido como atitude paternalista, quer dizer, dominação sufocante, objetivando à obediência cega.
Atualmente, sugere-se que os líderes não sejam protecionistas e que jamais utilizem a frase “estou fazendo isso visando apenas a seu próprio bem”, a fim de impor furtivamente suas idéias de direção e comando. Os aprendizes do Evangelho não se desenvolvem num clima de servilismo patético, ou seja, não devem ser conduzidos como ovelhas incapazes e inertes, ao som impositivo de um estalido da chibata.
O aprisco seguro, os campos de pastagens e as fontes de água límpida são fatores a ser estimulados pelos dirigentes espíritas aos seareiros iniciantes.
E não os regimes de austeridade paternalista, caracterizados pela tendência a uma eterna passividade que impede o desenvolvimento da própria manutenção física, psíquica e espiritual das criaturas.
Acreditamos que a rebeldia está submetida às forças educadoras da Providência Divina, razão pela qual ninguém precisa forçar ou literalmente “conduzir” os outros ao caminho certo; no momento exato, as leis naturais farão isso.
Um núcleo espírita cristão cresce quando todos se unem com a disposição de desenvolver suas habilidades, sem qualquer rigorismo ou imposições. Há quem acredite que um grupo apenas floresce quando as cabeças pensam de forma idêntica. A prática tem demonstrado o contrário:
companheiros de índole e habilidades diferenciadas obtêm resultados surpreendentes nas tomadas de decisões e encontram com maior facilidade soluções criativas.
Nas searas de ação no bem, não conduzamos os trabalhadores ao redil da mesmice, mas sim às atividades da messe generosa da criatividade e do progresso interior.
O maior desrespeito para com um companheiro de jornada está na tentativa de o constranger aos nossos pontos de vista, sem considerar o que ele pensa, quer ou necessita. Manter um comportamento desinteressado pelas aspirações de liberdade manifestadas pelos liderados - ainda que no intuito de beneficiá-los - é negar-lhes o direito básico à dignidade individual.
O Nazareno não conquistou as multidões que O seguiam sendo prepotente ou desinteressado de suas necessidades. Ele ouviu apelos e respeitou as criaturas. Por isso, não agiu sozinho; arrebanhou inúmeros candidatos ao entendimento da Boa Nova, pois não poderia transmitir sua mensagem particularmente a cada pessoa. Inspirou colaboradores e, assim, criou discípulos que, por sua vez, incentivaram outros obreiros ao serviço na Vinha de Luz.
O comando do Bom Pastor não implica obediência impensada a que se ame o próximo. Ao contrário, sua liderança induz as pessoas a amar ao próximo espontaneamente. Todo ensinamento, na missão do Mestre, reveste-se de profunda expressão figurada:
“Já não vos chamo servos” - serviçais prestam serviços e apenas obedecem as ordens; “porque o servo não sabe o que o seu senhor faz; mas eu vos chamo amigos” - amigos compartilham sentimentos e ideais e participam das atividades de modo voluntário.
“Tudo o que ouvi de meu Pai eu vos dei a conhecer” -na amizade e no amor se repartem os bens imortais da alma.
Os verdadeiros líderes iluminam o lado positivo de seus liderados, revelando o que neles existe de bom e incentivando-os ao crescimento.
As ovelhas do rebanho do Senhor são convocadas ao aperfeiçoamento de seus sentidos interiores, para que possam por si mesmas perceber e interpretar, onde estiverem, a voz do comando amoroso do Bom Pastor.

Do livro “CONVIVER E MELHORAR”  pelo espírito Batuíra e psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto

Nenhum comentário: