quarta-feira, 9 de março de 2011

E depois do Carnaval?

Há coisas nesta vida que evitamos ao máximo comentar, pois poderia significar o se expor emocionalmente, deixar transparecer as nossas “fraquezas” interiores. Não é raro após festas, grandes ou pequenas, que determinadas pessoas se sintam angustiadas, oprimidas, questionando a validade de ter participado daqueles folguedos.

O carnaval está ai, e a Quarta-feira de Cinzas é uma dessas oportunidades. Muita gente se dá conta, depois que a ficha cai, que foi ao carnaval, pulou, brincou, namorou, ou melhor, ficou... Mas, depois, o vazio! De onde vem essa sensação desagradável que se configura como uma mão de ferro apertando o peito?

A doutora em psicologia Cris Fogriene, em um interessante ensaio sobre as “ressacas emocionais”, afirma que, em verdade, a dificuldade de socialização tem como princípio fundamental o sentimento de solidão, a sensação de vazio que se apresenta como um canal aberto para o surgimento de elementos depressivos. É quando o sujeito se percebe preso da angústia do silêncio, pois se “esbaldou”, mas não encontrou o que buscava de forma verdadeira e efetiva, ou seja, alguém para lhe reconhecer como, em potencial, importante. O receio sempre presente, principalmente em adultos que foram crianças reprimidas, oprimidas, de expor as suas buscas, faz com que se afivele uma máscara do descomprometido/a, do que não está nem aí, pois quer mesmo é “aproveitar” aquele momento. Isto o leva a idealizar que necessita mesmo é esquecer o que seu coração grita e a pessoa quer sufocar: preciso de alguém, não para um beijo, para uma dança, mas para estar comigo.

“E o ser humano se vê inserido numa solidão que não planejou, submerso em sensações que não desejou. Descobre-se isolado com sentimentos que sufocam a transparência e a extrema necessidade sentida de se igualar, de se identificar, de ser escolhido.”

Ao lado de todos esses desencontros interiores ainda vem a multifacetada onda de energias conflitantes, nascidas dos sentimentos mais desencontrados possíveis, angariadas pelos salões e avenidas das festas que se chocam com as suas próprias energias, fazendo um oscilar de ondas vibratórias, que terminam por aprofundar mais o estado-sentimento de desencontro emocio-psicológico.
Diz-se que a vibração baixa atrai vibrações do mesmo teor, de mesma sintonia. Assim, não fica difícil entender que quanto mais para baixo estivermos, mais acúmulo de energias negativas, pesadas estaremos carreando para nós. O que fazer? Deixo o sambista responder: “Reconhece a queda e não desanima, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.”

Afinal de contas, viver também é isto, ter a angústia da busca, da procura. É como se a angústia funcionasse como a febre da alma, a lhe dizer que algo não vai bem, que você precisa investigar, buscar o que está faltando. Qual a necessidade de sua alma que não está sendo satisfeita? Sua alma está doente e caberá a você identificar de que mal ela padece e ir em busca de sua cura.

José Medrado (Fundador e Presidente do complexo Cidade da Luz)

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