O professor Rivail, já utilizando desde então o codinome "Allan Kardec", abre
o capítulo primeiro, do livro primeiro da codificação da Doutrina (Ensinamentos)
dos Espíritos, com a pergunta título deste artigo.
Kardec já tomava por base que para iniciar e ter total empenho nas suas pesquisas
espíritas, nunca seria demais a máxima frieza e o sistemático controle das paixões
evitando descambar-se para a religiosidade muito forte da época, para a curiosidade
pueril, para a sede do sobrenatural ou quaisquer manifestações deste gênero. Tanta
convicção tinha neste comportamento que mais adiante advertiria os seus seguidores:
"O Espiritismo será científico ou não subsistirá".
Recebeu dos Espíritos que "assinam" os prolegômenos de "O livro dos Espíritos"
a resposta mais próxima da verdade científica até hoje já concebida: - Deus é a
inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.
A lei básica que rege o Universo (todas as coisas) é a lei de Causa e Efeito
ou Ação e Reação, como é conhecida no meio científico. Para um efeito inteligente
sempre haverá uma causa inteligente correspondente.
Para que possamos chegar próximos a entender o que é Deus, devemos fazer um esforço
para idealizarmos mais ou menos o que seria o Universo, começando portanto pela
tomada de consciência do espaço tridimensional (comprimento, largura e altura) que
ocupamos no mesmo, passando daí para a percepção do espaço da nossa residência,
bairro, cidade, estado, país, continente e planeta Terra com seus 40.000 quilômetros
de extensão na circunferência. A Terra faz parte de um sistema solar que possui
apenas 9 planetas com 57 satélites no total de 68 corpos celestes. A "grosso modo"
em relação a outros astros do sistema solar, a Terra possui um volume 49 vezes maior
que o da lua e 1.300.000 vezes menor que o do sol. É preciso que tenhamos noção
de sua pouca importância diante do restante do Universo.
Nosso sistema solar faz parte de uma pequena galáxia conhecida por Via Láctea,
um aglomerado de cerca de 100 bilhões de estrelas, com pelo menos cem milhões de
planetas e conforme os astrônomos, no mínimo cem mil com vida inteligente e mil
com civilizações mais evoluídas que a nossa.
As últimas observações do telescópio Hubble (em órbita), elevaram o número de
galáxias conhecidas para 50 milhões. Em 1991, em Greenwich, na Inglaterra, o observatório
localizou um quasar (possível ninho de galáxias) com a luminosidade correspondente
a 1 quatrilhão de sóis.
Diante destes números pensaríamos haver chegado na idéia do que é o Universo;
ledo engano, pois estas áreas, ou melhor, volumes, representariam apenas 3% do que
seria a totalidade de tudo dentro do tridimensional e espaço / tempo como conhecemos.
Os espaços interplanetários, interestrelares e intergalácticos, obviamente, formariam
a maior parte daquilo que chamamos de Universo.
Os fenômenos de aporte (transporte de matéria através de outras dimensões) tão
conhecidos dos pesquisadores da paranormalidade e a anti-matéria já produzida em
laboratórios experimentais mais desenvolvidos através do planeta, nos dão a confirmação
dos estudos de pesquisadores da capacidade de um Friedrich Zöllner, que no século
passado , comprova a existência da quarta dimensão e conseqüentemente outros tantos
Universos, quantas tantas dimensões for possível conhecermos.
A teoria mais moderna da criação do Universo, nos remete não apenas para o Bigbang
(a grande explosão) início de tudo, mas, para a idéia de vários bigbangs, com Universos
cíclicos através de quatrilhões ou mais de anos.
E aí? Será que conseguimos chegar perto da idéia da concepção e tamanho da obra
de Deus, para tentar entendê-lo?
Não seria no mínimo estranho que após esta monumental obra inteligente, Deus
colocasse em um planeta que representa um ínfimo grão de areia em uma cadeia de
montanhas como o Himalaia, sua grande criação, o homem, feito sua imagem e semelhança?
Nosso grande irmão e amigo Jesus, há 2000 anos, já passava em forma de contos
e parábolas vários conhecimentos intelectuais e morais que possuía devido ao seu
grande estado evolutivo, quando em missão entre nós, confiada pelo Criador afirmou:
"Na casa de meu pai existem muitas moradas".
Para concluirmos esta nossa pequena intenção de lançarmos nossos confrades na
especulação ao entendimento do que seria Deus, iremos nos valer da "coleção de livros"
chamada Bíblia, que no entender do grande intelectual e eminente espírita Dr. Carlos
Imbassahy, é um livro como outro qualquer, em que nos seus textos contém tudo que
a gente queira para justificar, a favor ou contra qualquer coisa.
No Antigo Testamento, Livro Gênesis, Capítulo 1 (Criação do homem), versículo
26 temos: "e (por fim) disse: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança (sic...)".
Se tomarmos como verdadeira a hipótese de que a Bíblia é a palavra de Deus, qual
seria a imagem correta do nosso Criador? Um homem ou mulher? Velho, ariano de barbas
longas ou de cor negra, e magro como os etíopes (teoricamente os primeiros hominídeos)
?
Não seria melhor tentarmos entender uma concepção mesmo que não a conheçamos
bem? Como por exemplo: o que sabemos a respeito do que somos (espírito)? Qual a
imagem fiel que temos do mesmo? Ninguém sabe, ou melhor, conhecemos bem o corpo
material, e relativamente o perispiritual, mas não o espírito. Conforme Allan Kardec,
o espírito é alguma coisa formado por uma substância, mas cuja matéria, que afeta
nossos sentidos, ele não nos pode dar uma idéia.
Pode-se compará-lo a uma chama ou centelha cujo clarão varia de acordo com o
grau de sua depuração. Sendo assim, pois, teríamos o entendimento melhor de nossa
imagem de acordo com a de Deus.
No tocante a semelhança é mais fácil a sua comparação quando procuramos compreender
a eternidade, já que a palavra pressupõe algo que não tem início nem fim, como Deus;
que é infinito, único, perfeito e todo-poderoso. Já ao passo que nós somos algo
como semi-eternos; tivemos um começo criado por Ele e evoluímos na Sua direção conforme
o Seu desejo.
Paulo Roberto Martins
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