quinta-feira, 17 de maio de 2012

A MEDIDA DO TRBALHO

Meu Pai trabalha até agora e eu também trabalho Jesus (João 5,17)

O ordenamento jurídico pátrio, encabeçado pela Constituição Federal, discrimina e regulamenta os deveres e direitos dos empregadores e empregados. Nesta insere-se no artigo 6º o trabalho como direito social, fazendo par à Declaração Universal dos Direitos Humanos: Todo homem tem direito ao trabalho... Todo homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória (art. 23).

A Lei do Trabalho é examinada de modo sucinto e profundo na terceira parte de O Livro dos Espíritos. Numa época em que a sociedade europeia sentia os bafos da Revolução Industrial com a exploração inexcedível do trabalho humano, quando a jornada de trabalho da mulher era de 14 a 16 horas e da criança de 10 a 12 horas, os espíritos da codificação nos dizem que toda a ocupação útil é trabalho, que o repouso é necessário para reparar as forças do corpo e dar liberdade à inteligência, que deve se elevar acima da matéria (LE 674, 682).

Os “textos antigos” simbolizam que Deus, tendo criado o mundo, descansou no 7º dia (Gen. 2,2). A revolta dos Judeus contra a cura do doente da piscina de Bethzata deve-se à santificação do dia de sábado. Jesus, entretanto, com toda a altivez do seu espírito, esclarece que seu trabalho não cessa, assim como o trabalho do Pai. Porque não há tempo para promover o bem.

O lazer, subsidiário ao trabalho, é direito positivado nos códigos humanos e contemplado pelas Leis Divinas. Entretanto, atendido o repouso físico, o tempo de repouso também deve ser de trabalho, pois que toda a ocupação útil é trabalho. E qual tipo em que devemos laborar em nossas horas de repouso? As atividades que nos elevam acima da matéria, ou seja, a leitura edificante, o desenvolvimento do amor pelo convívio com familiares, a assistência aos necessitados, o sorriso franco com os amigos, a oração em comunidade, a reflexão, a prática do silêncio, a higiene mental... Nesses momentos, contudo, devemos nos afastar dos excessos materiais, que mais pertencem ao domínio do vício do que do lazer.

A vida de Jesus, o carpinteiro messias, é o retrato do trabalho no bem, que edifica valores para si e para a humanidade. Nos dias da juventude, resguardou-se auxiliando José no sustento doméstico. Nos dias de messianato erguia herculeamente um novo mundo; sem todavia, marginar o convívio com os familiares e amigos, a alegria das Bodas de Canaã, a leitura das escrituras, o retiro para as orações.

Jesus, guia e modelo para nossas as vidas, inspira-nos a trabalhar com eficácia e justeza, respeitando os limites dos outros e o limite de nossas próprias forças. Que o trabalho não seja para nós fuga, mas meio para o progresso; progresso material de nosso mundo, progresso moral e intelectual da humanidade.

Autor: Paulo Henrique Sant’Ana da Costa

É cirurgião-dentista, especialista em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (USP). Além das aditividades clínicas é professor universitário, sendo pós-graduado em ciências na área de concentração microbiologia, tendo desenvolvido pesquisa em biologia molecular de procariotos. Foi professor de grandes universidades como a USP e a UFMS.

Nas lides espiritistas é colaborador do Centro Espírita Allan Kardec em Penápolis, São Paulo. Escreve mensalmente na coluna da USE do Jornal Regional. Apresenta, nos primeiros sábados do mês o programa radiofônico “A Caminho da Luz”, organizado pela USE local, que vai ao ar pela rádio difusora. Também como trabalha palestrante na divulgação doutrinária.

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